Nation: A garota da capa vermelha escrita por Alina Black
Após horas de negociações, eu e Carlisle finalmente selamos o acordo com um aperto de mão firme. Havíamos acertado os detalhes do casamento: uma cerimônia no castelo de Humman, seguida de outra em Quilay. Como os pais de Renesmee não poderiam estar presentes na cerimônia de Quilay, a confirmação oficial do casamento seria realizada em Humman, dali a dois dias. Esse era o tempo necessário para que minha mãe, a Rainha Consorte Sarah, chegasse. A presença dela era essencial para a cerimônia de consumação, conforme as tradições.
Deixei a sala acompanhado por Sam, Embry, e os outros membros da minha guarda real. Enquanto caminhávamos pelos corredores sombrios e silenciosos do castelo, Sam quebrou o silêncio.
— O que achou da conversa com o rei? — perguntou, sua voz carregando a curiosidade e a preocupação que compartilhávamos.
Olhei para Sam, sentindo o peso das últimas horas.
— Carlisle é um homem diplomático — respondi, ponderando minhas palavras. — Mas seu filho e os conselheiros... não são confiáveis.
Embry, sempre atento aos detalhes, franziu a testa.
— O príncipe Edward não parecia satisfeito. Você notou os olhares que ele te lançou?
— Percebi — admiti, recordando a expressão de descontentamento nos olhos de Edward durante toda a reunião. — Mas ele não está em posição de impor nada, pelo menos não agora.
Embry me observou atentamente, como se tentasse ler mais fundo nas minhas palavras.
— Você desconfia de algo? — insistiu.
Hesitei por um momento. Havia algo no ar, uma tensão que eu não conseguia definir completamente, mas que me deixava inquieto.
— Desconfio, sim. Mas preciso ter certeza antes de agir.
O restante do dia transcorreu em uma rotina forçada de compromissos e preparativos. Não vi Renesmee, o que só aumentou minha ansiedade. As leis de Humman eram claras e, por mais que eu fosse rei em Quilay, ali eu era apenas um convidado. Qualquer deslize poderia desencadear um conflito que, nesse momento, eu não poderia arriscar. Eu precisava seguir as regras, manter a paz, e garantir que o casamento acontecesse sem problemas.
No entanto, o que eu mais desejava era estar ao lado dela, sentir sua presença, saber que ela estava segura. A espera era insuportável, mas eu sabia que, em breve, ela seria minha esposa, e então nada nos separaria. O que quer que estivesse se desenrolando nos bastidores, eu estava determinado a proteger Renesmee e nosso futuro juntos, custasse o que custasse.
A noite estava apenas começando quando fui convocado para mais uma reunião com o rei Carlisle. Desta vez, era um encontro mais descontraído, uma celebração masculina para marcar a união de nossos reinos. Bebidas eram servidas generosamente, e eu me encontrava cercado por conselheiros de Humman, cada um curioso para me conhecer melhor, para ouvir sobre Quilay e, talvez, para tentar medir o homem que estava prestes a se casar com a princesa Renesmee.
Eu mantinha uma fachada tranquila, respondendo as perguntas com a diplomacia que a situação exigia. No entanto, algo me deixava inquieto. Uma presença... estranha.
Foi quando ele entrou no salão, com seus cabelos loiros e pele pálida, quase sem cor. Sua figura magra se destacava no meio dos outros humanos, mas o que mais me chamou a atenção foi o silêncio respeitoso que se seguiu à sua entrada. Todos o cumprimentavam, como se ele fosse alguém de grande importância, e quando vi o sorriso de Carlisle, soube que esse jovem não era alguém qualquer.
— Este é meu querido Alec Volturi, o príncipe de Shiguiçoara — anunciou Carlisle, com uma certa satisfação. — Ele faz parte de meu conselho após o tratado de paz assinado com seu pai.
Alec Volturi. O nome ressoou na minha mente como um eco de antigas histórias. Ele estendeu a mão em minha direção, esperando que eu a apertasse. Por um instante, hesitei, o instinto de lobo dentro de mim lutando contra o ato de cortesia. No fim, assenti brevemente, sem tocar sua mão.
— Um prazer conhecê-lo — murmurei, com a voz firme.
Carlisle, percebendo a tensão, tentou amenizar a situação, um sorriso despreocupado nos lábios.
— Não é o momento para lembrarmos de lendas, não é mesmo? — comentou, tentando injetar leveza na conversa.
Alec, no entanto, tinha outros planos. Seus olhos, frios e calculistas, encontraram os meus, e ele falou com uma tranquilidade que me fez querer avançar nele.
— Lobisomens não caçam mais vampiros há séculos, certo? — disse ele, como se quisesse testar minha reação.
— Depende — retruquei, sem desviar o olhar. — Se o vampiro atacar um dos meus, ou um humano, o instinto de caçador ainda está em nós.
Ele deu de ombros, como se o assunto não fosse de importância.
— Não nos alimentamos mais de sangue humano. Agora, sobrevivemos de animais selvagens. — Em seguida, mudou o tom, como se quisesse mostrar sua indiferença. — Uma pena que o Quileute tenha se antecipado em pedir a mão da jovem Renesmee. Já havia notado a beleza dela.
Carlisle riu, tentando dissipar a tensão que pairava sobre nós.
— Uma ótima piada, Alec — disse ele, mas eu podia ver que até ele estava um pouco desconfortável com o rumo da conversa.
Eu, no entanto, não tinha paciência para joguinhos. Respirei fundo, lutando contra o impulso de desafiar Alec ali mesmo. Mas sabia que aquela não era a hora, nem o lugar. Minha prioridade era outra, e precisava manter a cabeça fria.
— Com licença, senhores — disse, interrompendo o breve silêncio que se seguiu à risada de Carlisle. — Preciso me retirar. Minha mãe chegará cedo para o casamento, e preciso estar preparado para recebê-la.
Despedi-me de todos, sentindo os olhares em minhas costas enquanto deixava o salão. Alec Volturi... O nome dele continuava a ressoar na minha mente enquanto caminhava pelos corredores do castelo. Eu sabia que havia algo mais por trás da presença dele ali, algo que Carlisle, aparentemente, ignorava ou preferia não ver.
Pensando bem, talvez o rei de Humman estivesse mesmo convidando o inimigo para dentro de seu próprio reino. E se isso fosse verdade, eu precisaria estar preparado para proteger Renesmee a todo custo, mesmo que isso significasse enfrentar Alec Volturi e o que quer que ele representasse.
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