Power Rangers: Esquadrão Z escrita por L R Rodrigues


Capítulo 8
Brilha Uma Nova Estrela


Notas iniciais do capítulo

Sinopse do capítulo:

Jessie é convidada por um diretor de cinema a protagonizar um filme infanto-juvenil. A ideia parecia ótima até a ranger amarela se deslumbrar com toda a fama, ignorando os amigos e até seu dever como heroína.

Tenha uma ótima leitura (e que o poder o proteja)!



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Quando se tratava de trabalho recreativo valendo pontos na média, não havia ninguém matriculado na Angel Grove High School que ousasse fazer corpo mole. A temporada de ensaios para festival de artes cênicas estava oficialmente aberta e os alunos da 5ª série-A não dariam bobeira para entregar o melhor resultado possível na conquista de uma boa colocação no ranking. Sobretudo, os nossos heróis, mais precisamente Jessie e Zoe que participavam da peça desenvolvida pela classe.

 

 

A história possuía uma atmosfera digna de Shakespeare, ensaiada com maestria por seus principais atores. No auditório estava um diretor teatral contratado pela direção da escola para orientar os alunos quantos a certas técnicas, além dos Rangers que assistiam na ponta dos assentos absortos e boquiabertos com a trama.

 

 

— Não! — disse a personagem de Jessie com vestes femininas do século XVII entrando na casa, horrorizada — Cheguei tarde demais! — ela correu para abraçar seu amado que jazia morto no chão após se servir de um café envenenado — Sem ti eu não posso seguir em frente nesta vida, nada mais importa! — lamentou ela, as lágrimas de colirio rolando — Não vou me desfazer do amor que eu lutei tanto pra vencer as barreiras que atravancaram nosso caminho. — olhou para a xícara ainda cheia na mão do amado e a pegou, decidida no que fazer — Se a vida proíbe nosso amor, a morte o aceitará. 

 

 

Tomara o café, se deixando intoxicar pelo veneno que agiu rápido no seu efeito letal. Ela arfou intensamente até cair morta ao lado do amado em um final irremediavelmente trágico.

 

 

— Bravo! Mandou bem, Jessie! – disse Austin, levantando para aplaudi-la junto de Zoe, Tim e Damian. O resto dos alunos acompanhou a salva de palmas. 

 

 

— Se saíram incrivelmente bem desta vez. — disse o diretor de teatro, um homem negro  usando colete verde por cima se uma camisa azul claro, indo até o casal protagonista "revivido" — Façamos uma pausa, ainda falta mais uma horinha pra ajustarmos aquela outra cena lá. Quero ver vocês mantendo o nível de agora hein. Já volto.

 

 

— Obrigada, pode deixar. — disse Jessie, grata pelo reconhecimento — A gente se fala depois. — dissera ao seu colega de cena que afirmou com a cabeça indo tomar uma água. 

 

 

— Você arrasou, Jessie. Eu não teria atuado tão bem quanto. — disse Zoe indo até a amiga com a qual deu as mãos — Deve ter exigido muito de você, não?

 

 

— Honestamente, nem tanto. É que sou de chorar fácil com cenas tristes, você sabe. Mas não se sinta uma atriz ruim diante de mim, tá? Quero ver você arrasando também.

 

 

— Aí Jessie, a gente adorou sua performance. — disse Austin — Com uma atuação igual a sua, o troféu já é da nossa classe.

 

 

— É, tô sentindo que vamos ganhar de lavada. — disse Tim, otimista, esfregando depressa as palmas das mãos.

 

 

Alguém vinha se juntar a eles na congratulação, alguém de grande importância no ramo artístico.

 

 

— Eu devo dizer que compartilho da opinião de vocês. — disse um homem caucasiano meio bronzeado com barba por fazer e óculos, usando uma boina bege e paletó tweed marrom — Prazer, me chamo Louis Harrigan. Sou diretor de cinema regional. Não pude deixar de vir prestigiar futuros novos talentos e... veja só, que dia de sorte, acabei de encontrar um. Como se chama mesmo? 

 

 

— Ahn... Jessie. Obrigada por assistir o ensaio. Eu não esperava que um diretor de filmes estivesse aqui.

 

 

— Me lancei numa caçada por talentos juvenis, especialmente um que possa protagonizar meu mais novo filme. — disse Louis, sorrindo simpático aos Rangers.

 

 

— Protagonizar? Não pode estar falando sério. — disse Jessie, reagindo espantada — Eu... eu sou muito nova nisso ainda, é só minha terceira peça de escola. Sem querer parecer indelicada, mas...

 

 

— Não seja tão modesta, por favor. Você foi ótima e olha que foi um simples ensaio, mas me senti vendo a peça de fato. É a atuação mais soberba que já vi de um artista mirim, se equivale a de muitas atrizes famosas, inclusive.

 

 

— Em qual filme está trabalhando agora, Louis? — indagou Damian.

 

 

— Um terror infanto-juvenil. Se chama A Maldição da Cinderela. — respondeu Louis, voltando-se para Jessie novamente — Eu sei que não é uma grande proposta, até porque é um filme de orçamento econômico e distribuição restrita, mas... eu ficaria imensamente grato se aceitasse meu convite pra um teste de gravação. Pelo menos um teste.

 

 

— E o que acontece se eu passar nesse teste?

 

 

— Irá para a segunda fase, daí se aprovada pela banca de jurados... terá garantido o papel principal. O que acha?

 

 

Jessie mordeu os lábios em nervosismo nítido, pensando na ideia de estrelar um filme que será lançado em todos os cinemas da Alameda dos Anjos e em algumas cidades vizinhas.

 

 

— Pra não fazer desfeita... aceito sim, eu topo esse teste.

