Chris continuava perambulando pelas ruas da cidade, desde que havia deixado o Caffe. Estava sem rumo, cheia de ódio daquele tal de Isaac. "ôhh criatura implicante!! Moleque idiota!".

Isaac ficou andando, procurando-a pelo bairro, mas logo desistiu, afinal, já era madrugada e o sono e o frio estavam apertando. Pegou a rua de casa e seguiu em frente, até começar a ver um vulto caminhando razoavelmente rápido em meio à neblina da noite. Olhou desconfiado e apressou os passos. Sim, era ela! Andou rápido pé ante pé até chegar mto próximo à Chris. Segurou em seus ombros por trás e gritou:

_ Buhhhh!!

Ela olhou pra ele pálida, totalmente assustada.

_ Seu imbecil! O que tá fazendo aqui?

_ Nada, te encontrei sem querer, ué!_ Ele riu. Talvez fosse isso o que mais a irritava naquele cara. O jeito como ele falava as coisas, e dizia tudo meio rindo e vc nunca saberia se ele estava brincando ou dizendo a verdade.

_ Mas é muito palhaço mesmo... _ Ironizou-o. _ Volta lá com seus amiguinhos, volta...

_ Se desse, mas você me deixou com cara de tacho, meu que vergonha! Por que vc sempre tem q falar assim com as pessoas?

_ Eu falo do jeito que eu quiser!_ Disse sem medo, quase enfiando o dedo na cara dele.

_ Escuta aqui menina... _ Isaac se irritou e segurou os pulsos dela, apertando-a contra a parede úmida. Chris, porém, não se intimidou, mantendo a pose, mesmo encurralada.

_ Me solta! Está machucando meu pulso.

_ É pra doer mesmo, quem sabe assim vc fica mais sensível.

_ SEU ESTÚPIDO!! _ Gritou com raiva, bem perto do rosto dele.

Isaac parou, e ficou observando cada traço do rosto dela. Parecia que não ouvir uma palavra sequer do que ela dizia. Por fim, deixou que seu olhar pairasse sobre seus olhos negros. Por um minuto ela deixou se perder, tentando buscar o que aqueles olhos tinham a lhe dizer, mas não por muito tempo, era um olhar forte demais, penetrante demais.

_ Me solta!... _ Disse numa voz rouca, abafada pelo peso dos olhos de Isaac.

Ele chegou um pouco mais perto, apertou ainda mais os pulsos dela, que conseguia segurar com apenas uma mão, e sentiu uma forte pulsação.

_ Está com medo?_ Sussurrou com os lábios quase encostados nos dela.

Chris sentia o calor que vinha daquelas palavras. Podia até mesmo escutar o próprio coração bater. Lembrou-se pela primeira vez do episódio do cemitério, de como ele era tão doce nas palavras que disse, de como ela conseguia deixa-lo maluco!

"_ POR QUE TEM QUE SER TÃO TEIMOSA DESSE JEITO?? AHMMM?? POR QUE NÃO DEIXA QUE EU TE AJUDE?? POR QUE?"

Agora era a sua vez de ficar maluca. Estava sim com medo dele.

Isaac olhou-a pela última vez e sussurrou em seu ouvido.

_ Até que vc não é de se jogar fora...

Ela o empurrou logo depois, e mais uma vez, viu aquele sorriso maroto que ela tanto odiava no rosto dele.

_ Seu maluco, tarado!

_ Eu fiz alguma coisa que vc não queria ou contra a sua vontade?_ Riu maliciosamente.

Ela não teve resposta.

_ Então não reclama._ Continuou seguindo seu caminho pra casa como se nada tivesse acontecido. Olhou pra trás e disse: _ Olha, é perigoso moças sozinhas ficarem perambulando pelas ruas numa hora dessas, sabia? Pode aparecer algum tarado ou coisa assim._ Ele riu. Chris permaneceu sem reação.

Assim que Isaac atravessou a rua, Chris desatou a correr pra casa. Vez ou outra andava mais devagar e tocava levemente os lábios com os dedos, ainda sentindo o ar quente daquela respiração, que parecia permanecer junto dela até agora.

...

As duas amigas terminavam uma longa conversa em frente à casa de Susan. Esta, suspira assim que para na porta de casa.

_ Tem certeza que vai ficar bem?_ Meg pergunta um pouco preocupada.

_ Ah... tenho. Eu já estava prevendo que isso iria acontecer, mais cedo ou mais tarde; mas é que você vendo é diferente que supor; e...

