Dor, sofrimento, ódio, traição. Esse é o significado dos sentimentos que você tem quando corta um laço. E principalmente se ele for aquele que durou durante uns três anos. Ciúmes ou ódio por ter feito isso? Ainda não achei as respostas para responder essa pergunta. Como se corta um laço? Matando a pessoa? Seria assim? Melhor não, eu não mataria meu amigo... Quer dizer, ex-amigo, não é mais só ex-namorado como agora ex-amigo e conseqüentemente um ex-laço. E aqui estou eu, tentando ser reanimada em vão por minhas amigas em um ônibus indo para a faculdade, que perda de tempo.

- Vamos lá Tenten, se anime!

- Até quando vocês vão tentar me animar hein? – retruquei sem paciência.

- Tenten, se liga, para de ficar estressada. Quem deveria estar estressada sou eu!

- Só porque seu irmão quebrou seu carro rosa?

- É, mas... é o meu carro rosa entendeu? E agora tenho que pegar esse ônibus infernal. Isso é horrível, ainda mato aquele ser chamado Deidara.

- Relaxa Ino.

- Eu to bem Sakura. – Ino abriu a janela do ônibus e colocou a língua para fora quando o vento bateu em seu rosto.

- O que é isso maluca? – perguntei.

- Cachorro! – Ino riu.

- Acho que vou ter que trocar seu nome na minha lista de contatos do celular amiga. Todo pokémon evolui não é mesmo? De porca para cadela. – Sakura debochou fazendo todas rirem.

- Ai ai rosada, só você mesmo – Temari continuou rindo.

- Ai gente, me deixa – retrucou Ino colocando novamente a língua para fora quando o vento invadia o ônibus pela janela fazendo nossos cabelos voarem.

- Fofoca gente! – Sakura virou para nós. Ela estava sentada na cadeira da frente ao lado de Ino e eu e Temari atrás. Hinata não estava porque havia saído mais cedo.

- Conta! – Ino fechou a janela e olhou para Sakura interessada, mas toda descabelada, hilário!

- Hahahaha! Ino ajeita esse cabelo.

- Obrigada pelo aviso, Tenten – a loira passou a mão no cabelo soltando a xuxinha que o prendia em um rabo-de-cavalo perfeito. Colocou a xuxinha rosa na boca e passou novamente a mão no cabelo e logo em seguida passando a xuxinha sobre ele, refazendo o rabo-de-cavalo perfeito.

- De nada amor, hahaha.

- Mas enfim, conte!

- A Kurenai ta grávida! – os olhos de Sakura brilhavam.

- É sério? De quem? – Temari só não sacudia Sakura por ela estar longe.

- Do Asuma-kun.

- Que fofo! Mas vamos combinar, eu sempre soube que eles tinham “um caso”. – comentei.

- Aham, sei – Temari respondeu ironicamente – mudando o assunto, já chegamos a faculdade, lá vamos nós aulas a tarde.

- Odeio aulas a tarde, maldito seja Kakashi – reclamei, Sakura e Ino concordaram. Entramos na bendita faculdade nos despedindo, Ino e Sakura foram para o prédio de medicina e obviamente eu e Temari para o de design gráfico. Aulas normais, aulas chatas, como de costume quase dormi de novo depois de pensar sobre o caso que me deixa irritada. Kiba, Neji, relacionamentos, mentiras, falsidade, ciúmes, ódio. Minha vida e meus pensamentos estavam focados nisso.

- Dispensados – Iruka fechou o livro com uma mão, a outra estava o apoiando na mesa. Finalmente saímos, e eu acho que minha bunda estava quadrada de tanto ficar sentada naquela cadeira estupidamente dura.

- Olá – ouvi a voz irreconhecível e falsa do cachorro que acabou com a minha vida – posso sentar aqui?

- Pode ué, não mando em você e eu não sou dona dessas cadeiras ou até mesmo da faculdade – respondi, grossa.

- Eita, mas mesmo assim, meus parabéns senhorita.

- Pelo o que? Por você arruinar minha vida? Ah, obrigada – respondi ironicamente olhando para ele.

- Como assim?

- Não faça teatrinho Kiba, eu já sei de tudo.

- De tudo o que? O que você sabe afinal?

