Nation: A garota da capa vermelha escrita por Alina Black
Renesmee e eu havíamos passado o dia visitando os povoados de Quilay. Desde o momento em que chegamos ao primeiro vilarejo, pude sentir o respeito do meu povo por ela, mesmo sendo humana. A escolha do lobo, para eles, estava acima de qualquer julgamento. Sempre que parávamos, Renesmee era recebida com carinho, seus gestos eram retribuídos com sorrisos e palavras gentis. Era como se o reino estivesse disposto a aceitá-la de braços abertos, confiando na sabedoria que guiava o imprinting.
Quando retornamos à Casa Real, o céu já estava escuro. As estrelas brilhavam com intensidade, e o frescor da noite parecia suavizar o cansaço que se acumulava em meus ombros. Renesmee estava ao meu lado, seus olhos ainda brilhando com o encantamento do dia. Assim que atravessamos o portão principal, fomos recebidos por Sarah, minha mãe, a Rainha Consorte.
— Como foi o dia? — perguntou ela, com um sorriso acolhedor.
Antes que eu pudesse responder, Renesmee se adiantou, visivelmente encantada.
— Foi uma honra conhecer mais de Quilay, Vossa Majestade. É um lugar tão rico em história e cultura... Fiquei fascinada pelo povo e suas tradições.
Sorri, satisfeito com sua resposta. Renesmee não era apenas bela, mas também sabia como cativar as pessoas ao seu redor.
— Fico feliz que tenha gostado, princesa — respondi, voltando-me para minha mãe. — Agora, vou deixá-la com a Rainha Consorte. Ainda tenho algumas responsabilidades reais a cumprir antes do descanso.
Renesmee assentiu, e depois de um breve aceno de cabeça, se despediu.
— Boa noite, Jacob. Obrigada por este dia.
— Boa noite, Nessie — respondi, o nome saindo mais suave do que pretendia. Ela sorriu timidamente antes de seguir com Sarah, e eu me permiti um breve momento de satisfação antes de me virar e caminhar em direção à sala do trono.
Ao entrar, fui imediatamente recebido pelos meus guardiões lendários: Sam, Embry, Quil e Paul. Todos se ergueram em reverência ao me verem, e senti a gravidade da situação pela forma como mantinham suas posturas rígidas.
— Majestade, já está tudo preparado para a viagem a Humman — anunciou Sam, seu tom sério refletindo a importância da missão.
— Escolheram os soldados mais leais e confiáveis? — perguntei, minha voz ressoando pelas paredes da sala.
— Sim, meu Rei — respondeu Sam, sem hesitar. — Apenas aqueles em quem podemos confiar com nossas vidas.
Assenti, satisfeito com a resposta. A última coisa que eu precisava era de problemas durante nossa estadia em Humman. Precisávamos de uma operação limpa e rápida.
— Quantos dias pretende ficar com os humanos? — perguntou Sam, o que me fez perceber que ainda não tinha decidido completamente.
Olhei para meus guardiões, meus irmãos de luta, e deixei minha determinação se refletir em minhas palavras.
— O mínimo possível. A ida a Humman é apenas para um tratado matrimonial. O casamento acontecerá em Quilay.
Eles assentiram, compreendendo a urgência e a importância de nossos movimentos.
— Iremos preparados para qualquer eventualidade — disse Embry, sempre o mais pragmático de todos.
— Como deve ser — acrescentei. — Lembrem-se, a segurança de Renesmee é nossa prioridade máxima. Qualquer ameaça, por menor que seja, deve ser neutralizada.
— Faremos o que for necessário — disse Paul, com o tom duro e determinado que sempre o caracterizou.
Meus guardiões estavam prontos. Eles sabiam o que estava em jogo. Mas enquanto discutíamos os últimos detalhes, meu pensamento não parava de voltar para Renesmee. Mesmo sabendo que a segurança dela estava garantida, o instinto de protegê-la era mais forte do que qualquer lógica ou estratégia.
Eu só esperava que essa missão em Humman fosse tão simples quanto planejávamos. Porque, no fundo, eu sabia que nosso verdadeiro desafio não estava em Humman, mas sim em garantir que Renesmee aceitasse o destino que o lobo tinha traçado para nós dois.
