Power Rangers: Esquadrão Z escrita por L R Rodrigues


Capítulo 12
Tesouro Inestimável


Notas iniciais do capítulo

Sinopse do capítulo:

Austin se vê num dilema ao encontrar o colar de âmbar de seu par no baile de novatos, não sabendo como devolvê-lo sem encarar o pai violento da menina. Mas a situação se agrava quando um monstro louco por joias rouba o colar.

Tenha uma ótima leitura (e que o poder o proteja)!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811666/chapter/12

 

Tradicionalmente as quartas-feiras durante a tarde, Austin se dedicava a absorver mais ensinamentos de artes marciais providos por seu pai, John, um carateca veterano que se sagrou vencedor em diversas competições ao longo de sua adolescência e juventude. Pai e filho disputavam uma luta ao ar livre no quintal da casa em contato com a natureza na arena de tábuas.

 

 

Jonh dava golpes das mãos que eram defendidos pelo filho, porém não com uma destreza que costumava ver, tanto é que o acertava várias vezes, seja com ataques a mão ou com chutes. Mas resistente como Austin era sabido ser, levantava-se a cada queda para revidar. O Ranger Vermelho saltou para aplicar um chute Tobi-Geri, mas o pai tratou de anular a eficácia do golpe numa derrubada profissional.

 

 

— Pausa. — disse John com autoridade levantando e ajudando o filho — O que tá havendo hoje, Austin? Seu desempenho caiu muito desde o último treino, nem parece que me derrotou na quarta passada com aquele golpe que você finalmente tinha pegado o jeito, mas hoje... você mal conseguiu se mover pra repeti-lo e podia ter conseguido se não tivesse caído pra um golpe tão básico.

 

 

— Foi mal, pai. — disse Austin expressando cansaço — Tem uma coisa martelando um prego na minha cabeça que não tá me deixando focar no treino.

 

 

— Talvez deva contar pra mim, quem sabe eu possa tirar esse prego. Diz aí, o que tá pegando? — quis saber John pegando uma garrafa d'água e abrindo.

 

 

— É uma garota na escola... 

 

 

— Ah, certo, não precisa nem explicar com detalhes, só essa frase basta... — replicou o pai com ar de riso.

 

 

— Não, pai, não é isso que o senhor tá pensando. — corrigiu Austin franzindo a testa — Acontece que a escola decidiu organizar um baile só para novatos e... o problema é o meu par. Todos os pares são escolhidos pela direção, os alunos do 6⁰ ano-A com os alunos da turma B. 

 

 

— E o que é exatamente? Você não gosta dela? Ela... digamos, não tem uma aparência ao seu gosto?

 

 

— Pai, nem tudo é aparência. — retrucou Austin também pegando uma garrafinha e abrindo.

 

 

— Muito bom ouvir isso, jovens da sua idade valorizam demais a beleza exterior quando se interessam por alguém. Feliz de saber que meu filho tá nadando contra a maré. Mas o que é exatamente que te incomoda nessa menina?

 

 

— Não é ela, mas... o pai dela. Mas não é pra pedir ela em namoro, se é o que o senhor tá pensando! 

 

 

— Eu não pensei em nada, fica tranquilo. O que esse pai dela tem contra você acompanha-la?

 

 

— Ele não me conhece... ainda. — disse Austin, o nervosismo indisfarçável. Tomou um longo gole da água e soltou o ar pela boca — Dizem que ele bate na filha quando está bêbado, é um cara super carrasco e violento que parece odiar todo mundo. Alguns me falaram que são só boatos, mas é verdade que ele proíbe a filha de sair até com amigas, é claro que ele não vai deixar ela participar desse baile.

 

 

— Então, em último caso, você terá que pedir ao diretor pra trocar os pares. — sugeriu John se aproximando do filho — Ainda dá tempo, né?

 

 

— É aí que eu me dou mal, os pares são definitivos e o diretor Brewster junto com a inspetora Glass não vão voltar atrás só porque um aluno reclamou do seu par, muito menos se eu falar que o pai dela é o motivo desse pedido.

 

 

— Hum... É, filho, você precisará de toda a coragem que eu sei que possui e ensinei você a usa-la ao seu favor. Essa é uma boa oportunidade pra colocar em prática.

 

 

— Mas... e se os boatos forem verdadeiros e eu chegar lá pra pedir permissão dele e ser ameaçado? — questionou Austin, a face apreensiva.

 

 

— Austin, a luta não é apenas um dom artístico, a coragem de nunca esmorecer diante de um conflito, seja ele qual for, é também um pilar fundamental, se trata de eliminar o medo de fracassar. — disse John, tocando-o no ombro — Tenho certeza que numa situação difícil fora das lutas você também é capaz de usar dessa coragem. E se as coisas complicarem e nenhum acordo for feito, você já sabe a quem recorrer.

 

 

O mestre de artes marciais virou-se para retornar a sua casa após tentar reerguer o espírito combativo de Austin.

 

 

— OK, entendi. Sinto minha energia renovada, agora quero uma revanche, vamos lá.

 

 

— Não, nada disso, já deu por hoje. Voltamos quando tiver resolvido esse lance do baile e sua concentração voltar ao normal. Você tem dever de casa a fazer, né? Melhor começar logo. 

 

 

— Tá, tá legal, já vou me trocar. — disse Austin que ficou andando pela arena com os braços cruzados e a mão no direita no queixo pensando nas possibilidades — Sim, eu consigo... Eu vou enfrentar esse cara numa conversa olho no olho. — sentiu uma onda de vigor preenche-lo — É, eu sou capaz, eu vou enfrenta-lo...

 

 

***

 

 

— Eu vou me ferrar completamente! — disse Austin se encostando no armário do corredor principal da Angel Grove Middle School, a insegurança voltando a domina-lo.

 

 

— Cara, você é o Ranger Vermelho, não pode amarelar na frente de um brutamontes. — disse Tim ao lado dele junto aos demais Rangers.

 

 

— Mas agir como um Ranger encarando todos aqueles soldados do Lokknon é diferente de estar de cara limpa contra um homem de uns quarenta anos, mais de cem quilos, um metro e noventa e com o físico de um touro. — justificou o Ranger Vermelho.

 

 

— Ah, sai dessa, Austin. — disse Jessie — Não leva a sério esses rumores todos que andam espalhando, as pessoas exageram sempre quando rola uma fofoca desse tipo.

 

 

— Olha, talvez não seja mera fofoca. — comentou Damian. 

 

 

— Pois é, as amigas mais próximas da Melissa são testemunhas das agressões que ela sofre do pai. — apontou Zoe — Não acho que mentiriam sobre como ele é na aparência.

 

 

— Eu não sei mais o que fazer. Se eu ver ela passando, não vou ter coragem de... — disse Austin que pôs a mão na cabeça em preocupação — Ah, droga, eu tô indo contra as lições do meu pai sobre enfrentar o medo de perder uma luta, não importa como ela seja.

 

 

— Acho que é uma boa hora pra fazer isso direitinho porque a sua musa tá passando agorinha mesmo. — disse Tim avistando Melissa caminhando até seu armário no outro lado do corredor.

 

 

— E aí, o que eu faço? — indagou Austin não tirando os olhos da garota de lisos cabelos castanhos claros usando um vestido rosa salmão por cima de blusa branca.

