Nation: A garota da capa vermelha escrita por Alina Black


Capítulo 11
Jacob - O Rei e o Principe




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Acompanhei Renesmee até seus aposentos, mantendo uma distância respeitosa, como as leis exigiam. Ao chegarmos à porta do quarto dela, parei e me despedi.

— Boa noite, princesa.

— Boa noite, Majestade — respondeu ela, seus olhos encontrando os meus por um breve momento. — Foi uma tarde muito agradável.

— Amanhã visitaremos os povoados de Quilay — informei, tentando não parecer tão ansioso pelo dia seguinte. — Durma bem, Nessie.

Ela sorriu timidamente ao ouvir o apelido, uma pequena faísca de algo mais leve em seus olhos, antes de entrar em seu quarto. Assim que a porta se fechou, soltei um suspiro que vinha segurando. A tarde tinha sido como eu esperava — um passo na direção certa, um avanço, por menor que fosse. O fato de ela estar disposta a me dar uma chance me enchia de uma esperança silenciosa.

Caminhei pelo corredor em direção aos meus aposentos, mas fui interrompido pela figura inconfundível da minha irmã Leah. Ela estava parada, braços cruzados, com um sorriso curioso no rosto.

— Essa expressão de felicidade tem algo a ver com uma certa tarde no jardim com a sua futura esposa? — Leah perguntou, mal disfarçando a provocação.

Sorri de volta, sabendo que minha irmã sempre soube ler meus sentimentos com precisão.

— Você é muito curiosa, Leah — repliquei, balançando a cabeça. — Mas, já que tocou no assunto, onde está Seth?

— Na sala de armas — respondeu ela, apontando na direção do corredor.

Assenti em agradecimento e segui em direção ao local. Seth tinha uma tendência a se isolar quando algo o incomodava, e eu sabia que, depois da nossa última conversa, ele provavelmente precisava de um tempo para si. Mas eu também precisava falar com ele, esclarecer as coisas, como irmãos.

Cheguei à porta da sala de treinamento e observei Seth praticando seus golpes com a espada. Ele parecia focado, os movimentos fluindo com a confiança de quem treina há anos. Sem sequer olhar para mim, ele falou.

— A menos que você me vença em um duelo, não responderei suas perguntas.

Sorrindo diante do desafio, entrei na sala e retirei meu sobretudo real, pendurando-o cuidadosamente. Peguei uma espada da parede, sentindo o peso familiar na minha mão.

— Você sabe que não vai me vencer — disse a ele, enquanto me posicionava em frente. — Afinal, fui eu quem te ensinou a lutar.

Seth finalmente se virou para me encarar, um brilho de desafio em seus olhos.

— Eu sei — admitiu ele, levantando a espada —, mas gosto de dificultar as coisas.

Começamos o combate. Nossas espadas se chocaram com força, o som ecoando pela sala de treinamento. Seth atacou com velocidade, tentando me surpreender com sua agilidade. Bloqueei seu golpe com facilidade, desviando-o para o lado e contra-atacando com um movimento rápido que o forçou a recuar.

Seth se recuperou rapidamente, avançando com uma sequência de golpes rápidos e precisos. Ele era bom, não havia dúvida, e a prática constante o havia tornado um adversário formidável. No entanto, eu tinha anos de experiência e conhecia cada movimento dele. Bloqueei cada golpe, desviando sua espada e procurando uma abertura.

Finalmente, encontrei uma. Desviei um golpe de Seth para o lado e avancei com um movimento rápido, derrubando sua espada com um golpe habilidoso e desarmando-o. Antes que ele pudesse reagir, o forcei ao chão, apontando a lâmina da minha espada em direção ao seu peito.

— Rendido — disse ele, sem fôlego, um sorriso desafiador ainda no rosto.

Baixei a espada e o ajudei a se levantar.

— Precisamos ter aquela conversa — disse, tentando manter meu tom firme, mas não autoritário.

Seth assentiu, finalmente disposto a falar.

— Sim, precisamos conversar. Mas como irmãos, não como Rei e Príncipe.

Deixei escapar um suspiro de alívio. Seth estava finalmente disposto a baixar as defesas e ouvir o que eu tinha a dizer. Eu sabia que nossa relação não seria consertada em um único diálogo, mas era um começo, e isso era tudo o que eu poderia pedir.

— Então vamos falar, irmão — respondi, guardando minha espada e preparando-me para a conversa que viria a seguir.

Seth se sentou ao meu lado, ainda ofegante do treino, mas havia algo no seu olhar que indicava que estava pronto para falar de algo mais profundo.

