Back In Black escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 7
Capítulo 7




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Bellatrix acordou sobressaltada, o rosto lavado em lágrimas...

– Foi só um sonho. Foi só um sonho. – Ela sussurrava, limpando as lágrimas que teimavam em cair. – Só um sonho...

Mas se fora só um sonho, então porque é que as palavras dele ainda reverberavam na mente dela?! Tão claras e nítidas que quase podia jurar que ele tinha estado ali do seu lado a sussurrá-las. Porque é que sentia ainda os lábios dele sobre os seus?

Porque te amo... As palavras reverberaram na sua mente fazendo com que um soluço escapasse dos seus lábios.

– Bella? – A voz ensonada de Lily soou da cama ao lado. – Está tudo bem?

A morena queria responder, mas não confiava na sua voz.

– Bells? – A ruiva voltou a chamar, agora mais desperta.

Bellatrix engoliu em seco, procurando controlar os soluços que queriam escapar.

– Está tudo bem, Lily. – Ela respondeu por fim, a sua voz estava rouca e de certeza absoluta que a ruiva iria reparar. – Volta a dormir.

– Estás a chorar? – Lily questionou saindo da cama e indo para a da amiga. – Oh, Bella!

A ruiva abraçou a morena que na segurança do abraço da amiga chorou. Não impediu mais as lágrimas e chorou. Lily puxou a sua varinha da mesa-de-cabeceira, fechou as cortinas da cama de dossel e depois lançou um feitiço de privacidade sobre a cama, impedindo que as outras raparigas do quarto as ouvissem.

– Foi só um sonho, Lily. – A morena chorou. – Mas eu queria tanto que fosse verdade. Queria tanto...

A ruiva nada disse, apenas ficou ali para a amiga, deixando que esta desabafasse. Sabia que a amiga costumava tomar uma poção de Sono-Sem-Sonhos, mas, pelo estado da morena, calculou que o stock dela devia estar para acabar. Ver a confiante Bellatrix Black assim partia-lhe o coração.

– Porquê, Lily? Porque é que não pode ser real?

Chhh, Bella. – Lily sussurrou, fazendo festas no cabelo de Bella suavemente. – Vai passar, vais ver que sim...

Bellatrix chorou durante mais alguns minutos, Lilian apenas afagava carinhosamente os cabelos da amiga, sussurrando palavras de conforto. Quando o choro da morena esmoreceu, ambas olharam para o relógio sobre a mesa-de-cabeceira de Bella, reparando então que faltava relativamente pouco tempo para a hora em que haveriam de se levantar.

– Vamos tomar um banho e descer para o pequeno-almoço, ahn? – Lily sugeriu com um pequeno sorriso. – Pode ser que te sintas melhor depois...

Bellatrix assentiu, os seus cabelos antes negros como a noite agora de um doentio tom cinzento. Na mente de Lily passou a imagem de James, indecisa se havia de correr para o chamar e pedir ajuda ou não, mordeu o lábio com o nervoso miudinho.

– Não. – A voz de Bella estava rouca com o choro, o que fez Lily assustar-se. – Não o chames... Ele... O James nunca vai perceber...

– Mas, Bells... Ele é o teu melhor amigo... Ele é teu primo.

– Ele nunca iria perceber, Lily. – Os olhos cinzentos de Bella imploravam-lhe ainda com lágrimas frescas. – Ele preferiria...

As palavras morreram nos lábios de Bella e Lily percebeu que o que quer que tenha estado presente no sonho da morena era um assunto delicado tanto para ela como para James.

– Se é assim que queres, não irei chamá-lo. Mas tens que me prometer que se for preciso que vais falar com ele, Bells.

A morena demorou um pouco a responder, considerado aquilo que havia de dizer. – Prometo.

Sentiu lágrimas a picarem-lhe os olhos novamente. Aquele dia estava destinado a ser pior que outro qualquer. Como raio iria superar o maldito do sonho se até uma simples palavra a fazia recordar os olhos e os lábios dele? Abanou a cabeça tentando afastar os tristes pensamentos e dirigiu-se para a casa-de-banho seguindo Lilian.

Sentia-se melhor com a água a bater-lhe nas costas, mas a sua mente não parecia querer largar as palavras do moreno... Porque a torturava tanto? Que mal lhe fizera?

