Duas Amigas, Dois Problemas e Uma Solução escrita por Carol McGarrett
Notas iniciais do capítulo
Bem, demorei um pouquinho para revisar. E vamos ao casamento da Elena.
Surpresas ao logo do capítulo.
Espero que gostem!
2.1 - Elena
As quatro semanas que separaram a minha formatura do meu casamento foram únicas. Tudo era novo, cada dia trazia uma nova experiência e uma nova crise de ansiedade, devidamente compartilhada com a minha amiga ruiva.
— Será que o vestido vai caber em mim? – Perguntei pela milionésima vez à Elizabeth, que era a minha motorista hoje, mamãe estava resolvendo os últimos casos antes das férias dela.
— Vai, Elena. Não está dando pra ver nada.
— Eu juro que já dá pra ver... Eu já sinto.
— É claro que sente! É você quem está grávida!
— Será que fiz uma boa escolha de vestido?
— Foi o único de que gostou...
— Eu sei, mas pensa bem, Liz... e se não ficar bom com o véu?
— Tira o véu! – Ela respondeu simplesmente.
— E você... vai ter que apertar o vestido de novo? – Provoquei.
— Não.
— Acho bom... não quero um palito de fósforo de salto alto como madrinha. – Cutuquei de novo, afinal, todo mundo estava falando da magreza da Lizzy e não era recente.
— Se precisar uso uma roupa com enchimento. – Disse finalista enquanto procurava por uma vaga no estacionamento. - Sua última prova do vestido... – Ela anunciou.
E, sem querer, eu não pensei no que estava falando, acabei soltando...
— E todo mundo falou que você se casaria primeiro do que eu...
Lizzy não disse nada, só fez aquela expressão de: “Eu só não te mato, porque não quero matar um bebê inocente.”
— Me desculpe.
Ela apontou para dentro da loja.
Como Lizzy, minha mãe, tia JJ e todas as mulheres que estavam me ajudando a planejar o casamento falaram, não precisei ajustar o vestido. Tudo estava perfeito, na medida certa e em duas semanas era bem improvável que a minha barriga aparecesse.
— Mas e se aparecer? – Perguntei para Liz assim que entramos no carro e minha mãe encerrou a chamada.
— É só apertar com uma cinta de proteção. Atrizes fazem isso o tempo todo, não faz mal ao bebê e você vai entrar no vestido.
— Quem te falou isso, DiNozzo?
— Não... foi o que fizeram com a Penelope Cruz no filme Piratas do Caribe....
— Ahn... saiu de um filme... não errei tanto assim!
Fiz minha amiga parar para comprar milkshake de maracujá com morango e chocolate.
— Maracujá com morango e chocolate?! – Me perguntou quando eu comecei a tomar a bebida.
— Sim... tá uma delícia, quer um pouquinho?
— Eu não... – Ela torceu o nariz.
Na verdade, eu precisei de mais dois e agora tinham que vir acompanhados de batatas fritas e muito ketchup.
— Só não deixa cair ketchup no banco, por favor! – Liz me pediu balançando a cabeça e fingindo uma tremura.
Nem liguei... estava com mania de juntar doce e salgado... outro dia comi batata assada com calda de caramelo. Todo mundo do meu lado fez careta.
Na semana seguinte, meu problema foi o meu penteado, na outra os sapatos – vai que eu tropeçava e caía de cara no bolo, né?
Até que na quarta semana, ou seja, na semana que antecedia o casamento....
— EU NÃO QUERO FAZER ISSO!!! – Berrei do alto da escada, meu pai que passava da cozinha para sala, tomou um susto tão grande que deixou o copo cair da sua mão.
— Não quer fazer o que, Elena? – Minha mãe estava tendo mais paciência comigo do que toda a família junta.
— Me casar! Eu sou nova demais! Eu nem tive outro namorado!! Eu não posso fazer isso...
— Filha... você só está nervosa!
— Nervosa? Eu? Eu... eu estou à beira de um colapso!! Olha a besteira que fui fazer!! E agora vou me amarrar a uma pessoa para o resto da minha vida!!! NÃO!! EU... eu ainda tenho muito o que viver... Tem que ter outra saída.... e se não der certo? E se o Chris só estiver casando comigo porque foi obrigado? E se no final das contas nada for como tem que ser? E se eu não for feliz como a senhora e o papai? E se eu não for boa para o Chris?? E se eu não for uma boa mãe???
Minha mãe me levou para o quarto dela, me sentou na sua cama e começou a contar uma história que eu nunca ouvira...
A do dia do casamento dela, a versão sem cortes, aquela que ela pensou em fugir de papai, porque achou que ela não era boa o bastante para ele. O medo dela de entrar na vida dele e de Jack e estragar tudo e, principalmente, não conseguir dar a Jack a figura materna que ele tanto precisava, e manter a presença de Haley viva.
— Isso é verdade, mãe?
Ela riu.
— E depois teve o surto quando eu me vi às portas de dar à luz a você... mas esse eu vou deixar para quando você se desesperar de vez com o bebê.
— E como a senhora teve certeza de que estava fazendo a coisa certa?
— Quando eu conversei com seu pai.
— A senhora ligou para o papai? – Perguntei incrédula.
— Às três da manhã, do dia do casamento, quem mais estaria acordado? Ele... e só ele, desde o dia em que começamos a sair, tem o dom de me acalmar quando preciso, Elena. No fundo, eu nem sabia porquê estava surtando, sendo que eu tinha certeza de que precisava ficar ao lado do seu pai...