Os dois dias seguintes foram inteiramente dedicados a Renesmee. A cada passo que dávamos juntos, cada palavra trocada, eu tentava me aproximar mais dela, demonstrando o que o imprinting significava, tentando fazer com que ela cedesse ao destino que nos unia. Minhas responsabilidades como rei foram temporariamente adiadas, permitindo que eu focasse na missão mais importante de todas: conquistar o coração da princesa antes de nossa ida a Humman. Eu precisava partir com a certeza de que ela me aceitaria diante de seu pai, confirmando nosso compromisso e solidificando o futuro que eu imaginava para nós.
Naquele dia, o sol começava a se despedir no horizonte enquanto caminhávamos pelo jardim. O perfume das *lumínias escarlates* e o colorido vibrante das flores criavam um ambiente de paz que contrastava com a agitação em meu coração. Renesmee andava ao meu lado, silenciosa, mas eu podia sentir a energia entre nós, algo indescritível que se fortalecia a cada instante.
Finalmente, rompi o silêncio.
— Amanhã ao amanhecer, partiremos para Humman — anunciei, tentando manter a voz firme e controlada, apesar da incerteza que me consumia por dentro.
Renesmee me olhou, um sorriso largo e sincero iluminando seu rosto.
— Obrigada por cumprir sua palavra, Jacob — disse ela, e sua gratidão trouxe uma onda de calor ao meu peito.
No entanto, havia algo que eu precisava saber antes de partirmos, uma questão que não podia mais esperar.
— Antes de partirmos, preciso fazer uma pergunta a você, Renesmee.
Ela parou de caminhar, e eu fiz o mesmo, ficando frente a frente com ela. Seus olhos cor de chocolate fixaram-se nos meus, e por um breve momento, senti como se o mundo inteiro tivesse parado. O vento, o som das folhas farfalhando, tudo parecia suspenso no ar.
— Eu sei qual é a pergunta, Jacob — disse ela, sua voz suave, mas cheia de uma determinação que me desconcertava. — E eu tenho uma resposta... mas preciso que você me espere esta noite, durante a recepção dos conselheiros reais.
O pedido dela me pegou de surpresa. O que poderia estar passando pela cabeça de Renesmee? O medo de que a resposta dela pudesse me humilhar diante de todo o reino era quase insuportável, mas ao mesmo tempo, o imprinting me impedia de negar qualquer coisa a ela.
— Está bem, Renesmee — concordei, tentando esconder minha apreensão. — Esperarei por você esta noite.
Ela assentiu, e seguimos em silêncio até a porta de seus aposentos. Claire estava à espera, uma expressão de leve curiosidade no rosto, mas nada que revelasse o que poderia estar se passando entre mim e Renesmee.
Nos despedimos com um simples "até logo”, e enquanto Renesmee desaparecia dentro de seus aposentos, fiquei parado por um momento, tentando processar tudo o que havia acontecido. Meu coração estava inquieto, preso entre a esperança e o temor.
Caminhei pelos corredores em direção à sala do trono, onde meus compromissos reais me aguardavam, mas minha mente estava longe dali. Dentro de poucas horas, eu teria a resposta que poderia me trazer uma felicidade indescritível... ou me lançar em uma escuridão profunda e insondável. O destino estava fora do meu controle, mas eu sabia que, independentemente do que acontecesse, precisaria enfrentar o que viesse com a mesma força e determinação que sempre me guiaram.
A noite finalmente chegou, trazendo com ela a tão aguardada festa no salão real. O ambiente era de pura elegância e esplendor. As paredes do salão, decoradas com detalhes em ouro, brilhavam à luz de imponentes lustres de cristal. No centro, estátuas de *Itryo* esculpidas em homenagem aos antigos reis de Quilay se erguiam como sentinelas silenciosas, irradiando uma luz suave que conferia um ar místico ao local. Grandes vasos de *lumínias escarlates* e girassóis dourados — conhecidos em Quilay como *solamias* — decoravam as entradas e os cantos do salão, exalando uma fragrância que se misturava com o aroma dos banquetes servidos em mesas de mármore branco.
