Capítulo 17 - The darkest day (is coming!)

- O que você está fazendo aqui? – me separei do abraço dele e o encarei.

- Oras, não posso visitar a minha caçadora favorita? – falou com ar de indignação e apertando a minha bochecha com força.

- James! – disse com tom mandão.

- Tudo bem senhorita certinha. Eu estava pelas proximidades trabalhando e resolvi passar pra te ver. Encontrei com seus pais no Maine e eles me pediram pra eu te entregar – mexeu um pouco no bolso do casaco e tirou uma carta – eles acham que estão sendo interceptados por alguma coisa ou algum caçador. Ainda não acharam o Benjamim.

- Seus pais são caçadores Liz? – questionou Sam, que estava escondida atrás de Matthew – O que eles caçam?

- Animais silvestres – respondeu James, antes que eu sequer pudesse pensar em uma boa desculpa – Eles acham que outro caçador está atrás deles em busca de vingança ou coisa assim. E quem é você? - questionou olhando maliciosamente para Sam.

- Samantha Finley – disse estendendo a mão e corando – Sou amiga da Liz! – terminou timidamente..

- Muito prazer! – apertou a mão dela e sorriu galanteador, como de praxe.

- E quem é você? – questionou Tom possessivamente.

- James Fantinati. Gosto de torta de pêssego, sou músico e o melhor amigo dessa gata aqui! – disse sorrido cinicamente para Tom e apertando meus ombros.

- Engraçado você nunca ter mencionado nada sobre o seu “melhor amigo”, Elizabeth. – disse Matthew me olhando de forma acusadora; o mesmo olhar que Tom e Sam sustentavam.

- Nunca falou, é? – disse James me olhando e levantando levemente uma de suas sobrancelhas, uma de suas manias.

- Err... Acho que terminamos por hoje, certo? Amanhã nos vemos na escola!

Praticamente os expulsei de casa e voltei para a sala, onde James estava esparramado no sofá e me olhava com um ar divertido.

- Uau – disse me abraçando e colocando a cabeça no meu ombro quando eu sentei no sofá ao lado dele – Tudo isso para que ficássemos sozinhos? Não sabia que estava com tanta saudade.

- Controle-se Jay! – disse rindo – Agora, o que você realmente veio fazer aqui? Porque somente me visitar eu sei que não é.

- Como você é chata garota! – bufou e começou a mordiscar meu pescoço – Mas como sempre, você tem razão – parou de me morder e me encarou seriamente – Estou aqui porque ouvi de um informante que alguma coisa realmente grande está para acontecer nessa área, e que dessa semana não passa.

- Alguma coisa de que tipo? – questionei – Algo a ver com uma profecia?

- Como você sabe? - perguntou surpreso -  Mas enfim, isso não importa; o que importa é que algo grande está para acontecer nessa cidade e eu acho que você e seus parentes deveriam vir comigo.

- Você ao menos sabe quem é que está vindo, ou o quê? – questionei estranhando a atitude dele. Ele que nunca ficava com medo de nada e estava sempre se gabando queria fugir de algo? Estranho.

- Só estou fazendo suposições no momento, Elizabeth. Não tenho certeza de absolutamente nada. – respondeu exasperado.

- Você sabe que eu não posso ir, tenho que ficar; se algo realmente estiver vindo pra cá, eu tenho que fazer algo para ajudar a conter as coisas ou sei lá.

- Você quem sabe Liz – respondeu tristemente – Mas eu sinceramente gostaria que você viesse comigo!

- Acho que poderíamos ligar para o Matthew – disse ignorando-o – Quando Tom teve a visão, ou o que quer que fosse ele não pareceu muito surpreso com as informações que ele deu. Talvez ele saiba algo que nós não sabemos.

- Sim, é uma boa idéia – disse James pensativamente enquanto balançava a cabeça em um gesto de afirmação – E sobre aquela garota?

- O que você quer com ela seu safado? – disse sorrindo e ligando para a casa de Matthew – ela tem um namorado/primo, não precisa de mais um cafajeste! – gritei rapidamente para James antes que Matthew ou outro Dirci atendesse, e ele me tacou uma almofada do sofá.

