Power Rangers: Esquadrão Z escrita por L R Rodrigues


Capítulo 9
Descartável como Lixo


Notas iniciais do capítulo

Sinopse do capítulo:

Por ter escolhido Cindy ao invés de Zoe como voto de desempate para monitor da classe durante uma aula de campo sobre coleta seletiva, Jessie se culpa pela amiga sentir-se traída e magoada, temendo que jamais se reconciliem devido a um incidente do passado que motivou a escolha controversa.

Tenha uma ótima leitura (e que o poder o proteja)!



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Era o início da semana da sustentabilidade agitando as turmas da Angel Grove High School para auxiliar no desempenho de pontuação usando a consciência ambiental como força motriz. Uma aula de campo foi organizada para a gincana sustentável no parque ecológico da cidade durante uma manhã de sol escaldante e céu praticamente limpo de nuvens. Naquela segunda-feira, as turmas da 5ª série-A e 5ª série-B foram estimuladas na disputa pela maior pontuação média com as tarefas programadas.

 

 

 

 

 

 

A professora Paddleton, com seu elegante cabelo estilo chanel meio ruivo e porte físico cheio, se encarregou de ditar as provas a serem cumpridas, mas antes havia uma posição a ser decidida entre os alunos de cada turma. Atrás dela um cenário temático, colorido e personalizado à ocasião. Ela anunciou estando acima de um pequena plataforma azul como uma excelente oradora.

 

— Crianças, atenção, por favor! Silêncio. — disse ela frente a um microfone, olhando para todos e gesticulando para aquieta-los — Antes de mais nada, faremos uma votação para eleger o monitor da classe. Como todos devem saber, o papel de monitor exige um olhar responsável, analítico e atencioso para toda e qualquer atividade realizada ao longo da gincana, mais precisamente delegar as tarefas que cada aluno ou grupo formado tem de cumprir, tendo a total liberdade de adicionar ou remover pontos na média.

 

— Quanta enrolação. — disse Tim entre Austin e Damian — Todo mundo tá careca de saber o que um monitor faz.

 

— Se você sabe tanto, devia ter se candidatado. — disse Damian.

 

— Eu? Nunquinha. Imagina só eu mandando um monte de gente desinteressada fazer isso ou aquilo e de repente acontece um desastre ambiental.

 

— Não seria você o causador do desastre? Bom lembrar que aqui é um parque ecológico e não o seu quarto. — salientou Damian de zoação com o amigo.

 

— Mas eu não limpo o meu quarto. 

 

— Exatamente. — disse Damian, rindo.

 

— Ei, vocês sabem quem da nossa equipe se candidatou? — perguntou Austin.

 

— Foi a Zoe. — disse Tim sussurrando.

 

— Hum, melhor que dessa vez não aconteça nada de errado. — disse Austin, preocupado.

 

— Tá explicado, ela não nos disse nada a respeito semana passada, talvez nem a Jessie tá sabendo a essa altura. — disse Damian esticando o pescoço ao procurar por ela na multidão — Cadê elas?

 

— Logo ali, bem na frente do palco. — disse Austin, apontando — Soube que a Cindy vai concorrer também.

 

— Fala sério? Já sei quem tem meu voto! — decretou ele gerando olhares reprovadores com sobrancelhas erguidas dos amigos — É óbvio que tô falando da Zoe, hehe. — corrigiu, a mão atrás da cabeça e a risada nervosa.

 

— Os candidatos da 5ª série-A... Ou melhor, as candidatas se apresentem! — pediu a Srta. Paddleton, logo aplaudindo-as junto aos demais. Zoe e Cindy subiram ao palco sorridentes ao público. Porém, Jessie ficara boquiaberta ao ver a amiga ali juntinha de sua rival disputando a vaga.

 

— Não acredito. — disse a Ranger Amarela, atônita — Será que eu voltei pro ano passado?

 

— Muito bem, estão sendo distribuídas cédulas de votação para selecionar quem vocês julgam mais qualificada para ser monitora. Votem conscientemente. — disse Srta. Paddleton enquanto um assistente que trabalhava na comissão ambiental entregava os papéis. Jessie recebeu o seu com uma caneta preta. No papel plastificado haviam duas opções lado a lado como no palco. Suas pupilas moviam-se tensas no dilema para marcar o quadradinho certo.

 

Ao fim da votação, as cédulas foram recolhidas pelo assistente e entregues nas mãos da Srta. Paddleton que pusera sobre uma mesinha para a contagem. Mas restava um voto faltante.

 

— Só um minuto, por favor. — disse Jessie ao assistente que insistiu em pegar.

 

— Já deveria ter decidido. Se vai se abster, melhor me entregar a cédula mesmo assim.

 

— Calma, já vou escolher. — disse ela, a apreensão dificultando a decisão.

 

O tempo decorrido da difícil escolha foi o bastante para a professora terminar a contabilização dos votos. Ela foi ao microfone.

 

— Aparentemente, está faltando um voto. As duas acabaram empatadas.

 

— Senhora, tem mais um aqui. — disse o assistente subindo ao palco e entregando a cédula — Ela tava bem indecisa.

 

Jessie acenou sem jeito para a professora.

 

— Sendo assim, Jessie Taylor ficou com o voto de desempate!

 

— O quê? — disse Cindy, revoltada e incrédula — É um engano! Exijo uma recontagem!

 

— Esfria a cabeça, Cindy. — disse Zoe, confiante — O resultado ainda nem foi revelado.

 

— Fácil pra você dizer, né, ovelha sem lã? Adivinha quem a mulambenta oxigenada escolheu.

 

— E a monitora da 5ª série-A é... — disse a Srta. Paddleton fazendo suspense com um sorriso de canto ao olhar para as duas. Baixou os olhos para a última cédula entregue — Cindy Harper!

 

Aplausos ressoaram, mas na mente de Jessie gritavam vozes acusadoras. Zoe virou o rosto para encara-la num misto de surpresa e desilusão, seu olhar entristecendo.