 

 

— Vai até ela e pergunta se ela já contou ao pai sobre o baile. — orientou Jessie — Mas aja naturalmente.

 

 

— Tudo bem, eu tenho um plano. — disse Austin dando passos adiante em direção à Melissa, encorajado novamente.

 

 

— Confia, galera. — disse Tim, otimista — Sempre que o Austin diz ter um plano, tudo dá certo. É o nosso líder, é o mínimo que se espera.

 

 

Austin virou o rosto para trás balançando a cabeça em negação aos amigos que, em resposta, gesticularam para ele seguir em frente torcendo para que a conversa fluísse bem. O Ranger Vermelho prosseguiu, não vendo outro modo de solucionar a questão. 

 

 

— Ahn... Oi, Melissa, bom dia. Como vai?

 

 

— Ah, oi, Austin! — cumprimentou ela, sorrindo com simpatia estampada — Bom dia pra você também. Vou indo bem, apesar dos problemas. E você?

 

 

— Eu... tô ótimo, claro, levando numa boa. Soube que formaríamos par no baile dos novatos.

 

 

— Fiquei bem surpresa, mas espera... Formaríamos? Quer dizer que não somos mais?

 

 

— Pois é, o diretor falou comigo hoje cedo, disse que os pares foram alterados de última hora.

 

 

— Nossa, que chato, porque eu bem que gostaria de ter ido com você. — disse Melissa meio desapontada — Mesmo com meu pai carrancudo que não me deixa viver em paz.

 

 

— E você contou a ele que vai ao baile?

 

 

— Ainda não, mas uma hora ele vai ter que saber... Quanto mais eu demorar, pior vai ser pra mim. Acho que vou fazer isso hoje mesmo, estamos há três dias do baile. E agora, com quem formamos par?

 

 

Em rápidas olhadas ao redor, Austin fixou em uma garota aleatória da 6⁰ ano-A.

 

 

— Aquela ali. — apontou ele, nervoso.

 

 

— A Rachel? Ela é bacana, você vai gostar dela. Mas e eu?

 

 

— Ahn... Deixa eu ver... — disse Austin com olhadelas inquietas pelo corredor — O Paul, você vai com o Paul. 

 

 

— O Paul é o garoto mais cobiçado da classe. Agora eu confesso que me surpreendi.

 

 

— Que sorte, né? Pois beleza, eu só queria te avisar mesmo, não esperaria o intervalo. Bonito esse seu colar, parece uma joia preciosa.

 

 

— É um âmbar que ganhei de presente do meu avô. Tem um valor sentimental, por isso carrego ele pra onde quer quer eu vá.

 

 

— Ah, legal. Então... A gente se vê por aí. Tchau. — disse Austin que se virou depressa para voltar para perto dos amigos — Caso encerrado. Eu acho.

 

 

— O que você aprontou? Não parece tão confiante. — disse Zoe que captou pelos sinais corporais — Ah não... Austin, você não devia...

 

 

— Não tive escolha, foi mais forte do que eu. — disse ele erguendo as mãos de leve.

 

 

— O que foi? A Zoe lê nossas mentes agora? — perguntou Tim, ansioso.

 

 

— É, o que você falou pra Melissa? — perguntou Damian — Inventou alguma história?

 

 

— Basicamente. — respondeu Austin, retraído, batendo de leve as pontas seus indicadores — Falei que o diretor Brewster trocou os pares e escolhi um garoto pra ela e uma garota pra mim sem pensar muito.

 

 

— Austin, tem ideia do que fez? Isso talvez só piore as coisas. — reclamou Jessie.

 

 

— Transferiu sua carga pesada pra outra pessoa aleatória que vai provavelmente lidar com o pai agressivo da Melissa. — sintetizou Damian.

 

 

— E se o diretor descobre assim como o pai dela, vai gerar uma confusão tão tamanha que o baile pode até ser cancelado. — alertou Zoe.

 

 

— E pior é que vale dez pontos na média só pela presença. — disse Tim — Cara, entrou numa furada e meteu todo mundo junto. E eu pensando que você tinha ótimos planos. Pura ilusão. — lamentou Tim, triste de olhos fechados.

 

 

— Nem sempre eu tenho as melhores ideias, não sou um MacGyver. 

 

 

O sinal tocara induzindo boa parte dos estudantes a se dirigirem às suas salas.

 

 

— Assumo que fiz besteira, foi uma ideia estúpida e egoísta, mas eu preciso de ajuda.

 

 

— Só há dois caminhos nessa encruzilhada, amigo. — disse Damian.

 

 

— Um é se conformar em ir ao baile com a Melissa independente do que o pai dela pense. — disse Zoe.

 

 

— E o outro... é simplesmente não ir ao baile. — disse Jessie — Mas antes de decidir você terá que contar a verdade.

 

 

— É a única coisa certa a fazer por ela agora. — disse Austin, decidido — E vocês, meninas? Pensam em ir ou vão fugir?

 

 

— Nós bem que queríamos fugir. — disse Jessie, a expressão de chateação.

 

 

— Mas dez pontos é muito tentador pra quem saiu perdendo na gincana ecológica. — opinou Zoe também não gostando de tocar no assunto.

 

 

Os pares das duas vinham com trejeitos galantes e exibidos se aproximando.

 

 

— E aí, gatinha? Fiquei sabendo que vamos ter um encontro romântico. — disse Stuart para Zoe se encostando no armário e a tocando suavemente no rosto. A Ranger Rosa baixou a mão dele delicadamente.

 

 

— Quem sabe hoje a noite... no seu sonho. — redarguiu ela.

 

 

— Ora se não é minha estrela dourada que brilha até no escuro. — disse Brock encostando perto de Jessie com uma fala estranhamente mansa.

 

 

— Nunca ouvi você falando assim tão meigo, Brock. É bonitinho, sabia?

 

 

— Você não viu nada. A gente vai se divertir pra valer nesse baile, vou mostrar que sou muito mais do que seus lindos olhos azuis veem.

 

 

— Então come essas pastilhas de menta, porque com esse hálito de esgoto você não vai ver meus belos olhos já que vou estar usando uma máscara de gás. — disse a Ranger Amarela enfiando o pacotinho de pastilhas na boca dele.

 

 

— Boa sorte pra vocês. — disse Tim com riso saindo com Damian e Austin.

 

 

— Vão precisar. — disse o Ranger Preto.

 

 

— A gente se vê na aula, meninas. — disse Austin. O líder parou para beber água enquanto os outros dois seguiram na frente. Nesse instante, percebeu algo caído perto dali — O que é isso? — perguntou indo conferir. Se deu conta de ser o colar de âmbar pertencente a Melissa — Mas... é o colar da Melissa. — apanhou-o e analisou — Ela perdeu... Tô vendo que hoje é meu dia de sorte. — ironizou, guardando o colar no bolso do casaco.

 

 

***

 

 

Após o término das aulas do dia, Austin saiu em disparada para fora da escola vendo Melissa a uma certa distância. Corria ora chamando por ela, ora pedindo licença ou desculpas ao esbarrar em alguém. Desceu depressa a escadinha da entrada do colégio e acelerou. 

 

 

— Melissa! — chamou ele ainda mais alto. Mas a garota encontrou suas duas mais íntimas amigas e saiu animada conversando com elas — Melissa... — foi desacelerando vendo que não a alcançaria facilmente no meio daquela gente para lá e para cá — Ah não... Não tem outro jeito, vou ter que entregar na casa dela. — determinou, retirando o colar e o olhando.