- Eu sei que foi você que trocou os desenhos. Por que isso? Eu não entendo Kiba! Se você me desse uma explicação descente eu conseguiria resolver esse quebra-cabeça que está me atormentando.

- Então você sabe – Kiba olhou para o balcão da cantina, onde estávamos sentados comendo, lugar onde um dia Neji sentou e passou a falar comigo, más lembranças desse lugar.

- É eu sei.

- Foi para o seu bem, eu juro. Eu não queria isso, pensei que você iria ficar feliz por ter ganhado o concurso e eu fiquei feliz por você ter ganhado. Por que não está feliz?

- Uma coisa é ganhar por um motivo justo, outra coisa é ganhar com um jogo sujo para cima do adversário. Você não entende mesmo.

- É, eu não entendo sua atitude. – Kiba voltou a me encarar e continuou – eu te amo Tenten, eu não quero você perto daquele branquelo idiota, eu quero você! Eu te amo mais do que tudo, por favor me perdoa.

- Como te perdoar? Você tem noção do que fez? Se me amasse não teria feito isso, não da mais entendeu? O que rolou entre nós acabou e agora cada um segue com a sua vida, por favor, não se intrometa na minha de novo ou terei que destruir a sua.

- Tenten...

- Aquele laço foi destruído Kiba, desista.

- Entenda que eu não consigo viver longe de você.

- Sim, você consegue – levantei-me aborrecida e fui para longe dele. Senti minha bochecha molhada, meus olhos estavam começando a ficar vermelhos. As lágrimas começaram a cair mesmo eu tentando impedi-las de sair. Eram ciúmes, resolvi o quebra-cabeça que me atormenta. Agora o que tenho que fazer é ter que explicar para Neji o que aconteceu de algum jeito e convencer Kiba de se entregar falando que é o culpado, assim terei motivos o suficiente para entregar o “prêmio” a Kiba. Tenho certeza que Tsunade não aceitaria minha troca em vão, apesar dela gostar bastante de Neji tenho a impressão que ela gosta de me ver trabalhando. Fui para casa depois de alguns tempos de aula, fiquei calada a aula toda, Temari perguntou algumas vezes o motivo de eu estar tão calada, mas todas as perguntas foram em vão. Fui para casa o mais rápido que pude, peguei uma papelada com Tsunade antes para resolver, malditos testes. Por fim, acabei dormindo em cima da papelada. Acordei com o barulho irritante do despertador que ousa a tocar “Lies” só para animar meu dia começo com uma música falando de mentiras, que lindo.

- Oi girl, menos anti-social hoje?

- Oi, talvez – coloquei a bolsa no chão como de costume e cumprimentei Temari. – tenho que entregar umas papeladas ao Kakashi, passei a noite fazendo isso.

- Tenho certeza que não – Temari riu – você dormiu em cima deles não foi?

- Sua inteligência me comove, pegou do Shikamaru foi? - debochei

- Haha, obrigada queridinha. Quem me dera chegasse aos pés dele – a loira se apoiou com a mão na mesa. Kakashi entrou na sala e me pediu a papelada, entreguei a ele e o mesmo me deu “parabéns” por ter “ganhado” o cargo, na verdade eu diria que ele me deu parabéns por ter ganhado uma vida destruída. Ai, minha auto-estima está péssima. Decidi escrever o bilhete, eu estava com uma xérox do exame na mão, vou grampear e mandar junto.

“Neji,

Acredita em mim, por favor. Não pare de ler por aqui e nem rasgue o bilhete apenas tenha um pouco de paciência para ler. Eu juro que não fui eu. Eu nunca quis isso, é sério, acredita em mim. Eu te amo muito e é verdade. Eu criei um laço com você, e você sabe muito bem disso, apenas leia e tente acreditar em mim. O Kiba, o meu ex-namorado e agora ex-amigo, trocou os desenhos e eu tenho a prova. Você não sabe o como esse “prêmio” arruinou minha vida por ter tirado dela a pessoa que eu mais amo. Olhe o exame, o primeiro mostra minhas digitais, o segundo as digitais do envelope e a terceira as digitais do Kiba, o que comprova tudo.

Eu te amo,

Tenten”

Isso basta. Dobrei o bilhete e entreguei ao Naruto para dá-lo assim que o encontrar.