 

— Sou eu?! Nossa, que maravilha! Eu prometo fazer um excelente trabalho, Srta. Paddleton, pode confiar em mim. — disse a patricinha que logo recebeu um cinto com o emblema da escola e um quepe azul — Não vou decepciona-la. — jurou fazendo um gesto de continência militar.

 

Zoe correu para fora do palco as lágrimas caindo ao vento. 

 

— Zoe, espera! — disse Jessie indo atrás dela, mas Austin a tocou no ombro impedindo. 

 

— Talvez não seja uma boa hora.

 

— Eu tenho que me explicar pra que ela não cometa uma burrice! — contrariou ela, correndo até a amiga que se apoiou numa árvore enxugando as lágrimas — Zoe, deixa eu...

 

— Vai falar o quê? Não faz sentido o que você acabou de fazer! Você... é a minha melhor amiga e escolhe como monitora justo alguém que te despreza e humilha?!

 

— Sei que você tá confusa, mas...

 

— Eu não tô apenas confusa, eu tô... de coração partido! Tinha o poder de escolher entre uma pessoa que te adora e outra que te odeia, pra no fim tomar a decisão mais estúpida possível! O que a Cindy tem o que eu não tenho? Vai, fala pra mim, se você me conhece tão bem!

 

Jessie emudeceu diante da questão, a expressão de tristeza pulsando da face.

 

— Bom, ahn... A Cindy nunca foi monitora. Você já foi duas vezes na escola primária, lembra? Não acha que ela merecia essa chance?

 

— Claro que não! Se fosse outra pessoa no seu lugar, até concordaria, mas... era você.— disse Zoe suavizando o tom — E não respondeu minha pergunta. O que a Cindy tem o que eu não tenho pra você escolher ela em vez de mim?

 

— Se eu responder, você vai se sentir pior. 

 

— Ótimo, guarde pra você então. O que você pensa de mim já não importa mais. — disse Zoe virando as costas para ir, mas parou e virou-se novamente à amiga — Agora vejo que vocês duas são mais parecidas do que eu imaginava.

 

A Ranger Rosa se afastou a passos largos, indignada. Os garotos vieram conferir.

 

— Ei, Jessie, como tá a Zoe? — indagou Austin.

 

— Arrasada. — disse Jessie em tom choroso — Eu tentei esclarecer, mas... não consegui falar daquela última vez na escola primária quando ela foi monitora. Aquilo foi traumático pra ela, então achei melhor não trazer isso de volta.

 

— Mas tinha a obrigação de ser honesta com ela. — disse Damian.

 

— Eu sei! Acabei deixando ela confusa e chateada comigo e nem tenho coragem de olhar nos olhos dela pra dizer a verdade.

 

— Quem tá confuso sou eu que não faz ideia de que lado ficar. — disparou Tim levando os demais a encararem-no — Tá bom, tá bom, a Zoe merecia ser a monitora, ela é nossa amiga e...

 

— De vocês ainda ela é. Mas minha eu já não tenho mais certeza. — declarou Jessie, abatida.

 

— Relaxa, vocês duas vão se acertar uma hora ou outra. — disse Austin tocando-a no ombro — A amizade de vocês é uma das mais fortes que já vi, são praticamente irmãs de sangue. Vão superar isso, sem dúvida.

 

— Pois é, segue o exemplo de mim e do Damian. — disse Tim tocando o amigo no ombro ao lado dele — A gente se sacaneia o tempo todo e nunca brigamos.

 

— Existem fatores atenuantes. — disse Damian.

 

— Mas nesse caso não foi pra tirar onda com a Zoe. — retrucou Jessie — Ela já foi monitora duas vezes seguidas, devia estar satisfeita. Eu sei que a Cindy não vai chegar nem perto de me agradecer, mas vamos combinar: estamos melhor com ela de monitora. Lembram daquele dia, certo?

 

— Eu queria mesmo era esquecer.  — disse Tim, tenso.

 

— Olha, vamos nos concentrar na gincana, pessoal. Jessie, a Zoe é compreensiva demais pra ficar magoada por tanto tempo. — disse Austin, confortando-a — Anda, a gente tem que se preparar. 

 

***

 

Lokknon não se aguentava de gargalhar alto em festejo ao desentendimento das Rangers sentado em seu robusto trono de metal preto. 

 

— Eu não vejo o mestre assim tão radiante desde... — disse Aracna ao lado de Mudok, tentando lembrar-se — É, desde muito tempo.

 

— A ruptura entre as Rangers irá prejudicar seriamente todo o grupo. — disse Mudok.

 

— Hoje está um maravilhoso dia para caçoar desses vermes coloridos! — declarou o imperador, exalando alegria — Eles são tão incompetentes e amadores que se deixam brigar entre si por coisas tão insignificantes!

 

Barooma contagiou-se com as risadas.

 

— Admito que não esperava essa desarmonia, eles sempre me pareciam inteiramente sincronizados! Agora só resta esperar a Ranger Rosa desertar de sua função!

 

— E que função ela tem? A de ser o elo mais fraco da equipe? — disparou Aracna com ar risonho de puro escárnio — Pelo visto, não era apenas minha opinião.

 

— Mas não se empolguem. — orientou Mudok — O rompimento foi entre as Rangers Rosa e Amarela, não todos eles, tampouco esperem que Zoe vá abandona-los. A cumplicidade deles aliada ao senso de dever é forte demais pra ser vencida por uma simples discussão.

 

— Mudok, acho que tá na hora de fazer uma manutenção nos seus circuitos porque você não parece estar nos dando apoio suficiente. — disse Aracna, insultante.

 

— Só estou sendo realista. É ingenuidade pensar que essa animosidade delas venha a afetar toda a equipe. — opinou o androide que voltou-se ao imperador — Mestre, está de acordo, certo?

 

— Hum, analisando friamente... — disse Lokknon coçando devagar o queixo — De fato, isso pode não refletir numa cisão total entre os Rangers, mas que isso vai dificultar o trabalho deles, eu tenho a mais prazerosa certeza. Barooma, me dê um monstro altamente capacitado em destruição ambiental.

 

— Eu já tratei de baixar as informações necessárias ao boneco que foi previamente colocado no bio-modelador, mestre! Todas relacionadas a agentes tóxicos e poluentes!

