A Serva dos Deuses escrita por Sorima
Notas iniciais do capítulo
Bem vindos a mais essa estória!
Os dois primeiros capítulos são aquela introdução básica dos personagens, a ação em si começa no capítulo 3 rsrsrs
Boa leitura!
Noah Kristein não era um rapaz que se destacasse nos meios sociais. Particularmente, ele preferia não o fazer. Para sua infelicidade, ele era o filho bastardo de um homem poderoso e por causa disso era obrigado a frequentar eventos sociais desde que tinha sido reconhecido como descendente da família.
Sua vida tinha melhorado muito quando foi acolhido pelos Kristein, mas isso não apagava todos os anos em que sobreviveu sozinho na rua, nem o tratamento inumano que tinha recebido antes de ser reconhecido; não que tivessem sido gentis depois disso. Ele tinha sido abandonado pelo seu pai e depois usado por ele para suas pesquisas absurdas. Sequer sabia quem era sua mãe, e já tinha se flagrado várias vezes pensando se ela própria não tinha passado pelas experiências secretas que a família realizava.
Para quem conhecia minimamente seu passado, era possível compreender o sorriso que ele ostentava no rosto durante o velório do chefe da família. Porém, para aqueles que não o conheciam, aquele que parecia inumano era o próprio Noah.
“Como ele pode agir assim? Ele não tem nenhum sentimento de gratidão pelo pai? O que ele está fazendo aqui, esse ser imundo?”, eram alguns dos murmúrios que ele escutava dos convidados e dos próprios familiares. Em sua opinião, ele já estava fazendo muito pelo fato de estar presente ali. Quando finalmente conseguisse sair, ele cuidaria dos próprios assuntos, muito mais interessantes que aquela encenação de luto familiar.
— O que você pensa que está fazendo? – uma voz cheia de repulsa e superioridade soou atrás de si.
Virou-se para encarar o dono da voz, seu irmão Hector, este vestia um smoking completo, sapatos lustrados e luvas brancas, todos em uma qualidade irrefutável, diferente da roupa social inferior que Noah usava. Hector era o próximo chefe da família, um ano mais velho do que Noah, e na opinião deste, dez anos mais infantil.
— Olá, Hector – respondeu com a voz mansa – que desprazer o encontrar neste momento infeliz.
— Você não parece acha-lo infeliz. Na verdade, parece contente – acusou o outro com escárnio mal disfarçado.
— Cuidado, meu irmão. Não quer que a imprensa notifique o mundo que a família está tendo uma crise agora, quer? – Noah o alertou, com desinteresse, da atenção que estavam chamando.
Alguns dos convidados os observavam discretamente à distância. Hector bufou, seu olhar se enchendo de desdém enquanto se aproximava a passos largos de Noah e lhe sussurrava no ouvido:
— Você deveria ser cuidadoso com a sua língua, meu irmão, sendo o chefe da família eu posso acabar reativando alguns projetos antigos... – ele deu alguns tapinhas em seu ombro antes de completar em um tom lamurioso para os bisbilhoteiros escutarem – Sei como a morte do papai te afetou, mas não se preocupe, eu não me esquecerei de você.
Noah lhe deu um sorriso duro e respondeu em um tom suave:
— Não se preocupe comigo, irmão, eu sei me cuidar. Recomendo que faça o mesmo.
Sem esperar uma resposta, ele se afastou para ver a cerimônia que seria realizada, mas sem prestar nenhuma atenção ao que o padre ou familiares falavam. Sua mente estava se ocupando com os planos que finalmente colocaria em ação a partir desse dia. Ele teria a certeza de que pessoas podres nunca mais cometessem atos atrozes como os que tinha vivenciado. Iria levar a morte para todos aqueles seres que pareciam ter o mundo na barriga e se autodenominavam proprietários de tudo que vivesse nele.
Sua expressão sombria serviu como um repelente contra todos quando a cerimônia acabou. O que lhe importava era sair dali, o que fez de forma furtiva e ágil, rapidamente alcançando a rua vazia iluminada pelos postes de luz.
Ele finalmente respirou fundo e afrouxou o nó da gravata, o vapor saía de sua boca indicando que o inverno estava cada vez mais próximo e que aquela seria uma noite fria. Não que fizesse diferença se o carro chegasse logo. Olhou de testa franzida para os dois lados da rua esperando ver o carro preto de Vera, sua secretária, em algum lugar. Foi quando reconheceu o carro virando a esquina que uma voz soou animada atrás de si fazendo-o se virar surpreso:
— E aí, garotão? Você gostaria da companhia de uma bela dama?
Cabelos ondulados quase pretos caiam em cascata emoldurando o rosto delicado da mulher e um batom vermelho pintava seus lábios que continham um sorriso digno de Monalisa, os olhos o encarando com astúcia e diversão.
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