Saiu da casa-de-banho, enrolada na sua toalha e rapidamente se vestiu. Quando estava pronta para sair do quarto com Lily, agarrou no braço da ruiva, os seus cabelos já tinham voltado à sua cor normal, mas a ruiva detectou uma madeixa cinzenta escondida sob outras.

– Obrigada. – A morena agradeceu. – Por teres estado lá para mim...

– Terias feito o mesmo por mim. – Lily disse com um sorriso.

Bellatrix assentiu, sorrindo fracamente. – Só te queria pedir outra coisa também... Por favor, não contes nada do que aconteceu ao James ou ao Remus... Eles iriam passar-se.

– Só queremos o que é melhor para ti.

– Eu sei, mas eu preciso de descurtinar isto sozinha... Pelo bem da minha sanidade mental.

Lilian observou a amiga, procurando por qualquer sinal que lhe dissesse que a jovem iria ter uma recaída, mas só encontrou pura determinação e uma sombra de tristeza no seu olhar. Suspirando, assentiu, condescendendo à decisão da amiga. – Se precisares de mim, sabes onde me encontrar.

Bellatrix sorriu ligeiramente e dando o braço a Lily, sairam juntas do quarto.

Masmorras de Slytherin

Sirius sentara-se na cama depois de ter passado um tempo a observar o tecto do seu dossel. Como poderia ser que só estava a cometer erro atrás de erro? Ele que tivera o cuidado de planear tudo ao mais infimo promenor... Tomar o lugar do Pai como chefe de família; reunir o maior número de famílias de sangue-puro possível; juntar-se a Voldemort... Porquê agora demonstrar fraqueza?

– Raios a partam. – O moreno silvou para o vazio.

Os seus colegas de quarto ainda dormiam, a luz do dia ainda estava por tocar as negras àguas do lago pelo que o quarto continuava envolto pela escuridão proporcionada pelas àguas profundas do Lago Negro. Sirius levantou-se e recolheu os seus pertences, talvez um duche o ajudasse a clarear as ideias, talvez fosse só isso que precisava.

Porque te amo... O que lhe dera para lhe dizer aquilo?! Ele precisava que ela confiasse nele, inteira, não precisava que a realidade do sonho a fosse confundir de tal modo que o comportamento dele durante o dia fosse destruir a frágil mente dela!

Ela não é assim tão frágil, recordou-se das palavras de James há já tanto tempo. Ela pode ajudar...

Em quê? Ela seria a queda dele, esse tanto para ele era óbvio... Se ela fosse envolvida na guerra, todos os seus esforços para a proteger e à família teriam sido em vão... Eles eram Blacks, deveriam ser eles que, no fim, prevaleceriam... A sua família era mais importante que tudo o resto. Então porque raio o seu coração parecia querer traí-lo daquela maneira?

Mas o que estava feito, estava feito. Teria apenas que arcar com as consequências dos seus actos... Poderia evitá-la por um dia... Tempo suficiente para que ela se esquecesse do sonho, para que a dor que ele tinha visto naqueles olhos azuis desaparecesse e fosse esquecida... Poderia...

Não consigo, pensou suspirando pesadamente. Evitá-la seria o fácil, mas não seria o certo. Ela iria desconfiar, ela iria ler as entrelinhas e descobriria que ele também fora afectado pelo sonho... E então tudo estaria perdido, o esforço daqueles onze anos teria sido deitado fora por um estúpido acto impulsivo... Maldito fosse o Gryffindor que habitava o fundo do seu coração... Maldita fosse a Gryffindor que habitava agora a sua mente...

– Foca-te, Black! – Sirius rosnou olhando para o espelho. – Tens coisas a fazer! Outras prioridades...

Eu vou sempre proteger-te, Bellatrix... As suas palavras repetiram-se na sua mente e ele lembrou-se da sua promessa. Ele prometera... e essa poderia ser a única promessa que ele se orgulhava de cumprir, mais nada interessava que a segurança dela...

Sirius grunhiu embatendo com o punho na parede de azulejos negros, detestava errar, especialmente quando sabia que esses erros não tinham uma um arranjo fácil... e este seu recente erro com Bellatrix só poderia ser resolvido com a ajuda de uma única pessoa.

– O que mais ficarei a dever-te, James Potter? – Sirius perguntou para o vazio, fechando a água do chuveiro e saindo da casa-de-banho.

– Hei! Hei, Potter! – Sirius gritou no meio do corredor apinhado, atraindo não só o olhar desconfiado dos Salteadores como também olhares espantados das restantes pessoas que passavam.

