A Serva dos Deuses escrita por Sorima


Capítulo 4
O gato foi pego pela águia


Notas iniciais do capítulo

Agora vamos ver como vão se livrar dessa!

Boa leitura!



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As palavras de Vera fizeram Noah franzir a sobrancelha, ele não havia visto a terceira moto, mas se lembrava dela tê-la relatado. O rugido dos motores dos carros chegava até eles, o que o fez suspirar e tornar a se sentar finalmente vendo os diversos galpões que ocupavam aquela área do porto.

— Agora que me deu trabalho você vai fazer o seu? – questionou com o tom seco.

Vera sorriu constrangida.

— Peço desculpas, acabei me excedendo na empolgação, mas ganhei tempo o suficiente para isso – ela disse enquanto chegava à área iluminada dos prédios e tirava uma granada do porta-luvas.

— Nos explodir? – Noah arqueou a sobrancelha.

— Cega-los – revelou retirando a trava de segurança da granada e a jogando pela janela.

Mal tinham se afastado quando uma grande nuvem de fumaça se elevou no ar. Assim ela o fez sucessivamente até que finalmente estacionou depois de uma curva e desligou o carro. A fumaça estava chegando até eles quando Vera sinalizou para que ele ficasse em silêncio e sacou o que parecia um controle remoto. A um clique seu o som de um interruptor foi ouvido e todas as luzes se apagaram instantaneamente mergulhando a área na escuridão.

Desse jeito foi muito simples ouvir a aproximação dos carros, assim como o som deles derrapando quando ficaram cegos, através da fumaça era possível dizer que eles ainda tinham alguma vantagem sobre seus perseguidores. Vera abriu a porta do carro silenciosamente e foi imitada por Noah que a seguiu entre as construções se afastando do carro. Eles iriam pegar um novo veículo, mas o silêncio abrupto os fez prender a respiração.

— Merda... – murmurou Vera começando a se sentir inquieta, não estar dentro de um carro a intimidava como se estivesse nua na guerra.

— Vamos logo – Noah a chamou deixando a pistola preparada.

Não avançaram muito antes de ouvir um berro atrás deles:

— Eles estão a pé, o carro está aqui!

— Corra! – Noah ordenou.

Aqueles não eram simples mercenários. Ou melhor, a mente por trás deles não era, já que seus modos não indicavam o profissionalismo de um espião ou assassino; quem os orquestrava era outra história, pareciam conseguir enxergar pelos planos deles.

Os dois seguiram correndo entre os galpões sem parar para olhar a distância em que seus perseguidores estavam deles. Eles precisavam chegar ao outro carro com alguma vantagem para conseguir escapar. Não foi nenhuma surpresa quando balas começaram a ricochetear ao seu redor e ambos tiveram que acelerar sem se importar em fazer barulho. Os saltos sociais de Vera estalavam em cada passada que dava.

Noah puxou ela para trás de uma parede quando alcançaram o fim da extensão do galpão e continuou puxando-a pelo longo corredor a frente deles. Contudo, ele parou quando luzes de lanterna chegaram até eles da direção em que estavam indo.

— Continue! – Vera falou passando por ele e retirando outra granada de dentro do casaco que usava, usou toda a sua fora para joga-la a frente assustando àqueles que estavam em sua mira.

A fumaça tornou a se espalhar, Noah e Vera aproveitaram a cobertura para passar pelos homens e mudar de direção discretamente. Continuaram correndo com o mesmo objetivo em mente. Em sua mente, Noah planejava dar tanto trabalho para aquele que enviou assassinos em seus calcanhares quanto este estava lhe dando.

Sem trair suas expectativas, seus perseguidores já estavam novamente atrás deles, tiros ricocheteando a sua volta. Até que Vera soltou uma exclamação de dor e surpresa e caiu no chão ofegante. Noah deu meia volta para retornar até ela.

— Vamos! – disse colocando seu braço ao redor do seu pescoço e levantando-a em seus braços.

— Não... Me deixe aqui... – Vera falou atordoada, ela não conseguiria mais ajuda-lo já que a bala tinha atingido sua panturrilha.

— Não! – Noah praticamente rosnou.

Ele não era um daqueles lixos que se achavam deuses do mundo e simplesmente descartavam seus subordinados. Vera prendeu a respiração e fechou bem seus lábios e olhos evitando expor a dor que sentia. Na sua percepção, Noah Kristein era um anjo enviado ao seu resgate, mesmo que ele pudesse ser assustador de vez em quando.

Para o horror dos dois, o rugido de uma moto soou muito próximo deles no mesmo momento em que uma luz os cegava. Uma luz... vinda de cima! Os dois olharam de olhos arregalados para uma moto digna do exército do país caindo em uma linha vertical até o chão e pousando com um estrondo na frente deles. Abi deu um sorriso de escárnio diante das expressões chocadas de Noah e sua secretária, assim como daqueles que estavam em perseguição.  