— Eu não posso ligar para o Chris e contar para ele que estou com medo do nosso casamento não dar certo... – Murmurei.
— Eu posso apostar que ele está tão nervoso quanto você, é uma mudança bem drástica a que vocês estão prestes a fazer... mas nenhum dos dois está fazendo obrigado... eu sei que você o ama, Elena, e ele te ama também... vai dar certo. Desde que você não seja a noiva estabanada e se estatele no chão, tudo vai ser perfeito e vocês terão o seus felizes para sempre.
— A senhora jura?? – Comecei a chorar.
— Sim, filha, eu sei que vai dar certo!
E foi só aí que eu parei de chorar. Pelo menos nesse dia...
No dia seguinte meu surto foi com o vestido – de novo. – e novamente foi Liz quem me escutou, porque eu fui parar na casa dela.
— Amiga, eu preciso da sua ajuda!!
— A última vez que você gritou isso, você apareceu grávida! O que foi agora, está esperando gêmeos? – Ela retrucou dos confins do porão.
— Não, só tem um coração batendo aqui.
— E se eles estiverem batendo em sincronia? – Disse sarcasticamente.
— Se eu pudesse descer escada, eu ia aí e te dava uma marretada na cabeça! – Falei do alto da escada onde estava sentada.
— Poder descer você até pode... Só não desce porque sabe que tem 100% de chances de cair.
— Trocando de assunto, o que você está fazendo? – Questionei, procurando por minha amiga que estava desaparecida dentro daquele lugar.
— Sou a única que cabe e tem flexibilidade o bastante para instalar um cabo de internet atrás da estação de trabalho de papai... Ele pelejou nos últimos meses, mas vamos dizer que a lombar dele disse não!
— Bom saber que você faz isso, quando eu não estiver mais aguentando abaixar eu vou te chamar para fazer faxina para mim.
— Isso vai ser em novembro ou dezembro, e eu estarei no final do semestre. Pode esquecer! Mas, por que você está aqui mesmo?
— Surtei quando vi o vestido! E tive que fugir de casa, ou ia fazer besteira! – Falei um tanto assustada.
— E lá vamos nós de novo!
— Lizzy seja um pouco mais compreensiva com a Elena! – Dona Jenny falou atrás de mim. – E vocês, querida, como estão?
— Estamos bem. O bebê está crescendo saudável. E já dá pra ver o pezinho, apesar de que eu não vi nada, só uma mancha! Olha a foto do ultrassom! – Disse toda feliz estendendo a imagem até Dona Jenny que tinha se sentado do meu lado na escada.
— Sendo bem sincera, eu também não vejo nada, mas se você escutou o coração e a médica disse que tudo está bem, fico feliz. Já tem a data do parto?
— Dezembro.
— Vai nascer no dia 31... – Liz gritou. – E sim, estou abrindo as apostas!
— Vá terminar isso, seu pai quer que você instale um replicador de sinal no nosso quarto.
— Eu não sou técnica em manutenção de fibra ótica não! – Liz reclamou e eu acho que ela tentou se levantar, pois a próxima coisa que saiu a boca dela foi um xingamento.
— Bonitas palavras em árabe. Seria presa se estive do outro lado do mundo. – A mãe dela respondeu.
— Eu quase perdi a cabeça agora! Papai!! – Ela berrou.
— O que foi agora, Liz.
— Tá pronto.
E o senhor Gibbs só apontou para o andar de cima.
Saí andando atrás de Liz enquanto ela arrumava a nova conexão da internet dentro de casa, e comecei a me preocupar de verdade com quando eu não pudesse andar.
— Vai ser o terror! – Gemi.
— Você vai poder andar. Para de drama.
— Eu sou a Rainha do Drama! – Contra-ataquei. – Sempre fui.
— É, eu sei disso. Mas não vai ser isso tudo que você está falando!
— E como você sabe, nunca ficou grávida!
— JJ trabalhou até no dia do parto dos filhos... se ela conseguiu, você também consegue.
— Tia JJ é uma mulher forte...
— E você é um que? Uma lesma?
— Eu só estou com medo da hora do parto...
— Por que você não pensa em uma coisa de cada vez, hein? Primeiro o casamento, depois a casa de vocês, aí o quartinho do bebê e, por último a chegada dele ou dela! Falando nisso, o que você acha que terá?
— Menina.
Liz começou a rir.
— Ella vai ter com quem brincar! Nomes?
— Aceitando sugestões! Não faço ideia.
— Nem olhe para mim, nunca fui criativa para nomear meus animais de estimação. – Lizzy levantou as mãos.
— Falando nisso, sinto muito pelo Ice... eu amava aquele lobo branco.
— Tá me fazendo uma falta... Podia falar até na cabeça dele que ele nunca me acharia maluca.
— Adota outro.
— Não... não posso ter um filhote no dormitório e não vou fazer o meu pai e a minha mãe adestrarem um filhote.... Mas vontade de ter outro cachorro não me falta... um pastor alemão, um pastor belga... outro husky.
— Ou seja, você quer outro cachorro gigante.
— Quero um guarda costas. – Ela respondeu simplesmente.
E toda essa falação sem sentido durou a tarde inteira. E eu saí da casa de Lizzy com dois presentes e a promessa de que me fariam um quarto. Minha madrinha me deu uma viagem para o Hawaii de Lua de Mel, Dona Jenny me deu o primeiro presentinho para o meu bebê, o bebê conforto de pano para poder carregá-lo agarradinho a mim e a promessa que me fizeram era a de que eu teria um berço e uma cadeira de balanço feitos sob medida para mim. Eu quase comecei a chorar de tão feliz quando o Sr. Gibbs me falou isso.