Ignorando os restantes colegas, o moreno apressou o passo para apanhar James e os outros dois Salteadores. Já perto do grupo, o seu olhar foi atraido para a figura de Bellatrix e, no seu fundo, tremeu com aquilo que via nela. A sua pele, por norma rosada e com um tom saudável, parecia mais pálida e até translúcida; os seus cabelos negros, outrora brilhantes e sedosos, agora pareciam baços e sem vida, mas aquilo que mais impressão lhe fez, foram os seus olhos – as suas profundezas azuis onde costumava perder-se estavam agora sem brilho e pareciam vidrados. O seu coração apertou-se ao observar as consequências dos seus actos, o que fizera partira dentro dela alguma coisa, destroçara-lhe um bocado da alma.

Estúpido, idiota... O moreno pensou obrigando-se a desviar o olhar da rapriga que sempre lhe parecera inabalável e agora parecia tão frágil.

– O que queres, Sirius? – A voz de James assumira um tom pouco amigável e a sua postura alterara-se para uma defensiva, como se o Slytherin apresentasse alguma ameaça.

A percepção do estado de espirito do primo alertou-o para o ambiente que havia entre os três com a presença dele. Viu como Remus se aproximou mais Bellatrix – soube que mais ninguém repararia naquilo, tal como mais ninguém reparara no estado da sua prima –, como se tentasse protege-la dele. No fundo do seu ser, sentiu a raiva inflamar-lhe o espirito, não raiva contra James e o seu amigo lupino, mas raiva contra si próprio.

– Queria falar contigo. – Sirius disse com o maxilar cerrado. – A sós se puder ser.

O Gryffindor olhou para os amigos e assentiu para Lupin que compreendeu a mensagem implicita naquele olhar... Leva-a para longe daqui. O sentimento de auto-repugna que o moreno Slytherin sentia adensou-se e deveria ter ficado contente quando o jovem lobisomem colocou a sua mão, delicadamente, no fundo das costas de Bella para a guiar para longe dele, deveria ter ficado calado, deveria ter-se contido, mas parecia que a sua mente e o seu coração estavam em discordância.

– Bellatrix. – O herdeiro dos Black chamou fazendo os dois pararem.

Pelo canto do olho, viu James empalidecer e imobilizar-se ao seu lado, aquela reacção do primo fez com que gelo escorresse pelas suas veias e apercebeu-se de que o estado de Bellatrix era pior do que o que imaginara.

A morena virou-se lentamente para ele, os seus olhos ganhando vida com o brilho de esperança que lhe surgiu no olhar. A figura adoentada dela conferiu uma sensação nauseante na boca do estômago do moreno e ele próprio se sentiu doente.

– Estás bem? – Não conseguiu impedir a pergunta de lhe sair dos lábios com um tom preocupado.

E Bellatrix, sendo tão perspicaz como era, apanhou aquele tom e só aquele breve instante de fraqueza do moreno foi o bastante para devolver alguma vida à rapariga, que sentiu-se subitamente confortável com a ideia de que, se calhar, Sirius realmente se importava.

– Sim. – Ela respondeu deixando de parecer tão doente como há poucos instantes. – Estou bem.

Ele viu o início de um sorriso no canto dos lábios dela e isso foi incentivo para que ele próprio sorrisse. Parte do seu erro estava consertado, agora só precisava de lhe provocar uma reacção, trazer a sua velha Bellatrix de volta.

– Óptimo. – Disse abrindo um sorriso arrogante que provocou exactamente uma mudança no semblante da morena. – Não queremos ter que chamar os teus papás cá à escola, pois não?

Bella semi-cerrou os olhos, sentindo uma sensação de frio agarrar-se ao seu estômago. – Não o farias.

– Então é bom que não fiques doente. – Ele disse, desta vez disfarçando bem o tom preocupado com um tom desafiador que provocou a resposta que ele queria nela.

Pode perceber que os olhos dela ficaram marejados, mas o que lhe bastou para consolo foi o modo como ela ergueu o queixo orgulhosa e marchou para longe dele com Remus atrás dela. Sirius esperou que ambos virassem a esquina e mudassem de corredor antes de se virar para James, que o fitava com um olhar assassino. Suspirando, fez sinal ao outro moreno para que o seguisse até uma sala de aula vazia.