 

 

O visualizador multifocal de Lokknon focalizava o âmbar que foi contemplado pelo imperador.

 

 

— Mas que joia mais estonteante é essa? Nunca vi nada tão belo em matéria de gemas valiosas. 

 

 

— Os terráqueos a chamam de âmbar, uma resina fóssil de alto valor, dizem que possui propriedades medicinais e usada para ornamentos! — explicou Barooma.

 

 

— Eu quero ela pra mim, adorei! — disse Aracna se aproximando rápido da tela com os olhos fixados na joia — Mestre, posso mandar Psycho-Bots a roubarem do Ranger Vernelho, não posso? É da minha cor, super combina!

 

 

— O que deu em você, Aracna? Não imaginava que tivesse tanta fascinação por joias. — disse Mudok — Esqueça isso, não há nada de excepcional nesse colar. Como você é fútil.

 

 

— Outra vez você querendo desencorajar o mestre pra elaborar um plano inspirado nos problemas pessoais dos Rangers. — rebateu Aracna — Francamente, mestre, essa afronta é digna de um período na solitária.

 

 

— O Ranger Vermelho está com medo de passar maus bocados com o pai da garota que ele tem como par neste baile de adolescentes... — disse Lokknon, montando sua artimanha com uma mão no queixo — Hum... E se criássemos um maníaco alucinado por joias que roube este colar tão fácil quanto tirar doce de uma criança?

 

 

— Daí o Ranger Vermelho estaria duplamente encrencado: enfrentando o pai rigoroso da garota e a magoando quanto a sua mentira e o colar que deixou perder. — disse Mudok.

 

 

— Exato! Barooma, ligue o bio-modelador neste instante, preciso desse monstro antes que esse fedelho devolva a joia à sua princesinha. — ordenou Lokknon, eufórico com a ideia.

 

 

— Deixe tudo comigo, mestre! O boneco já se encontra dentro da máquina e, enquanto vocês assistiam, inseri dados referentes a mineração de pedras preciosas! — asseverou Barooma que moveu a alavanca com gosto — Que venha com muita saúde!

 

 

A engenhoca foi ligada modelando a criatura que sairia dela em alguns segundos, piscando suas luzes feito relâmpagos numa tempestade e levantando o vapor branco. A porta deslizou para o lado com o recém-nascido saindo.

 

 

— Alguma mina pra eu escavar? Eu quero nadar num mar de joias como se não houvesse amanhã! 

 

 

— Obterá uma miríade de joias, mas antes preciso que me traga esta em especial. — disse Lokknon apontando para o visualizador. O monstro virou-se para a tela, interessando-se.

 

 

— Essa tem uma beleza de encher os olhos! Onde a encontro?

 

 

— Não onde, mas com quem. Este garoto terráqueo, ele é o líder dos heróis que frustram meus planos de conquistar a Terra, os Power Rangers. — disse Lokknon olhando a imagem de Austin na tela expressando nojo — Tome-a dele e...

 

 

— E traga diretamente nas minhas mãos, Minerrox. — disse Aracna, orgulhosa.

 

 

— O quê? Entregar? Pra você? — indagou o monstro que soltou uma longa gargalhada, desagradando a princesa aracnídea — Vê lá se eu vou ceder uma joia incalculável como essa pra uma mulher horrorosa que nem você!

 

 

— Horrorosa?! Tenha mais respeito, seu velhote cabeçudo! — disse Aracna intencionando enfrenta-lo, mas Mudok a segurou. 

 

 

— Se tem alguém que vai ostentar essa pedra em toda a sua glória será eu! Mas desejo uma mina abundante pra se extrair mais e mais! 

 

 

— Localizei uma exatamente situada na cidade dos Rangers perto da fronteira! — disse Barooma frente ao seu computador — Há trabalhadores lá, mas nada que você não possa fazer para ocupar o território à força!

 

 

— Vou indo pegar a primeira joia de muitas que farão parte da minha coleção! — disse Minerrox que se teletransportou. Aracna até tentou uma abordagem pacífica, mas tarde demais.

 

 

— Vem aqui, espera, vamos fazer um trato... — disse ela que se ajoelhou e bateu suas mãos no chão em lamentação — Não, não, não! Aquela joia devia ser minha, ia ficar perfeita no meu pescoço! — Mudok a amparou e deu umas batidinhas carinhosas no rosto dela — A minha joia, minha joia... Ele me chamou de horrorosa... — dizia ela, chorando, deitando a cabeça no peito de Mudok.

 

 

— Que cena mais vergonhosa. — disse Lokknon com a mão direita na testa como se quisesse cobrir o rosto devido ao constrangimento.

 

 

***

 

 

À tarde, Austin pedalava aceleradamente com a sua bicicleta consertada de todos os danos que havia sofrido na perseguição dos Psycho-Bots durante o dia em que sua vida mudou. Seguia por uma estrada ladeada por vegetações e alguns hotéis baratos com postos de gasolina. Seu celular tocara o obrigando a pisar forte para frear.

 

 

— Alô, fala aí, Jessie. 

 

 

— Onde você tá metido, Austin? Combinamos de lanchar nesse horário aqui no Earl, lembra?

 

 

— Agora não vai dar, tô indo até a casa da Melissa. Eu não sabia onde ficava, mas alguém da sala dela me informou o ponto de referência.

 

 

— Então finalmente criou coragem pra encarar o pai durão dela? Quer dizer que você decidiu ir ao baile, certo?

 

 

— Não, nem cheguei a falar com ela no intervalo sobre a troca falsa de pares, ela não desgruda das amigas um segundo. E pra piorar...

 

 

— Claro, nada é tão ruim que não possa piorar.

 

 

— Pra piorar, pouco depois do sinal tocar pro primeiro tempo, a Melissa deixou cair o colar dela que é uma joia valiosa. Vou indo lá de bicicleta pra devolver.

 

 

Jessie havia posto a chamada em viva-voz, o relato de Austin deixando os amigos meio tensos.

 

 

— Alguém quer se manifestar? — perguntou Jessie aos outros aproximando o celular — É pra salvar a alma de um jovem perdido que não tem ideia de como sair do buraco onde se enfiou.

 

 

— Austin, deixa isso pra lá, por enquanto, mano. — disse Tim falando perto do aparelho.

 

 

— Amanhã você coloca essa situação toda em pratos limpos no colégio. — aconselhou Damian.

 

 

— Se for agora devolver esse colar, é arriscado o pai dela atender você. — conjecturou Zoe.

 

 

— Não, galera, não vou bancar o covarde, o princípio que meu pai ensinou é pra me tornar alguém de caráter forte. Além do mais, ela falou que o colar tem um valor sentimental. Se ela der falta dele, vai ficar arrasada pois foi uma herança do avô dela. Foi mal não estar aí com vocês.

 

 

Earl vinha trazendo uma bandeja repleta de tacos de macarrão até a mesa dos Rangers.

 

 

— E saindo uma fornada especialmente aos meus mais assíduos clientes. — disse o cozinheiro com ar brincalhão — Podem se empanturrar à vontade pra saírem daqui com a barriga estourando.