 

 

— Ah, sabia que não recusaria. É uma oportunidade valiosa demais pra deixar escapar enquanto está praticando seu talento. Esse é o meu cartão, aí tem o endereço do estúdio. — disse o diretor dando seu cartão de visita — Vai estar concorrendo com outras cinco candidatas. Mas depois do que vi hoje... já é minha favorita.

 

 

— Nossa, obrigada. Vou aparecer por lá, pode esperar. — disse Jessie, enchida de ânimo. 

 

 

Cindy Harper e suas fiéis escudeiras babavam seus venenos ao testemunharem a rival adquirindo um pré-status de atriz de cinema.

 

 

— Talento? Que talento? Foi pura sorte de principiante. — disparou Cindy, desdenhosa — Acho que esse diretor precisa de uns óculos novos, pois duvido que ele transforme essa gata borralheira numa Cinderela digna de um filme.

 

 

Kate e Lindsey riram com escárnio olhando para a Ranger Amarela ainda conversando com Louis.

 

 

— Meninas, que tal uma aposta? Se a Jessie conseguir o papel principal... — disse a patricinha não tirando os olhos invejosos da rival — ... ela passará a ser parte do nosso clube.

 

 

— Bateu com a cabeça, Cindy? E se ela ganha mesmo esse filme? — perguntou Kate.

 

 

— Vai mesmo querer alguém como ela no nosso grupo? Pensa bem. — avisou Lindsey.

 

 

— Não fiquei louca, eu apenas quero saborear um pouco dessa vitória... isso se ela conseguir. Imaginem só, a atriz principal de um dos filmes mais esperados andando conosco. Nossa popularidade vai quadruplicar. Quanto apostam?

 

 

Enquanto o trio de esnobes confabulava sobre a aposta, Louis se despedia.

 

 

— Estamos conversados então. Vejo você hoje a tarde, Jessie, até mais. 

 

 

— Tchau, tchau. — disse Jessie olhando o cartão — Gente, olha aqui. — mostrou seu braço esquerdo cujos pelos estavam eriçados — Me belisquem pra ver se eu tô sonhando. Eu num teste pra protagonista de um filme, caramba!

 

 

— Essa é uma chance daquelas que caem do céu. — disse Austin, orgulhoso dela.

 

 

— Parece que os planetas se alinharam pra você hoje. — disse Damian. 

 

 

— Será que eu vou ter uma amiga famosa? Já tô até imaginando seu nome na calçada da fama. — disse Tim, sonhando acordado.

 

 

— Sabe que tem todo o nosso apoio nisso, né? A gente vai torcer ao máximo. — disse Zoe.

 

 

— Sei que vão. Se foi sorte ou não, importante é que tô na trilha certa pro meu sonho. 

 

 

***

 

 

Na sua nave, Lokknon se contorcia de ojeriza pela Ranger Amarela ter subido um degrau na escada do sucesso.

 

 

— O que esse sujeito viu de tão brilhante nela? Fingir ser quem não é costuma ser tão reverenciado assim entre terráqueos?

 

 

— É uma profissão de respeito ser ator ou atriz. Mais do que um trabalho, é uma arte. — disse Aracna se aproximando do visualizador — Queria eu estar agora saindo de uma limusine e sendo fotografada como uma estrela de cinema e tendo idiotas como fãs beijando os meus pés.

 

 

— Então abandone esta nave e vá realizar esse sonho, irá nos poupar de aborrecimentos. — disse Mudok.

 

 

— Eu só tive um devaneio, lógico que não vou largar meu mestre a quem jurei servir eternamente. — disse Aracna contornando a impressão ruim que causou ao imperador sobre sua intenção, sorrindo nervosa para ele.

 

 

— Há uma enorme chance da Ranger Amarela conquistar esse trabalho de encenar uma história fantasiosa. — disse Lokknon tomando uma taça de licor roxo — Barooma, alguma ideia?

 

 

— Talvez uma criatura que seja equipada com elementos apropriados ao cinema a um nível de utilização fora da realidade dos humanos! Precisamente que possa criar um filme dimensional onde todos que forem capturados não tenham consciência de estarem atuando!

 

 

— É bom esse filme acabar tão triste quanto a história dessa personagem da Ranger Amarela. — disse Aracna — Nunca pensei que diria isso, mas... vamos torcer pra que ela consiga.

 

 

— Ative o bio-modelador, Barooma. As ideias estão fluindo na minha cabeça como uma cascata. — disse Lokknon.

 

 

— Mas mestre, não deveríamos ser mais pacientes? Esse monstro de nada servirá caso a Ranger Amarela não seja escolhida no filme, é um possível desperdício. — contrapôs Mudok.

 

 

— Independente dela obter ou não esse papel de mocinha sofredora, é um monstro que dará trabalho aos Rangers da mesma forma. — disse Aracna.

 

 

— Bem pontuado, Aracna. — elogiou Lokknon — Mas devemos partilhar do otimismo dos Rangers, por mais revoltante que isso seja.

 

 

— O boneco já está na máquina pronto para ser remodelado! — disse Barooma, mexendo a alavanca — Que venha com muita saúde!

 

 

O bio-modelador seguiu seu processo normal de dar vida ao monstro. A criatura saía em meio a fumaça de vapor que se dissipava lentamente e se apresentara.

 

 

— E então, vamos gravar alguma coisa? Por que não estão em seus camarins?

 

 

— Não somos atores e não há nenhum filme sendo produzido... ainda não. — disse Lokknon indo até ele  — Mas muito provavelmente você executará a função de diretor oculto num filme que será inteiramente seu no fim das contas. 

 

 

— Você vai me dirigir?! Eu não me subordino assim, quero meus direitos respeitados.