Matthew atendeu ao telefone e estava extremamente irritado, diga-se de passagem. Não queria voltar de onde tinha acabado de sair, ia ser um tremendo desperdício de combustível, sem contar que ele reclamou que estava com fome. Depois de muito implorar, ele resolveu vir, com a promessa de que eu compraria uma pizza de anchovas inteirinha somente para ele. Liguei para Tom, que atendeu prontamente, mas demonstrou certa frieza ao telefone; disse que estaria atravessando a rua daqui a uns 30 minutos.

- E então, os dois babacas vêm? – perguntou James cinicamente.

- Sim, e eles não são babacas. – respondi rebeldemente – Mudando totalmente de assunto, onde está o seu violão? - perguntei extremamente interessada; ele nunca saía pra lugar algum sem o seu violão.

- No seu quarto oras – rolou os olhos como se aquilo fosse óbvio – Vou buscá-la, ela deve estar com saudades de mim! – falou parecendo um pai falando do filho pequeno.

- Ótimo – revirei os olhos – Então eu vou pedir as pizzas, porque pelo jeito todo mundo está com fome. – e fui em direção do telefone pedir uma tonelada de pizzas.

- Bem, o que você queria então Elizabeth? Ligou com tanta pressa... – disse Tom friamente, sentado na cadeira de vovô J.

- É, me foz gisatr muito gusoline! – resmungou Matthew com a boca cheia de pizza de anchovas.

- Bem, eu queria falar quando todos estiverem na sala – rolei os olhos - Se for possível você esperarem, obviamente. James já está saindo do banho.

- Como assim “banho” Liz? – perguntou Tom com os olhos arregalados, pelo jeito ele havia se esquecido de ser frio comigo – O que vocês fizeram?! O que ele fez com você?! Oh meu Deus, eu vou matá-lo. – e se levantou rapidamente resmungando palavras desconexas e fazendo menção de subir as escadas.

- Senta aí cara – disse Matthew que já havia engolido a pizza e agora falava normalmente – Você acha que se eles realmente tivessem feito ela não estaria lá com ele tomando banho? – terminou calmamente e enfiou outro pedaço de pizza na boca.

Tom parou de andar e se sentou calmamente, ele havia concordado com Matthew.

- Espera aí, vocês acham que eu...?! Eu?! Ai meu Deus, como vocês são estúpidos! – me enfiei embaixo de alguma almofada para que eles não vissem o quanto estava vermelha. Esses dois têm merda na cabeça ao invés de cérebro, não é possível!

- Não precisa ficar envergonhada Liz, deixa que eles saibam o quanto somos felizes! – disse James descendo a escada, usando somente uma calça jeans bem velha e uma toalha em volta do pescoço para secar o cabelo. – Já podemos conversar! – disse e sentou do meu lado no sofá, me puxando para que eu me encostasse a ele.

Matthew e Tom bufaram audivelmente, o que foi bastante engraçado, visto que Matthew tinha a boca toda engordurada por causa da pizza.

- Matthew – comecei cautelosamente – O que você sabe sobre a profecia de Tom? – perguntei e pude perceber que essa era a pergunta que ele esperava; o contrário de Tom, que ficou um pouco chocado.

- Ah sim, achei que você fosse perguntar isso alguma hora – deu de ombros e limpou a boca com o guardanapo – Bem, não é realmente o que eu sei, mas sim sobre uma lenda bastante antiga que eu achei que pudesse ter relação.

- Prossiga – disse James parecendo interessado.

- Bem, há alguns anos atrás, eu estava com meu... irmão – soltou a palavra em um suspiro – em uma caçada e acabamos ficando presos com um grupo de demônios idiotas que diziam que o “dia das trevas” estava chegando. Enfim, exorcizamos todos os babacas; mas eu fiquei curioso e fui pesquisar sobre o tal dia. Passei aproximadamente um mês pesquisando sobre o assunto e nada, nem sequer uma dica.

- Mas então como você sabe? – perguntou Tom.

- Se você deixá-lo terminar, talvez você descubra! – respondeu James acidamente, no que Tom corou e acabou ficando quietinho.

- Somente ano passado eu consegui uma informação “válida” sobre o assunto. Achei um diário muito antigo de um caçador chamado Bobby II, que falava sobre tudo o que nós já sabemos e um pouco mais; e entre o diário, tinha uma página rasgada com uma escrita morta. Consegui traduzir com facilidade e me deparei com uma lenda de demônios. Trouxe para vocês lerem se quiserem. – terminou com simplicidade e me estendeu um papel amarelado.