 

— Pois então conceda-lhe o dom da vida. Já posso ver os Rangers todos cobertos de lixo afundando numa lama de vergonha e desonra!

 

— Que venha com muita saúde! — disse Barooma movendo a alavanca com força para deflagrar o processo de modelagem. A máquina piscava seus relâmpagos e espalhava fumava de vapor branco ao longo do procedimento. Ao término, a porta deslizava para o lado possibilitando ao recém-criado novo assecla se apresentar.

 

— Eu vejo que tudo aqui é absurdamente limpo! Faz meus olhos doerem! Se me permitem...

 

— Não! — disseram Aracna e Mudok, alarmados.

 

— Gostamos do nosso espaço sem nenhum grão de sujeira sequer. — disse a princesa aracnídea.

 

— Você tem um lugar mais vasto a sujar, meu caro. — disse Mudok apertando um botão no controle remoto do visualizador multifocal. Na tela, uma imagem do planeta Terra vista do espaço — Esta é a Terra, nada mais que um dos maiores redutos de lixo dentre todos os planetas desta galáxia, senão o maior. Dia após dia, seus habitantes despejam toneladas de resíduos que provocam impactos severos no ecossistema.

 

— Tudo o que tem a fazer é simples: suje tudo o que puder e onde estiver. — recomendou Lokknon — Sua ação irá acelerar o processo de poluição da Terra a uma escala irreversível.

 

— Parem de afagar as minhas costas, eu sei muito bem do que sou capaz! E o farei com todo o afinco! — disse o monstro.

 

— Atrevidinho você. Podemos chama-lo de... Trashmaster. — disse Aracna olhando-o com interesse — Emporcalhe tudo que existe, não importa o que seja. Menos o meu cabelo, por favor. 

 

— Será ainda pior. Vou transformar esse mundinho azul e verde em um monturo fétido e detestável de se viver. — prometeu Trashmaster — Por onde eu começo?

 

— Este lago fica no área em que os Rangers estão atuando na coleta seletiva do lixo para conscientização ambiental. — disse Mudok mostrando passando imagens focalizando o lago do parque ecológico — É por onde, inclusive, a água segue até um reservatório de abastecimento. Poluindo toda essa água...

 

— A população da cidadezinha dos Rangers não terá uma mísera gota pra se lavar. — completou Aracna — Mestre, sinto que hoje é o dia perfeito.

 

— É bom que seja, mas tenhamos cautela. Os Rangers estão lidando com uma rachadura no espírito de equipe, mas não se tornaram menos problemáticos. — disse Lokknon, racional — Vá até lá, Trashmaster. Mostre que numa batalha não se joga limpo pra vencer. — riu infame.

 

***

 

Era dada a largada para as atividades de coleta seletiva das duas quintas séries. Os Rangers formaram um grupo que se revezaria nas tarefas assim como dividiriam a pontuação. Em boa parte do parque, o clima era de descontração junto ao trabalho duro, exceto no grupo dos Rangers onde rolavam trocas de olhares ásperos entre Jessie e Zoe enquanto catavam papéis espalhados pelo gramado com espetos coletores de lixo.

 

— Nosso rendimento ainda tá meio fraco, não acha, Damian? — indagou Jessie.

 

— Se formos comparar com os outros grupos da turma B, infelizmente sim. — afirmou o Ranger Preto — Não podemos nos limitar ao parque quando todos vão pelas redondezas.

 

— Talvez se fosse eu a monitora estaríamos com uma tarefa mais ampla. — alfinetou Zoe — Eu teria delegado funções melhores a nós.

 

— Damian, avisa pra nossa miss monitoria da classe que delegar tarefas é uma parte que exige muita responsabilidade e visão. — cutucou Jessie. Damian franziu a testa, incomodado, virando-se para Zoe.

 

— A Jessie falou que delegar as tarefas requer muita responsabilidade e visão.

 

— Diz pra ela que a minha responsabilidade não chega a nem metade do que a Cindy oferece. — retrucou Zoe — E também que escolhê-la como monitora foi a atitude mais burra da vida dela.

 

Damian revirou os olhos, virando para Jessie.

 

— A Zoe disse que tem uma responsabilidade muito maior do que a Cindy pode oferecer e que você ter escolhido ela pra monitora foi sua atitude mais burra. 

 

— Pois diz a ela que minha escolha foi baseada no fracasso dela como monitora ano passado. — disse Jessie, de costas, colocando o acumulado de papel na lixeira amarela.

 

— Jessie disse que a escolha dela foi baseada no seu fracasso como monitora ano passado. — repassou Damian a Zoe que se enfezou.

 

— Diz que ela teria sido um pouco mais esperta se soubesse que tudo não passou de um acidente e que em minha defesa eu perdi o controle da situação.

 

Damian soltou o ar pela boca, cansando-se da picuinha ao virar para Jessie.

 

— A Zoe falou que... devia ter tido mais pulso firme pra conter toda aquela algazarra que resultou na média zerada do nosso grupo.

 

— O quê? Damian! — disse Zoe dando um tapinha no braço do amigo.

 

— Pois avise a ela que é tarde demais pra se arrepender e que algo muito mais nojento aconteceria se hoje ela fosse a monitora.

 

— Jessie falou que sente muito por ter preterido você pela Cindy e que devia ter dado uma segunda chance pois todos erram. — disse Damian para Zoe. A Ranger Amarela virou para ele zangada, batendo nele com um pano.

 

— Dá um tempo, Damian! Não coloca palavras na minha boca!

 

— Palavas que você nunca diria olhando nos meus olhos! — atacou Zoe largando o espeto.

 

— Ótimo, vamos parar com essa de porta-voz! Vai, fala na minha cara! — disse Jessie também largando o seu espeto. Damian se interpôs para impedi-las de irem as vias de fato.

 

— Vocês duas, chega disso! Toda essa confusão não vai leva-las a lugar nenhum!

 

Austin e Tim vinham trazendo lixo amontoado sobre uma rede de nylon como apoio. 