 

 

— Valeu, Earl, você é o cara! — disse Tim esfregando as mãos empolgado.

 

 

— Austin, vou ter que desligar, o Earl acabou de nos trazer uma verdadeira maravilha dos deuses. — disse Jessie atiçando o amigo — Não vai perder essa, vai? Se eu fosse você, viria logo.

 

 

— Dou meia volta se me disser o que é. 

 

 

— Não, você terá que vir e descobrir. — disse Jessie mordendo um taco — Hum, que delícia. Não sabe o que tá perdendo, é o melhor que já comi.

 

 

— Corre senão não vai sobrar nenhuma migalha pra você. — avisou Zoe mordendo o seu.

 

 

— Boa tentativa, meninas, mas não, eu tenho que encerrar esse assunto hoje, não aguento mais. A gente se fala mais tarde. — disse o Ranger Vermelho, logo desligando — É só devolver o colar, nada de falar do baile.

 

 

Antes que ele tornasse a mover os pedais, Minerrox surgira diante dele com seus dois grandes martelos de exploração geológica.

 

 

— Mãos ao alto, isto é um assalto! Me passe a joia que está carregando! 

 

 

Austin quase caiu da bicicleta com a surpresa desagradável e a deixou inclinada se posicionando para lutar.

 

 

— Ah, eu devia imaginar que o Lokknon ia tirar uma casquinha desse rolo! Quer a joia? Então vem arrancar ela de mim! — disse Austin que gesticulou para ele se aproximar.

 

 

Minerrox avançou atacando com os martelos. Austin desviava com agilidade. 

 

 

— Você é lento hein! Iá! — insultou, logo dando um giro com um chute que acertou o nariz do monstro. Minerrox se enfureceu e atacou mais vezes com Austin ora se esquivando, ora se defendendo dos golpes com chutes — Deve ser porque você é velho!

 

 

— Não me subestime pela aparência, rapazinho! — disse Minerrox que defendia-se dos chutes de Austin com os martelos — Eu só quero a joia, me entregue-a! — chutou Austin no peito o derrubando meio longe. O colar de âmbar acabou por escapar do bolso do casaco, levando o Ranger Vermelho a se arrastar para pega-lo — Tá pra mim, eu ganhei!

 

 

Minerrox rodara feito uma broca cavando um buraco e descendo para logo em seguida emergir frente a Austin, usando a ponta de um martelo para pegar o cordão. O lançou para o alto e o pegou com a mão esquerda, abrindo a tampa na sua barriga com o cofre onde depositaria sua coleção e pondo o âmbar.

 

 

— Não! — disse Austin que levantou-se para avançar contra ele, mas levara um forte golpe da parte do meio do martelo no peito e caiu rolando.

 

 

— Foi um prazer negociar com você, garoto! — disse Minerrox rindo com escárnio antes de teletransportar. Austin socou o chão, raivoso.

 

 

— Mas que droga! — disse ele tocando onde doía o golpe tomado. Mas desistir de uma conversa franca com Melissa estava irrevogavelmente fora de questão. Retomou o caminho rumo a casa dela. Ao avistar a casa numa vizinhança aparentemente tranquila naquela rua pouco movimentada, atravessou a pista e deixou a bicicleta apoiada numa caixa de correio. Subiu os degraus da escadinha e ergueu o punho esquerdo para bater a porta, mas hesitou, não apenas pelo temor alimentado. Ouviu vozes alteradas, uma delas bem familiar. Resolveu espiar pela janela meio alta subindo num banco.

 

 

Melissa e seu pai estavam em pé de guerra numa discussão acalorada acerca do baile.

 

 

— Se engana você se pensa que eu vou deixar você ir pra esse baile idiota com qualquer trombadinha!

 

 

— Ele não é o que você pensa! É um garoto decente e bondoso, duas coisas que você não é!

 

 

— Mais respeito quando fala comigo, hein, sua pirralha! Ou eu ligo pra sua mãe pra te colocar num colégio interno ou num orfanato!

 

 

— Mamãe nunca iria permitir que você fizesse o que quiser comigo! A sua sorte é que ela trabalha o dia todo ao contrário de você!

 

 

— E a sua é ter a mim como responsável pra impedir qualquer zé ruela de se engraçar pro seu lado achando que tem moral pra te conquistar!

 

 

— Não preciso do seu apoio, ando com quem eu quiser. O Austin é só um amigo, não vou deixar você estragar a única noite feliz que eu posso ter longe de você e vou sozinha se ele desistir!

 

 

— Você é uma garota muito da enxerida, sabia?

 

 

— E você um bêbado que não tem onde cair morto! 

 

 

A fala de Melissa resultou num sonoro tapa dado com o dorso da pesada mão direita daquele homem de camisa regata azul. Austin arqueou as sobrancelhas, atônito, e virou-se com aquilo gravado em sua mente. A garota se levantou tocando na bochecha com tristeza estampada na face.

 

 

— Você é um monstro, eu te odeio! — disse ela que saiu correndo para fora da cozinha.

 

 

— Ei, volta aqui! Aonde pensa que tá indo? — disse o violento homem a seguindo. Austin se deixou dominar pela curiosidade e foi pelos fundos observar escondido por outra janela.

 

 

A viu tentando fugir por uma janela do seu quarto, mas foi agarrada pelo pai que a jogou no chão com brutalidade.

 

 

— Tentando fugir de mim, é? Comigo aqui você vai perder essa marra toda na base da força! — disse ele retirando o cinto e aplicando uma surra que a fazia gritar para que ele parasse.

 

 

— Desgraçado... — disse Austin que virou-se, mantendo sua postura contida. Correu dali tapando os ouvidos pelos gritos de Melissa e pegara sua bicicleta para fugir depressa.

 

 

Na Cantina do Earl, o líder bateu na mesa enraivecido com a cena lamentável que testemunhou.

 

 

— Podem apostar que a Melissa não odeia aquele cara mais do que eu.

 

 

— Se acalma, trouxe um suquinho de laranja. — disse Zoe dando o copo ao amigo e sentando-se

 

 

— Valeu, Zoe. — disse Austin que tomou um gole — Eu sei que devia fazer alguma coisa, mas... eu travei, meu corpo não respondia. Era como se eu também estivesse na pele da Melissa, me senti indefeso.

 

 

— E ele é essa montanha de músculos que todo mundo fala? — indagou Tim, atemorizado.

 

 

— O cara é um armário, se eu estivesse ali defendendo a Melissa sobraria pra mim também. E foi justamente por causa disso que eu resolvi fugir que nem um covarde.

 

 

— Você não foi covarde coisa nenhuma. — disse Jessie.

 

 

— Apenas se autopreservou, não iria se intrometer numa briga de família. — disse Damian.

 

 

— Não é só em briga de marido e mulher que não se mete a colher. — comentou Tim.

 

 

— Mas a Melissa falou meu nome dizendo que iria comigo ao baile de qualquer jeito. Isso significa que ela já sabe da mentira que inventei sobre a troca dos pares, mas não se chateou.

 

 

— E o colar? Podia ter deixado na porta da casa dela. — opinou Jessie.

 

 

— Ah, é mesmo, o colar... — falou Austin passando a mão no rosto em aflição — Fiquei tão revoltado vendo a Melissa apanhar daquele brutamontes que esqueci do monstro que o Lokknon mandou só pra me roubar o âmbar.