Ao entrar na sala, a primeira coisa que o rapaz fez foi lançar um feitiço de privacidade no local de modo a que ninguém os incomodasse ou ouvisse o que ia ser dito no interior daquelas quatro paredes. Sabia que James estava furioso, conseguia sentí-lo no ar à sua volta, mas nada o tinha preparado para o que estava para acontecer, por isso ficou surpreendido quando James o agarrou pelo colarinho da camisa e o empurrou contra a parede.

– O que é que lhe fizeste?! – O Gryffindor rosnou, os seus olhos faiscando com raiva. – QUE MERDA É QUE FOSTE FAZER, SIRIUS!

– EU NÃO QUERIA QUE NADA DAQUILO LHE ACONTECESSE! – Sirius gritou em resposta. – Não tinha intenção de que as coisas corressem como correram! Só lhe queria mostrar uma memória! Não tinha intenção de que aquilo fosse desencadear outras coisas!

– Outras coisas?! Que outras coisas?! De que raio estás a falar?!

Sirius suspirou pesadamente, parecia estar a fazer muito aquilo ultimamente e para sua infelicidade, conseguia prever que continuaria a fazer o mesmo durante mais algum tempo. James largou-o e afastou-se, apenas o suficiente para que o primo se mexesse inquieto. Queria respostas, queria saber porque raio tivera a infeliz surpresa de ver Bellatrix com um ar abatido sob uma aparência de boa disposição fingida quando descera para tomar o pequeno-almoço. Ao contrário dos outros, James aprendera a ler a morena, aprendera a compreender até os mais pequenos sinais que a denunciavam, tal como a pequena ruga que se formava entre as suas sobrancelhas quando estava pensativa. Naquele caso, o que a denunciara foram os fios cinzentos que, apesar de ela os ter tentado camuflar a todo o custo, continuavam presentes sob os seus cabelos negros.

– Quando te dei aquele frasco ontem, estava a preparar um encantamento... Um feitiço antigo que ligaria os meus sonhos aos dela... Era o único modo de...

– Não! Não é o único modo de comunicares com ela! E tu sabes bem que não! – James interrompeu, os seus olhos voltando a faiscar com raiva. – Estou farto de te dizer: ela não é tão frágil como pensas, Sirius! Ela aguentaria a verdade!

– NÃO! – Sirius exclamou, assustando James pela súbita reacção do Slytherin. – Ela não aguentaria, James! Tu, melhor que ninguém, viste o que apenas um sonho, um sonho, fez! Porque achas que escolhi o sonho?! A Bellatrix não é nenhuma Occlumens! E tu sabes tão bem como eu que existem Legilimens por aí, mortinhos por ter uma oportunidade para apanharem aquilo que eu sei.

– Sirius, ele...

– Não te atrevas a dizer que aquele velho lunático não é manipulador o suficiente para arrastá-la e às suas nobres intenções para a Ordem da Fénix. – Sirius disse remexendo no seu cabelo de forma nervosa. – Eu não vou arriscar! Quer seja o Dumbledore ou até mesmo o Voldemort! São ambos Legilimens notáveis e se os nossos planos caissem na mente certa... – O moreno deu um sorriso sombrio. – Eu não vou arriscar que a Bella saiba de tudo para depois ser capturada, por qualquer um deles, e o meu plano ir por água abaixo.

– De qualquer maneira, isso não explica porque razão escolheste o sonho. – James disse, o seu tom mortalmente sério. – Nem o que aconteceu nele para que ela ficasse tão abalada.

Outro suspiro.

– Só nos sonhos seria justificável, para ela, que eu fosse aquele Sirius que ela adorava que eu fosse... Aquele Sirius que ela sempre irá ficar à espera que apareça...

E então a compreensão abateu-se sobre James, como se de um puzzle se tratasse, as peças cairam nos sitios certos, formando uma imagem de partir o coração. Sirius apercebeu-se do momento em que Prongs percebera o que se sucedera durante a noite e o simples ar iluminado do primo foi o suficiente para libertar a frustração em si, fazendo com que agarrasse nas suas madeixas negras e as puxasse irritado.

– Qual foi a memória que lhe mostraste?

– Mostrei-lhe o momento em que prometi que a protegeria para sempre!

O jovem Potter abanou a cabeça, desiludido... Compreendia o que o primo queria fazer, compreendia o quanto ele precisava daquilo, mas não conseguia entender o porquê de não ser directo e acabar com a miséria que sentia e a de Bellatrix. Não seria muito mais fácil contar a verdade toda e viver a vida como sempre deveria ter vivido?!

