Rudolf apressou-se em pedir o UBER pelo aplicativo. Precisava ver Ayesha antes dela embarcar.

Tão logo o UBER solicitado chegou em Ponta Negra, Rudolf pediu que ele se apressasse.

Consultava os horários dos voos do aeroporto pelo celular durante o trajeto. No caminho passou por diversos bairros, e se recordou de vários deles seja por suas andanças, seja por serem a localização das escolas aonde havia atuado em outros momentos de sua carreira na docência.

Quase uma hora depois estava no Aeroporto Internacional Governador Aluizio Alves. Pagou ao motorista e desembestou para dentro do terminal.

O Aeroporto Aluizio Alves fica localizado em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Natal. São Gonçalo está localizada ao norte da capital, e é conurbada com o município natalense pela área litorânea do Rio Potengi, assim como pela Zona Norte da capital. De tal modo que em diversos pontos daquela área, confunde-se aonde começa Natal e aonde termina São Gonçalo; mesmo os habitantes do RN se confundiam às vezes sobre os limites entre as duas cidades. Apenas algumas pessoas detinham certo conhecimento acerca das divisas e cercanias corretas entre os dois municípios.

O Rio Potengi, detentor de uma bonita vista no horizonte, cortado por duas pontes - a Ponte Newton Navarro, conhecida como Ponte de Todos ou Ponte Praia do Forte-Redinha; e a Ponte Presidente Costa e Silva, também chamada Ponte de Igapó - que conectam a Zona Norte e São Gonçalo com o restante da região metropolitana, é um dos rios que algumas fontes, tanto da historiografia quanto das lendas, atribui-se o nome de Rio Grande do Norte ao estado de Rudolf.

O Aeroporto Aluizio Alves havia sido inaugurado em 2014 para atender ao fluxo de passageiros que desembarcariam em Natal visando a Copa do Mundo daquele ano. A inauguração do aeroporto se deu poucas semanas antes da partida de abertura do certame, e Natal recebeu sua primeira partida do mundial logo no segundo dia do evento. Além de interesses políticos (vários parlamentares e outros políticos ilustres eram parentes do falecido governador Aluizio e por isso queriam a inauguração do aeroporto, com seu nome, para homenagea-lo), o aeroporto, modernizado, atendeu a diversas demandas econômicas para Natal, sejam domésticas, sejam internacionais.

Antes, Natal era servida pelo Aeroporto Internacional Augusto Severo, localizado em Parnamirim, município vizinho situado ao sul e a oeste de Natal. Nos tempos da Segunda Guerra Mundial, havia servido como a base aérea das tropas aliadas, que se deslocavam do Brasil para atuar nas campanhas da África e da Europa. O aeroporto Augusto Severo era localizado mais perto da Zona Sul e outras partes de Natal, mas fora desativado para a aviação civil quando se deu a inauguração do Aeroporto Aluizio Alves. Agora recebia apenas voos militares e por vezes era usado como museu e local para exposições.

Rudolf repassava essas informações na cabeça ao longo do trajeto no carro, como se fosse um guia turístico automático para sua própria mente. Era um hábito que ele adotava sempre que fazia alguma viagem por algum lugar que já conhecia; e, infelizmente, conhecia coisas demais da própria cidade que acabavam povoando sua mente durante trajetos longos. Desligou-se dos informativos logo que desembarcou no aeroporto.

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Ele andou um pouco apressado pelo terminal, procurando por algum sinal de Ayesha. Tentou não correr, para que as pessoas no aeroporto não estranhassem seu comportamento. Pelo que consultara no celular, ainda faltavam algumas horas para o voo dela decolar.

Finalmente ele a divisou, sentada perto de algumas lojas, uma livraria, um fast food e um coffee shop. A moça de origem egípcia bebericava um cafezinho. Estavam sem as malas por perto. Na certa, já deveria tê-las despachado.

Rudolf se aproximou, mas Ayesha o notou antes que ele pudesse se sentar.

— Gato? - quis saber a agente secreta.

Ela se levantou, pousando a xícara de café na mesa, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, o aventureiro e professor a beijou, envolvendo-a com os braços imediatamente.

Ayesha abraçou o namorado em meio ao beijo envolvente. Passados alguns minutos, os dois se soltaram.

— E o que houve que agora você resolveu ficar mais apaixonante? - disse ela, questionando o amado enquanto passava as mãos pela camisa dele.

— Não podia simplesmente me despedir de você te olhando pela janela do apartamento - disse ele. - Não quero que seja assim entre nós dois. De agora em diante, por estarmos temporariamente em lugares diferentes, quero o máximo de tempo ao seu lado sempre que nos encontrarmos. Eu agora só te largo quando você for embarcar.

— Querido. Você é um fofo - comentou Ayesha, enquanto se inclinava, levantando a perninha para trás, para dar um beijinho no amado. - Sei que a gente meio que se acostumou com esse nosso jeito com que levamos nossa relação, mas... Eu amaria adicionar um romance melosozinho entre nós dois a cada vez que nos encontrarmos.

— Eu teria corrido a pé de casa até aqui, você sabe.

— Rsrs. Eu seiii. Tava bom do jeito que estávamos... Mas romance nunca é demais. Estou gostando desse novo Rudolf e de me tornar uma nova Ayesha.

— Eu te amo.

— Eu também amo você. O que me diz? O que fazemos enquanto esperamos que meu voo chegue? Quer tomar um café comigo? Lanchar? A livraria daqui é excelente também, podemos escolher alguns livros.

— Hmm... São boas opções. Estou tentando me decidir qual delas...

— Espera - disse Ayesha, como se tivesse sido tomada por alguma ideia. - Eu pensei em algo. Vem comigo!

Ela puxou Rudolf pela camisa e começou a conduzi-lo pelo terminal.

— Ué, aonde estamos indo??

— Calma. Pensei numa coisa... Deve ser a nova Ayesha, tomando posse de mim... Rsrs. Você vai gostar. Vem!!