 

— Meninas, será que uma de vocês podia jogar essa porcaria toda naquela lata logo ali. Nada do que a gente pegou é reciclável, então... — disse Austin.

 

— Eu faço! — disseram as duas em uníssono. Ambas se encararam furiosas.

 

— Cai fora, eu falei primeiro! — afirmou Jessie.

 

— Eu disse um segundo antes!

 

Austin e Tim observavam preocupados o bate-boca das antigas amigas inseparáveis.

 

— Cara, elas vão continuar em pé de guerra até quando? — questionou Tim.

 

— Até as duas admitirem que erraram. — disse Damian se aproximando deles.

 

— Parem, por favor! — pediu Austin separando-as — Será que não dá pra fingirem que tá tudo bem entre vocês só enquanto terminamos a gincana? Se a Cindy pega vocês duas brigando desse jeito...

 

— Eu não tenho medo daquela metida à besta. — interrompeu Zoe — Mais fácil ela tirar todos os meus pontos e manter os de uma certa pessoa.

 

— A Cindy e eu não ficamos amigas por causa do desempate! — contrariou Jessie franzindo a testa — Me poupa desse seu ciuminho infantil, tá bom?

 

— Ciúmes de você? Jamais. — disse Zoe em postura desafiadora — Austin, deixa que eu mesma jogo esse lixo. Ela tá ocupada demais.

 

— Nada disso, eu vou. — disse Jessie indo até Tim e Damian que amarraram a rede — Me deem isso. – mas Zoe tomara a rede dos meninos a força — Ei, não sabe pedir por favor? Larga!

 

— Ele disse uma de nós! — rebateu Zoe puxando a rede de nylon iniciando um cabo de guerra com a sua agora rival — Eu que vou jogar! 

 

— Meninas... — disse Austin, apreensivo, não sabendo como interceder — A Cindy...

 

A patricinha vinha verificar os resultados do grupo com uma prancheta na qual havia uma folha em que constavam os nomes de toda a classe e o total de pontos obtidos e perdidos. Ela ergueu os olhos para a briga.

 

— O que é isso aí? Como sua monitora, ordeno que parem...

 

Com os puxões fortes nos dois lados, o nó da rede se rompeu fazendo com que o lixo caísse direto em Cindy que tivera o rosto emporcalhado. Austin veio ajuda-la.

 

— Cindy, aqui pra você se limpar. — disse ele entregando um pano.

 

— Obrigada, Austin. — disse ela passando o pano no rosto sujo, a face raivosa — Vocês... me sujaram toda! Eu não hidratei meu rosto pra isso!

 

Jessie e Zoe entreolharam-se e não contiveram a risada. Mas logo trataram de retomar o desafeto ficando sérias e virando de costas uma para a outra de braços cruzados.

 

— Não ligo pra briguinha de vocês, mas... quero que saibam que perderam dez pontos! — disse Cindy que deu meia-volta bufando em revolta.

 

Zoe se afastou dos amigos, cabisbaixa.

 

— Zoe, espera aí... — disse Jessie na intenção de segui-la, mas Austin a parou.

 

— Ela precisa de espaço pra relaxar.

 

— Pois é, deixa a lavação de roupa suja pra depois, temos uma montanha de lixo pra recolher. — disse Tim.

 

Jessie ficou a olhar melancólica a amiga caminhar sozinha pelo parque catando os papéis e latinhas, considerando reavaliar sua postura.

 

***

 

Brock e Stuart estavam aos trancos e barrancos no cumprimento das atividades, conforme esperado pelos colegas. A dupla empurrava um latão de lixo azul marinho com rodinhas repleto de tralhas de plástico e metal. 

 

— Uma pausa aqui, Stuart. — disse Brock limpando o suor da testa e arfando. Se encostou no latão para descansar.

 

— A gente tá acabadão hein. — disse o valentão com franja cobrindo o olho esquerdo também se encostando na lata — Eu mal sinto meus braços. Será que a gente dura até o fim do dia?

 

— Pintou uma ideia: pedra, papel ou tesoura pra ver quem começa a próxima tarefa. Pronto? — sugeriu o parceiro com a mão direita fechada.

 

— Beleza, dessa vez não vou perder. — aceitou Stuart, movendo sua mão. 

 

Os dois jogaram suas escolhas e acabaram empatados.

 

Entretanto, durante as várias tentativas da dupla de resolver o jogo, o latão ameaçava descer a parte íngreme que dava direto no lago. As rodas moveram e o latão descia vagaroso sem que notassem. A descida do latão ganhou mais velocidade, sendo avistada por Tim que correu para avisar.

 

— Ei, seus idiotas! Aquele lixo de vocês vai cair com tudo no lago, olhem! 

 

A dupla virou os olhos para o latão e se desesperaram gritando de urgência. Desceram as pressas, desajeitados. Pararam o latão faltando poucos metros em direção a água.

 

— Empurra, Stuart! Força! 

 

— Tô tentando! Quem mandou você pegar tanto lixo?

 

Cindy estava próxima de uma árvore tomando sombra tendo flagrado o descuido.

 

— Ai, ai, rapazes... Lamento, mas são menos cinco pontos pra vocês. — disse ela anotando na prancheta. Tim veio sorridente até ela.

 

— Oi, Cindy. Não retirou nenhum ponto meu naquela hora, né?

 

— Não, mas se insistir em me galantear ao invés de fazer seu trabalho, vou zerar sua média. — disse ela passando por ele, esnobe — Vamos, mexa-se, precisa adquirir experiência pra sua futura profissão.

 

Tim a observou frustrado. 

 

— É, não rolou de novo.

 

Trashmaster surgiu em teletransporte na beira do lago contemplando a imensidão da água.

 

— Toda essa limpidez de água me irrita muito! Me dá vontade de vomitar! 

 

Despejou um líquido verde-pântano dos buracos das mãos na água que se tingia daquela cor nauseante. Brock e Stuart pararam de empurrar o latão flagrando o monstro.

 

— Ei você, cabeçudo! — chamou Brock — Tá fazendo o quê aí?