Após a décima segunda lua cheia do ano, quando as celebrações começarem; seguindo a tradição da violência, discórdia, traição, desordem, ciúme e inveja; eles vão se agrupar e se espalhar. Carregando a morte; abusarão de seus poderes para que voltem a reinar. Súcubus e Incubus os seduzirão e proliferarão, em nome do portador de Luz.

- Mas o que isso tem a ver com a profecia? – perguntei.

- Ah cara, como eu sou idiota! – James berrou e bateu na própria testa, pra logo em seguida subir as escadas e voltar correndo com um pequeno caderno em mãos – Agora eu consigo entender tudo, deveria ter pensado nisso antes!

- Se você quiser fazer o favor de esclarecer a sua brilhante descoberta, creio que todos ficaríamos extasiados de prazer. – disse Matthew sarcasticamente.

- Eu acho que sei sobre o que a profecia estava falando, e é totalmente relacionada com a lenda que você achou cara – disse James euforicamente, sem se deixar levar pelo sarcasmo de Matthew – Eles já tentaram isso antes, mas não obtiveram sucesso. – falava sozinho enquanto folheava o caderno - Pesquisei o histórico dessa cidade antes de vir pra cá, e vi que há exatamente 500 anos atrás, uma doença caiu sobre a cidade, matando milhares de pessoas; mas logo depois a doença sumiu misteriosamente.

- Por eles você diz...? – questionou Tom.

- Demônios, obviamente – rolou os olhos – Súcubos e Incubus seduzem os humanos para drenar suas energias, e na maioria das vezes os matam. E é aí que está a nossa pista, eles vão voltar para essa cidade por vingança, por não terem conseguido o que queriam há anos atrás. Eles vão matar todos e espalharão o caos, pois não há nada que os impeça!

- Ok, mas e sobre o “portador de luz”? Alguém que transmite algo bom não poderia ser considerado ruim. – disse Matthew agora mais sério.

- Qual era a língua do texto original? – perguntei com um leve arrepio.

- Latim – disse Matthew franzindo a testa.

- Certo. A palavra que você viu era “lucem ferre”? – perguntei sombriamente, no que James me olhou surpreso.

- Sim, mas como você sabe disso? Ah, porcaria; errei a tradução! – disse Matthew desapontado.

- Mas o que significa então? – perguntou Tom sem entender nada.

- Significa Lúcifer – respondeu Matthew de cabeça baixa.

- Mas ainda tem uma coisa que me intriga - disse calmamente – Pelo que me parece, com base no ciclo lunar, eles virão no fim do ano, certo?  – eles assentiram com a cabeça – Mas e sobre eles estarem esperando algo, ou um aviso para saber o que está acontecendo?

Todos ficaram quietos, pensativos. Aparentemente, aquilo era a única parte que não encaixava na história; mas se tudo aquilo realmente iria acontecer, precisaríamos de ajuda, armas e vários livros de exorcismo.

- Então, contando a partir de hoje, para o fim do ano, temos somente 3 dias – disse James relaxado, após vários minutos de silêncio  – Nesse tempo, temos de saber como foi que eles foram parados da última vez e como nos proteger.

- Você vai ficar? – perguntei sorrindo – Achei que você tivesse de ir ou coisa assim.

- Você está aqui, eu não poderia te deixar – respondeu e sorriu carinhosamente.

- Hey! Será que daria pra você pararem com todo esse afeto por alguns momentos? Estamos discutindo o futuro dessa cidade, afinal. – disse Matthew emburrado.

- Desconte as suas frustrações – disse Tom resignado agarrando a caixa de pizza – Coma anchovas!

Matthew e Tom começaram a comer as pizzas que estavam ali. Peguei um pedaço – antes que acabassem todos – e me aconcheguei mais do lado de James, que me abraçou.

- Sabe, até que seus amigos não são tão idiotas assim – sussurrou em meu ouvido e pegou um pedaço de pizza da caixa.

- Tenho minhas dúvidas – respondi sorrindo.

Eles descobriram, mas agora não importa mais; daremos um jeito. Falta pouco tempo, senhor; teremos enfim algum êxito. Esperando pacientemente os poucos dias que faltam. Sempre seu

Midgard