 

 

— Sério? Esse desgraçado do Lokknon não pode ver a gente num perrengue que vai logo querendo se aproveitar. — disse Jessie.

 

 

— Isso foi antes ou depois de ver a Melissa? — perguntou Zoe.

 

 

— Foi bem antes, eu não me rendi e fui atrás dela, não mais pra falar do colar, mas sim do baile, desfazer a mentira. E eu tinha que chegar logo na pior hora possível.

 

 

— Tá numa maré de sorte daquelas hein, amigão. — disse Tim, ironizando apesar de compadecer-se — Perdeu o colar, perdeu a chance de falar com a Melissa, perdeu os tacos sensacionais do Earl...

 

 

Os comunicadores tocaram juntos, fazendo-os olharem ao redor se levantando para atenderem ao chamado num ponto discreto.

 

 

— Ali, perto dos banheiros. — disse Austin sendo seguido pelos outros. Os Rangers se esconderam no reservado local onde ficavam os banheiros masculino e feminino após dobrarem um pequeno corredor — Barra limpa? — perguntou, sussurrando.

 

 

— Limpo... Digo, quase, mas não tem ninguém. — disse Tim torcendo o nariz ao fechar a porta.

 

 

— Aqui também. — disse Jessie verificando o banheiro feminino. Austin apertou o botão.

 

 

— Fala, Sr. Dickerson, desculpa a demora.

 

 

— Rangers, venham logo, há um caso emergencial a ser resolvido ainda hoje.

 

 

Os Rangers apertaram os botões de teleporte, chegando em pilares de luz a Central de Comando.

 

 

— Mais uma emergência pras minhas costas que não dá pra adiar. — disse Austin.

 

 

— O que houve? — perguntou Dickerson — Você parece bem estressado, Austin.

 

 

— É coisa minha, nada demais, tem a ver com o baile da escola que vai rolar nesse sábado.

 

 

— O Austin tá se borrando de medo do pai da garota que faz par com ele. É um cara grandão e fortão como uma muralha! — disse Tim fazendo poses com músculos junto a caretas de raiva, mas logo tapou a boca ao receber um olhar rude do líder — Ops, me escapuliu.

 

 

— Você contou a fofoca pela metade, agora terá que falar o resto. — disse Zoe.

 

 

— Regra número um. — salientou Jessie.

 

 

— Não, tudo bem, se é um problema pessoal do Austin, eu respeito ele não querer falar sobre. — disse o mentor voltando-se para as telas — Crianças, eis a missão de vocês: o mais novo monstro de Lokknon invadiu uma mina e conduziu uma tropa de Psycho-Bots para se apoderar do terreno expulsando todos que lá trabalhavam.

 

 

— Nem todos. — ressaltou Karen ampliando imagens — Ainda são visíveis alguns mineradores que ficaram sob o domínio escravagista desse velhote aficionado por joias. Acho que a meta dele é superar o nível de riqueza de um sheik árabe.

 

 

— Talvez ele consiga — disse Damian perto da tecnóloga — Esse é uma das jazidas de maior concentração do estado. Dá pra achar diamantes como folhas espalhadas.

 

 

— Vamos lá, pessoal, temos que libertar esses homens. — disse Austin pegando sua célula e morfador tal qual os demais — Prontos? É hora de morfar!

 

 

— Touro Ônix! 

 

 

— Tubarão Cobalto!

 

 

— Arraia Rósea! 

 

 

— Águia Flavescente!

 

 

— Leão Escarlate! 

 

 

Na mina, os trabalhadores eram hostilizados enquanto pegavam pesado para satisfazer Minerrox com achados de novas pedras sob a mira de armas dos Psycho-Bots a distância.

 

 

— Trabalhem com mais afinco, seus inúteis! Vocês tem até hoje pra acharem o máximo número de pedras que preencha meu cofre! Caso contrário, sofrerão as consequências!

 

 

Os robôs apontavam seus detonadores semelhantes à rifles nas rochas acima de onde os homens amedrontados estavam. Boa parte deles elevou o esforço contínuo martelando o solo rochoso em busca de minérios. Um deles veio trazendo um balde cheio de esmeraldas.

 

 

— Aqui, senhor! Pegue, são esmeraldas do mais alto valor! 

 

 

— Isso é tudo que conseguiu encontrar? Mas quanta incompetência! Não dá nem metade! — disse Minerrox que abriu seu cofre na barriga absorvendo as esmeraldas como um aspirador — Pela sua lentidão e baixo rendimento, eu o dispenso de seus serviços!

 

 

— Então e-eu... posso ir embora?

 

 

— Deixe que eles te mostrem a saída. — disse o monstro dando um sinal aos robôs o cercarem — Destruam-o!

 

 

Porém, uma chuva de lasers repeliu os soldados robóticos em explosões de faíscas. O homem se retraiu em proteção, estando salvo. Armados com as pistolas Z, os Rangers surgiram na parte superior da mina na mesma altura de onde estava Minerrox.

 

 

— Fuja, depressa, você está livre! — mandou Austin para o trabalhador e voltou-se a Minerrox — Chega de cavar terreno que não é seu!

 

 

— É, vai plantar batata no asfalto pra ver se nasce! — implicou Tim.

 

 

— Ah, são os pirralhos que o mestre tanto odeia, os famosos Power Rangers! Escutem aqui, essa área é minha propriedade a partir de hoje! Vocês tem um mandado judicial pra me despejar?

 

 

— Vamos mostrar nossa autoridade pra te enxotar daqui! Rangers, atacar! — bradou Austin. Os cinco saltaram rolando no ar e logo que pousaram foram motivando os homens a escaparem.

 

 

— Fujam, todos vocês estão livres! — disse Damian ajudando alguns deles — Venham, por aqui! — acenava junto de Tim.

 

 

— Damos cobertura, vão rápido. — disse Zoe.

 

 

— Não fiquem parados feito estátuas, mexam-se e destruam-os! — esbravejou Minerrox para os Psychos-Bots que partiram ao ataque disparando lasers. Os Rangers desviavam dos tiros com saltos acrobáticos e enfim iniciavam o combate corpo à corpo com suas respectivas armas.

 

 

— Marreta Avalanche! — disse Damian batendo nos robôs que o cercavam, os danificando seriamente ao ponto de desmonta-los — Vocês quebram fácil que nem lego!

 

 

Jessie saltou rodopiando com suas garras raptoras em meio a mais tiros que explodiam faíscas e não poupou nenhum dos soldados por perto, derrubando todos pelo caminho. Já Zoe rebatia os tiros com o ferrão de arraia e avançava partindo as armas ao meio, além de chutar os robôs com notável destreza.

 

 

Tim agia avassalador com suas barbatanas cortantes, correndo enquanto desferia golpes fatais das lâminas nos robôs.

 

 

— Saiam da frente, seus caolhos, que o tubarão tá passando o cerol! 

 

 

Cravando sua atenção em Minerrox, Austin saltou alto para detê-lo.

 

 

— Beast Cycle Vermelha, ativar!

 

 

A motocicleta surgiu fazendo poeira subir com suas rodas ferrenhas.

 

 

— Venha me pegar, se puder! — disse Minerrox fugindo da mina em grande velocidade. Austin fizera a moto galgar para fora da mina numa manobra ousada.

 

 

— Austin! — chamou Jessie.