_ Susan, Susan! Pára de querer se explicar um pouco. Eu te entendo amiga, é difícil, vc tá sofrendo por ver os dois juntos.

_ Não foi fácil Meg. _ Silêncio._ Você viu onde o Zac foi?

_ Ah, ele foi pra casa. Tadinho Su, você precisava ver a carinha dele. Só faltava chorar. Tipo, ele disse que ia embora, que estava com sono; mas como você me contou sobre ele e a Sam eu sabia que os motivos eram outros.

_ Preciso falar com ele...

_ Não, deixa ele sozinho um pouco. Amanhã é outro dia e nada melhor que o tempo pra fechar algumas feridas.

_ Tá certo. Vou entrar então Meg.

_ Ok, vou pra casa.

_ Quer que eu te leve? Eu vou pegar a chave do carro...

_ Não precisa! Moro aqui pertinho. Até amanhã.

_ Até, tchau.

_ Tchau.

Susan entrou em casa e deu de cara com o sorriso estampado no rosto de Sam. Pela primeira vez, a muito tempo, aquele brilho nos olhos dela apareceram novamente.

_ Ainda bem que chegou_ Sam a abraçou.

_ Você está risonha hoje, o que houve? "Oh Meu Deus, como se eu não soubesse...". Entristeceu-se um pouco.

_ Susan, ele me beijou, e... não sei te explicar, foi lindo..._ Sam andava pela sala, enquanto tentava achar as palavras certas pra explicar o que havia sentido nos braços de Taylor_ ... sensacional! A muito tempo eu não me sentia assim, sabe? A muito tempo um simples beijo não parecia mais tão intenso, e mais ainda com aquela música que vc cantou; aliás; onde aprendeu a cantar assim? Mas enfim, parece até que foi feita especialmente pra nós, combinou com o momento, estava perfeita; você também estava perfeita cantando. _ Ela sorriu. _ Estou tão feliz Susan! Acho que Taylor é o único que me preenche completamente, me faz sentir plena, completa, entende?

_ Claro..._ Susan sorriu forçadamente._ E então isso quer dizer que...

_ Simmm!!_ Ela quase gritou_ Quer dizer que amanhã mesmo eu vou falar com o Steve; claro; não vou dizer sobre o Taylor, mas tenho que arrumar um jeito de me livrar dele!

Susan deu graças a Deus quando ouvi Samantha falar que iriar terminar seu relacionamento com Steve.

Sam continuava divagando em seus pensamentos...

_ ... porque agora eu ví que é outro q amo, que é o Taylor, só o Taylor e ninguém mais!

_ Mas Sam, e o Steve que você tanto amava? Ta, não estou achando ruim que vc vai terminar com ele. Só queria saber se acabou mesmo o amor, pq pra vc agüentar a se sujeitar à tanta coisa por aquele crápula, deve ser pq vc o amava (ou amava) muito, né?

Ela parou por uns instantes e algumas lembranças vieram em sua mente. Algumas muito boas e de momento felizes que haviam passado juntos, porém; outras; de momentos terríveis que Sam nunca mais gostaria de vivenciar.

_ Não sei... Não sei explicar. Eu gosto dele, mas o amor, o amor mesmo acabou quando... Samantha achou melhor não continuar com aquela história. Com certeza, se continuasse, ela ia contar o que não devia.

_ Quando... _ Susan queria saber o final daquela frase

_ Deixa pra lá, eu não quero falar sobre isso. _ Mudou de expressão rapidamente. _ Tudo o que importa agora é que eu estou completamente apaixonada pelo Taylor. _ Sorriu.

_ Ahmm.._ Susan passou a mão pelos cabelos, tentando prendê-los para trás, nervosamente. Estava exausta mentalmente. _ Bom, que ótimo que tudo tenha dado certo pra vocês._ Sorriu mais uma vez_ Agora acho que vou subir, tomar um banho e descansar.

_ Ok! E eu já vou também... pra ver se acordo amanhã e vejo que tudo isso não é mesmo um sonho_ Disse rindo.

_ A propósito. A Meg chamou o pessoal pra ir na casa dela amanhã de tarde.

_ Está bem, vamos sim. Será que ela se importa se eu chamar o Taylor?

_ Acho que não, ele já é quase seu namorado..._ Aquelas palavras doeram nela e fizeram Samantha sentir-se melhor ainda.