– Trouxeste-me aqui para desabafares a borrada que tinhas feito?! – James perguntou passado algum tempo.

Sirius olhou para ele, lendo a imagem do primo como se este fosse um livro aberto. Desilução, irritação, cansaço, compreensão e, por fim, resignação... James compreendia o porquê de ele fazer aquilo, sabia que sim; sabia também que o primo tinha razões para o procurar a ele, mas isso não o impedia de se sentir cansado com tudo o que se passava.

– Queria pedir-te que me ajudasses a resolvê-la, irmão.

A sinceridade na voz de Sirius não chocou o outro moreno, sabia que no fundo, no fundo, ele se importava com Bellatrix. Atrevia-se até a dizer que ele a amava profundamente... Que outra explicação haveria para o seu comportamento.

– Promete-me só uma coisa, Sirius. – James disse, a sua voz implorava e os seus olhos também. – Não a faças sofrer mais... Acaba com isto depressa... Ela pode não ser frágil com golpes vindos de outros... Mas de ti, ela já não aguenta mais.

– Nem eu. – O Slytherin sussurrou.

James assentiu e preparou-se para sair da sala, quando a voz de Sirius voltou a interrompê-lo.

– Parabéns.

O animagus olhou para o primo com uma sobrancelha erguida, não compreendendo de onde surgira a súbita congratulação.

– Soube da mais recente aderência aos Salteadores... – Sirius explicou-se com um pequeno sorriso a brincar no canto dos seus lábios.

E pela primeira vez desde que se juntara ao Black naquela sala, James sorriu, um sorriso genuino.

– Tencionas ensinar-lhe...?! Ou pelo menos contar-lhe acerca do Lupin?

– Eu nunca poderia ensiná-la. – A determinação com que James afirmou aquilo fez Sirius erguer uma sobrancelha. – Acerca do Remus... Mais cedo ou mais tarde terei que contar... O facto de ela ser uma Perfeita pode ser-nos útil...

– É bom que isso seja para breve... A Lua Cheia aproxima-se e o Remus vai precisar de vós.

– Eu sei. – James disse, saindo, por fim, da sala.

Vendo-se sozinho, Sirius suspirou novamente. Nem tudo estava perdido... Só precisava que os seus planos não fossem frustrados por outros sentimentos idiotas...

Bloqueia aquilo que sentes para que sejas verdadeiramente forte, a voz do seu pai encheu-lhe o pensamento, tão cheia de desprezo e frieza.

Sempre o odiara, pela tortura que lhe causara, pelos anos de infância que lhe roubara... As memórias dos castigos severos do Pai ainda lhe doiam tanto como as cicatrizes que foram feitas pelos feitiços usados pelo cruel Orion durante as sessões de treino como o velho homem costumava dizer... Cicatrizes que nunca sairiam da sua pele... que nunca sairiam da sua alma. Por todas essas razões, doia-lhe admitir que o Pai tivera razão em todas as palavras que dissera, os seus sentimentos só atrapalhavam, por mais nobres que fossem ou mais fortes.

Tudo tem um preço, Sirius... E esses preços são sempre mais elevados quando deixamos que as nossas emoções se envolvam. Novamente a voz de Orion ressoou na sua mente. O moreno rosnou sob a sua respiração, tudo tinha um preço... e o preço daquela missão auto-imposta tinha sido o seu coração. E maldito fosse ele se não conseguisse conclui-la, tendo já pago o preço!

Com esses últimos pensamentos, Sirius abandonou a sala de aula ainda a tempo de ouvir a campainha dar o sinal de o começo de uma nova aula. Suspirando novamente, caminhou para a sua aula seguinte.

– Estás, particularmente, calado hoje. – Snape disse para Sirius durante a aula de Herbologia.

– Não que tu sejas particularmente conversador, Severus. – O moreno respondeu dando pouca atenção ao seu colega e mais atenção à planta com que trabalhava.

Severus Snape observou o seu companheiro de quarto, lendo nele aquilo que sabia tratar-se de algo muito importante. Sabia que o herdeiro da família Black não era dado a confiar em ninguém ou se tinha algum problema, não era seu hábito partilhar as suas preocupações com outros, especialmente se esses outros fossem os seus colegas de casa.