Os conselheiros e suas famílias sorriam e riam ao som de uma melodia animada, mas suave, que ecoava pelas colunas de mármore. Havia uma expectativa no ar, uma energia que eletrificava o ambiente. Todos aguardavam ansiosamente a chegada do rei, os olhares se voltando repetidamente para as portas imponentes do salão, esperando pelo momento em que seriam abertas.
Jacob, em seus aposentos, lutava para controlar a ansiedade que dominava seu coração. Escolheu seu melhor traje — uma túnica de veludo preto com detalhes em prata e uma capa longa que caía em ondas perfeitas até seus tornozelos. Com um último suspiro, ele saiu de seu quarto, os passos ecoando pelos corredores silenciosos. Ao chegar às portas do salão, foi anunciado com pompa, e quando entrou, uma onda de aclamação o envolveu, mas tudo parecia distante, como se ele estivesse preso em sua própria mente.
Ele avançou com passos firmes até o trono, onde se sentou ao lado de sua mãe, Sarah, e de seus irmãos, Seth e Leah. Olhou para os conselheiros que se levantaram em sinal de respeito e então viu os Guerreiros Lendários se aproximarem. Sam, Embry, Quil e Paul se reverenciaram diante dele, e logo após, Claire deu um passo à frente.
— Majestade — começou Claire, sua voz firme e respeitosa. — Permita-nos demonstrar a evolução da futura rainha de Quilay, com as tradições do nosso povo.
Surpreso, Jacob assentiu, sinalizando com um gesto para que todos abrissem espaço no centro do salão. As conversas cessaram, e a curiosidade tomou conta de todos os presentes. O salão foi tomado por uma expectativa silenciosa enquanto um grupo de mulheres, vestidas com véus brancos e longas túnicas, entrava em fila, ao som de uma melodia harmoniosa e viva que ecoava pelo salão. A dança começou com movimentos suaves, as espadas reluzindo nas mãos das dançarinas.
Mas foi a figura central que prendeu o olhar de Jacob. Vestida com trajes vermelhos, seus olhos brilhavam com uma intensidade que ele reconheceu imediatamente. Era Renesmee. A princesa, que ele conhecera como caçadora em Humman, agora se movia com a graça e a precisão de uma verdadeira Quileute. Ela manejava as espadas com uma destreza impressionante, seus movimentos fluidos e hipnóticos, combinando a força e a suavidade da dança com a maestria de uma guerreira. Ela girava sobre si mesma, as espadas cruzando o ar com precisão, traçando arcos graciosos que brilhavam sob a luz das tochas. Cada passo, cada volta era uma expressão de poder e beleza, arrancando aplausos e suspiros de admiração dos presentes.
Jacob não conseguia desviar o olhar, hipnotizado pela visão da princesa que, em tão pouco tempo, havia aprendido e dominado uma das tradições mais reverenciadas de seu povo. A dança com espadas era um símbolo de força e destreza, e Renesmee a executava com uma perfeição que ele não esperava. Quando a música chegou ao fim, ela deu um giro final, com as espadas erguendo-se como uma oferenda aos céus, e, em um movimento fluido, tirou o véu que cobria seu rosto.
O salão explodiu em aplausos. A beleza de Renesmee, seus olhos brilhantes e a determinação em seu olhar, capturaram o coração de todos ali presentes. Jacob sinalizou para que ela se aproximasse, e Renesmee, ainda ofegante pela dança, avançou com passos firmes.
— Renesmee — começou Jacob, a voz baixa, quase sussurrada, enquanto o salão voltava ao silêncio absoluto. — Você já tem a sua resposta?
Os olhos de Renesmee se voltaram para os dele, e ela assentiu, um sorriso suave se formando em seus lábios.
— Sim, Majestade, eu tenho a minha resposta. — Ela respirou fundo, olhando ao redor, para os conselheiros, os guerreiros, e por fim, para Sarah, a Rainha Consorte. — Eu aceito. Aceito me casar com o rei.
O salão, por um instante, ficou em silêncio mortal, e então explodiu em aclamações e aplausos novamente. Jacob, sentindo uma onda de alívio e felicidade inundá-lo, se levantou, não conseguindo esconder o sorriso que se formava em seu rosto. A resposta que ele temia havia sido dada, e com ela, o futuro que ele tanto desejava começava a se tornar realidade.
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