 

 

— Acho que não fui muito claro. — disse Lokknon invocando sua espada negra a qual chamava de Lâmina Furiosa, apontando-a para o monstro — Você foi designado a um propósito e seu único direito é me jurar servidão! 

 

 

— O mestre só usa a espada em situações realmente muito sérias. — cochichou Mudok ao lado direito de Aracna.

 

 

— Como insubordinação e petulância. — disse ela — Vou nomea-lo de... Cinemad.

 

 

— Até que enfim um nome decente. — comentou o androide.

 

 

— Como preferir, se não tenho opção. É só me dar o roteiro que construo o filme ideal. — disse Cinemad, se dispondo ao plano, coagido.

 

 

***

 

 

No meio da tarde, os Rangers se viam à espera de Jessie na Cantina do Earl, todos, inclusive o cozinheiro, ansiosamente curiosos em saber o resultado dos testes de gravação. Zoe não parava de verificar o relógio de parede.

 

 

— Já vai dar quatro horas e nada. — disse ela a expressão aflita sentada junto aos amigos perto do balcão — Ela teve que desligar o celular já que não é permitido durante o teste. Mas já deve ter acabado, né?

 

 

— Fica calma, Zoe. Ela já deve estar voltando, não deve ter sido nada muito exaustivo pra ela não ter que vir nos encontrar. — disse Austin.

 

 

— Garotada, olhem só quem tá chegando aí. — disse Earl percebendo a chegada de Jessie que se aproximava dos amigos com uma expressão um tanto apática.

 

 

— Nossa, demorou hein. — disse Tim, virando-se para a amiga — E então, conta aí pra gente como foi lá no teste? Ah não, peraí... Essa cara não é de quem vai dar boas notícias.

 

 

— Jessie, o que houve? Não vai nos dizer que... — disse Damian.

 

 

Os Rangers a olhavam tensos aguardando a resposta, mas pouco otimistas pela face da Ranger Amarela dar a entender o pior cenário.

 

 

— Eu... — disse Jessie em um suspense agoniante — Passei! — revelou ela alterando subitamente a expressão para uma alegria sem tamanho. Os Rangers deram um grito de comemoração e fizeram um abraço coletivo.

 

 

Cindy estava por ali com suas amigas e cuspiu seu suco ao ouvir a notícia.

 

 

— Ouvi direito? Ela conseguiu mesmo o papel de protagonista no filme?

 

 

— Pelo jeito como eles reagiram, sim. — disse Kate olhando com nojinho a vibração da turma.

 

 

— Todos estamos muito orgulhosos de você. — disse Austin tocando-a no ombro — Você merece, essa conquista é como se fosse nossa também.

 

 

— Parabéns, Jessie. — disse Earl — Você é uma menina de ouro.

 

 

— Obrigada, Earl. Ai gente... — disse Jessie, os olhos lacrimejando — É muita emoção, eu finalmente virei uma atriz de verdade! Louis falou que depois do lançamento do filme vou ganhar meu registro profissional.

 

 

— Maravilha, nunca duvidamos que você fosse conseguir. — disse Zoe abraçando apertado a amiga.

 

 

— E nem nós. — disse Cindy vindo com suas aliadas — Por mais incrível que pareça.

 

 

— Cindy. — disse Tim, o coração disparando ao abrir o maior sorrisão para sua amada — Veio dar os parabéns pra Jessie? Quer sair comi...

 

 

Damian tapara a boca do amigo e o afastou dali.

 

 

— Melhor controlar essa sua língua, vai me agradecer depois. — disse o Ranger Preto.

 

 

— Como ficaram sabendo? — perguntou Zoe não gostando nada das presenças do trio.

 

 

— Não somos surdas, queridinha. — respondeu Cindy — E logo vamos espalhar a notícia pelo colégio inteiro. Isso se você nos der permissão, Jessie.

 

 

— Sem problema, Cindy. Mas cuidado pra não aumentar demais a história. Sabe como é, né? Vida de celebridade não tem sossego.

 

 

— Não, fica tranquila. Diremos a verdade como ela é. Nós queremos te parabenizar pela conquista do papel. Teve uma sorte grande.

 

 

— Não foi sorte, foi mérito. — rebateu Zoe.

 

 

— Hum, que seja. Jessie é nossa mais nova integrante do clube Rosa Chique. Até mais. — disse Cindy que se despediu com um aceno movendo os dedos. As demais viraram as costas com olhares soberbos para Jessie.

 

 

— Não liga pra essas interesseiras, Jessie. Só não querem parecer que estão com inveja. — disse Austin.

 

 

— Tudo bem, eu só faço parte de um clube: o nosso. — disse ela, sorridente aos amigos.

 

 

***

 

 

A noite, as primeiras filmagens eram rodadas no set de gravação com toda a cenografia interna pronta. Eis que Cinemad surgia em teleporte, escondido numa parede de madeira nos bastidores em meio a equipamentos como refletores e câmeras. O monstro acompanhava a gravação da cena envolvendo os pais da protagonista.

 

 

— A garota terráquea que faz a protagonista desse filme não está em cena, por enquanto. Vou deixa-la por último e começar por esse casal idiota de coadjuvantes. — disse Cinemad, traçando sua rota de planejamento.

 

 

Após o fim da tomada, ambos os atores foram ao camarim compartilhado onde conversavam. Mas logo foram surpreendidos pela aparição súbita de Cinemad na sala e recuaram assustados.

 

 

— Não tentem fugir de mim porque não podem! — disse ele que fez fitas de filme nos rolos de seus braços saírem como serpentes que enrolaram a dupla dos pés a cabeça rapidamente até os reduzirem a luzes roxas que passaram a ser parte do filme — Prontinho! Já foram dois! — declarou o monstro recolhendo as fitas de volta aos braços — Este filme será um arrasa-quarteirão! O meu, é claro!