– Algo te preocupa. – Não era uma pergunta e o jovem rapaz não esperava resposta, mas soube lê-la no modo como Sirius cerrou o maxilar.

– Snape, se não queres meter-te em problemas, sugiro que não te intrometas nos meus assuntos.

Severus assentiu, voltando a sua atenção para o vaso na sua frente. Ambos trabalhavam muito bem juntos, nem um nem outro falava mais do que o necessário e isso fazia com que se dessem muitissimo bem numa bancada de trabalho... Ambos evitavam falar sobre algo que fosse pessoal por esse mesmo motivo era fácil ver Sirius na companhia do outro Slytherin, apesar de ser mais comum encontrá-lo na companhia do seu irmão mais novo.

– Estás a podar mal essa planta. – Sussurrou Snape. – Ainda vais matá-la.

Sirius apertou a tesoura de podar da professora de Herbologia e pousou-a forçosamente na mesa. Raios já não lhe bastavam os problemas que tinha sem ter outros a intrometerem-se?! Ainda tinha que aturar com as suposições de Snape?!

– O que é que queres, Snape?! – Sirius bufou irritado.

– Querer não quero nada, mas a tua má disposição está a afectar o teu desempenho na aula! – Severus disse baixo o suficiente para que a professora não o ouvisse. – E devo recordar-te que se alguém matar uma planta ou danificá-la, será a equipa dessa pessoa que irá pagar o dano com bastantes pontos.

Black suspirou e antes que pudesse responder ou fazer mais algum estrago à planta, tocou o sinal para o fim da aula. Sentiu-se aliviado por saber que iria ver-se livre do colega durante tempo suficiente para não elouquecer. Para sua felicidade, estava quase a sair da estufa quando Snape conseguiu apanhar o seu passo.

– Hoje não me vejo livre de ti, não é?

– Se vais tentar destituir a nossa equipa de todos os pontos que temos, sim, não te vês livre de mim.

Sirius rolou os olhos perante a resposta de Severus. Detestava ter quem andasse atrás dele, porque raio não podia o dia correr bem?

– Ouve, tenho alguns problemas para resolver! É só isso que tenho na minha mente...

– E esses problemas envolvem as pessoas para quem me pediste as poções?

A pergunta súbita de Snape fez com que o moreno parasse. Esquecera-se completamente daquilo que pedira a Severus, como poderia tal ter acontecido?!

– Já as tens? – Perguntou vendo o outro rapaz assentir. – Ainda bem. Onde estão?

– No dormitório. Agora que vamos almoçar podemos passar por lá para as ires buscar, se assim quiseres.

Sirius pesou a sugestão do colega, revendo as vantagens que haveria em despachar já aquele assunto... Estaria a facilitar a vida de muita gente, especialmente a sua...

– O que te ficarei a dever depois disto?

Snape ergueu uma sobrancelha, já beneficiava imenso em ser uma espécie de braço direito para Sirius Black, bastava utilizar o nome dele em qualquer lugar mágico que tinha assesso às coisas que queria ou precisava... A influência do dito amigo era já um preço alto para os favores que ele lhe pedia.

– Creio que nada. – A resposta de Severus fez com que Sirius erguesse uma sobrancelha. – Já beneficio bastante por te fazer companhia... o teu nome é bem mais influente do que o nome da minha própria mãe.

A resposta de Snape pareceu ser suficiente para Black pois este último calou-se e aceitou a ajuda do rapaz sem mais uma palavra. Ambos dirigiram-se para a Sala Comum de Slytherin, a fim de deixarem as suas coisas e Sirius obter as poções que Severus preparara.

– Obrigado. – Sirius disse num tom monotono, virando depois costas para o colega de quarto.

– Aonde vais?

Sirius ofereceu um sorriso ao colega, não um sorriso genuino, nem um sorriso sarcástico, apenas um trejeito com os lábios.

– Ora, já estás a querer saber de mais! – Avisou-o. – Vemo-nos à mesa.

O moreno abandonou o seu dormitório, andando descontraidamente até à torre das corujas, precisava de despachar aquele assunto o mais depressa possível.


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Notas finais do capítulo

E o mistério continua... E a tristeza também!
Pessoal que for estranhar o Sirius dar-se com o Snape de maneira tão cordeal... recordo que o Sirius é um Slytherin e que para além de isso é um Black!
Tudo o que o Sirius faz tem uma razão de ser e será explicada no decorrer da história!
Espero as vossas opiniões!
Beijinhos!



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