Destino escrita por Winchester B


Capítulo 20
XIX - I'll possess your body and I'll make you bur


Notas iniciais do capítulo

Bem, acho que nem demorei tanto assim. Ficou grande, mas espero que não esteja cansativo. É o último e tem mais o epílogo. Espero que vocês gostem.
Música: Last Hope - Apocalyptica



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Capítulo 19 - I'll posses your body and I'll make you burn

Abri os olhos lentamente e minha visão aos poucos foi se acostumando com a penumbra do local. Senti uma dor excruciante no topo da cabeça quando tentei virar para observar melhor o cômodo em que me encontrava e então decidi fazer mais lentamente a averiguação do local. Estava em uma sala grande, que estava iluminada somente por uma pequena vela em cima de um cômodo. Tentei me deslocar, mas estava presa fortemente a uma cadeira por cordas grossas, minha boca tampada com um pano. Comecei a tentar sair dali e percebi que a minha faca ainda estava no bolso da minha calça e comecei a fazer movimentos para tentar alcançar a faca e me soltar. Ouvi barulho de passos do lado de fora e imediatamente parei com o que estava fazendo. A porta se abriu e eu vi o vulto da pessoa entrando e se dirigindo à cômoda onde a vela estava sobre. A vela foi apagada e eu pude sentir a pessoa se aproximando cada vez mais de mim, respirando na minha nuca, sussurrando palavras desconexas. A luz da sala foi acesa, e meus olhos arderam com a súbita claridade.

- Elizabeth, minha cara, como você está? – disse Sam, não parecendo mais aquela menina inocente e perdida que eu havia conhecido, e sim uma cínica com a voz carregada de sarcasmo. – Achei que você não fosse mais acordar, cheguei a pensar que o meu golpe havia sido forte demais pra você, mas nah... Você foi uma boa garota – gargalhou e passou a mão em meus cabelos, exatamente como alguém que afaga um cachorro.

- Onde eu estou? – perguntei tentando ganhar tempo e querendo saber realmente onde estava. – Há quanto tempo estou aqui? O que você fez com meus amigos? Quem é você?

- Quantas perguntas, minha cara – ela disse – Como eu sou um demônio prestativo, vou te responder algumas; mas você tem de prometer não contar pra ninguém – disse ela no meu ouvido, sussurrando – Não que você vá fazer algo, sendo que estará morta – ficou de frente pra mim e me encarou, os olhos faiscando de ódio e ironia. – Você está – começou enquanto andava pelo cômodo – aonde eu quero, e é isso o que importa – disse sorrindo de lado – Está aqui há exatos dois dias, o que significa “Feliz Ano Novo”, ou melhor, “Feliz dia dos Demônios”, se você preferir, é claro – sorriu maldosamente, o que ficava estranho no rosto delicado de Sam, era algo... Perturbador.

- E os meus amigos? O que você fez com eles? Se você machucou algum deles, você vai pagar extrema...

Recebi um soco na lateral do rosto e me desequilibrei, acabando por cair no chão junto da cadeira. Não me levantei, pois estava amarrada; senti sangue escorrendo abundantemente do meu rosto.

- Ninguém nunca te ensinou a ser educada? – questionou Sam com uma voz controlada e fria – Espero os outros acabarem de falar e depois você fala.

Ótimo, lidar com um demônio que se importa com a educação de suas vítimas é sempre animador.

- Como eu ia dizendo... Não fiz nada aos seus amigos, nem sequer encostei-me a eles; e me chamo Midgard – disse levantando a mim e a cadeira do chão e pude perceber uma mancha de sangue no local onde estava; meu sangue.

- Mas e Tom? – perguntei atordoada, tudo indicava que era ele, ou será que não? – Achei que fosse ele que estava possuído, não a Sam. A casa, o sangue, a poeira; estava tudo lá.

- Ah sim, essa foi uma das minhas idéias mais brilhantes – sorriu de lado orgulhosamente – Francamente meu bem, eu sou um demônio; posso fazer o que eu quiser com o estalar dos meus dedos, isso são coisas tão mundanas. É muito fácil manipular humanos, temos somente que achar o ponto certo. E seria muito mais fácil para você descobrir quem era se eu ficasse sempre do seu lado; prefiro sutilezas, obrigado. – terminou de falar e sentou em cima da cômoda.

- Então agora – sussurrei e me concentrei em tentar cortar a corda com a faca que havia conseguido tirar do bolso, discretamente – está tudo acabado.

- Verdade – disse ele/ela – mas eu tenho um plano especial pra você – e os olhos dele/dela brilharam de excitação. De surpresa, ela/ele veio na minha direção e me deu um beijo; pude sentir minhas forças se esvaindo do meu corpo e então ele/ela se afastou, sorrindo maleficamente.