— Conheci Nessie há dois anos — começou ele, mantendo a voz baixa, como se estivesse confessando algo importante. — Em um bar no centro da região norte de Hummam.

Olhei para ele surpreso, o coração apertando no peito.

— Um bar? — Repeti, a preocupação evidente no meu tom.

Seth começou a organizar as armas que usáramos, ajeitando cada uma em seu lugar. Ele parecia descontraído, mas eu podia perceber a tensão nos seus movimentos.

— Não se preocupe, Jacob — ele continuou. — Nessie jamais permitiu que algum homem se aproximasse demais dela. Sempre foi muito reservada, mesmo naquele ambiente.

Ainda assim, uma dúvida me corroía. Precisava saber exatamente o que tinha acontecido entre eles.

— O que existiu entre vocês dois, Seth?

Ele parou por um momento, como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado.

— Nada — confessou, finalmente. — Eu... eu confesso que alimentei sentimentos por ela. Por um tempo, pensei que poderia haver algo entre nós, mas sempre soube sobre o imprinting. Nessie também sabia. Desde o começo, ela entendeu que não daríamos certo.

Soltei um suspiro pesado, misturado de alívio e pesar. A revelação do meu irmão explicava muito do que estava acontecendo entre nós, mas também adicionava outra camada de complexidade.

— Lamento por isso, Seth — disse, sinceramente.

Seth sorriu de lado, um sorriso meio amargo.

— Eu fiquei furioso no início. Mas depois, percebi a situação. Jacob, você também amava outra... Bree. Se pudesse escolher, tenho certeza de que teria escolhido Bree, e não a garota que eu amava.

Sua honestidade me atingiu em cheio, e o peso do que ele estava dizendo era inegável.

— Seth, eu te amo, irmão — falei, colocando a mão no seu ombro, tentando transmitir todo o meu apoio. — Não quero que isso seja uma barreira entre nós.

Ele balançou a cabeça, e havia uma certa leveza em seu olhar.

— Não será, Jacob. Naquela noite no corredor, Renesmee e eu conversamos sobre isso. Ela sabe sobre o imprinting, sabe que não pode continuar fugindo disso. Mas você sabe como ela é... teimosa.

Sorri, imaginando o quão complicado seria lidar com alguém como Renesmee. Sua força de vontade, combinada com sua teimosia, fazia dela um desafio que eu estava mais do que disposto a enfrentar.

— Isso torna tudo mais interessante — admiti.

Seth riu, mas havia algo sério no fundo.

— Você não vai dobrá-la facilmente, irmão.

— Não tenho pressa — assegurei. — Mas há outra coisa que tem me preocupado.

Seth ficou sério novamente, erguendo as sobrancelhas.

— O que é?

— Carlisle — Comecei, escolhendo as palavras cuidadosamente. — Iremos para Hummam em alguns dias, e eu vou pedir a mão da princesa em casamento. Mas, enquanto eu estiver fora, precisarei de você para protegê-la. Ela vai precisar de tempo com a família, e eu não posso ficar.

Seth assentiu, mas percebi que ele sabia que havia mais.

— Eu vou ficar em Hummam, Jacob, mas sei que não é só isso. O que mais te preocupa?

Respirei fundo, sentindo o peso da responsabilidade sobre os meus ombros.

— Alguém está criando humanos de maneira natural para superpovoar Hummam.

Seth ficou em silêncio, processando o que eu tinha acabado de dizer.

— Você está falando dos rebeldes que os caçadores ajudam? — Perguntou, finalmente.

Balancei a cabeça.

— Não os rebeldes, Seth. Você. Você os ajuda, não é?

Seth abaixou o olhar, mas não negou.

— São pessoas passando dificuldades, Jacob.

— Eu entendo isso — repliquei, tentando manter o tom neutro. — Mas se não forem controlados, Hummam será superpovoada, e quando isso acontecer, o reino terá que expulsar habitantes.

Seth refletiu por um segundo, as peças do quebra-cabeça se juntando em sua mente.

— Faz sentido — ele admitiu.

— E quem você acha que se servirá dos habitantes expulsos? — Perguntei, a resposta já clara em minha mente.

Seth levantou o olhar, os olhos escurecendo ao perceber a realidade.

— Vampiros.

O silêncio que seguiu foi pesado, repleto da gravidade da situação. Ambos sabíamos que a questão não era simples, e que o futuro de Hummam — e talvez de Quilay — dependia das decisões que tomaríamos nos próximos dias.


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