Warrick e Catherine analisavam as evidências em silêncio quando um Nick eufórico entrou na sala balançando alguns papéis nas mãos.

—O carro do Grissom foi sabotado!! Analisei o motor e tinha um furo no radiador e um no reservatório de óleo do motor. Discretos, mas que fizeram estrago… Grissom não deve ter percebido pois estava dirigindo na estrada. 

—Alguma digital? -Warrick perguntou.

—Uma parcial no nome de Dave Caston. Chequei no banco de dados e o nome dele piscou rapidinho… Está em condicional. Prendemos ele por assalto a mão armada no Tangiers há alguns meses. É o suficiente para chamarmos ele aqui. Já falei com o Brass. 

—Maravilha! -Catherine disse.

—E o que vocês conseguiram?

—Uma chuva de epiteliais e digitais. Hodges e Greg estão trabalhando no DNA e eu vou começar a colocar as digitais no sistema… agora!

Catherine colocou algumas digitais coletadas e aguardou uns instantes. As três primeiras foram identificadas como sendo de Grissom. A quarta…

—Resultado diferente… -Catherine leu. -É da Sara!!

—Talvez ela tenha ido lá para ele ajudar com a palestra, já que ele faz isso sempre… -Nick deu de ombros. -Onde estavam essas digitais?

—Na sala… -Catherine disse cansada. Estavam há horas no trabalho e sem bons resultados. -Vamos para as do quarto, começando pela fita…

O olhar incrédulo de Catherine atiçou a curiosidade dos meninos. 

—As digitais da fita são de Grissom… E de Sara.

—Mas isso não faz sentido, Cath. Se ela tivesse sido pega, como estaria em San Diego?

O silêncio reinou no local. A CSI colocou as digitais coletadas na cabeceira da cama e os resultados foram os mesmos. O estado de choque dela fez com que ficassem em um silêncio profundo, que só foi interrompido pela chegada de um Greg esbaforido.

—Gente, vocês não vão acreditar! -Sua voz estava esganiçada. -As epiteliais da fita e o sangue com saliva são da…

—Sara. -Catherine, Nick e Warrick disseram em coro.

Greg assentiu com a cabeça, compartilhando do estado de choque dos amigos. 

—O DNA que coletamos da cama são de Sara e Grissom. Sara e Grissom! -Ele repetiu esganiçado. -Eles dormiram juntos! -O final saiu num sussurro.

—Greg, definitivamente eles não dormiram. -Catherine constatou. 

—Caso entre colegas de trabalho é comum. -Nick disse, tentando focar no caso. -Mas nada disso explica o carro abandonado e nem o sumiço de Grissom.

Atordoados, eles concordaram.

—Vamos manter sigilo absoluto sobre esses resultados, meninos…

—Não vai dar, Cath. Hodges me ajudou a processar tudo. A essa hora o laboratório inteiro já sabe! -Greg contou.

Catherine fez uma careta como se tivesse acabado de fazer um canal. Fechou os olhos, massageou a têmpora e disse:

—Vamos ligar para a Sara. Se eles estão tendo um caso, talvez ela saiba de alguma coisa que possa nos ajudar. 

—Mas ela está na palestra agora. -Nick disse indicando o relógio. -Não vai atender o telefone.

Passos duros e uma agitação no corredor chamaram a atenção dos peritos. Conrad Ecklie entrou como um tufão na sala; sua face estava vermelha e ele afrouxava a gravata.

—Catherine!! -Ele chamou à guisa de cumprimento. -É verdade o que eu ouvi? Grissom e Sidle??

Os peritos se entreolharam e nenhum dos rapazes conseguiu dizer alguma coisa. Jim, que vinha ao encalço de Ecklie, se postou ao lado da porta em silêncio.

—Algumas evidências mostram que a Sara foi ao apartamento do Grissom, Conrad, mas não temos nada conclusivo ainda. -Catherine disse com polidez e firmeza. -De qualquer forma, estamos concentrados em encontrar o Grissom. Nick já achou digitais de um suspeito de sabotar o carro dele…

Jim a interrompeu dizendo:

—Ele está nos aguardando na sala de interrogatório. Além disso, chequei a movimentação bancária de Gil e ele fez uma transferência bem alta hoje a tarde. Estou rastreando a conta.

Ecklie se acalmou um pouco.

—Eu quero que me mantenham informado sobre tudo! -E saiu do mesmo jeito que entrou.

Os CSIs se entreolharam e seguiram para a sala de interrogatórios.

Ooo

Grissom e Sara chegaram cedo ao restaurante. Estavam lindos e famintos. Foram guiados até uma mesa discreta. Escolheram seus pratos e um vinho e Grissom começou a contar sobre os acontecimentos recentes:

—Tudo começou há uma semana quando eu tive a ideia de pedir alguns dias pro Ecklie. Programei a viagem até Marina Del Rey para visitar a minha mãe e depois viria para San Diego te fazer uma surpresa. -Ele contava e ela ouvia atenta. -Como não peço muitas folgas, foi fácil convencer o Ecklie. O difícil foi disfarçar para que você não percebesse. Se você visse como o apartamento ficou bagunçado! -Ele riu ao se lembrar. -Assim que você saiu eu só tive tempo de colocar as coisas na mala. Deixei meu celular cair enquanto fazia isso…

Sara ouvia tudo boquiaberta. Foram servidos de taças generosas de vinho tinto antes que Gil pudesse continuar.

—Tudo correu dentro dos meus planos até eu me despedir da minha mãe. Tivemos um dia ótimo, mas tudo desandou quando saí. 

—Como assim, Gil?

—O carro quebrou no meio de um trecho deserto da estrada. Não consegui falar com ninguém, pois estava sem celular. Então eu caminhei muito até um hotel na beira da estrada e foi quando te liguei.

—Por que você não me contou?? Eu perguntei se estava tudo bem…

Ela estava visivelmente chateada, então ele segurou sua mão e acariciou seu rosto.

—Não queria que nada atrapalhasse a sua primeira palestra, honey. Além disso, eu achei que resolveria tudo no dia seguinte, mas estava enganado. -Sara o olhou curiosa e ele continuou. -Fui com o mecânico até o local onde deixei o carro, mas ele foi roubado. Não podia falar com a polícia, senão o plano iria por água abaixo e iam achar estranho lá no laboratório.

Sara concordou com a cabeça.

—Então eu consegui uma carona até San Diego com um amigo do mecânico. Quando chegar em Vegas, vou falar com o corretor do seguro do carro… 

—Você passou por tudo isso só pra vir até aqui? -Perguntou emocionada. 

—Querida, eu só queria estar ao seu lado hoje. 

Grissom soltou a mão dela e retirou o presente de seu paletó, entregando à amada. Sara abriu e sorriu com os olhos cheios de lágrimas.

—É lindo, Gil!

—Não podemos usar alianças de compromisso por motivos óbvios, então pensei em um colar. Sara… -Seus olhares se encontraram. -Eu te amo, honey. 

Eles se inclinaram e trocaram um beijo apaixonado.