Quando cheguei em casa e contei as novidades para a meus pais, eles só souberam rir das lágrimas que caiam dos meus olhos. Mas eu achei tão bonitinho do Sr. Gibbs se preocupar comigo.
Passei a minha última noite de solteira, deitada no sofá, perto dos meus pais, vendo televisão. Não tive despedida de solteira pois meu estado gravídico não permitia sair e fazer farra, assim, minha despedida foi nada mais do que ficar com a minha família mais próxima, comendo um pote de sorvete napolitano com uma porção de batata frita com molho barbecue.
E à medida que o relógio ia andando, o nervosismo ia crescendo. Em menos de vinte e quatro horas eu estaria casada.
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E o meu segundo grande dia do ano tinha chegado. Ainda me era inacreditável que eu fosse me casar hoje.
Estava no quarto da noiva no salão onde aconteceriam a celebração e a festa. Era o primeiro dia do verão, o dia mais longo do ano, a cerimônia iria acontecer no jardim, tudo já estava arrumado e já tinha alguns convidados, a recepção pegaria um pedaço do jardim e a área interna, para se evitar que uma chuva fora de hora atrapalhasse a festa.
Cheguei na janela para ver quem já estava borboletando por ali. Vi Tia Pen e Abby conversando animadas sobre algo. Os parentes de Chris também já haviam chegado. Minha família estava toda lá embaixo, e o pessoal do NCIS também. Os amigos da equipe de basquete e de fraternidade de Chris, as minhas amigas da faculdade.
Meu pai recebia os convidados, meu irmão ao seu lado, com Ella em seus braços. Não achei Chris.
Uma batida na porta me fez pular e sair de perto da janela.
— Todos já chegaram, filha. – Minha mãe veio me avisar e aproveitou para tirar uma ruga inexistente do meu vestido. – Você está tão linda! – Me abraçou de leve. Atrás dela vieram minhas tias, as esposas de meus tios, Abby, Ziva, Ellie, Dona Jenny, todas querendo me desejar felicidades, uma prévia do momento emocionante que estava por vir.
A cerimonialista pediu que todas descessem. Como eu havia pedido, no altar só ficariam eu, Chris, Lizzy e Scott. Mais ninguém.
— Mais dez minutos e seu pai vem buscá-la. – Me informou e fechou a porta.
Voltei à janela e vi que os últimos convidados tinham chegado, e entre eles, o ex da minha madrinha.
Outra batida na porta.
— Entre.
Era Liz.
— Seu buquê de flores. – Me entregou o meu buquê que fora escolhido à dedo.
— Vou jogar na sua cara, quando for a hora.
Ela riu debochada.
— Escolha quem não quer ficar solteira. Eu estou muito bem.
E como eu quis apontar para a janela e mostrar para ela que Sean tinha vindo, mas não fiz, fiquei com medo da minha madrinha sair correndo.
— Bem, Elena. Faça do Chris seu escravo número um, mande nele à vontade e seja muito feliz!!! – Minha amiga de tantos anos e tantas encrencas me falou. – Eu não acredito que você está se casando!
— Nem eu!!
E nós duas começamos a rir.
— Você imaginaria isso, que eu mal colocaria o pé para fora de Yale e já estaria subindo no altar? – Perguntei chocada.
— Não, e muito menos com um pãozinho assando, ou dois, vai saber, né? – Ela riu da minha cara. – Comeu a sobremesa antes da hora.... agora... dentro de seis meses, você verá o resultado. – Ela brincou.
Eu ia responder que um dia seria a vez dela, mas meu pai apareceu na porta.
— Não se esqueça! Mande em Chris. Você é quem manda naquela casa! – Liz avisou e se retirou.
— Ahn... oi pai... – Falei baixinho. Ele ainda não tinha me visto de noiva.
— Você está muito linda, filha.
— Obrigada... eu acho. O senhor também não está nada mal! – Apontei para o terno de três peças que ele usava.
— Foi você quem escolheu a minha roupa, filha!
— Pelo menos uma na vida o senhor me deixou fazer isso, né?
— Só em ocasiões muito especiais. – Ele me abriu um raro sorriso.
— Sou sortuda então... Jack não teve isso!
— Está pronta? – Ele meneou para o corredor por onde Liz havia acabado de passar, já pronta para pisar no tapete vermelho estendido no gramado.
— Sim, mas antes... – Eu o abracei apertado. - Obrigada, papai! Muito obrigada. Por tudo, por ser o meu porto seguro, por ser meu guarda-costas, meu protetor, meu pai! Por ter me apoiado mesmo quando eu fiz besteira, e olha que foram muitas! Eu espero um dia, ter a sabedoria do senhor, nem que seja 10% dela. Eu te amo, papai!
E, eu tinha feito o poderoso Aaron Hotchner chorar na minha frente pela primeira vez. Na verdade, nós dois estávamos chorando. E o mais impressionante, ele tinha perdido a capacidade de me responder, de falar, assim, tudo o que ele fez foi me abraçar ainda mais apertado e me dar um beijo na testa.
A cerimonialista nos chamou, pela janela vi que tanto Liz quanto Scott já tinham ocupado seus lugares no altar. Chris deveria estar entrando a julgar pelos olhares de todos.
— Então, vamos, Elena. – Papai me estendeu o braço e começamos a descer as escadas, eu me agarrei a ele como se meu pai fosse a minha boia salva-vidas.
