Nation: A garota da capa vermelha escrita por Alina Black
Já estava anoitecendo quando percebi uma figura se aproximando, envolta em uma capa negra que a tornava quase invisível na penumbra. Estava no local onde Emmett e eu sempre nos encontrávamos para as caçadas noturnas, um lugar escondido entre as árvores e próximo ao limite da floresta. Meu coração começou a bater mais rápido, mas, ao me aproximar, a pessoa baixou o capuz, revelando o rosto de Bella. Um sorriso largo se formou em meus lábios, e antes que eu pudesse conter o impulso, corri para seus braços.
— Mãe! — exclamei, envolvendo-a em um abraço apertado. — Eu estava tão preocupada com você!
Bella retribuiu o abraço, acariciando meus cabelos com a delicadeza que sempre me acalmava.
— Estou bem, minha menina. Você está linda — disse ela, afastando-se ligeiramente para me observar melhor. — Soube do casamento por Emmett, e estou tão feliz por você.
Eu hesitei por um momento, procurando as palavras certas. Sabia que minha decisão de me casar com Jacob tinha implicações muito além do que qualquer pessoa poderia imaginar.
— Eu aceitei me casar para poder libertá-la de toda a ameaça que Irina representa — expliquei, tentando manter minha voz firme, embora sentisse a preocupação se instalando no rosto de Bella.
Os olhos de Bella se estreitaram em preocupação.
— Isso é um sacrifício para você? — perguntou, a voz dela baixa, quase temerosa.
— Não, mãe, não é um sacrifício. Jacob é gentil e amoroso. Ele... ele é bom para mim — respondi, lembrando-me de todas as vezes que Jacob havia sido paciente e compreensivo, mesmo quando eu não conseguia ser.
Bella sorriu, mas havia algo de divertido em sua expressão que eu não conseguia compreender.
— O que foi? — perguntei, curiosa.
— Nunca te ouvi falar assim de nenhum homem antes — disse Bella, seu sorriso se alargando.
Senti meu rosto esquentar, e desviei o olhar, constrangida.
— Só estou sendo justa... — murmurei.
Bella apertou minhas mãos nas suas, seu olhar agora sério, mas carregado de ternura.
— Desejo que seja feliz em Quilay, minha filha.
— Nós seremos felizes em Quilay, mãe — corrigi, segurando ainda mais firme as suas mãos. — Você vai comigo.
Bella arregalou os olhos, surpresa.
— Renesmee, o rei jamais permitirá isso — respondeu, a incredulidade tingindo sua voz.
Respirei fundo, tomando coragem para revelar a última peça desse intricado quebra-cabeça.
— Jacob teve um imprinting por mim. As lendas são reais, mãe. Ele não negará nenhum pedido meu.
A hesitação de Bella era palpável, mas eu sabia que estava tomando a decisão certa. Jacob me protegeria, e mais importante, protegeria Bella de qualquer mal.
— Isso significa que terá que contar a ele... — disse ela, a voz trêmula.
Assenti, tentando transmitir a confiança que sentia.
— Eu confio em Jacob, mãe. E preciso que você também confie.
Bella me observou por um longo momento, seus olhos escurecidos pela dúvida, mas, finalmente, ela assentiu.
— Se é isso que você deseja, confiarei.
Um sorriso de alívio se espalhou pelo meu rosto. Ainda havia muito a ser resolvido, mas saber que Bella estava ao meu lado me dava forças.
— Jacob está à nossa espera — disse, segurando a mão dela com firmeza.
Juntas, deixamos o abrigo das árvores e seguimos em direção ao jardim. A noite estava clara, e as estrelas começavam a brilhar no céu acima de nós, como se o destino estivesse, enfim, se alinhando. Eu estava pronta para enfrentar o que viesse, desde que tivesse aqueles que amava ao meu lado.
Quando Bella e eu chegamos ao jardim, avistamos Jacob de costas. Sua postura era imponente, e o brilho suave da lua iluminava seus cabelos escuros. Minha mãe, ao meu lado, soltou um sussurro quase inaudível.
— Ele é muito bonito.
Meu coração deu um salto, e eu não pude evitar sorrir.
— Sim, ele é — respondi, mas ao perceber o olhar que Bella me lançava, apressei-me a disfarçar, sentindo o calor subir ao meu rosto. — Mas, hum, mãe, espere aqui um momento.
Bella assentiu, um sorriso leve nos lábios, e eu suspirei, tentando acalmar a tempestade de emoções dentro de mim. Caminhei lentamente até Jacob, as batidas do meu coração ficando mais rápidas a cada passo. Ele estava olhando para o céu, absorto em pensamentos, quando finalmente quebrei o silêncio.
— As estrelas parecem mais distantes em Hummam — comentei.
Jacob se virou para mim, e imediatamente senti todas aquelas sensações familiares que sempre surgiam na presença dele: o calor, a segurança, e algo mais profundo que eu não queria reconhecer. Não o via há dois dias e, talvez, estivesse sentindo sua falta mais do que gostaria de admitir.
— Talvez por estarmos longe de Quilay — respondeu ele, dando alguns passos em minha direção.