- Fique bem aí minha querida, não que você possa sair, é claro – disse enquanto abria a porta e saia pela mesma.

Me sentia fraca e enjoada. A bílis subiu em minha garganta e desceu novamente, deixando um gosto terrivelmente amargo em minha boca. Ouvi passos se distanciando e imediatamente comecei a tentar me livrar das cordas com a ajuda da faca. Passados uns quinze minutos eu finalmente consegui me livrar da corda que prendia meus braços, e logo após o restante. Talvez o demônio estivesse blefando e nem tudo estivesse perdido, James havia dito que algo poderia ser feito com relação aos demônios, não disse?

Parei por alguns minutos, tentando ouvir algum barulho que denunciasse a entrada ou saída de alguém, mas percebi que estava sozinha no local. Sai dali e andei por um corredor estreito, logo alcançando a rua e percebendo que estivera até agora em um posto de gasolina abandonado, localizado bem no meio da cidade.

Percebi uma movimentação atrás de mim e consegui desviar a tempo de uma faca que havia sido lançada. A senhora simpática a quem eu havia entregado o pentagrama e a água benta há alguns dias atrás estava ali; segurando um machado ameaçadoramente e brandindo-o na minha direção. Os olhos negros e zombeteiros não deixaram dúvida, ela estava possuída.

Ela veio na minha direção e tentou me acertar, no que eu desviei e somente dei uma rasteira, para logo depois sair correndo na direção oposta. Ela não queria me matar realmente (acho), então não adiantava nada brigar.

Corri até sentir meus pés doendo e logo cheguei até o centro da cidade, que estava um caos completo. Carros tombados, pessoas correndo desesperadas, casas pegando fogo e muito sangue espalhado pelas ruas.

- Liz! ELIZABETH! – ouvi alguém gritar e logo depois senti que agarravam meu braço.

- Tom! – exclamei aliviada – O quê você está fazendo aqui? – Ele tinha um grande arranhão no lado esquerdo do rosto e um corte profundo em um dos braços.

- Estava te procurando – ele disse me abraçando rapidamente – Mas não temos tempo pra isso – abanou a cabeça e me encarou – precisamos ir para os limites da cidade rapidamente.

Sem me dar mais explicações, meu puxou pela mão e fomos à direção de um carro qualquer que estava estacionado na rua. Ele quebrou o vidro e abriu a porta; me mandando entrar e sentar. Gastou algum tempo tentando fazer uma ligação direta, mas eu o afastei e fiz rapidamente. Ele ligou o carro e arrancou velozmente.

- O que vamos fazer afinal? – perguntei ansiosamente – Onde estão Matthew e James?

- Iremos fazer um mega exorcismo – ele sorriu marotamente enquanto virou a esquina de uma rua – E sobre os dois, eu não os vi desde que James me mandou ajudá-lo.

- Sobre isso, não precisa mais de segredos, James já nos disse o que te mandou fazer.

- Disse é? – falou surpreso, mas sem tirar o pé do acelerador. O velocímetro estava a mais de cem – Mas eu acho que ele não previa que eu fosse fazer mais do que o necessário – gargalhou alto e sorriu – Eu passei esses dias desenhando uma chave de Salomão gigantesca ao redor da cidade, e acho que pode dar certo, mas eu não sei os dizeres, espero que você saiba – virou para mim sorrindo.

- Claro Tom – sorri tristemente; constatei que ele não sabia sobre nós acharmos que ele era o traidor. Ainda.

Tom parou o carro no ponto em que a cidade terminava e uma estrada se estendia para outra cidade. Saímos do carro e eu logo pude perceber os rabiscos primitivos, mas eficientes que Tom havia feito com uma tinta vermelho sangue. Ele olhou para mim, como se estivesse esperando que eu começasse; e foi o que eu fiz.

- Exorcizamus te, omnis immundus spiritus, omnis satanica potestas, omnis incursio infernalis adversarii... TOM! – interrompi o ritual e gritei por Tom, que havia sido atingido por alguém. Samantha.

- Ela está possuída Tom!- gritei desesperada e saindo de onde estava; fora da chave de Salomão.

- Fique onde está – ele disse enquanto desviava de um soco desferido por Sam e revidava com uma cotovelada – Se você entrar, ele/ela pode te bater também e aí não teremos mais nada para salvar – berrou ofegante. – Acaba logo com isso!