— Esperem um minuto. – Pediram.
Esperamos ali e eu acho que foi mais de um minuto, pois eu estava contando mentalmente.
— Agora, é a vez da noiva brilhar! – Anunciaram ao abrir as portas duplas.
Papai deu o primeiro passo e eu estava vendo a decoração e todos os detalhes e presentes em câmera lenta. Meu cérebro absorvendo todos os detalhes.
A caminhada até o altar foi lenta, porém creio que é assim, pois eu vi cada uma das reações nos rostos e olhos de todos os convidados. Vi os sorrisos de minha família e meus amigos, vi como todos pareciam encantados com o meu vestido.... Papai me entregou à Chris no altar. Os dois trocaram um aperto de mão e, então, ele pode me olhar. E tudo o que vi em seus olhos foi amor.
— Eu te amo! – Sussurrei para ele. Chris só pegou a minha mão direita e a beijou.
Nos voltamos para o Pastor e deu-se início à celebração.
O que eu não tive de madrinha, eu tive de damas de honra e pajens, a grande maioria por conta de Simmons e Kristy. E, quem efetivamente me entregou as alianças foi Hank, que quebrando todo o protocolo do casamento, só soltou a seguinte frase:
— Papai me mandou te entregar, Chris!
Não teve um que não segurou a gargalhada.
Nossas alianças foram benzidas, nossos votos feitos. Nos declararam marido e mulher e o grande beijo de cinema da tarde/noite aconteceu.
Eu era uma mulher casada, apesar de não ter assumido o sobrenome do meu marido.
Quando nos viramos, fomos recepcionados por uma chuva de pétalas de rosa, e assim que deixamos o altar, iniciamos a festa.
E eu não saberia dizer qual foi o melhor momento...
Ou talvez eu saiba sim... mas não foi um momento protagonizado por mim, não, eu, graças a Deus, não marquei nem o meu casamento nem a festa com nenhuma trapalhada. Permaneci plena e poderosa em cima do salto até o final da festa...
Na verdade, só teve um mico...
Mas se não tivesse não era o meu casamento, né?
O buquê de flores.
Tudo é muito triste de contar... pois ao invés de mandá-lo para trás, na direção das solteiras, - ou na cara da Lizzy como eu havia prometido! - eu acabei mandando-o para cima, muito para cima, e o meu lindo buquezinho, todo cheio de florezinhas com vários significados, foi ficar preso na viga de aço que sustenta a abóbada do salão.
— Essa é a minha irmã! – Jack gritou. E todo mundo começou a rir olhando para o teto.
Só que, quando todo mundo esqueceu do buquê agarrado no teto, eis que ele resolve fazer uma reaparição. Sim, sabe-se lá como a coisinha se desprendeu da viga e despencou sei lá quantos metros até que...
Caiu na cabeça do Sr. Gibbs, que estava parado, tomando um copo de Bourbon e conversando com o meu pai.
E todo mundo olhou, sem saber o que aquilo significava. Até que DiNozzo soltou:
— Eu achei que essa história do buquê era para as mulheres solteiras... desde quando a tradição mudou?
Alguma coisa tinha que ser a marca do meu casamento! Como não teve a noiva estatelada no chão, teve um monte de solteira que não desencalharia até o próximo casamento.
Que eu acho que vai sair antes que eu complete um ano de casada....
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2.2 – Elizabeth
E hoje era o casamento da Elena... e, é claro, que ela iria me perturbar desde cedo. Seis horas da manhã, eu lá apagada para o mundo como eu vinha fazendo desde que saí de férias e o que acontece?
A doida me liga, chorando.
Eu não aguentava mais isso!
Ela falou por quase uma hora na minha cabeça, jurando de pé junto que tinha feito besteira – o que eu falei que ela tinha mesmo, ninguém em sã consciência se casa aos 21 anos... – que não sabia se seria feliz – nisso não dei opinião. – e que estava com medo da hora do parto.
— Do parto?? Mas é só para o final do ano!
— Sofro de ansiedade!! Coopera comigo! – Bradou e recomeçou a ladainha...
Depois que ela me usou de psicóloga gratuita, encerrou a chamada dizendo que começaria a se arrumar para o casamento, rindo e feliz da vida.
Que Elena era doida eu já sabia, agora, essa gravidez deixou a minha amiga piradinha da Silva!
Acordada de tudo, tive que me levantar, olhei as horas, sete e meia da manhã, sim, eu ainda poderia estar dormindo se não fosse a louca da Elena, mas fazer o que? Estava acordada, tinha que levantar e começar a ajeitar tudo.
Mal pisei fora do quarto e meu pai me olhou espantado – o que ele vinha fazendo muito desde que voltei para casa.
— Caiu da cama?
— Foi jogada. Elena e mais um de seus surtos. Graças a Deus a partir de amanhã Chris começa a acordar do lado dela e ela para de me ligar a essa hora da madrugada!
— Madrugada?
— Pai, estou com sono atrasado, respeite isso! – Murmurei e desci com ele atrás de uma caneca de café. Item que era disputado a tapa, encaradas e grunhidos nessa casa agora.
Como nos demais dias, eu evitava a janela da frente e tudo o que pudesse me colocar de frente para “a casa do outro lado da rua”, assim, fiquei entre a cozinha e o quintal até que desse uma hora considerável para subir e começar a me arrumar, ou isso eu pensava, já que minha mãe, acidentalmente, conseguiu quebrar o vidro da base dela e, com metade do rosto arrumado e metade sem maquiagem, implorou que eu fosse até a loja comprar mais.