Logo, ambas estavam dormindo; ou melhor; nenhuma das duas conseguia dormir. Susan ficava repassando de minuto em minuto as cenas de pouco tempo atrás no Caffe; aquela música não saía de sua cabeça, e Zac na porta... Tudo isso a deixavam muito mal. Ela pegou o ursinho puff, que ficava em cima da cama e o abraçou forte. "Jordan, onde você está? Me abraça... eu preciso tanto de você, tanto...".

Samantha se revirava na cama; não conseguia tirar o sorriso do rosto. Ainda podia sentir o gosto do primeiro beijo, depois de meses, enfim, um minuto de felicidade em sua vida.

_ Su?_ Sussurou_ Ainda está acordada?

Susan assustou-se com a possibilidade de Samantha se levantar e acender a luz. Limpou as lágrimas do rosto e disse um "oi" um tanto quanto engasgado.

_ O que vc tem? _ Samantha estranhou

_ Nada, é que estava quase dormindo.

_ Ahhh, me desculpe, mas eu não resisti!! Quer dizer, não consigo domir!! É que estou tão feliz!

Ela sentou-se na cama e começou a falar muitas coisas sobre os dois, de como eles haviam se tornado amigos e Susan ficou só escutando.

_ Susan?

Ela não respondeu.

_ Dormiu. Ai, ai... trate de dormir agora senhorita Samantha Kerr Hanson_ riu de si mesma; do que havia pensado; enquanto Susan apenas fingia dormir.

...

17:34 hrs.

Steve toca sem parar a campainha da casa da namorada. Chris desce para atender

_ Hey!! Calma!_ Ela diz brava.

_ Cadê a Samantha?_ Pergunta com olhos de ódio, olhos que só faltavam cuspir fogo.

_ Ela não está. Quem é você? _ Ela não o havia reconhecido. Ele estava estranho... mal vestido, parecia estar sujo e com o cabelo desarrrumado

_ Sou o namorado dela, oras!!_ Disse olhando pra dentro da casa. Chris sentiu um calafrio quando se deu conta que era Steve.

_ Se quiser revistar, pode entrar, mas estou dizendo que ela não está.

_ Ok, ok bonequinha._ Sorriu malicioso_ Você deve ser aquela priminha revoltada que a Sam vive falando, não é?_ Chris ficou quieta, não conseguia mover um músculo sequer. Steve se aproximou de seu rosto e sussurrou_ Pois eu acho muito sexy menininhas assim.. _ Lambeu o lóbulo da orelha dela e Chris instintivamente o empurrou para a rua.

_ Seu nojento!

Steve apenas riu e entrou dentro carro. Saiu cantando os pneus.

...

_ Steve?_ Susan falou alto. Na sala da casa de Meg, todos ouviram e Sam soltou-se da mão de Taylor meio que instantaneamente

_ Sim, a Sam está aí?

_ Está sim. Só um minutinho._ Susan virou-se para chamar Sam, mas ela já estava vindo.

_ Princesa, quero conversar com você_ Disse ele muito bonzinho.

_ Tá. _ Sam olhou pra sala e todos estavam apreensivos.

_ Gente, vamos dar uma volta, aí a gente deixa os dois conversarem, o que vocês acham?

Todos olharam pra Meg concordando com a idéia.

_ Estaremos por perto, voltamos logo, ok?_ Meg recomendou quando passou por Samantha, que ainda estava na porta.

_ Obrigada Meg.

Após todos terem deixado a casa de Meg, Steve entrou e ela fechou a porta.

_ Onde você esteve ontem Sam? Eu te liguei e nada de você estar em casa!_ Steve teve a cara de pau de conversar como se nada tivesse acontecido no dia anterior. Samantha olhava desconfiada pra ele, pois sentia que ele não estava mais violento.

_ Steve, eu saí, estava mto mal, de cabeça quente. Me desculpe!

_ Tudo bem, tudo bem, não estou te cobrando nada, é só que sei lá.. imaginei que estaria em casa.

_ Depois de tudo o que aconteceu Steve? Acha que eu gostaria de ficar em casa sozinha??

_ Amor, também não é assim!_ Ele veio para abraçá-la e Sam sentiu o medo começar a fluir._ Sam, você está com medo de mim???_ Disse desesperado.

_ O que você acha? _ Ela disse chorando e se espremendo num canto da parede. Tinha o rosto virado contra ele, com medo de encará-lo.

Percebendo a situação, ele se afastou; sentindo pena dela e de si mesmo. Estava muito confuso.

