Nation: A garota da capa vermelha escrita por Alina Black
— Então você é a famosa "Garota da capa vermelha" — ele disse, caminhando em minha direção com uma confiança que me irritou instantaneamente. — Será que é tão boa assim como dizem?
Sem pensar duas vezes, alcancei uma flecha nas minhas costas e a posicionei no arco, mirando direto na testa dele.
— Se der mais um passo, eu acerto uma flecha em sua testa, majestade — desafiei, tentando manter minha voz firme.
Ele sorriu, como se estivesse se divertindo.
— Se me acertar com uma das suas flechas, deixo você e seus amigos partirem.
Comecei a caminhar em círculos ao redor dele, meus olhos nunca deixando os dele.
— Isso será muito fácil — respondi, não deixando espaço para dúvidas.
— Mas se eu acertá-la, será prisioneira de Quilay — ele retrucou, tentando me provocar.
— Sua proposta é tentadora, mas não faço parte do grupo que sonha em conhecer seu paraíso — rebati, sem tirar o foco.
Mantive meu rosto escondido nas sombras do capuz, aproveitando a vantagem que isso me dava. Em um movimento rápido, soltei a flecha em sua direção, com a certeza de que o acertaria. Mas, para minha frustração, ele a pegou no ar, como se fosse a coisa mais fácil do mundo.
— Você é boa... para uma humana! — ele zombou, desviando com facilidade das flechas que eu disparava.
Quando ele se aproximou o suficiente, desferi um golpe com o punho, mas ele se esquivou, recuando alguns passos. Continuei a atacá-lo, mas ele apenas desviava, como se estivesse brincando comigo. Não me sentia à vontade lutando com ele, mas não podia recuar agora. Não era apenas uma questão de orgulho, mas de sobrevivência.
Então, em um momento de descuido, minhas costas ficaram próximas demais de uma árvore. Tentei desferir um último golpe, mas acertei a madeira, perdendo o equilíbrio e caindo no chão.
— Parece que eu venci! — ele disse, cruzando os braços com arrogância.
Levantei a cabeça e olhei diretamente para ele. Nesse momento, meu capuz caiu, revelando meu rosto. Nossos olhos se encontraram, e algo inexplicável aconteceu. A floresta, os soldados, toda a batalha ao nosso redor desapareceu. Era como se o mundo tivesse parado, e apenas nós dois existíssemos.
Meu corpo inteiro tremeu, meu coração disparou. Algo dentro de mim mudava naquele instante, algo profundo e inesperado. Eu não sabia o que era, mas sabia que era importante.
Confusa, levantei-me o mais rápido que pude e, sem olhar para trás, corri pela floresta escura. Precisava me afastar dele, precisava entender o que estava acontecendo. Mas, mesmo enquanto fugia, sabia que algo havia mudado para sempre dentro de mim.
Corri pela floresta de Hummam, sentindo o coração bater descompassado no peito. Sabia que não conseguiria vencer o Rei em um combate direto. Ele era poderoso demais, rápido demais. A confusão em minha mente crescia a cada segundo. O que havia acontecido momentos antes, quando nossos olhos se encontraram, era algo que me atormentava. Aquele sentimento, aquela conexão inexplicável... seria isso o que Seth tantas vezes mencionara? O imprinting, o vínculo indissolúvel que os lobisomens de Quilay tinham com suas parceiras?
Mas não fazia sentido. Eu não era uma mulher de Quilay. Não poderia ser.
Meus pensamentos foram interrompidos pela voz do Rei, ecoando pela floresta.
— Apareça! Você está ferida, não vou machucá-la!
Olhei para o próprio tornozelo, agora inchado e latejando de dor. Uma careta de dor surgiu no meu rosto, mas continuei a correr, ignorando o ferimento. Não podia parar agora.
Exausta e com a dor cada vez mais insuportável, parei para tentar recuperar o fôlego. Mas então, ouvi os passos dele se aproximando, firmes e determinados. Uma onda de irritação tomou conta de mim. Ele não estava disposto a desistir.