— Aqui a chave do carro.
— Mas eu sou a Madrinha! Não posso me atrasar!
— Lizzy, seu pai não sabe comprar isso! E você dirige como uma louca quando quer... faça esse favor por mim!
Não tive outra escolha a não ser ir, até porque, se você ama a sua vida, jamais dirá “não” para Jennifer Shepard.
Contrariada, peguei a chave do carro, corri até meu quarto, vesti uma roupa que seria considerada de gente, catei minha bolsa e sai. Só para dar de cara, assim que abri a porta, com o sujeito.
Eu tinha duas opções ali, ou fingia que não o tinha visto e seguia para o carro que estava parado na rua – e ainda mais próximo dele. – ou fechava a porta e dizia para a minha mãe se virar sem maquiagem.
Entre a cruz e a espada, fiquei com a primeira opção, assim, coloquei os óculos escuros, levantei a cabeça e fingi que ele não existia, como eu vinha fingindo a semana toda – pelo visto ele estava de folga e resolveu me assombrar na minha casa, chegando ao ponto de cumprimentar os meus pais!!
Desci os degraus da entrada, caminhei até o carro, quando passei para a rua, vi, pelo canto de olho, que ele tentou se mover, fui mais rápida, destravei o carro, pulei no banco e arranquei antes que ele chegasse até a calçada.
Eu era uma mulher em uma missão, não tinha tempo para aturar desculpas esfarrapadas.
Fui e voltei em tempo recorde, a facilidade de já ir pedindo para a vendedora separar os produtos! Só precisei entrar na loja para pagar e pegá-los, e assim que parei o carro, notei que alguém estava sentado na porta da minha casa.
— Isso deve se chamar karma... agora eu me pergunto, o que eu fiz na vida passada para merecer tamanha má sorte? – Murmurei ainda dentro do carro.
Vi que a criatura se levantou ao me ver chegando e deu a volta para ficar ao lado da porta do motorista e me cercar, de modo que eu não poderia fugir dele.
Só que eu sou mais esperta que um Fuzileiro, e assim que ele chegou perto do retrovisor do lado meu lado, pulei para o banco do carona, abri a porta e corri para dentro de casa. Travando o carro quando tranquei a porta.
— Que foi isso? – Papai perguntou devido ao barulho que fiz para fechar a porta.
— Nada. Só com presa, o senhor sabe como a mamãe fica quando está esperando por algo...
— Sei... – Ele não comprou a minha resposta e olhou pela janela da frente. Murmurou algo que eu não entendi e voltou para a cozinha enquanto eu subia a escada.
— Pronto, mamãe. Está aqui a sua base, aproveitei e comprei aquele batom que a senhora gosta. – Falei ao entrar no quarto.
— Por que não conversou com ele? – Ela se virou para mim se afastando da janela.
— Com quem? – Me fingi de besta.
— Sean.
— Eu não tenho nada para conversar com ele. Aceitem, de uma vez, acabou! – Respondi, coloquei os produtos que ela tinha me pedido em cima da cama e sai para o meu quarto.
— Você não faz ideia do que está fazendo a si mesma, Elizabeth! – Foi o que eu ouvi ao bater a porta.
No santuário do meu quarto, me permiti sentar no chão e respirar fundo, muito fundo e tentar me acalmar. Eu tinha algo importante para fazer hoje, ser a madrinha do casamento da minha amiga, e nada, nem ninguém iria me impedir de ser perfeita.
Com a mente em ordem e completamente focada no que eu tinha que fazer, me levantei, e fui me arrumar.
Levei o tempo que foi preciso e nem o meu pai batendo na porta depois de quase noventa minutos que eu estava ali dentro sem fazer barulho me apressou. Meu vestido, meu cabelo, minha maquiagem, tudo estava perfeito, do jeito que eu queria.
Meu pai bateu novamente na porta, ameaçando colocá-la abaixo. Antes que ele desse a segunda batida, abri-a.
— Eu estava me arrumando, e tem certos tipos de maquiagem que não dá para ser feito na pressa. – Falei quando ele deu dois passos para trás para me ver.
— Está pronta?
— Só faltam os sapatos. – Falei, voltei para dentro do quarto, peguei-os e me virei para descer.
Papai fez uma careta para a altura dos saltos.
— Sou baixinha... passei do 1.65 por um centímetro... só assim para fazer vista! – Comentei quando acabei de descer a escada, mamãe já estava pronta, conversando com alguém no celular.
Fomos para o local da cerimônia e festa, com meu pai dirigindo, foi rápido, eu, como madrinha, fui mandada para o andar de cima, onde Elena já estava. Escutei-a conversando com Dona Emily, resolvi não interromper.
A cerimonialista me levou para um cômodo, dizendo que se eu quisesse retocar a maquiagem era a hora perfeita.
Dei uma conferida no espelho, não precisava.
Scott veio conversar comigo por um tempo, depois saiu, como o padrinho, ele podia ficar indo e vindo, o invejei. Olhei pela janela para ver a decoração.
Para uma festa de casamento feita quase às pressas, estava perfeita. Procurei por rostos conhecidos na multidão, vi Garcia e Luke em clima de romance, Tim, Delilah e os gêmeos conversando com Ellie e Nick, Morgan ajeitando o terno de Hank, ele estava um fofo. Fiquei vagando, vendo as reações de todos com a decorações até que olhei para a porta e vi quem não devia.