Acelerando a moto em meio a um rugido do motor, ela passou rapidamente por eles na direção de seus perseguidores que começavam a se dispersar. Uns poucos mais corajosos atiravam nela, eles foram os primeiros a sair de jogo quando ela os alcançava e atropelava deixando um rastro vermelho em seu caminho. Aqueles que corriam para longe dela eram atingidos pelas balas da arma semi automática que ela disparava com uma única mão enquanto manobrava a moto com a outra.

Noah seguiu até uma distância segura da troca de tiros e ficou observando enquanto Abi terminava com cada um dos perseguidores com os tiros automáticos. Ficava óbvio que a mulher misteriosa não precisava de apoio para concluir o massacre.

Quando os tiros encerraram a mulher desceu da moto e ficou girando a arma despreocupadamente em sua mão, esperando. Apurando os ouvidos, o homem conseguia escutar carros se aproximando, provavelmente em resgate ao grupo que tinha avançado a pé. Não demoraram a aparecer, dois deles avançando sem hesitar para cima da mulher. Abi atirou no carro da frente fazendo-o perder o controle quando o pneu da frente foi atingido.

O carro girou quando o motorista freou desesperado fazendo com que o carro de trás batesse neles e então derrapassem até parar a poucos metros da atiradora, fumaça saia do carro de trás. Abi estudou-os com olhos atentos enquanto os homens que ainda estavam conscientes tentavam sair rapidamente dos carros. Eles não eram muitos, mesmo somando com o terceiro carro que estava a uma boa distância daqueles que tinham avançado.

Talvez devesse mandar uma mensagem! Pensou animada, encarando onde deveria estar o motorista do terceiro carro, Abi apontou sua arma para o tanque de gasolina mais próximo e atirou. O grito assustado dos homens foi silenciado quando a explosão preencheu todo o corredor da doca com calor, luz alaranjada e muita fumaça.

— É só isso? – murmurou para si mesma, desapontada. Ela devia ter prolongado mais sua diversão.

Abi se deparou com essa mesma realidade quando foi ao encontro de Noah, este colocava uma Vera inconsciente no banco de trás de um Bugatti preto. A panturrilha de Vera estava ensopada de sangue.

— Uau, que tesouro temos aqui – elogiou o carro de alta potência.

— Você é mesmo bem habilidosa – Noah reconheceu.

Abi sorriu satisfeita.

— Viu? Eu estou do seu lado.

A única resposta que Abi recebeu foi um olhar cauteloso de Noah quando ele se virou para encara-la.

— Mas ser habilidosa não explica como você fez o que fez... Mesmo uma moto daquelas não aquenta sem danos uma queda do topo desses galpões – ele expressou de testa franzida.

— Ela não é uma moto comum – ela deu de ombros – é uma dádiva da deusa, um pouco mais resistente que as motos militares que você costuma ver.

Noah segurou o impulso de revirar os olhos. ‘Dádiva da deusa’ devia ser algum código engraçado? Abi tinha dito que servia a uma deusa mais cedo também... Que mulher era aquela de quem nunca tinha ouvido falar?

— Vou perguntar novamente: quem você diz servir? – o homem perguntou querendo alguma linha que Ray pudesse investigar.

 A mulher deu um sorriso zombeteiro como se lesse seus pensamentos.

— Eu sirvo a deusa Adrasteia, e por ordem dela sirvo a você agora – falou.

— Me serve – Noah arqueou as sobrancelhas – então faria qualquer coisa que eu ordenasse?

— Só se lhe servir para alcançar seu propósito, eu já lhe disse que estou aqui para tirar o lixo do caminho.

Noah se lembrava. Respirou fundo. Questionaria aquela mulher mais tarde, agora precisava sair das docas o mais rápido possível já que logo a polícia chegaria, além disso Vera precisava dos primeiros socorros. Demoraria um pouco para chegar no destino deles, era melhor estancar o sangramento. Vendo o que Noah faria Abi se aproximou.

— Você não vai ter tempo de fazer os primeiros socorros nela – avisou. – Deixe-me ajudar!

Em um movimento ágil ele segurou o pulso dela quando ela estendeu a palma da mão para o ferimento de Vera, a desconfiança faiscando em seus olhos. Abi encarou-o, impaciente.

— Olha, admito que essa não é minha área, mas vai ser melhor eu tirar a bala antes, tenho alguma experiência nisso.

Noah sabia que era preciso retirar a bala para realizar primeiros socorros com mais segurança, e nesse ponto ele era impreciso. Concordou com um aceno de cabeça dando espaço para Abi se aproximar.

— Eu não preciso de tanto espaço assim... – disse colocando a palma da mão contra o buraco da bala.

Concentrou-se na palma de sua mão e em somente uma respiração curta sua sentiu a bala empurra-la para longe do ferimento e cair na sua mão.

— Viu só? – perguntou mostrando a bala suja para um Noah perplexo.


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Notas finais do capítulo

Afinal, ela é realmente uma serva de uma deusa. O Noah não entendeu nada do que rolou agora kkkkkkkkkkkkk



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