Mas antes que pudesse se aproximar demais, uma mensagem eletrônica ressoou, alertando-o de que o limite de aproximação havia sido excedido. A expressão de irritação no rosto de Jacob era clara, e ele me pediu, com um tom firme, que colocasse minha mão sobre a dele.
Hesitei, ainda me acostumando a essa nova dinâmica entre nós, mas ele me lembrou que já estávamos casados. Respirando fundo, obedeci, e ele passou seu bracelete sobre o meu. A nova mensagem indicou que agora podíamos nos aproximar livremente, sem as barreiras que antes nos separavam. Saber que ele podia me tocar agora só fez o nervosismo aumentar.
Conversamos por alguns minutos, suas palavras tão gentis e tranquilizadoras quanto sempre, mas eu sabia que precisava ter coragem para fazer minha revelação. Em um momento de pausa, reuni toda a força que tinha.
— Jacob, posso pedir uma coisa? — perguntei, minha voz quase trêmula.
Ele sorriu, aquele sorriso que fazia meu coração disparar.
— Sim, claro.
— Mas ainda nem pedi... — murmurei, sentindo o calor em minhas bochechas.
Ele me interrompeu suavemente.
— Você disse que se casar comigo traria vantagens. Pode pedir o que quiser.
Respirei fundo, sentindo a pressão do momento pesar sobre meus ombros. Meu olhar se voltou para Bella, que esperava nas sombras. Com um leve aceno de cabeça, ela se aproximou, saindo da escuridão. Jacob, ao vê-la, franziu o cenho, intrigado.
— Quem é ela? — perguntou ele, sua voz carregada de curiosidade. — E seu pedido tem a ver com essa mulher?
Eu sabia que esse era o momento decisivo. Mais uma respiração profunda e finalmente disse o que estava guardando no coração.
— Jacob, quando eu for definitivamente para Quilay e me tornar sua rainha, permitirá que eu a leve comigo?
O silêncio que se seguiu pareceu durar uma eternidade. Os olhos de Jacob fixaram-se nos meus, e eu podia ver o conflito em sua expressão. Era uma questão que envolvia muito mais do que um simples pedido. Era sobre lealdade, confiança, e o peso das nossas escolhas.
Finalmente, ele falou, sua voz grave e firme.
— Quem é ela, Renesmee?
Eu engoli em seco, preparando-me para a verdade.
— Jacob, quando eu for definitivamente para Quilay, quando me tornar sua rainha... — hesitei, minha voz saindo baixa, quase um sussurro. — Você permitirá que eu a leve comigo?
Olhei para ele, sentindo a gravidade do que estava pedindo. Não era uma simples solicitação; era algo que vinha do fundo da minha alma. Havia mais nessa história do que Jacob conhecia, e isso me deixava apreensiva.
— Quem é ela? — ele perguntou de novo, dessa vez com um tom mais suave. Baixei os olhos, lutando internamente sobre o que revelar. Quando finalmente voltei a encará-lo, tinha uma determinação no meu olhar que ele não podia ignorar.
— Não importa quem ela seja, Renesmee — Jacob disse, tentando me tranquilizar. — Nada mudará o que temos ou o que estamos construindo.
Mordi o lábio, tentando decidir se deveria confiar nele. Depois de um breve momento, acenei para Bella, que começou a se aproximar lentamente, quase como se tivesse medo de ser vista mais de perto.
Quando ela finalmente parou diante de Jacob, fez uma reverência, a cabeça inclinada em respeito.
— Majestade...
Jacob olhou para mim, e antes que eu pudesse responder, seus olhos voltaram para Bella.
— Você quer levar sua verdadeira mãe para Quilay — ele disse, mais como uma constatação do que uma pergunta.
Eu e Bella ficamos em silêncio, nossos olhares alarmados, como se ele tivesse descoberto algo que deveria permanecer oculto. Bella abriu a boca para falar, mas eu tomei a dianteira.
— Como soube? — perguntei, sentindo minha voz tremer ligeiramente.
— Está muito óbvio — Jacob respondeu. — Você é a perfeita combinação dessa senhora com seu irmão, Edward.
Engoli em seco, sabendo que a situação era complicada demais para explicar ali. Mas, mesmo assim, eu precisava que Jacob entendesse.
— É uma longa história, e não posso explicar agora, mas eu quero levá-la comigo, Jacob. Por favor.
Ele ficou em silêncio como se analisasse a situação, em seguida olhou em meus olhos.
— Ela irá conosco para Quilay — ele afirmou, sua voz firme e decidida.
Meus olhos se encheram de gratidão, e Bella—minha mãe—parecia não acreditar nas palavras que ouvia. Naquele momento entendi as palavras de Claire, de Seth e de Sarah, o grande poder sobre Jacob, ele faria qualquer coisa por mim.
Senti uma onda de alívio e gratidão me inundar, e sem pensar, joguei-me nos braços de Jacob, abraçando-o com toda a força que tinha. Ele hesitou por um segundo, mas logo retribuiu o abraço, envolvendo-me em seu calor protetor.
— Obrigada, Jacob — sussurrei, com os olhos fechados, sentindo o peso da responsabilidade que essa decisão carregava.
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