 

 

***

 

 

A escola foi tomada pelo burburinho em torno do filme na manhã seguinte. Jessie arrancava olhares de expectativa por onde quer que passasse.

 

 

— Ei, posso tirar uma selfie com você? — pediu uma garota da 5ª série-B.

 

 

— Cla-claro. — concedeu Jessie. A garota se colocou bem ao lado dela a direita e fotografou sorrindo abertamente.

 

 

— Valeu, Cinderela. — disse ela, realizada.

 

 

— De nada. — falou Jessie pouco a vontade. Foi até os armários onde Zoe estava arrumando o seu. Bufou com a boca, encostando-se nas portinhas de metal — Mal cheguei a gravar e já tô ganhando fãs que não param de me encher.

 

 

— Esse é o mal de ser famoso, ter que dar atenção a todos que te veem de perto. — disse Zoe — Mas o pior é quando passam dos limites querendo invadir a privacidade. 

 

 

— Até agora isso não aconteceu. Ah, Zoe, eu preferi nem vir hoje por causa disso. Aquela fofoqueira da Cindy espalhou a notícia só pra me fazer passar por esse sufoco. Tá todo mundo me olhando.

 

 

— Tenta enxergar o lado positivo, você encanta a todos com sua beleza. — disse Zoe fechando seu armário.

 

 

— Começo a achar que foi por isso que os jurados me escolheram. Tenho o perfil de beleza pra esse papel e isso talvez basta. Mas OK, eu sei que sou linda mesmo.

 

 

— Não discordo. — disse Damian vindo até elas.

 

 

— E aí, como tá nossa amiga famosa? — perguntou Tim, sorrindo.

 

 

— Uma pilha de nervos. Nem dormi direito. — lamentou Jessie sentindo-se cansada — Viram o Austin por aí?

 

 

— Falando no diabo... — disse Tim.

 

 

— Oi, galera. — disse Austin vindo por trás de Zoe — E aí, Jessie? Tá pronta pra gravar?

 

 

— Gente, por favor, não coloquem tanta pressão nela. — disse Zoe — É claro que ela tá super nervosa, muita gente quer foto e autógrafo.

 

 

Cindy passava sozinha pelo corredor e notara Jessie, virando-se para ela.

 

 

— Ah, aí está você, Jessie. Toma. — disse a patricinha entregando um papel-cartão — É uma cortesia exclusiva do nosso clube pra assistir ao filme na pré-estreia.

 

 

— Mas já? Como conseguiu? — indagou Jessie.

 

 

— Meu pai é sócio do estúdio. Vamos arrasar com você indo conosco no cinema. Tchau. — disse Cindy estranhamente amigável.

 

 

Louis surpreendentemente estava por ali vindo acompanhado do diretor Brewster.

 

 

— Louis, bom dia. — disse Jessie educada — Não esperava te ver aqui hoje tão cedo.

 

 

— É porque vim leva-la ao estúdio. Com o aval do seu diretor, claro. — disse o diretor com sua simpatia.

 

 

— Sério? Não tem problema faltar alguns dias de aula? — indagou Jessie, receosa.

 

 

— Nenhum, sei o quão significativo é esse salto na carreira que você irá seguir. — disse Brewster.

 

 

— Mas e a peça?

 

 

— Não se preocupe, já me notificaram sobre uma substituta, está tudo sob controle. Agora pode ir com o Sr. Harrigan. 

 

 

— Vamos? — indagou Louis dando sua mão a ela.

 

 

— Demorou. — disse Jessie, entusiasmada, indo embora com o cineasta. 

 

 

— Ei, Louis, será que não tem um papel sobrando pra mim? — perguntou Tim em voz alta dando uns passos adiante. Mas Damian interviu tapando novamente a boca dele.

 

 

— Até você sabe que não chegaria nem nas preliminares. — falou o Ranger Preto.

 

 

No seu camarim, Jessie provava a roupa de sua personagem antes de se tornar a Cinderela.

 

 

— Serviu direitinho em você. — disse a figurinista ao lado dela frente ao espelho — E olha só. — ela pegara o vestido azul cintilante de princesa.

 

 

— Nossa, é lindo, parece até mágico de tão brilhante. Mal posso esperar pra usar. — disse Jessie, encantada.

 

 

— Espera só ver os sapatinhos de cristal. Este é apenas uma réplica de mostruário. O oficial está guardado a sete chaves. É hora de você ir. Boa sorte.

 

 

Porém, durante a filmagem, Louis se mostrava emburrado com o desempenho do casal protagonista. 

 

 

— Corta! — berrou ele com o megafone — Tem alguma coisa errada... Não é com você, Jessie.

 

 

— E qual é o problema? — indagou ela se aproximando dele — Já foi a terceira tomada e você continua não gostando.

 

 

— São eles. — disse Louis olhando desconfiado para o casal que apenas andava pela sala — Estão agindo estranho. Ei, vocês! Será que poderiam... interpretar com mais emoção e entrega?

 

 

— Mas nós estamos fazendo o nosso melhor. — disse o ator do pai.

 

 

— Se esse for o melhor, então se esforcem mais. Aqui é um estúdio de cinema, não a escola de artes cênicas. Vamos de novo. — reclamou Louis fazendo Jessie fita-lo com certa apreensão — Ação!

 

 

Mais tarde, Cinemad flagrou dois outros atores-mirins, estes que faziam parte do núcleo de amigos da protagonista. Estavam no camarim se aprontando.

 

 

— Tá pra mim. — disse Cinemad que logo entrou no espaço — Ahá! Peguei vocês! — lançou suas fitas que envolveram as crianças antes que elas gritassem de medo e as roubou para seu filme — O elenco do meu filme só cresce! 