Recomecei o ritual enquanto Tom lutava bravamente contra Sam, ou pelo menos com o que estava ali. Enquanto falava, não pude desviar os olhos da luta que corria na minha frente, e a cada minuto que passava ficava mais angustiada. Tom estava conseguindo se desviar de muitos golpes e até desferia alguns, mas o demônio dentro daquela garota era extremamente forte, não importando o corpo que possuía. Falava o mais rápido que podia e já estava quase no final do ritual quando Tom recebeu um soco na cabeça e caiu no chão, desacordado.

- Mas que coisa feia não – ela disse sombriamente e com um sorriso afetado no rosto – Se eu bem me lembro, eu não te dei permissão para ir a lugar algum, mas cá está você – disse friamente e sem o sorriso.

Me forcei a continuar o ritual e a tentar esquecer que Tom estava ali, caído no chão.

- Não vai me dar atenção, é? – ele/ela disse coçando o queixo – Quem sabe se eu fizer isso – pisou fortemente em Tom, bem no peito – você não preste atenção em mim.

Continuou a massacrar Tom que estava desacordado, e eu continuei o ritual. Estava acabando, mas mesmo assim, se não fizesse algo rapidamente, Tom morreria. Lágrimas vieram aos meus olhos e eu comecei a chorar copiosamente, precisava escolher entre salvar um amigo ou salvar uma cidade inteira. Já estava andando em direção a eles, ainda falando o ritual, quando James e Matthew apareceram correndo e foram pra cima de Sam. Aliviada, voltei para onde estava antes e finalizei o ritual. Sam caiu de joelhos e uma fumaça densa e negra saiu de sua boca e logo a cidade foi envolta por essa fumaça, que vinha de todos os cantos e se acumulava no ar acima das casas, mas logo a fumaça desapareceu.

Corri rapidamente para onde Tom estava, rodeado por Matthew e James. O rosto estava com sérios machucados, suas roupas estavam completamente ensopadas de sangue e sua pulsação estava fraca; ele precisava de um médico urgentemente.

- Meu carro está lá atrás – Matthew disse em um sussurro.

Os dois carregaram Tom até o carro e de lá fomos para o hospital. Ele resmungava e dizia coisas aleatórias durante o trajeto, mas em momento nenhum acordou. Estava com ele no banco de trás, enquanto que Matthew e James iam à frente. A cada minuto sua respiração ia ficando de mal a pior e eu já não sabia mais o que fazer, além de chorar. Matthew olhava pelo retrovisor para Tom e cada vez mais acelerava; afinal, ele tinha se afeiçoado a ele também.

Chegamos à entrada do humilde hospital da cidade, que estava um completo caos. Entramos e o local estava lotado de pessoas, a maioria sem ferimentos, mas alegando um cansaço e fadiga incomuns, o que devia ser devido aos demônios.

Algumas enfermeiras rapidamente vieram nos atender, percebendo o estado em que ele se encontrava. Logo ele foi levado para a sala de cirurgias e ficamos os três sentados na sala de espera, sem saber o que dizer ou fazer.

- Ele está em estado grave, mas as chances de recuperação são boas – disse uma enfermeira velinha e simpática, entrando na sala e fazendo com nós nos assustássemos – Terá de passar algumas semanas aqui, mas logo poderá voltar pra casa. A papelada já está toda assinada, então vocês não têm com o que se preocupar.

- Quem assinou a papelada? – questionou James com a voz mais grossa do que o normal.

- Eu – disse a enfermeira com uma expressão confusa – Quem mais seria?

- Os pais dele? – disse Matthew também confuso.

A enfermeira, que tinha a expressão confusa, mudou para uma de compreensão e pena.

- Oh meus queridos – ela disse, com lágrimas nos olhos – Os pais dele morreram há alguns anos atrás, quando ele tinha somente doze anos. Sinto muito que ele não tenha dito isso para vocês, ele sempre foi um pouco reservado. – e saiu da sala, limpando os olhos com um lencinho.

- Ele não tem os pais?! – disse chocada e penalizada.

- Isso explica a casa vazia – disse Matthew parecendo arrependido – Só espero que ele não se sinta muito mal pelo que achamos dele, vocês sabem – e se virou para mim e para James – quando ele souber que desconfiamos dele.

- Sim – dissemos eu e James em uníssono.

E ficamos ali esperando por mais notícias de Tom.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero sinceramente que sim *-----* Deixem comentários por favor, daqueles gigantescos UHSAHUSAHHEHUAESA A segunda temporada virá se vocês quiserem, então digam, ok? Feli Natal e Ano Novo [atrasado] pra todo mundo, que todos sejam muito felizes :B
Recomendações também são bem vindas, enfim... beijos para todos vocês e esperem pelo epílogo, que será o desfecho e será engraçado, pelo que tenho em mente HUUHSAHUSAESA