 

— O que estão olhando? Sumam! — rebateu Trashmaster soltando uma nuvem de moscas da boca contra a dupla que correu em gritos de pavor. O latão não tornou a descer graças a uma pedra na qual uma das rodas se apoiava.

 

O alarme da Central de Comando soou com Karen conferindo o cenário no parque.

 

— Essa não.... Dickerson, dá uma olhada nisso aqui. Uma cena dessas faria qualquer ativista ambiental ter um surto psicótico.

 

O explorador se aproximou da tecnóloga vendo o momento em que Trashmaster polui o lago.

 

— Estava um dia tranquilo demais em prol da natureza. Contate os Rangers.

 

O comunicador de Austin tocara tal qual dos demais. Ele chamou os amigos para um ponto discreto sob uma árvore grande. A contragosto, Zoe também se juntou. Todos olhavam em volta para se certificar de que não havia ninguém.

 

— Pode falar, Sr. Dickerson. — disse Austin.

 

— Rangers, preciso que venham imediatamente. — pediu o mentor em tom sério. 

 

— Tudo bem, estamos indo. — acatou Austin se preparando — No três, pessoal: um, dois... três.

 

Todos apertaram simultaneamente o botão de teletransporte chegando a Central de Comando em forma de pilares de luzes com suas respectivas cores.

 

— Ué, por que não nos contou qual o problema quando estávamos lá? — questionou o Ranger Vermelho.

 

Karen se virou sentada na cadeira giratória para explicar a eles.

 

— Caso ficassem cientes da situação por lá era arriscado vocês serem notados pois certamente aconteceria um ataque e teriam de enfrentar esse monstro desmorfados devido a exposição nesse parque lotado.

 

— E vale ressaltar o perigo que é lutar desmorfado contra esse monstro poluidor. — disse Dickerson que passou na tela uma filmagem de Trashmaster expelindo seu líquido nocivo no lago.

 

— Não pode ser... — disse Zoe, afligindo-se — O lago do parque, ele é a principal via até o reservatório que abastece toda a cidade.

 

— Um crime ambiental flagrado com sucesso. — disse Damian.

 

— Caramba, ele contaminou praticamente toda a água. — apontou Austin — Será que é tarde pra impedir de chegar ao reservatório?

 

— Nessa altura, provavelmente o conteúdo tóxico já alcançou o abastecimento e se proliferou nas tubulações tão rápido quanto se espalhou pelo lago. — declarou Dickerson — É uma questão de tempo até um surto de contaminação em massa ocorrer.

 

— Se a gente não pode dar um freio nisso, o que faremos? — indagou Tim.

 

— Há uma solução prática, mas ainda inacabada. A propósito, é ideia cem por cento do Damian. — disse Dickerson se aproximando.

 

— Ah sim, o desintoxicador de água. — relembrou Damian — Ele funciona automaticamente em contato com a água liberando uma solução aquosa que elimina toda a toxicidade instantaneamente.

 

— Genial, agora fala na nossa língua. — disse Tim.

 

— É basicamente uma bomba que vai purificar a água assim que explodir. 

 

— Ótimo, mas será que dá pra terminar esse negócio a tempo dos hospitais não se encherem de gente passando mal? — perguntou Jessie — Temos que nos apressar, a coisa dessa vez é bem séria. 

 

— Terão que esperar o desintoxicador ser concluído enquanto lutam contra essa lata de lixo ambulante. — determinou Dickerson.

 

— Eu fico pra ajudar. Tá tudo bem, vocês aguentam firme sem mim por pelo menos trinta minutos. — se prestou Damian — Ou não? 

 

— Deixa conosco, seguramos as pontas até você vir com a bomba. — disse Austin dando uma piscadela ao amigo para reforçar tranquilidade.

 

— Mas quem vai detonar? Digo, lançar ela no água? — perguntou Tim.

 

— Eu! — disseram Jessie e Zoe juntas. As duas ex-amigas se encararam enraivecidas.

 

— E lá vamos nós de novo... — disse Tim olhando tenso para elas.

 

— Tá brincando, né? Eu sou a mais indicada pra essa tarefa, afinal meu zord é uma arraia, caso não se lembre. — confrontou Zoe — Posso muito bem lançar a bomba diretamente na própria água.

 

— Não vem com essa! Do jeito que você é toda complexada por detalhes, vai querer encontrar a melhor área do lago pra lançar a bomba sendo que não faz a menor diferença! — contrapôs Jessie.

 

—  Não sou complexada! É óbvio que eu lançaria a bomba sem perder tempo com o ponto certo pra ela detonar. Me diz você: o que faria com seu passarinho que mal cabe no Megazord?

 

— Dobra a língua quando for falar da minha Águia Flavescente! — rebateu Jessie chegando mais perto da oponente, o que significava mau sinal — Ela é bem mais útil que a sua arraia ridícula pois lançaria a bomba do alto pra detonar mais rápido! Não é melhor assim?

 

— Chamou minha Arraia Rósea de ridícula?! Olha pra você! Não tem espelho em casa?

 

Dickerson e Karen se entreolhavam um tanto surpresos com o clima pesado entre as duas.

 

— Vem falar da minha aparência e não olha pra si própria! Eu não quero mais falar com você, tô farta disso, é orgulhosa demais pra admitir que errou! — disse Jessie que virou as costas para ela. Reagindo, Zoe puxara forte o rabo de cavalo da Ranger Amarela — Não toca no meu cabelo, sua...

 

Ambas começaram a bater as mãos querendo estapear uma a outra, exigindo uma intervenção.

 

— Está bem, já chega vocês duas! Por favor, parem! — disse Dickerson, separando a briga — Mas o que há com vocês? São grandes amigas e de repente estão brigadas?! 

 

— Pois é, melhores amigas não brigam. — opinou Karen — O que aconteceu?

 

— Ela! — disseram elas em uníssono apontando uma a outra.

 

— Agora vai começar uma outra briga sobre quem fala primeiro. — disse Tim perto de Austin que lamentava com a mão na testa e a cabeça baixa.

 

— Você primeiro, Zoe. — permitiu Dickerson.

 

— Não fui escolhida como monitora da classe graças a senhorita perfeitinha aí que ficou com o voto de desempate.