— Talvez eu não possa vencê-lo — gritei, com raiva. — Mas Vossa Majestade não vai me levar de livre e espontânea vontade!
Voltei a correr, sabendo que não teria vantagem alguma em terra. Mesmo com dificuldade, encontrei uma árvore e subi nela, saltando de galho em galho, tentando encontrar uma rota de fuga. Meu coração batia mais rápido do que nunca. Ele estava me caçando como um predador implacável.
Mas, para meu desespero, ele me encontrou. O Rei de Quilay golpeou a árvore em que eu estava, desequilibrando-me novamente. Caí, rolando no chão, a dor se espalhando pelo corpo.
— Você não vai me levar! — gritei, avançando sobre ele, meu corpo movido pelo desespero.
Ele desviava dos meus golpes com uma facilidade irritante, como se estivesse se divertindo com a minha tentativa de resistir.
— Eu poderia fazer isso o dia todo — ele provocou, um leve sorriso nos lábios.
Minha frustração crescia. Não conseguia acertá-lo, e minha força estava se esvaindo. Desesperada, continuei a atacar, mas cada movimento parecia mais lento, menos eficaz.
De repente, diante de mim, uma árvore surgiu, grande e imponente. Antes que eu pudesse reagir, meu corpo colidiu de frente com o tronco. A dor explodiu na minha cabeça, e a escuridão rapidamente me envolveu.
O último pensamento que tive antes de perder a consciência foi de que eu não poderia deixar isso acabar assim.
Quando abri meus olhos, senti uma pontada de dor latejar na minha testa. Tentei me lembrar do que havia acontecido, mas tudo o que vinha à mente era a escuridão após o impacto com a árvore. Piscando algumas vezes para clarear a visão, percebi que não estava mais em Hummam. Este lugar era diferente, desconhecido.
Assustada, sentei-me na cama e observei o ambiente ao redor. O quarto era impressionante, ao mesmo tempo antigo e moderno, uma fusão de eras. As paredes eram revestidas com pedras polidas, que davam uma sensação de solidez e história. No entanto, havia uma leveza no ambiente, uma modernidade sutil que se manifestava nos equipamentos tecnológicos embutidos nas paredes. A cama onde eu estava deitada era macia e confortável, coberta por lençóis finos e travesseiros tão macios que pareciam nuvens. Do grande painel de vidro que ocupava uma das paredes, eu podia ver a cidade de Quilay estendendo-se até o horizonte, as luzes brilhando como estrelas contra o céu noturno.
Levantei-me lentamente, tentando ignorar a dor que ainda pulsava na testa, e comecei a caminhar pelo quarto, analisando cada detalhe. Havia uma escrivaninha de madeira escura, intricadamente esculpida, contrastando com uma cadeira de design moderno e funcional. Uma prateleira de livros estava fixada à parede, os volumes parecendo cuidadosamente selecionados, e algumas plantas estavam estrategicamente colocadas, trazendo vida ao ambiente de pedras e tecnologia.
Mas então, enquanto explorava, a dor na minha cabeça intensificou-se, forçando-me a fazer uma careta e parar por um momento.
De repente, ouvi uma voz eletrônica, impessoal, ecoando pelo quarto:
"Autorização reconhecida, porta destravada."
A porta se abriu suavemente, e minha respiração ficou presa ao ver quem entrava. Era ele, Jacob Black, o Rei de Quilay. Aquele que havia me vencido, que havia me trazido para cá. Meu corpo ficou tenso, preparado para qualquer coisa.
Ele entrou no quarto com uma presença imponente, seus olhos fixos em mim.
— Você esta bem? — perguntou, a voz dele baixa e contida, mas com um toque de preocupação que me surpreendeu.
Eu o encarei, minha mente ainda tentando processar o que estava acontecendo. Não sabia se devia responder, se devia mostrar minha vulnerabilidade. Ele tentou se aproximar e meu rosto queimou, apesar de não compreender aquela reação eu mantive minha postura, porém ao ouvir hm alerta ele recuou
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