 

 

Dois Psycho-Bots surgiram teleportando-se e ambos assumiram as aparências dos atores. No momento de gravarem, Louis novamente se mostrou insatisfeito.

 

 

— Corta! Corta! Mas o que tá havendo aqui? Não tomaram o café da manhã hoje?

 

 

— Louis, calma! — disse Jessie — Só mais uma tentativa!

 

 

— Jessie, vem aqui. — chamou o cineasta. Ela fora até ele, exausta — Ensaie com eles. Dê algumas dicas, sei lá. Mas faça o que for preciso pra engaja-los na atuação. Estão parecendo... robôs, uma encenação mecânica e sem alma.

 

 

— Admito que eu também tô achando o mesmo. Vai dar tudo certo, não desiste.

 

 

***

 

 

Dois dias depois, os Rangers resolveram tirar um tempinho da tarde para visitar Jessie no set. Os quatro vieram animados para ver o estúdio por dentro, mas acabaram barrados por um segurança.

 

 

— Sem crachá não entram. 

 

 

— Ei, seu ogro! Deixa eles entrarem, são meus amigos! — disse Jessie que estava sentada numa cadeira fazendo as unhas das duas mãos com manicures e usando óculos escuros. O segurança, a contragosto, dera passagem. Ao olha-los por cima do ombro, seus olhos piscaram uma luz vermelha artificial, não sendo mais que um Psycho-Bot disfarçado

 

 

— Ai, tirou um filé! Quer saber? Cansei de vocês, sumam daqui, tenho visitas.

 

 

As manicures saíram ressabiadas enquanto os Rangers se aproximavam.

 

 

— Oi, Jessie. Só agora pudemos vir, a gente tava morrendo de saudade. — disse Zoe — Você tá linda com esse vestido de Cinderela.

 

 

— Saudade? Se passaram só dois dias, que exagero. Mas obrigada por elogiar meu vestido.

 

 

— Que vida de princesa hein. — disse Tim — O que é isso aqui? 

 

 

— Não toca nas minhas framboesas, Tim. — advertiu Jessie num tom que gerou estranheza.

 

 

— Eu... não ia pegar. — disse Tim, constrangido — Foi mal. Que bicho te mordeu?

 

 

— É, Jessie, você parece estar de mau-humor. — apontou Austin — Tá sendo um dia cansativo?

 

 

— Meu dia estava ótimo até vocês chegarem.

 

 

— Mas você nos deixou entrar. — disse Damian franzindo a testa.

 

 

— Por educação. Eu só quis que vocês vissem como tem sido minha rotina. — contou ela comendo uma framboesa vermelha.

 

 

O comunicador de Austin tocava indicando ser um ataque a cidade.

 

 

— Fala, Sr. Dickerson.

 

 

— Um monstro de Lokknon que solta fitas de filme como chicotes está atacando no centro agora mesmo. Depressa, Rangers.

 

 

— Sério? Que coincidência. A gente veio visitar a Jessie no estúdio, mas já estamos indo.

 

 

— Eu não vou a lugar algum. Boa sorte com esse capanga do Lokknon. — determinou Jessie.

 

 

— Mas... Jessie, você tá em pleno intervalo! — disse Zoe — Eu vi o cronograma de filmagens, você volta a gravar só daqui a duas horas!

 

 

— E daí? Se derrotarmos esse monstro, Lokknon vai faze-lo crescer e vou perder meu horário.

 

 

— O Sr. Dickerson havia dito que um dos princípios de ser um Power Ranger era abdicar do seu objetivo pessoal pelo bem maior. Mas você pelo visto esqueceu disso! — disparou Zoe, irritada. A Ranger Rosa saiu correndo chateada com a postura de Jessie. 

 

 

— Zoe, espera! — disse Austin. O Ranger Vermelho deu uma olhadela raivosa para Jessie. Tim e Damian a olharam desapontados balançando a cabeça em negação e foram atrás de Austin. Jessie acenou se despedindo como Cindy Harper num sorrisinho arrogante.

 

 

Alcançaram Zoe um pouco distante da entrada do set perto de um muro.

 

 

— Fica fria, a Jessie só tá estressada. — disse Austin amparando-a.

 

 

— Não, a fama mexeu com a cabeça dela. — disse Zoe derramando uma lágrima — Acho que parte disso é culpa minha, enchi o ego dela.

 

 

— Ou aquele vestido é amaldiçoado mesmo que nem no filme. — especulou Tim.

 

 

— Não tem jeito, vamos ter que ir sem a Jessie. — disse Austin sacando sua célula e morfador — Prontos? Hora de morfar!

 

 

— Touro Ônix!

 

 

— Tubarão Cobalto! 

 

 

— Arraia Rósea!

 

 

— Leão Escarlate!

 

 

Na área urbana, Cinemad gerava o caos e o pânico indiscriminadamente usando de suas fitas de filme para prender inocentes.

 

 

— Fiquem aí paradinhos feito múmias fora do sarcófago! Nenhum de vocês merecem um lugar no meu filme!

 

 

Os Rangers surgiram correndo e pararam a uma certa distância. 

 

 

— Já chega, liberte essas pessoas e venha nos enfrentar! — mandou Austin. 

 

 

— Mais quatro pra serem envolvidos pelas minhas fitas! Mas cadê a Ranger Amarela?

 

 

— Não te interessa! Vamos queimar o seu filme! — disse Tim.

 

 

— Rangers, atacar! Punhos da Selva! — bradou Austin invocando suas duas armas. O resto da equipe o fizera também, avançando valentes.