 

 

— Ele foi tentar recuperar o âmbar da Melissa! – disse Zoe — Ele vai voltar, vem!

 

 

A perseguição intensa alcançou uma estrada similar à que Austin passara quando rumava para a casa de Melissa. A moto disparou lasers, mas Minerrox girou cavando um buraco para esconder-se. Melissa olhou para trás e correu ao buraco para dar uma olhada. Mas Minerrox surgira atrás dela saindo da terra.

 

 

— Surpresa! 

 

 

— Se afasta dela! — ordenou Austin saltando após desativar a Beast Cycle. Recomeçou sua luta contra o monstro em revanche. Minerrox o golpeara com um martelo, o mandando para perto de Melissa.

 

 

— Ranger Vermelho, você está bem? 

 

 

— Melhor fugir daqui, é perigoso demais.

 

 

— Você quer aquele colar de volta, né? Ficará querendo! — disse Minerrox que desapareceu. 

 

 

— Não, volte aqui! — disse Austin levantando com dor. Melissa o ajudou — Obrigado, mas estou bem.

 

 

— Foi um golpe bem forte, deve ter doído muito.

 

 

— Já passou. Não saia por aí sozinha ou um desses malucos pode aparecer, nunca se sabe. Até mais. — disse o Ranger Vermelho que teleportou-se. Mas Austin reapareceu atrás de uma árvore ali próxima — Desativar. — desmorfou ao tocar no morfador e foi até ela.

 

 

"Engraçado... A voz dele me lembra a de alguém.", pensou Melissa, refletindo a familiaridade. Austin meio que a assustou.

 

 

— Oi, Melissa! Foi mal aparecer assim de repente. Eu tava passando por aqui e observei a luta do Ranger Vermelho. Não se machucou?

 

 

— Aqui não. — disse ela, baixando a cabeça meio triste — Pode me acompanhar até em casa, por favor?

 

 

— Sem problema. — disse Austin caminhando ao lado dela — Olha, tenho uma confissão a fazer. Eu... continuo sendo seu par e você o meu. Não teve troca nenhuma, só não...

 

 

— Tá tudo bem, Austin. Eu perguntei ao diretor e ele desmentiu. Não esperava que eu fizesse isso, né? Não sou tão boba de acreditar sem antes checar pra confirmar.

 

 

— Não tá brava comigo, então?

 

 

— Sei como se sentiu ouvindo todos comentarem sobre meu pai, portanto não faz sentido me chatear. Você revelou um segredo, então... vou fazer o mesmo.

 

 

— E que segredo você tem?

 

 

— Bem, o homem com quem minha mãe é casada... não é meu pai de verdade. — disse Melissa, desconfortável.

 

 

— É seu padrasto... Mas ele não tem direito de te tratar daquela forma. Eu vim até sua casa um tempinho atrás pra te devolver o seu colar.

 

 

— Ah, o meu colar! Você o achou?! Cadê?

 

 

— Lamento, eu perdi, um cara me assaltou. Ele significava muito pra você, né?

 

 

— Eu tenho uma conexão tão forte com o âmbar do meu avô que me separar dele é como se um pedaço de mim estivesse faltando. — relatou Melissa, um tanto abatida — Meu avô comandava uma expedição arqueológica numa mina até que desmoronou e ele morreu, deixando o âmbar como a última lembrança que eu tenho dele.

 

 

— E isso faz quanto tempo?

 

 

— Faz quase um ano que ele se foi. Não vem sendo fácil, ainda mais suportando esse idiota que minha mãe sustenta como se fosse filho dela. Você chegou bem na hora ruim, né?

 

 

— Sim, eu... vi tudo que ele é capaz de fazer com você. Meu sangue fervou, sem mentira.

 

 

— Se bancasse o herói, teria sido pior, mais pra você do que pra mim, ele detesta que se intrometam. — contou Melissa. Ambos chegaram perto da beira da pista avistando a casa no outro lado da rua — Recua, recua... Ele tá bem ali. — deu passos para trás junto dele ao ver o padrasto na sacada olhando para os lados, os arbustos e outras plantas escondendo-os.

 

 

— Atrás de você pra te bater mais?

 

 

— Não, ele ficou satisfeito. Só tá preocupado porque eu saí sem avisar. É superprotetor demais comigo, daí age como se fosse meu dono e eu a cachorrinha dele presa na coleira.

 

 

O comunicador de Austin tocou, o deixando apreensivo.

 

 

— Que som é esse?

 

 

— É... É meu celular. Devem ser amigos, combinei de sair com eles hoje à tarde. — disse Austin se afastando — A gente se vê outra hora, tchau. — correu floresta adentro.

 

 

— Tudo bem, tchau... — disse Melissa, estranhando — Quanta pressa. — um pensamento lhe perpassou, relembrando a fala de Minerrox para o Ranger Vermelho acerca do colar e uma epifania ocorreu — Aquele monstro falou de colar... deve ter sido ele que roubou... e também disse que o Ranger Vermelho queria de volta... — olhou para a direção que Austin tomou e correra — Austin, espera!

 

 

Perto de uma estradinha de cascalho ladeada por árvores, Austin atendia ao chamado.

 

 

— Pode falar, eu só fiz uma pausa pra salvar a Melissa, ela foi atacada. Estão em apuros?

 

 

— Não, mas se não vier logo certamente estaremos. — disse Damian — Minerrox achou outra mina próxima daquela, mas sem civis lá.

 

 

— Beleza, tô indo nessa. — disse Austin que encerrou o contato e pegou sua célula e morfador. Uns metros atrás, Melissa o espiou entre duas árvores juntas — Hora de morfar! — ela se surpreendeu com a luz vermelha o energizando. Morfado, Austin foi dando saltos supervelozes nos galhos a caminho dos amigos.

 

 

Melissa foi adiante depressa, abismada com a transformação que confirmou sua suspeita.

 

 

— Não acredito... Austin é o Ranger Vermelho.

 

 

Na segunda mina, Minerrox chicoteava Psycho-Bots submetidos ao trabalho pesado de extração das pedras e minérios valiosos.

 

 

— Vocês são muito inexperientes, estou quase considerando pegar aqueles homens de volta! 

 

 

— Não conosco na parada! — disse Tim vindo com os demais.

 

 

— Não vai escravizar mais nenhum inocente! — avisou Jessie. A chegada de Austin os alegrou.

 

 

— Voltei! Desculpa por me atrasar.

 

 

— Não esquenta, afinal a sua namorada tava em perigo. — brincou Tim.

 

 

Minerrox desceu para enfrentar os heróis.

 

 

— Já tô cheio de vocês! Eu apenas quero completar meu cofre com as minhas joias!

 

 

— E depois, vai fazer o quê? — indagou Austin, severo.

 

 

— Com certeza que não é comprar um iate de luxo ou uma mansão. — disse Zoe.

 

 

— O que faço ou deixo de fazer não diz respeito a vocês! Fora da minha jazida!

 

 

— Pistolas Z! Disparar! — bradou Austin, ele e os demais sacando as armas a laser e atirando várias vezes. Minerrox aguentava os impactos e os estouros de faíscas em sua volta, rindo. A chuva ininterrupta de lasers provocou uma explosão da qual o monstro saiu ileso.

 

 

— Mas como? Ele não sofreu um arranhão! — disse Jessie.