 

— Eu fiquei muito indecisa, mas depois lembrei do quanto a última vez dela como monitora foi um desastre. A média do nosso grupo foi zerada pela incompetência dela.

 

— Pelo visto, a história é longa. — disse Karen.

 

— Meninas, terão que ser tolerantes uma com a outra durante a batalha pra salvar a cidade dessa crise biológica. E depois que tudo acabar, tentem uma reconciliação com um diálogo que esclareça tudo de uma vez por todas. — aconselhou Dickerson — A harmonia de vocês beneficia a equipe.

 

— Concordo. — disse Austin — Só saímos daqui se vocês fizerem o juramento do mindinho.

 

As duas se fitaram com menos aspereza e juntaram seus dedos mindinhos, mas soltaram depressa e com força virando as caras. Austin pegou sua célula e morfador.

 

— Beleza, galera, vamos nessa. É hora de morfar!

 

— Tubarão Cobalto!

 

— Arraia Rósea!

 

— Águia Flavescente!

 

— Leão Escarlate!

 

— Boa sorte, não vamos demorar. Diria que falta completar uns 15%. — garantiu Damian.

 

— Sorte pra vocês também. — disse Austin — Te esperamos lá, Damian! — logo os quatro teletransportaram-se.

 

No parque, Cindy procurava pelos Rangers, mas cansou-se assumindo que eles faltaram com os deveres da gincana. A patricinha fora até a Srta. Paddleton que organizava alguns papéis.

 

— Professora, o grupo do Austin desapareceu.

 

— Como assim desapareceram?

 

— Procurei eles em todo o parque e nada. Largaram as latas de reciclagem sem terminar as tarefas. Podem ter ido pras ruas, o que não era permitido. O que acontece?

 

— Bom, todo e qualquer aluno que se ausentar das tarefas ou ir contra uma regra decretada pelo monitor é passível de perda de pontos. Retire dez de cada um deles.

 

— Como quiser. — disse Cindy virando as costas e se afastando com a prancheta e a caneta em mãos. Descontou dez pontos dos Rangers, mas exceptuou Austin — Menos dez pro Damian, pro Tim e pras duas songamongas... Hum... O Austin não merece perder tanto... Ah, tá bom, só umzinho.

 

Uma larga parte dos estudantes das duas quintas séries se refrescavam enchendo copos descartáveis com água das torneiras. Os irrigadores foram ligados por alguns como brincadeira, mas a diversão virou logo um pesadelo.

 

— Ei, que água é essa? Tá suja! — disse um garoto.

 

— Que nojo! — disse uma menina com os braços molhados e imundos.

 

O lago foi descoberto poluído pelos alunos em seguida, todos observando a poluição deprimente a que a água foi submetida.

 

— Minha nossa, olha como ficou o lago. — disse uma garota negra de cabelos cacheados — Quem fez uma loucura dessas? 

 

— Parece que tudo virou um pântano nojento. — disse um garoto — Meu pai e eu costumávamos pescar aqui. 

 

A Srta. Paddleton foi chamada urgentemente e ela veio correndo, abismada.

 

— Meu Deus! Quem teria feito essa barbaridade? E debaixo dos nossos narizes?!

 

Trashmaster seguia emporcalhando o parque com risos histéricos derrubando as latas de lixo que achava pelo caminho e espalhando papéis e outros materiais como confete numa festa. 

 

— Eu adoro o meu trabalho! Sujando tudo sem parar até que não reste nada brilhando!

 

Os Rangers surgiram prontos para o confronto.

 

— Acabou sua festinha do lixo! — disse Austin socando a palma esquerda — Vai pagar caro pelo que fez com o lago!

 

— Ela só tá começando! E vocês são meus convidados especiais! — disse Trashmaster cujas pernas, braços e até a cabeça se recolheram para que ele flutuasse virando a boca da lata que era seu corpo para os Rangers. Girou mandando uma rajada de lixo com ventania. Os Rangers tentavam avançar, mas o vento e o volume de lixo dificultavam.

 

— Agora essa! Uma tempestade de lixo! — reclamou Tim que caiu arrastado pelo vento.

 

— Será que a lavanderia cobraria caro pelos nossos uniformes? — indagou Jessie tentando barrar o vento e o lixo com as mãos.

 

— Tá forte demais! — disse Zoe — Não consigo... dar mais nenhum passo! — caiu diante da ventania e da chuva de lixo.

 

— Quanto mais... andamos... mais sujos ficamos! — disse Austin se protegendo.

 

Mudok aparecia perto de uma árvore com esferas contendo Psycho-Bots.

 

— Poupe sua energia, Trashmaster. Deixe os Rangers pra outra hora e continue sua sujeira. Psycho-Bots, atacar! — disse o androide jogando-as para cima. Os robôs correram rumo aos Rangers que se sentiam horríveis.

 

— Vai ser dureza enfrentar esses idiotas nesse estado! — disse Austin desviando dos ataques e chutando os robôs ao mesmo tempo. 

 

— Nem o capacete tá servindo pra não me fazer sentir esse cheiro de lixão! — disse Tim chutando alguns robôs e dando cambalhotas desviando de tiros.

 

— Parece que esse lixo saído dele nos deixou mais lentos! — apontou Zoe chutando dois dos robôs, mas tomando um golpe nas costas e um tiro de laser pela frente estourando faíscas.

 

— Zoe! — disse Jessie cercada por três soldados — Garras Raptoras! — deu um giro repelindo-os com as garras.

 

— Eu tô bem, não preciso de você! — disse a Ranger Rosa, amargurada, levantando. 

 

Enquanto isso, Trashmaster gerava um acúmulo exorbitante de lixo no centro do parque, uma verdadeira montanha.

 

— Já é o bastante! Agora se expanda! — disse o monstro fazendo o lixo se propagar por todos os lados. A Alameda dos Anjos, de norte a sul, recebia quantidades brutas de lixo vindas do parque com o auxílio do vento.