 

 

— Muita coragem de vocês! — disse Cinemad que disparou suas fitas feito chicotes, acertando cada um dos Rangers que eram repelidos e depois envoltos nelas quase que no corpo inteiro. O único a desviar fora Tim que saltou com suas barbatanas cortantes efetuando um golpe vertical que estourou faíscas em Cinemad — Insolente! Como ousa?

 

 

O monstro o chutou forte no peito fazendo-o bater as costas na lateral de um carro. Em seguida, lançou mais fitas deixando-as soltas como najas rastejando ao ataque e cercaram o Ranger Azul. Tim tentava defender-se com as barbatanas, mas logo foi enrolado a partir dos pés e posto de ponta a cabeça, sendo envolvido.

 

 

— Tim! — preocupou-se Austin — Detonador Max!

 

 

Disparou contra Cinemad em cinco tiros de laser. O monstro caiu, mas logo se reergueu.

 

 

— Agora uns efeitos especiais! — disse ele lançando feixes de laser vermelho do seu olho esquerdo que atingiram os Rangers no corpo com faíscas explodindo ao redor, dando brecha para serem pegos pelas fitas — Acho que vou adiciona-los ao elenco do meu filme!

 

 

— Nem pensar! Rangers, usem força máxima pra romperem as fitas! — disse Austin. Os heróis empregaram força física ao limite, gemendo alto devido ao esforço hercúleo. Logo as amarras foram destruídas em simultâneo. Porém, os Rangers foram teletransportados até a Central de Comando inesperadamente. 

 

 

— Sr. Dickerson, por que nos trouxe pra cá? Íamos revidar com tudo! — protestou Austin.

 

 

— Iriam sim, mas o resultado seria o mesmo. — aferiu o mentor — Onde está Jessie, afinal?

 

 

— Ela se recusou a vir preferindo continuar trabalhando no filme. — disse Damian — De certa forma, isso nos afetou.

 

 

— Verdade, ela foi super grossa. Tá achando que tem o rei na barriga. — reclamou Tim.

 

 

— O pior não foi ela nos dispensar, mas rejeitar o legado de Ranger por fama e glamour. — disse Zoe — Se eu pudesse fazê-la cair na real...

 

 

— Deixem comigo. — disse Karen ativando a comunicação — A mim eu sei que ela vai ouvir.

 

 

Jessie tomava um suco de laranja pelo canudinho sentada na cadeira quando o comunicador tocara.

 

 

— O quê que é? Não sabem se virar sem mim? Não me enche o saco! 

 

 

— Jessie, aqui é a Karen. Seus amigos precisam do seu apoio, a equipe não é a mesma sem você. Sei que tem tempo restando até o fim do seu intervalo. Não vai custar nada vir ajudar.

 

 

— Talvez custe minha carreira. Se o Louis der falta de mim, ele cancela o filme. Eu... não posso, me desculpa. — disse Jessie, logo desligando e saindo dali. Andou pelo corredor aos prantos até seu camarim. Mas pensou ter escutado gemidos atrás da porta do depósito. Colou o ouvido a porta e teve certeza. Abriu, espantando-se ao ver funcionários da equipe técnica envolvidos nas fitas de Cinemad. Eles tentaram avisar com os olhos que havia alguém atrás dela. Jessie virou-se dando de cara com Cinemad e recuou.

 

 

— Enfim, a protagonista! — disse o monstro lançando suas fitas contra Jessie a trazendo para seu filme de horror. Karen tentava novo contato, mas sem sucesso. 

 

 

— O comunicador tá fora de área, mas não desligado. Jessie sofreu algum ataque.

 

 

— Deve ser esse monstro. — disse Austin — Ele falou algo sobre nos adicionar ao elenco do filme dele. Vai ver ele raptou os atores do filme pra algum tipo de dimensão, inclusive a Jessie.

 

 

— Ótimo palpite. Não duvido que ele tenha esse poder. — concordou Dickerson — Rangers, voltem pra batalha e sejam criativos. Karen e eu vamos ao estúdio ver o que tá acontecendo.

 

 

Cinemad retornava a cidade para provocar mais danos caóticos, tal qual os Rangers para uma revanche. 

 

 

— Voltei! Alguém tá afim de um cineminha?

 

 

— Parado! — ordenou Austin — Tá pronto pro segundo ato?

 

 

— Na verdade, este é o clímax! — disse Cinemad voltando-se a eles — E vocês não ficarão pra ver os créditos subirem! 

 

 

— Pistolas Z! — disse Austin sacando sua pistola assim como os demais. Os tiros conjuntos atingiram em cheio Cinemad que não teve aberturas para fugir com os estouros de faíscas que geraram uma leve explosão de poeira — Não adiantou nada, ele é muito forte!

 

 

— Querem saber da amiguinha de vocês? Vejam! — disse Cinemad usando o aparelho no seu peito para projetar seu filme no ar. Nas imagens, os Rangers puderam ver Jessie como sua personagem — A melhor versão do clássico!

 

 

— É a Jessie! — disse Zoe, atordoada — Tira ela de lá agora assim como os outros! 

 

 

— Impossível, a menos que encontrem meu projetor no local onde está sendo exibido! 

 

 

— Há algum cinema aqui por perto? — indagou Damian.

 

 

— Não podemos conferir todos os cinemas da cidade antes que o pior aconteça! — disse Zoe.

 

 

— Como acaba esse seu filme? — perguntou Tim.

 

 

— Trágico! Finais felizes são tão clichês! Eles não podem ouvi-los, estão tão imersos na trama que pensam ser tudo real! — explicou Cinemad, desfazendo a projeção — Fiquem onde estão! — lançou mais fitas.

 

 

— Galera, juntos! — decretou Austin sendo tocado pelos outros nos ombros.