 

 

— Talvez sejam as pedras que ele coletou, estão o tornando mais resistente. — apontou Damian.

 

 

— Então vamos combinar nossas armas e ver se ele aguenta o canhão duplo! — decidiu Austin, porém uma presença imprudente vinha ao seu encontro lhe chamando. Os Rangers olharam para a esquerda — Melissa! O que tá fazendo aqui?

 — Ele tá chamando por você, Austin! — disse Zoe.

 

 

— Tá liberado revelar a identidade secreta e ninguém me avisou? — questionou Tim.

 

 

— Melissa, não! Fuja daqui, não é seguro! — alertou Austin, exasperado. Minerrox visualizou sua vantagem. Porém, seu cofre emitiu uma luz alaranjada que se intensificou de tal modo que o âmbar escapou fora.

 

 

— O meu âmbar! Saiu sozinho! Mas como?

 

 

Damian saltou e pegou o colar para entregar a Austin.

 

 

— Não vai devolver pra aquela fedelha de jeito nenhum! O que eu roubo é meu e fim de papo! — disse Minerrox que bateu fortemente seus martelos no solo rochoso causando rachaduras e tremores culminando numa queda ao subsolo.

 

 

— Austin! — gritou Melissa que por poucos metros não caíra também. Minerrox a pegou como uma boneca.

 

 

— Você vem comigo, garotinha! 

 

 

Com a passagem bloqueada, os Rangers sentiam-se de mãos atadas, especialmente com Melissa vulnerável.

 

 

— Droga, é tudo minha culpa! — reclamou Austin batendo nas pedras — Se eu tivesse morfado mais longe, a Melissa não teria vindo!

 — Austin, se acalma! — disse Damian o contendo — Ela deve estar bem, Minerrox talvez a use como moeda de troca pelo âmbar, na melhor das hipóteses.

 

 

— Deve haver uma saída nesse túnel. — disse Zoe — A maioria tem.

 

 

— Tá escuro a beça aqui! — disse Tim.

 

 

— Gente, olha. — disse Jessie acendendo luzes no capacete — Nossos capacetes tem lanternas embutidas! Basta apertar um botão no lado esquerdo. A Karen me contou uma vez.

 

 

Os Rangers o fizeram e saíram procurando a saída mais próxima, os cinco fachos de luzes clareando as paredes do túnel. Karen efetuou contato.

 

 

— Rangers, detectei uma rota segura a esquerda, está a dois metros. Sairão para além da mina quase na fronteira.

 

 

— Valeu, Karen! — disse Austin correndo pelo trajeto. Contudo, Mudok surgira barrando-os.

 

 

— Não há luz no fim do túnel pra vocês! 

 — Mudok! Sai da nossa frente ou a gente te atropela! — ameaçou Austin.

 

 

— Tentem ultrapassar essas barreiras! Psycho-Bots, ataquem! — disse o androide, mandando os robôs ao combate. Um novo embate com os soldados monoculares iniciava.

 

 

— Austin, vai na frente! — pediu Jessie, chutando os robôs.

 

 

— Cuidamos deles, aproveita! — disse Tim.

 

 

— Sem problema? OK, tô indo! — falou o Ranger Vermelho que correu disparando lasers nos dois lados com as pistolas Z atingindo vários robôs — Melissa, aí vou eu!

 

 

A garota fora amarrada a um barril de óleo na beira de uma cratera funda, chorando assustada com a retroescavadeira pilotada por Minerrox se avizinhando para empurra-la.

 

 

— E agora? Quem virá salvar a princesinha do âmbar?

 

 

— Eu! — disse Austin vindo correndo. 

 

 

— Austin, você tá bem! — disse ela voltando a sorrir. 

 

 

— Me devolva o âmbar e sua amiga não é engolida pelo abismo! — declarou Minerrox.

 — Tá legal, pode parar, vou te jogar a pedra! 

 

 

Austin arremessou o âmbar que quicou no solo. Minerrox desligou a máquina e descera indo pegar a joia que cobiçava. Porém, antes que pudesse toca-la, a mesma brilhou e liberou um pulso de energia que jogara Minerrox contra a retroescavadeira, o impacto derrubando-a.

 

 

— Nossa, mas o que foi isso? — indagou Austin removendo as amarras de Melissa.

 

 

— Eu sabia. — disse Melissa olhando para o âmbar emocionada — Sabia que tinha algo a mais, eu pude sentir.

 

 

Os Rangers vinham após derrotarem os Psycho-Bots. Um fenômeno surpreendente se manifestou com a imagem do avô de Melissa se projetando para fora do âmbar. O homem de 60 e poucos anos a olhou condescendente

 

 

— Vovô! — disse Melissa correndo até ele — Nunca duvidei que o senhor continuava presente na minha vida mesmo depois da morte. Todas as vezes que eu me sentia insegura, ansiosa ou com medo, eu tocava no âmbar e todos os sentimentos horríveis iam embora. — lacrimejou, aproximando-se — Você me protegia dia e noite.

 — Não fiz mais que minha obrigação como avô, sempre me dediquei a manter minha netinha o mais distante possível de qualquer mal. Não seria diferente nem depois que eu morresse.

 

 

— Eu sei, sempre soube. — disse ela, derramando lágrimas.

 

 

— Este âmbar é extraordinário, armazenou minha alma pouco antes do meu corpo ser esmagado. E você foi tão zelosa em mantê-lo consigo.

 

 

— Isso até eu me descuidar e perdê-lo.

 

 

— Não se perturbe por isso, você teve um excelente cuidado ao longo desse tempo que ficamos juntos. Agora eu... só preciso de sua permissão para finalmente descansar em paz.

 

 

— Sim! O senhor merece esse descanso, eu sou apenas um fardo te prendendo aqui.

 

 

— Não, Melissa, você é e sempre será... minha joia mais preciosa. — disse o minerador cuja alma alçou aos céus e desapareceu.

 

 

— Cara, isso foi... lindo. — disse Tim — Eu não tô chorando, é vocês que estão!

 

 

Austin viera até Melissa e apanhou o âmbar dando-o nas mãos dela.

 — Seu avô era um grande homem. Tinha muito orgulho de você, ele sim foi como um pai.

 

 

Minerrox retornava, ensandecido.

 

 

— Seus moleques intrépidos! Cansei de vocês!

 

 

— E nós de você! Rangers, invocar armas! — disse Austin, logo as armas fundindo-se para formar o Abatedor Selvagem que travou seu alvo na mira — A exploração acabou! Disparar!

 

 

O laser duplo transpassou o monstro que berrou até cair para trás e explodir com a retroescavadeira. Lokknon bufava de fúria sedento por vingança.

 

 

— Dispare o laser regenerador, agora!

 

 

— Com prazer, mestre! — disse Barooma batendo no botão que lançou o raio esverdeado sobre os restos de Minerrox. O monstro foi agigantado, abrindo seu cofre e sorvendo todas as pedras preciosas ali encontradas. 

 

 

— Ele tá enchendo a pança! — disse Tim.

 

 

— Se continuar assim, seremos sugados também! Precisamos do poder Megazord agora! — solicitou Austin que segurava Melissa. As máquinas animais saiam dos hangares para o palco da batalha final a toda velocidade. Os heróis saltaram para os cockpits — Chave de Comando ligada! Iniciar sequência Megazord!