 

A onda tóxica expressava suas consequências com os estudantes sofrendo sintomas como náuseas, vômitos e fraqueza. Duas ambulâncias vieram para a contenção da crise de saúde pública chegando ao parque com suas sirenes barulhentas. Após derrotarem os Psycho-Bots, os Rangers encontraram Trashmaster sobre a pilha de lixo.

 

— Eu sou Trashmaster, o novo governante deste mundo!

 

— Um nome tão ridículo quanto você! — disse Jessie.

 

— Desce daí pra acertarmos as contas! — disse Austin.

 

— Então querem se sujar mais? Lá vou eu! – disse o monstro pousando na grama. Os Rangers foram ao ataque, chutando-o e socando-o, mas tomavam contragolpes das mãos dele como bofetadas. Lançou seu jato tóxico das mãos mirando em Zoe caída. Porém, Jessie foi ao socorro dela.

 

— Zoe, não! — disse ela saltando e a pegando para tira-la dali. O líquido atingiu a grama produzindo um efeito ácido — Cê tá legal?

 

— Tô, mas... Me solta! — disse Zoe se levantando depressa — Isso não muda nada. — disparou, correndo de volta a batalha.

 

— Tenho mais trabalho sujo a fazer em vez de brincar com vocês! Fui! — disse Trashmaster fugindo dali na sua forma de lata flutuante.

 

— Covarde! — xingou Austin — Sr. Dickerson, como andam as coisas por aí?

 

— Quase lá. Só mais alguns ajustes e uma avaliação de testagem rápida. Continuem lutando, não parem por nada.

 

— Trashmaster escapou, vai transformar a cidade toda num lixão a céu aberto!

 

— Ei, olhem! — avistou Tim — Todos beberam da água suja e estão passando mal pra valer! Já tem até ambulância!

 

— Isso aí, vamos dar uma força pros paramédicos! — definiu Austin. Os Rangers saltaram para onde haviam macas para acomodar os alunos doentes que recebiam os cuidados. Cindy andava meio cambaleante se olhando num espelho de mão.

 

— Oh não! Essa água nojenta deixou minha pele que nem a de um lagartixa! Tô ficando verde igual banana imatura!

 

— Querida, venha, precisa de atendimento! — disse Srta. Paddleton a pegando na mão.

 

— Mas eu sou a monitora, não posso sair!

 

— Nessas condições não pode exercer a função! Terá que ser substituída.

 

— O quê? Não! — disse a patricinha sendo levada para uma maca — Tô me sentindo ótima! Não, espera... — inflou as bochechas, se virando para vomitar. Brock e Stuart estavam dentro do latão com rodinhas observando o caos.

 

— A gente se safou, Brock! 

 

— Estamos super-seguros, aqui é a nossa fortaleza! Ouviram bem, otários? Heheh!

 

Contudo, um garoto da 5ª série-B se dirigia ao latão sem poder segurar o vômito acabando por despejar tudo em cima dos valentões.

 

— Desculpa. — falou o garoto que correu.

 

Completamente lambuzados, a dupla tentava se limpar.

 

— Hum, é achocolatado, prova aí. — disse Stuart que levou um pescotapa do parceiro enojado com a lambança.

 

A Srta. Paddleton anunciava aos alunos não afetados quanto ao novo monitor.

 

— Um recado rápido, crianças! O posto de monitor está vago já que a Srta. Harper contraiu a intoxicação!

 

Ouvindo aquilo, Jessie foi até ela após ajudar uma garota a sentar numa maca.

 

— Descanse, logo eles vão te atender. — disse ela que prontamente correu — Professora Paddleton...Digo, senhora, por favor...

 

— O que é? Oh, não reparei que os Power Rangers estavam por aqui ajudando.

 

— Ouvi a senhora dizer que uma das classes está sem monitor. Os alunos que estão saudáveis vão continuar, certo?

 

— Naturalmente. Por que o interesse?

 

— Vou escolher a substituta ideal. Já trago ela! — disse Jessie que saiu em disparada até Zoe que trazia um garoto nos braços desmaiado e o pusera na maca — Zoe, vem aqui comigo! — a pegou pelo braço ficando atrás da ambulância.

 

— Me larga, Jessie! Agora não tô afim de discutir!

 

— Não quero discutir, não mais. Quero que sejamos amigas novamente e tenho a oportunidade perfeita pra consertar tudo. A Cindy foi contaminada e dispensada. A professora quer uma substituta pra agora. O que acha?

 

A reflexão de Zoe se prolongou um pouco, mas a decisão foi tomada.

 

— OK, tô dentro. Vem comigo?

 

— É claro. Eu sempre vou estar com você, Zoe. Pode desmorfar, a barra tá limpa.

 

A Ranger Rosa verificou ao redor e tocou no morfador preso ao cinto.

 

— Desativar! — desmorfou, correndo com Jessie até a Srta. Paddleton.

 

— Aqui está ela! — disse Jessie de mãos dadas com a amiga — Tenho certeza que ela fará um trabalho digno.

 

— Zoe?! Hum... Apesar do seu antecedente nada exemplar com semana ecológica, vou lhe dar uma chance.

 

— Obrigada. — disse Zoe sorrindo aberto — E a você também. — agradeceu à Jessie.

 

Inesperadamente, Trashmaster retornava para mais uma dose de imundícies.

 

— Não vou me cansar de sujar! 

 

Mudou para sua forma de lixeira flutuante e apontou sua boca de lixo como um canhão liberando mais ventania e porcarias contra os adoentados. Karen contatava Tim.

 

— Fala aí! A gente tá num aperto, o mostrengo fedorento acabou de voltar!

 

— Tim, o desintoxicador foi concluído e instalado num dos torpedos do zord tubarão. Ele já está entrando na área contaminada. A automatização do zord não permite disparar remotamente, então é com você.

 

Damian vinha correndo aos amigos já morfado.

 

— Aqui estou eu, concentração total! Perdi alguma coisa?

 

— Se salvou de tomar um bom banho de lixo. — disse Austin tocando-o no ombro — Ué, cadê a Zoe?

 

— Ela substituiu a Cindy como monitora. — avisou Jessie — Eu que a indiquei. 