Saí da janela e resolvi que era uma boa hora para conversar com a noivinha.
Nossa conversa foi breve, pois logo o Sr. Hotchner chegou. Nem sai do quarto e a organizadora me agarrou pelo braço. Era hora de ir para o altar.
Me posicionei ao lado de Scott, levantei a cabeça e quando nos permitiram entrar a primeira pessoa que vi não foi o pastor.
Foi Sean. Ele estava bem na minha linha de visão e foi impossível não sentir saudade dele. De olhar dentro daqueles olhos azuis e saber que eu estava segura ali.
Mudei meu foco e fingi um sorriso que eu espero seja convincente o bastante nas fotos e assim que subimos no altar, me posicionei ao lado esquerdo. Vi, imediatamente que Sean saiu do lugar onde estava e foi para o outro lado do jardim, para ficar de frente para mim.
Consegui mais uma vez desviar de seu olhar e me virei para ver Elena entrar na igreja.
Que ela nunca saiba, mas é claro que tem apostas sobre o que de estabanado ela vai fazer, desde tropeçar a caminho do altar até acertar o buquê na cara do pai dela na hora de jogá-lo.
Toda a cerimônia foi muito bonita, para mim, o melhor momento foi Hank e a sua sinceridade ímpar ao entregar as alianças.
No momento em que o pastor declarou que Chris e Elena estavam casados, uma vozinha no fundo de minha mente disse assim: “Podia ser você ali, se não tivesse terminado com o seu namorado gato.”
E esse pensamento me assombrou por uma boa parte da festa, que eu passei evitando exatamente ele, porém, com tão poucos convidados, era impossível de ficar extremamente longe, minha sorte era a de que, toda santa vez que ele chegava muito perto, alguém me puxava, seja para tirar foto, seja para ajudar a arrumar as daminhas e os pajens para a algo ou era só Abby mesmo que, me conhecendo bem, sabia que eu não queria fazer um barraco no meio do casório.
O mais próximo que ele chegou de mim foi na pista de dança, estava dançando com Tony – ele tinha me pegado para Cristo, afinal, Tali não queria dançar com ele, ela achava que era motivo de vergonha dançar com o pai. – E como ele queria porque queria dançar, tinha me arrastado junto. E, em uma determinada volta, alguém bateu no ombro de Tony e pediu a chance de dançar comigo. DiNozzo sendo o meu agente preferido, olhou bem pra mim, balancei negando, e eu sabia que ele não faria o que eu não quisesse, porém Sean estava ali, parado a centímetros de mim e no meio da pista, atrapalhando outros casais, e já tinha gente olhando a cena.
Minha sorte, foi que anunciaram que a noiva jogaria o buquê para as solteiras e logo Abby literalmente me puxou do meio da pista e me arrastou, junto com Ellie para onde todas as solteiras tinham se amontoado.
Fiquei no fundo, quase escondida, mas vi que Elena me achou e estava tentando fazer a mira para acertar aquela coisa na minha direção. Só que ela errou, muito, e o buquê foi parar no teto, preso em uma das vigas de sustentação. As demais solteiras reclamaram, já eu, assim como Ellie, tive que controlar a risada. Só Elena conseguiria prender o buquê de noiva no teto. Quase uma hora depois, quando todos já tinham se esquecido do “incidente do buquê”, eis que ele quis ser o protagonista da festa e se desprendeu da viga, quem viu a coisinha caindo foi Tali, que só apontou. Todos olharam a queda, mas ninguém viu em quem ou onde aquilo cairia.
Acontece que acertou em alguém. No meu pai. Bem na cabeça dele, que estava parado por ali, tomando um copo de Bourbon enquanto conversava com o Sr. Hotchner. Não sei como nenhum dos dois não viu o que estava para acontecer, mas foi divertido ver as reações da dupla quando um monte de flores cobriu a cabeça de meu pai e depois caiu entre eles. Para completar o momento mais inesperado da noite, Tony soltou:
— Eu achei que essa história do buquê era para as mulheres solteiras... desde quando a tradição mudou?
Não vou nem falar que mais tarde, quando ninguém estava vendo, ele tomou um tapa tão forte na cabeça que perdeu até o caminho de casa.
Toda essa cena inusitada me fez baixar a guarda e eu acabei por esquecer que tinha que vigiar quem estava me vigiando. E antes que eu pudesse reagir como deveria, me vi atendendo ao chamado em meu ombro. Achando que era Tony ou até mesmo a noiva desastrada, me virei rindo e dei de cara com Sean.
— Por favor, Liz, precisamos conversar.
Muitas pessoas estavam em volta de nós, e consegui ver que algumas tinham uma certa expectativa sobre o que poderia sair daquela conversa, entre elas, minha mãe e Dona Emily.
— O que você quer? – Perguntei mantendo a voz baixa, ainda estávamos em uma festa.
— Pode vir comigo? – Ele não desistiria. E eu juro, se Elena não estivesse grávida e fosse a noiva, eu a mataria afogada em uma garrafa de Bourbon!
— Lidere o caminho. – Disse simplesmente.
— Não pode andar do meu lado como fazia?
— Só vá.
E com aquela agilidade de gato que ele tinha, Sean foi se desviando de cada um dos convidados até que chegou aos pés da escada que subi quando cheguei e galgou os degraus com uma facilidade que me deu inveja. Ele parou no alto da escada, me esperando, chegou a estender a mão para me ajudar, mas eu recusei, e assim que cheguei no topo e fiquei de frente para ele, soltei:
— Eu sou madrinha, não posso demorar, o que você tem para me falar que é tão sério?