 

 

— Barreira Z! — falaram em uníssono. O emblema no uniforme se projetou multicolorido com aspecto holográfico como escudo frente as fitas que chicoteavam sem parar.

 

 

— Não podemos ficar na defensiva pra sempre! — disse Zoe.

 

 

— A barreira talvez não aguente o suficiente, não sem a Jessie! Qual é o plano, Austin? — perguntou Damian.

 

 

— Sr. Dickerson e Karen foram pro estúdio! Deve ser lá que está o projetor! Mais energia! 

 

 

Enquanto isso, Karen e Dickerson toparam com Louis e seu assistente indo embora.

 

 

— Somos inspetores de sistemas de manutenção. — falou Dickerson — Pra onde estão indo?

 

 

— Não lembro de ter chamado vocês. Enfim, que se dane. Não temos mais o que fazer aqui. — disse Louis que saíra cabisbaixo. O explorador e a tecnóloga adentraram no labirinto de corredores do estúdio, o que desesperou Lokknon.

 

 

— Mudok, mobilize os Psycho-Bots! Eles não podem encontrar o projetor!

 

 

Os funcionários da equipe técnica logo apareceram agrupados diante da dupla.

 

 

— Sabem nos dizer onde fica a sala de exibição? — indagou Karen.

 

 

— Afaste-se! Não são humanos! — alertou Dickerson sacando sua arma laser. Os robôs eliminaram seus disfarces — Psycho-Bots, eu devia imaginar. 

 

 

O explorador se lançou a luta, chutando uns no corpo ou para desarma-los e atirando em outros. As habilidades de combate dele surpreenderam a tecnóloga. Dickerson atirou no último restante que se desmontou na parede.

 

 

— Sorte que Austin pôde nos avisar a tempo. Vamos lá. O que foi?

 

 

— Nada, é que... Você daria um bom Ranger.

 

 

— Acha mesmo? Depressa, vamos.

 

 

Correram procurando pelos nomes nas portas.

 

 

— Aqui, achei! Tem um filme passando! — disse Karen olhando pela pequena janela. Ao entrarem, analisaram o projetor — Não pode ser...

 

 

— O que tem aí? Rápido, parece que está perto do final trágico. Vou atirar.

 

 

— Não, espera. Cinemad instalou um mecanismo de digitação de código ao alterar o projetor. — constatou Karen se agachando para decifrar — É tudo ou nada.

 

 

Lokknon celebrava a vitória antecipadamente.

 

 

— Os Rangers estão acabados! O código não será descoberto antes que todos morram! 

 

 

Karen suava com as tentativas.

 

 

— Talvez... seja essa. 

 

 

— Essa qual? 

 

 

Karen digitou Cinderela. O visor confirmou, destravando o rolo do filme como um pão ejetado da torradeira.

 

 

— Cinderela. Manda ver. — disse ela entregando o rolo a Dickerson que o jogou para cima, logo disparando com a pistola e o destruindo. O rolo caiu chamuscado. O elenco retornara ao set, incluindo Jessie que correu ao encontro de Dickerson e Karen.

 

 

— Jessie, você está bem? — indagou Dickerson.

 

 

— Mais ou menos. Olha, eu sinto muito ter me negado a lutar! Sou uma péssima Ranger!

 

 

— Não, não é. — disse Karen — Você só se deslumbrou com os privilégios da fama. Todos estão sujeitos a isso, até a alma mais humilde desse mundo.

 

 

— Vá a luta, Jessie. Estão esperando você. — falou Dickerson, encorajando-a — Pegamos no seu camarim. — entregou a célula e o morfador.

 

 

— Obrigada. — disse ela, preparada — Hora de morfar! Águia Flavescente!

 

 

A batalha seguia difícil aos Rangers que viam a Barreira Z rachar ainda mais com as chicotadas das fitas.

 

 

— Se pensam que eu tô cansado, pensaram errado! — disse Cinemad, gargalhando.

 

 

— Mas vai estar muito ferrado! — disse Jessie voando e girando com suas garras raptoras. Atacou Cinemad num bruto empurrão, em seguida tomando impulso nas pernas para desferir mais ataques das garras — Isso é por ter me feito participar do seu filme horroroso!

 

 

— Meus braços! As minhas fitas! — lamentou ele não podendo mais lançar pois enroscaram.

 

 

— Jessie! — disse Austin correndo até ela com os demais atrás — Tá tudo bem mesmo?

 

 

— Sim, eu... Vocês me perdoam? Eu agi como se fosse a Cindy: mimada, arrogante e egoísta.

 

 

— Mas é claro. Por que eu não perdoaria minha melhor amiga por um erro que ela assumiu? — disse Zoe que a abraçou.

 

 

— De hoje em diante, não fujo de uma luta, jamais.

 

 

— Fez um baita estrago nele, Jessie! — disse Tim.

 

 

— Lutou pra valer. — reforçou Damian.

 

 

— E vai piorar pra ele! Invocar armas! — disse Austin. O Abatedor Selvagem era formado com a fusão das armas travando o alvo na mira — Disparar! — o laser duplo atravessou o monstro que caíra duro até explodir tremendamente. 

 

 

— Laser regenerador, Barooma! — ordenou Lokknon, enfurecido.

 

 

— Prontamente, mestre! — disse o subalterno apertando o botão vermelho. O raio esverdeado caiu sobre os resíduos de Cinemad o reconstituindo átomo por átomo e o agigantando.

 

 

— Precisamos do poder Megazord! — disse Austin.

 

 

— Já voltamos e... Zords a caminho. — disse Karen liberando as máquinas animais dos hangares. Os Rangers logo saltaram para entrar e pilota-los. 

 

 

— Chave de Comando inserida! Sequência Megazord!