 

— Sério? Então vocês estão de boa? — perguntou Austin.

 

— Eu acho que sim. — respondeu ela.

 

— Vou indo nessa pilotar meu submarino radical! — disse Tim que se teleportou para dentro do zord tubarão — Legal, controles ativados. — acelerou o zord com a propulsão subaquática — Caramba, que nojeira. — comentou vendo a poluição em volta na água — É bom que a lataria seja autolimpante.

 

Lokknon perdeu as estribeiras e apontou para Barooma.

 

— Cansei de esperar! Laser regenerador, Barooma!

 

— Um pouco cedo, mas não faz mal! — disse ele que disparou o raio verde batendo no botão. Trashmaster foi gigantificado para o desespero dos Rangers.

 

— Agora a sujeira será redobrada! — disse ele lançando mais nuvens de porcarias pela cidade.

 

— Dessa vez o Lokknon não foi muito paciente. — disse Damian.

 

— Tim, e aí? Anda logo com essa bomba! — pressionou Austin.

 

— Preparar... Apontar... Água! — disse Tim disparando o torpedo que continha o desintoxicador. A esfera metálica tecnológica liberou sua solução aquosa e de efeito imediato — Yeah! Água limpinha pra ninguém botar defeito!

 

Os contaminados foram rapidamente se recuperando ao levantarem das macas.

 

O zord tubarão emergiu a terra firme junto aos demais que corriam para o embate final. Os Rangers saltaram adentrando nos cockipts.

 

— Zoe, coloquei o seu zord em piloto automático já que você tá ocupada com a gincana.

 

— Certo, Karen, valeu. — disse Zoe encerrando o contato e voltando-se para a turma que comandava — Muito bem, hora de produtividade, galera. Quero todo mundo se mexendo! 

 

O Megazord Z fora formado desafiando Trashmaster com um gesto para ele vir para cima. 

 

— Não sabem com quem estão mexendo! — disse o monstro que regressou a sua forma de lata e saiu rolando contra o robô. Pulou batendo contra o peito do Megazord fazendo-o apenas recuar uns passos. Repetiu o movimento, mas desta vez foi segurado pelo robô com as duas mãos e chutado, sendo forçado a voltar à sua forma original — Duvido escaparem disso!

 

Cuspiu dos buracos das mãos o líquido tóxico banhando o Megazord. Porém, o monstro não contava com o sistema de autolimpeza que removeu cada gota da gosma.

 

— Não! Não é justo, vocês são uns pestinhas!

 

— Toma uma ducha aqui, seu chorume! — disse Tim ativando um controle que substituía a mão direita do robô por um canhão.

 

— O hidro-canhão do zord arraia acabou de ser ativado em conjunto ao do tubarão. — disse Karen.

 

— Hidro-canhões, disparar! — bradou Austin. A água dos canhões saiu em jatos potentes que empurraram Trashmaster para longe. O monstro levantou zonzo e fraco.

 

— Não sinto mais meu cheiro de sujeira... Meu corpo ficou escorregadio... 

 

— Hora de colocarmos o lixo no lixo. Sabre Selvagem! — disse Austin invocando a espada que caiu na mão direita do Megazord.

 

— Insígnia Feroz! — disseram os Rangers, o Megazord criando o círculo cinzento em sentido horário com a espada — Partir! — o robô fizera o corte diagonal que selou o destino do monstro.

 

— Eu merecia ao menos uma reciclagem! — lamentou Trashmaster caindo, logo explodindo fatalmente. A vitória dos Rangers induziu Lokknon a tomar medidas extremas. Barooma foi arrastado por Psycho-Bots para uma porta de descompressão da nave. 

 

— Mestre, eu suplico, não faça nada de que se arrependa! Não pode me expulsar, precisa de mim! 

 

O subalterno foi jogado para ficar à deriva no espaço por tempo indeterminado como punição.

 

— A única coisa da qual me arrependo é de não ter feito isso muito antes! — disse o imperador olhando pela janela.

 

— Belo castigo, mestre. — disse Mudok à direita dele.

 

— Tchau, tchau, Barooma! — disse Aracna a esquerda acenando — Se comporte como um bom lixo espacial.

 

— E se não saírem de perto vão se juntar a ele! — ameaçou Lokknon fazendo a dupla se afastar depressa com medo.

 

A gincana escolar pelo meio ambiente terminava para as duas quintas séries e era chegada a hora de anunciar a classe vencedora. A Srta. Paddleton voltou ao palco com o resultado na mão e falou ao microfone.

 

— Atenção, todos! É tempo de felicitar a classe ganhadora da gincana ecológica! E ela é... — baixou os olhos para o papel num suspense — A 5ª série-B! Que venha o monitor receber o troféu!

 

Os Rangers se frustraram, mas engoliram a derrota. Cindy se enfureceu com a alegria da classe vizinha cruzando os braços.

 

— Se eu tivesse continuado monitora teria sido diferente! Saiam da frente! — disse ela empurrando dois garotos para se afastar dali.

 

Jessie encontrou Zoe sentada numa pedra soprando um dente de leão e se dirigiu a ela.

 

— Tá triste porque a gente perdeu, né? 

 

— Por não me sentir boa o suficiente.

 

— Mas você se saiu muito bem hoje comparado ao ano passado. Ahn... Me perdoa por dizer tudo aquilo, sobre como lidou com a confusão na gincana e tudo mais... Não foi sua culpa aqueles moleques fazerem guerrinha de esterco.

 

— Não, eu devia ter me imposto mais. Acho que não sirvo pra cargos de autoridade. — disse Zoe que levantou-se — Mas ainda sirvo como sua parceira Ranger, certo?

 

— Claro. — disse Jessie com ar de riso — Amigas de novo? — ergueu o dedo mindinho.

 

— Agora e sempre. — respondeu Zoe, sorrindo e também erguendo seu mindinho. Os dedos se juntaram simbolizando a união restaurada que prometia se manter inquebrável até o fim.

 

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Notas finais do capítulo

Para quem quiser conferir as artes promocionais (Atenção: imagens em baixa qualidade por motivos de... meu celular é uma velharia), eis o link:

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