— Me desculpe.
Eu comecei a rir.
— Começou mal. Não ligo muito para desculpas. Era só isso? – Levantei a ponta do meu vestido e comecei a descer a escada. Ele me segurou gentilmente pelo braço e me virou para que eu ficasse de frente pra ele.
— Eu sei a regra do seu pai, aliás, eu sei todas as regras dele, nos últimos seis anos eu as aprendi seja para o bem, seja para o mal.
— Que bom, porque acabou de quebrar uma, Sargento de Armas.— Falei sarcasticamente.
— Liz.
— Para você é Elizabeth.
— Não é Liz. Sempre foi e sempre vai ser.
— Sempre?! Acho que você está sofrendo de perda de memória...
— Será que você pode me deixar explicar?
— O que você quer explicar? Quer mentir para mim que ficou oito meses sem me ligar, mandar mensagem, carta, e-mail, coruja, sinal de fumaça, pombo correio por que te obrigaram?? Conta essa mentira para outra pessoa.
— Não é uma mentira, Liz. Eu não tive como te ligar, ou mandar qualquer uma dessas coisas que você disse. Me mandaram para fora do país de última hora, uma missão tão secreta que só quem sabia era o Departamento de Defesa. E sim durou oito meses e não foi nada bonita. Assim que eu aterrissei no país, eu fui atrás de você, sei como você fica quando eu não dou notícias...
— Você voltou muito bem para quem passou por tanto... – Desdenhei me lembrando de como ele parecia na noite em que terminei tudo.
— Você não olhou para mim, Liz. Nem um minuto.
Mordi o lábio, isso era verdade. Eu fiquei tão irada que a única coisa que fiz foi estapeá-lo. E como estávamos do lado de fora e ele estava de uniforme, ele teve que usar o cover o tempo inteiro, o que me impediu de ver seu rosto com clareza.
— E o que isso tem a ver?
— Não era a minha intenção te deixar naquele estado de nervosismo, Liz. Eu sabia que era o seu penúltimo ano, e que você se formaria no fim do ano letivo em dois dos quatro cursos, contudo, eu não posso dizer não. Você entende isso, eu sei que sim. Eu tentei argumentar, pedir para entrar em contato com você ou até mesmo com alguém do NCIS para que o recado chegasse até você, mas...
Levantei a sobrancelha. Mandando-o continuar.
— Mas me disseram que só pais ou esposas poderiam ter notícias breves. Você não se encaixava em nenhuma das categorias.
E isso não era mentira. Eu sabia disso por conviver com pessoas que serviram, que serviam. Namoradas não eram parente, não importava quantos anos tinha o relacionamento.
— Por favor, Liz, tente entender. Eu queria te falar que tudo estava bem, eu precisava saber que tudo estava bem com você... eu não podia.
— Sua mãe poderia ter passado o recado.
Ele balançou negativamente a cabeça.
— E você poderia ter perguntado a ela. Você fez isso?
Eu não tinha feito. Não conversei com a minha sogra muito nos oito meses, primeiro porque ela foi temporariamente para Nova Orleans, ficou lá quatro meses e depois, bem... eu entrei em um espiral de estudo, trabalho e... eu afastei todo mundo quando achei que meu relacionamento tinha acabado.
Sem saída, e sabendo que eu tinha mais culpa do que ele, eu só tive uma alternativa.
— Mais alguma coisa? – Banquei a desinteressada.
— Volta pra mim, Liz.
Pensei em toda a incerteza dos oito meses, pensei na carreira que iria seguir, em tudo que me esperava, pensei em como eu poderia segui-lo quando eu teria que ter uma base fixa. Era inviável.
Sem coragem de falar, só balancei negativamente a cabeça.
— Por quê? – Eu vi a tristeza em seus olhos, tive que respirar fundo quando respondi.
— Eu mudei de ideia quanto a minha carreira, não vou ser agente federal, não nasci pra isso. E vou precisar de uma base, um local para morar, para trabalhar, não dá pra te seguir para todos os lugares para onde você for designado. Eu quero ser importante. Só entenda isso. – Respondi e desci a escada, tentando enxergar os degraus entre as lágrimas que enchiam meus olhos.
Eu tinha terminado com ele sem uma conversa, e era melhor ter ficado daquele jeito. Porque estava doendo muito mais agora, sabendo que, por todo esse tempo, nestes últimos 10 meses, fui eu a responsável por tudo. Eu não sei como consegui chegar até o salão sem tropeçar e rolar escada abaixo, e não sabia como estava conseguindo desviar das pessoas. Eu só tinha um objetivo, que era sair daquele lugar o mais rápido possível, nem que para isso eu precisasse ir a pé até minha casa.
Esbarrei em algumas pessoas, pedi desculpa sem olhá-las, se eu levantasse a cabeça, entregaria que estava chorando, e Elizabeth Shepard-Gibbs não chora em público. Vi um espaço entre a maré de gente e corri para lá, sem saber que era a pista de dança.
Quando pisei no círculo e tentei não tropeçar na barra do vestido, uma mão segurou o meu pulso e me virou na direção oposta, desorientada como estava, estaquei, para ver Sean se apoiar em um joelho, tirar uma caixinha do bolso do paletó e, sem esperar que eu reagisse – se é que eu reagiria ali – perguntar:
— Liz, você aceita se casar comigo?
Sim ele fez isso, no meio de um casamento, com todos os presentes olhando para ele e para mim.
