Na Tempestade escrita por isasa_


Capítulo 13
Eu não sou tão forte assim


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês, eu espero que gostem!



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O despertador toca mas não me levanto, abro os olhos e como em todas as manhãs ainda esta escuro, depois de mais alguns minutos que eu não tenho, eu saio da cama, tomo um banho e me visto para trabalhar, nada muito simples, hoje temos uma reunião onde espero que nosso projeto seja escolhido.

 Preciso de uma presilha para prender meu cabelo, sei que tenho algumas que eram de minha mão no armário. Todo que pertenceu a minha família e passado eu tenho guardado no armário da sala, esse, permanecendo sempre trancado, se não fosse assim eu o abriria todos os dias e me perderia em um passado que não mais existe, choraria pelo que já não é meu.

A caixa está onde sempre esteve, junto de outras que não me recordo o que guardam, a curiosidade chama alto, eu pego todas as caixa e as levo para o quarto, umas guardam roupas de Aiko de quando ainda era um bebê, fotos do casamento de meus pais e avós, roupas de quando eu era mais nova, livros que minha vó lia para mim e por último, mas o que eu julgo o mais precioso, os meus desenhos.

Não guardei nenhuma foto minha com o Naruto, mas eu fiz desenhos durante o nosso namoro e depois dele, quando estava grávida desenhá-lo me ajudava, fazia com que o Naruto não fosse tão real, como se ele pertences somente á minha imaginação, me fazendo pensar nele como algo perfeito e intocável. Surreal.

Em minhas pinturas, sempre sorrimos, como quando nos conhecemos, a mais importante eu fiz uma semana antes de Aiko nascer, nela eu e Naruto estamos em um parque ao fundo se você souber onde procurar, esta desenhado um bebê, ele esta nas sombras e sorri olhando a cena como se fosse um mero telespectador, mas na verdade ele é fruto do amor que eu desenhei, e eu tive com Naruto, aquela foi o último desenho que eu fiz, o que congela minha vida em uma cena feliz, a única foto da minha família.

Quero olhar o desenho e me perder em um felicidade inexistente, sonhar com o grande amor de minha vida, e que jamais será meu, sei que é o ultimo desenho da caixa, eu o coloco assim para nunca ter tempo de chegar nele e me prender ao mesmo.

Eu procuro, reviro as caixas, mas não esta em lugar algum, eu choro em silencio, me sinto perdida sem a minha foto de família, como se eu nunca tivesse tido uma. Meus olhos se enchem de agua, sei que estou prestes a chorar, mas não posso deixar que ocorra, pois sei que não pararia tão cedo.

Guardo tudo antes que eu me atrase, acordo Aiko ele se veste  com uma certa dificuldade causada pelo sono e nos dois vamos para o escritório, é muito cedo para as aulas começarem, mas a escola é perto e na hora certo eu o levo até lá.

O céu esta mais azul do que o normal, hoje ele tem exatamente a mesma cor dos ...

O que eu estou fazendo, me recordando do que me faz sofrer, me apegando ao que já não existe mais, e não sou e não posso mais ser uma garotinha apaixonada. No mundo não ha lugar para pessoas ingênuas e inocentes. Eu aprendi da pior forma que não devemos nos deixar levar por um amor por quem não criamos, se o fruto é nosso sabemos suas fraquezas, onde podem nos magoar, e somos preparados para perdoá-los. Por isso amamos tanto os filhos, eles são os únicos que merecem o nosso amor incondicional.

Depois de levar Aiko para a escola, eu caminho para o escritório, me sinto um pouco tonta, mas deve ser sono. Eu paro e compro um café para acordar. Mas eu não me sinto melhor, minha visão está embaçada e minha cabeça dói muito, tudo gira e não consigo mais distinguir nada antes de perder os sentidos.

Me sinto sendo chacoalhada por alguém, lentamente consigo abrir os olhos, muitas pessoas estão ao meu redor, mas estão falando tão alto e rápido que não consigo identificar o que dizem, ao meu lado vejo os mais belos par de olhos azuis, é ele o Naruto, ele esta falando comigo, mas eu não consigo traduzir o que diz, fecho os olhos e quando os abro novamente, percebo que aquele não é o meu Naruto, seu olhos são realmente azuis, mas não os azuis que eu queria ver, seu cabelo não tem a cor do sol em seu melhores dias, são negros como a noite, como meu coração adormecido, negros como a solidão e as profundezas do mar. Arrastando tudo para o fundo. Sempre mais fundo, onde nos perdemos mais a cada centímetro.

Eu me levanto sob protestos dos que estão ao meu redor, ergo minha mão para dizer que esta tudo bem e sigo rumo ao escritório, sei que não estou realmente bem, mas minha dor não é algo que possa ter cura ou ser vista. É algo interno com a qual eu me acostumei a conviver e aceitar, ela é minha e ninguém é capaz que curar a ferida.

O dia foi cansativo assim como ou outros que se seguiram, o projeto foi aceito e agora nos esforçamos para realizá-lo, chego sempre tarde em casa, pego Aiko que já esta dormindo, e como sempre Kiba não me deixa leva-lo, ele o carrega até seu quarto, se despede e volta para o apartamento, mas não hoje.

Hoje Kiba não vai embora depois de levar Aiko para cama, ele senta na cozinha e pede para que eu sente também. Ele está diferente, mais feliz.

            O Kiba me diz que não poderá  cuidar de Aiko amanhã, sua namorada do exterior vem visitá-lo e ele quer surpreende-la levando-a para jantar. Eles se vem poucas vezes, por ela morar fora do país, e além do mais eu não posso depender de Kiba para sempre. Aiko já é grande e eu sei que pode se cuidar sozinho. Agradeço a Kiba por cuidar meu filho e lhe digo que avisarei a ele para não aparecer amanhã, preparo a janta mas não sinto fome, a coloco no microondas para o jantar de Aiko de amanhã.

No dia seguinte como sempre me levantei e acordei o Aiko. Lhe disse para vir direto para casa, pegar o dinheiro que tinha no móvel e comer na padaria, e que a janta estava no microondas, como hoje não teria que chegar tão cedo ao escritório, tomamos café e eu o levei diretamente para a escola.

Mais tarde quando cheguei ao escritório, havia um pequeno pacote em minha mesa, nele dizia, feliz aniversário atrasado, super atrasado se você pensar que foi a 10 meses, seria mais fácil dizer adiantado, não tinha remetente. Ao desembrulhar me deparo com uma linda blusa, mas ela é azul não uso azul já fazem dez anos, e não usarei agora também. Eu a jogo no lixo me sentindo péssima.

Sinto cheiro de chuva, saio do escritório e caminho até chegar ha praça, tenho tempo de sentar no banco antes de começar a chover. Minha alma é lavada como em outras vezes, eu me sinto livre. E naquele momento eu estou tão feliz que não me contenho. Um sorriso sai de meus lábios, sei que é uma felicidade momentânea, mas completa. Dure o quanto durar.

Podem se horas ou segundos, mas eu estou completa agora. Sou inatingível, a dona do mundo. O ser mais feliz que nele habita. Posso ser o que eu quiser, até a chuva parar e eu voltar para o escritório com todos as minhas dores.


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Notas finais do capítulo

that's all folk
xoxo