_ Steve, o que você fez ontem, foi, foi... imperdoável! Você não sabe como me machucou! Não falando fisicamente, mas machucou o coração, sabe...

Ele começou a chorar.

_ Eu acho que não dá mais Steve. As coisas têm tomado rumos que eu nunca imaginei que aconteceriam!

_ Ontem não aconteceu nada demais! Apenas fizemos amor, como sempre!_ Ele disse inconformado.

_ Amor? Vc chama isso de amor?

_ Eu te amo..._ Disse em meio a soluços.

Samantha estava mais uma vez sem reação. Ora Steve parecia estar completamente normal, ao mesmo tempo que fazia certas coisas.. digamos que, inconcebíveis.

_ Steve, olha, vc foi tão bruto, tão grosso... As vezes eu tenho medo de vc, medo de sair com vc e sei lá, acontecer alguma coisa muito pior..._ Ela disse receosa.

_ Medo de mim??? Como? Por que?? E que coisa pior poderia acontecer?

_ Steve, suas atitudes... é difícil explicar... Ainda mais com vc falando assim, parece q não sabe de nada, parece até que não foi vc que ontem quase me...

_ Que??? Quase o que??_ Ele disse atordoado, apavorado.

Samantha balançou a cabeça negativamente, não acreditando que aquilo estava acontecendo.

_ Não, nada... Steve, eu não sei de mais nada. Uma hora vc... já outra... Não, não sei o que está acontecendo entre nós._ Sentou-se num sofá longe dele, e ficou pensativa, sentindo algumas lágrimas caírem silenciosas de seus olhos.

_ Então me escuta_ Ele foi até ela, se agachou e ficou segurando nas pernas de Samantha_ Sam eu não sei o porque mas sinto que alguma coisa mudou entre nós, que vc está agindo diferente comigo.

_ Claro Steve! O que vc queria?

_ Não, shhhhh, me escuta agora. _ Tomou fôlego e continuou_ Acho que não tenho sido um bom namorado pra vc, não tenho sido realmente nada bom, e eu estou aqui à seus pés pra te pedir perdão, pq vc é maravilhosa, e qualquer homem da face da Terra invejaria uma namorada; uma mulher; uma amiga como vc sempre foi pra mim, e...

_ Steve, pára..._ Disse baixinho, não conseguindo encaixar a imagem desse Steve, completamente apaixonado e disposto a salvar esse relacionamento, com aquele Steve do dia anterior, agressivo.

Ele não deu ouvidos aos comentários dela e continuou:

_ ... E eu queria te fazer uma proposta, uma última chance pra nós, pra salvar nosso namoro. Sam, o que vc acha de darmos um tempo?

_ Dar um tempo? Como assim? O que vc quer dizer com isso?

_ Eu quero dizer isso mesmo: "dar um tempo", um tempo em nosso relacionamento. Vamos terminar aqui, eu vou trancar minha matrícula na faculdade, viajar um pouco com meu pai, esfriar a cabeça e depois quando eu voltar, vc tbm já terá tido tempo pra pensar, pra colocar suas idéias na cabeça, e aí tenho certeza que voltaremos felizes de novo, e ficaremos muito tempo juntos, e certos de que essa foi a melhor decisão que tomamos; uma decisão madura, que só fará bem ao nosso amor.

Samantha permaneceu olhando aquele sorriso franco no rosto de Steve. Por um momento teve receio de que aquilo tudo não daria certo, mas logo lembrou-se de Taylor, e se esse tal "tempo" que Steve queria não os fizesse voltar o namoro com toda força, ao menos o faria entender que Sam não o amava mais, não como antes.

_ Está certo Steve. Acho que vc tem razão.

_ Eu sabia, eu sabia que vc iria me entender, eu sabia! _ Ele abraçou-a forte e feliz, mas ela não moveu nenhum braço, tornando falsa a recíproca_ Desculpe... eu, eu... foi sem querer Sam...

_ Não, tudo bem. _ Ela disse se levantando._ Mas, vc tem idéia de quando vc vai voltar?

_ Meu pai já havia me chamado pra viajar com ele, por aqui mesmo pelo país. Ele quer que eu aprenda um pouco de como se administra uma empresa; vc sabe; é o sonho dele me ver sentado na presidência daqui à alguns anos. Bem, eu acho que em um mês, por aí. O que vc acha? Será tempo o suficiente pra nós?

_ Não sei Steve, não sei...