Uma vozinha interior mandou dizer não, sair dali e seguir a minha vida, eu tinha um objetivo, e esse objetivo não poderia ser eclipsado por nada. Porém, por um milésimo de segundo eu levantei a minha cabeça e vi justamente meus pais. Minha mãe segurava a mão de papai e a história dos dois passou pela minha mente como um flash. Uma parte se destacando das demais. Ele falou besteira, ela se foi. Voltou anos depois, mas não foi a mesma coisa, ela só pensava na carreira... e eles demoraram quase dez anos para se entenderem de verdade.
Era esse o futuro que eu queria para mim? Eu queria sofrer por um amor de verdade por minha culpa? Sendo que eu o tenho bem na minha frente agora? E se eu pudesse ter o amor da minha vida e a minha carreira ao mesmo tempo?
Novamente olhei para meus pais, vi Ziva e Tony, Tim e Delilah, o Sr. e a Sra. Hotchner. JJ e Will. Eles eram a prova de que era possível ter as duas coisas.
Todos esses pensamentos voaram em minha mente em menos de dois minutos e o salão caiu em um silêncio absurdo, todos esperando a minha resposta.
E eu debatia comigo mesma.
Porém, se eu estava sofrendo por me ver culpada pelo nosso término de minutos atrás, se eu dissesse “não” agora, eu sofreria pelo resto da minha vida, porque ele encontraria outra pessoa, ele seria feliz, uma pessoa boa como ele tinha que ser feliz, já eu... eu jamais conseguiria.
— Sim! – Sussurrei a palavra. – SIM! – Falei mais alto, minha escolha pela felicidade calando o meu lado ambicioso.
Sean não colocou o anel no meu dedo, não. Ele se levantou em um piscar de olhos, me puxou para perto de si e me deu um beijo. O beijo que eu estava esperando há mais de dez meses.
Ouvi alguém começar a bater palma, depois começaram os assobios até que ouvi a seguinte frase:
— Então se o buquê cai na cabeça do pai, é a filha quem se casa?
Não consegui conter a risada e, interrompendo o beijo, olhei para Tony, Sean se virou para ele também, e o Italiano do Paraguai só sorriu na nossa direção.
— Mas é muito bobo mesmo! – Falei rindo.
— Agora sim, isso é um autêntico sorriso da Liz! – Ziva falou.
— Bem... quem já quer começar a preparar outro casamento? – Elena perguntou chegando perto de nós.
— A única coisa que temos que preparar agora é o seu chá de bebê, Elena!
— Então, ao menos esperem que eu ganhe o bebê, não quero ser a convidada que dá a luz no meio do casamento.
Olhei para o meu noivo...
— Nós não temos pressa, Elena. – Ele respondeu à noiva.
— Ótimo! Acho que deixo ser o pajem ou a daminha...
— Ou os dois, vai saber se não tem dois aí dentro! – Brinquei.
— Mas você ficou obcecada com isso, hein? Credo!
— Ainda acho que são gêmeos.
— Se forem gêmeos, vou mandar para você cuidar.
— Desculpe, ainda estou na faculdade! – Dei de ombros.
— Um dia você sai de lá.
— São seus filhos!
— Eu já disse que só tem um.
— Veremos no próximo ultrassom – Desafiei.
— Ah, se você perder, vai ser a babá noturna dele.
— E se eu ganhar, Elena, pelo amor de Deus, pare de ficar me ligando às cinco e meia da manhã!!
— Mas eu vou precisar conversar com alguém quando eles não me deixarem dormir.
— HA!! ELES!! Eu sabia!! – Praticamente gritei.
E, mais uma vez os convidados foram surpreendidos.
— Elena, são gêmeos? – Chris perguntou.
Minha amiga coçou a cabeça, olhou para o teto.
— Filha! – Ouvi a voz do Sr. Hotchner.
— Bem... descobri no início da semana. São gêmeos sim. – Ela falou toda sem graça.
— Mais alguma coisa para acontecer nesse casamento? – Dona Emily perguntou.
Elena olhou para mim eu olhei para a minha amiga.
— Não. Creio que as surpresas acabaram. – Elena respondeu.
Todos olharam para ela.
— O que? É o meu casamento, oras? Vocês realmente acharam que seria um evento normal??
Não, ninguém achava que seria.
E o que viria a seguir, só o tempo diria, mas vindo da Elena, agora que a encrenca dela era em dobro, não era muito difícil de prever os perrengues.
Quanto a mim e Sean, depois que a pista de dança foi liberada, ele foi direto até meu pai e, como manda a tradição, pediu a minha mão a ele e à minha mãe. Papai não tinha como negar quando eu já tinha dito sim, e, minha mãe ficou tão feliz e aliviada ao mesmo tempo que só me abraçou e disse ao meu ouvido.
— Eu fico tão feliz que você não fez o que eu fiz, filha.
Já meu pai, bem, ele foi ele e Leroy Jethro Gibbs só disse a seguinte frase:
— Você não sabe onde está se metendo, Marine Suicida.
E eu acho que esse era o mais perto de um sim que Sean conseguiria arrancar de meu pai.
Já eu, eu estava em êxtase. Era a única saída, a coisa certa a se fazer, porque eu não saberia viver sem Sean jamais.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E aqui acaba essa parte, já dá pra prever qual será a próxima, né?
E depois dessa loucura, me despeço por aqui.
Muito obrigada a você que leu! Se achar que vale à pena, deixe comentários, me deixa muito feliz!
Até em qualquer fic!
xoxo