 

 

O robô gigantesco fora montado, se posicionando ao confronto. Cinemad lançou suas fitas para prender os pulsos do Megazord.

 

 

— Vocês são meus!

 

 

— Ah não somos, não! — disse Jessie. 

 

 

O Megazord rompeu as fitas facilmente. 

 

 

— Sabre Selvagem! 

 

 

A espada viera caindo na mão direita do robô.

 

 

— Insígnia Feroz! — bradaram em uníssono. O círculo foi criado e logo viria o golpe final — Partir!

 

 

O corte diagonal foi dilacerante contra Cinemad que cambaleou recuando enfraquecido. 

 

 

— Não era esse final que tava no meu script! — foram suas últimas palavras antes de cair e explodir intensamente. Os Rangers vibraram com a vitória enquanto Lokknon passava mal.

 

 

— Essa dor de cabeça maldita voltou. Mudok, sabe o que fazer.

 

 

— Nem precisa falar, mestre. — disse o androide indo buscar o remédio.

 

 

*** 

 

 

Uma semana depois, Jessie arrumava seu armário na escola como de costume antes da aula. Cindy vinha com Kate e Lindsey aborda-la.

 

 

— Jessie, não sei como voltou depois do que houve.

 

 

— Fiquei resfriada e acabei fora do filme. Ah, toma aqui. — disse Jessie devolvendo a cortesia de cinema — Eles não esperaram eu me recuperar e me tiraram do papel.

 

 

— Então o filme não foi cancelado? 

 

 

— Foi regravado... sem mim. 

 As patricinhas se entreolharam maliciosas.

 

 

— Sendo assim, vou arranjar outra pessoa pra ir conosco na pré-estreia. Talvez a nova protagonista que deve ser bem mais bonita. — insultou Cindy.

 

 

— Ainda sou parte do clube?

 

 

— E quando você foi? — disse Cindy expressando seu deboche e desdém, se afastando com suas amigas rindo de Jessie que revirou os olhos. Os Rangers vieram consola-la.

 

 

— Não fica assim, virão outras oportunidades. — disse Zoe — Uma porta se fecha pra muitas outras se abrirem.

 

 

— É sério que o Louis te tirou do filme por você ter pego um resfriado? — indagou Tim.

 

 

— Eu menti sobre isso, desculpa. Louis me substituiu e fui rebaixada a figurante. Fiquei tão deprimida que não tive ânimo pra voltar ao colégio.

 

 

— Mas ele te achava perfeita pro papel. — disse Austin — Por que não regravou mantendo você?

 

 

— Sugeriram uma atriz famosa da minha idade e ele aceitou. — contou Jessie dando de ombros.

 — E eu que achava dele dar mais importância ao talento do que pro marketing. — opinou Damian — No fim, o lucro sempre fala mais alto.

 

 

— Mas... — disse Austin tirando algo do casaco vermelho — Eu tenho uma coisa que vai levantar seu astral, Jessie. — mostrou cinco ingressos.

 

 

— São bilhetes pra assistir na pré-estreia. Vão mesmo só pra me ver por uns dez segundos?

 

 

— Gastamos parte das nossas mesadas pra isso. — revelou Austin.

 

 

— É o sacrifício que se faz pela amizade. — destacou Zoe sorrindo.

 

 

— Vocês são uns amores. — disse Jessie, emocionada. A turma fizera um abraço coletivo em círculo, as cabeças se tocando em expressão da força que os unia.

 

 

No dia da pré-estreia, os Rangers estavam acomodados em seus assentos e tiveram uma surpresa em dose dupla. 

 

 

— Não acredito... Vocês também?! — disse Jessie, atônita. 

 

 

— Pois é, tiramos uma folguinha pra prestigiar nossa estrela. — disse Karen com um balde de pipoca.

 — Não perderíamos esses dez segundos por nada. — disse Dickerson sentando.

 

 

— O filme já começou há pouco, minha cena tá bem perto. 

 

 

Nesse instante, Brock e Stuart chegavam jogando pipoca nos alunos da escola que vieram assistir, os obrigando a deixarem eles passar.

 

 

— Sai da frente que a gente tá passando! — disse Brock — Ei, vocês aí! Caiam fora!

 

 

— A gente quer sentar aí! — disse Stuart expulsando os garotos.

 

 

— Silêncio vocês dois! Queremos ver o filme sem bagunça. — disse Austin aos valentões que estavam duas fileiras abaixo.

 

 

— Vai te catar, ô pela saco! — xingou Brock jogando pipoca.

 

 

— É agora. — disse Jessie, ansiosa — Aí, aí! Sou eu ali a direita! Tô meio longe, mas dá pra ver!

 

 

Os Rangers se inclinaram e perceberam uma garota loira de cabelo amarrado de costas. Mas subitamente o filme foi retirado para dar lugar a um vídeo amador que filmava Brock e Stuart pelados tapando suas partes íntimas.

 — Brock... Vazou o vídeo que os caras do subúrbio fizeram!

 

 

— Ah droga! Quero enfiar minha cabeça num buraco! — falou Brock, envergonhado. A dupla se retraiu nos assentos com as risadas.

 

 

— Não sei quem aprontou essa, mas fez nosso dinheiro ser bem gasto! Eu tava precisando ver um filme de comédia! — disse Jessie rindo a beça com os Rangers dos valentões ridicularizados.

                                        XXXX

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Pronúncias corretas de alguns nomes:

Leozor: Leo-zor/ "LeoZÓR" (oxítona)

Barooma: Ba-roo-ma/ "Ba-RÚ-ma" (paroxítona)

Mudok: Mu-dok/ "MÚ-dok" (paroxítona)

Lokknon: Lo-kk-non/ "LÓkkinon" (proparoxítona)



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