 Os zords se conectaram, assim formando o vigoroso Megazord Z.

 

 

— Agora sim minha coleção está completa! Pedras de todos os tipos e cores me alimentando com enorme poder! Sou invencível!

 

 

— Veremos! Escudo Z! — disse Austin. O Megazord avançou quando Minerrox veio com suas martelos batendo com expressiva força. Revidou com o escudo, mas o mesmo sofreu dano com um golpe de martelo. O robô sofreu mais investidas das armas, salpicando faíscas.

 

 

— Ele tá detonando a gente! — disse Jessie.

 

 

— Ficar na defensiva não ajuda mesmo. Sabre Selvagem! — bradou Austin. A espada caiu na mão direita do robô e foi usada para confrontar os martelos em cada tentativa de ataque. Os choques da espada com os martelos soavam estrondosos para Melissa que assistia.

 

 

— Não adianta, meus martelos são indestrutíveis! — disse Minerrox mandando um ataque duplo, mas defendido pelo Sabre Selvagem que repeliu e desferiu um corte rompendo o vidro do cofre. As pedras caíam aos montes de volta a mina — Não, minhas lindas pedrinhas!

 

 

— Insígnia Feroz! — disse Austin. O robô fizera o círculo em sentido horário — Partir!

 O corte final pegara Minerrox fragilizado sem suas pedras para nutri-lo. O monstro caíra e explodiu fatalmente.

 

 

— Me deem licença, tenho um assunto a resolver. — disse Austin levantando e saindo do cockpit.

 

 

— Ei, espera desmontar o Megazord! — disse Tim — Ah sim, entendi. É isso que uma garota faz na cabeça de um homem.

 

 

Austin seguiu Melissa até sua casa e a abordou.

 

 

— Ei, Melissa, sou eu de novo.

 

 

— Austin. Eu não fiquei até o fim, desculpa. Mas continuo surpresa por você ser o Ranger Vermelho. Quando aquele monstro mencionou o colar e você dizendo que foi assaltado, tudo se encaixou. Mas tá tranquilo, guardo segredo.

 

 

— Ahn... Melissa, acho que eu tenho que ir. — disse Austin vendo o padrasto dela sair. Virou as costas e deu alguns passos.

 

 

— Ei, você aí, garoto! — chamou ríspido o homem de braços peludos e torso parrudo. Austin voltou-se a ele, nervoso. Melissa se fez como escudo para seu par no baile.

 — Se quiser machuca-lo, vai ter que passar por mim! 

 

 

— Você que é o tal do Austin, é?

 

 

— Sim... Sou eu. Fui escolhido pra ser par da sua enteada no baile. Tem algo contra?

 

 

O homem manteve o semblante azedo por uns segundos até que um sorriso de canto amenizou sua expressão. Ele jogara algo que Austin pegou certeiro.

 

 

— O que é isso?

 

 

— É meu broche da sorte. Usei quando participei do baile de novatos na minha época. Foi a melhor noite da minha adolescência.

 

 

— Sério? Bem, vou confiar nisso, espero que dê certo.

 

 

— Por que está sendo tão gentil? O que você quer? — indagou Melissa, desconfiada.

 

 

— Observei vocês da janela. Pensei que ele fosse um daqueles delinquentes juvenis que pressionam garotas a namora-los com chantagem. Mas me enganei, então... desculpa por te julgar sem conhecer. 

 

 

— Se tem alguém aqui a quem você deve pedir desculpas, não sou eu.

 

 

Ele voltou-se para Melissa arrependido.

 — Tá bem... Eu te perdoo, sei que apenas quis me proteger. Mas estou crescendo e logo vou me tornar uma mulher que precisa ser independente tomando as próprias decisões.

 

 

— Tem razão. Fui um babaca autoritário com você e sua mãe, tô morrendo de vergonha. Austin, pode levar a Melissa à vontade. Aparece aqui mais vezes, eu... me sinto sozinho, não tenho amigos na vizinhança.

 

 

— Só se me prometer que nunca mais vai bater na Melissa. 

 

 

O homem ergueu a mão direita.

 

 

— Eu juro solenemente. Palavra de segundo-tenente. — disse, logo fechando a mão e a estendendo para Austin num toque amigável — Me chamo Corey.

 

 

— Prazer, Corey. Vou cuidar bem da Melissa, palavra de calouro. 

 

 

— Vou entrando. Juízo vocês dois hein. — disse Corey que virou-se em retorno a casa.

 

 

— Austin, tenho certeza que faremos uma ótima noite pra nós dois. A sua bondade tocou o coração dele só de te ver, sinal de que serei a garota mais bem acompanhada.

 

 

— Não tenha dúvidas. Podemos tirar uma foto juntos pra guardar de recordação? 

 — Claro, vamos. — disse Melissa pondo-se ao lado dele. Austin ergueu o celular e tirou a selfie com flash — Nossa, fiquei meio tonta de repente... 

 

 

— Me diz uma coisa: qual seu Power Ranger favorito?

 

 

— É o vermelho, também minha cor preferida. Adoraria saber quem ele é.

 

 

— Ah, ótimo, achei que fosse dizer outra coisa.

 

 

— O que eu diria?

 

 

— Não, nada, deixa pra lá. A gente se vê amanhã na escola?

 

 

— Claro. E obrigada... acho que ele se tornará um bom homem daqui pra frente.

 

 

— Assim espero. Tchau, Melissa. — disse Austin virando-se. Após ela entrar em casa, o Ranger Vermelho foi surpreendido pelo amigos que saíram detrás de arbustos.

 

 

— Olha só se não é o futuro garoto mais charmoso do baile. — disse Jessie.

 

 

— Ah, vocês estavam aí?! Que susto! — disse Austin, rindo. — Vou pela calçada. Vocês vem?

 — Lógico, seguimos o líder aonde ele for. — disse Zoe. Os Rangers foram caminhando juntos pela rua, descontraídos.

 

 

— Nada como um encontro romântico depois de uma dura batalha. — disse Tim — "Austin, tenho certeza que faremos uma ótima noite pra nós dois" — repetiu com voz de falsete.

 

 

— Muito sugestivo. — disse Damian.

 

 

— Ah, vocês não vão parar de me encher até a noite do baile, né? O padrasto dela permitiu só acompanha-la. A propósito, acho que ganhei um novo amigo.

 

 

— Mas ela sabe de sua identidade como Ranger Vermelho. — destacou Zoe — Alguma coisa tem que ser feita, não podemos violar a regra.

 

 

— Já fiz. — disse Austin, tranquilo e orgulhoso — Aquela foto que tiramos. O flash apagou a memória dela.

 

 

— Seu celular tem apagador de memória instalado?! — disse Jessie, perplexa.

 

 

— Como o Sr. Dickerson não nos informou desse software? — perguntou Damian.

 

 

— E não é porque você é o líder que merece exclusividade! — disse Zoe zangando-se.

 — Todos nós merecemos. São direitos iguais! — protestou Tim.

 

 

— Calma, pessoal. Vocês não vão ficar uma fera comigo porque guardei segredo, né?

 

 

Os ouvidos de Austin foram sendo bombardeados por reclamações simultâneas dos amigos quanto ao programa de deletar memórias habilitado ao celular até o fim da caminhada.

 

                                        XXXX


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Power Rangers: Esquadrão Z" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.