Capítulo 8 – Aproximação Perigosa

Sakura não conseguiria viajar depois de tudo o que tinha acontecido. Depois daquele beijo na calada da noite, os pensamentos dela eram rodeados por somente uma pessoa: Sasuke.

Ainda estava em choque com o beijo inesperado. Será que ele estaria brincando com ela?! Se fosse uma brincadeira, era de muito mal gosto.

- Pode entrar. – ela pediu ao ouvir as batidas na porta do quarto. Viu Chyo passando animada e fechando a porta atrás de si. – Diga, Chyo...

- Já está arrumando as malas?! – ela perguntou sorridente.

- Sim. Não gosto de deixar as coisas para a última hora... – murmurou enquanto colocava alguns vestidos simples na mala posta sobre a cama. – Mas eu não queria ir...

- Você está estranha esses dias, Sakura. O que está acontecendo?!

Chyo era a pessoa mais observadora da casa, algo notável. Desde o dia do incidente na piscina, Sakura estava diferente. Estava mais acanhada e quase não conversava com a governanta. Assim como evitava conversar com Sasuke e corava pelo simples fato de ele estar presente.

- Fiz uma pergunta, Sakura... – ralhou a mulher irritada ao perceber que estava sendo ignorada pela mesma.

- Já lhe disse que não é nada, Chyo.  Estou bem, é sério! – Sakura virou o rosto o suficiente para Chyo ver um sorriso doce nos lábios e em seguida, voltou aos seus afazeres.

Chyo revirou os olhos impaciente. Sakura definitivamente não sabia mentir.

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Aquela reunião parecia não ter fim para ele. Apesar de fazerem somente cinqüenta minutos do início da mesma, Sasuke tinha a sensação de estar sentado há mais de três horas enquanto ouvia um dos sócios de seu pai mostrar o crescimento das empresas Uchiha ao longo dos meses.

Seus pensamentos foram despertados com o barulho de palmas que instalou-se por toda a sala de reunião. Sasuke não havia escutado absolutamente nada da reunião, seus pensamentos estavam longes demais para isso.

Estava louco...

Pelo menos era essa a conclusão que ele tinha em mente. Deveria estar louco em beijá-la naquele dia. Havia agido por impulso, isso ele tinha certeza.

Mas e o resto?!

E o ciúmes durante toda a festa? E a forma como a imagem dela perturbava-lhe os sonhos quase todas as noites?! Não era somente impulso, era bem mais que isso.

- Teme?

O Uchiha bufou quando a visão dos olhos curiosos do melhor amigo apareceu diante de si.

- Você está bem? Parece meio no mundo da lua.

- Não é nada. O que você quer? – grunhiu levantando-se. Todos haviam ido embora e ele era o único que ainda permanecia sentado.

- Já arrumou as coisas para o congresso? Sabe que precisamos ir, não é?

- Já está tudo pronto. – afirmou cerrando os olhos em direção ao relógio de pulso. Ainda não estava na metade do seu expediente e ele já estava cansado. – Você vai ficar no Otogakure Hotel?

Sasuke assentiu desinteressado, vendo Naruto dizer algumas outras coisas sobre a reserva dos quartos ou algo do tipo. Provavelmente não era nada importante já que não fez o Uchiha interessar-se a ponto de voltar sua atenção para o amigo.

Itachi, que até aquele momento conversava com alguns executivos responsáveis pelo marketing da empresa, aproximou-se dos dois rapazes e observou a cena. Naruto, mesmo não percebendo, falava com uma estátua que nem sequer o olhava. Conhecendo seu irmão como conhecia, sabia que algo estava errado, mesmo ele negando à todos.

- ... Sasuke...

- O que disse?- Olhando-o perdido, perguntou.

- Você está bastante distraído hoje irmãozinho... – ralhou Itachi – Algum problema?

- Não,  nenhum... – respondeu seco. – Vou para minha sala.

Sem esperar, Sasuke levantou-se e tomou o caminho rumo ao seu escritório. Ouviu Naruto dizer mais alguma coisa relacionada com sua estadia no tal hotel, mas apenas acenou um positivo com uma das mãos. Seus  pensamentos estavam muito longe dali e um pouco de paz e tranqüilidade era o ambiente perfeito para colocá-los em ordem.

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Finalmente o taxi estava parado em frente ao endereço indicado por Sakura. Mal podia acreditar que sua tia estava ao seu lado e com quase toda a saúde recuperada. Depois de meses lutando contra uma pneumonia forte, Sora finalmente estava longe de oxigênio, médicos, exames... finalmente estava indo para sua nova casa.

- Obrigada. – Sakura estendeu algumas notas correspondentes ao valor exposto no taxímetro e sorriu ao motorista, que agradeceu o pagamento.

Por sorte, elas precisavam carregar uma única mala que continha as coisas que Sora usara nos últimos dias.

- Então é aqui, Sakura-chan? – perguntou a mulher maravilhada.

- Sim, é aqui. – sorriu.

As duas estavam paradas em um prédio de seis andares de cor bege, com sacadas pintadas de branco. O pequeno apartamento que Sora ocupava ficava no terceiro andar.

Dando suas identificações ao porteiro, Sakura e Sora dirigiram-se ao elevador do mesmo. Poucos segundos depois, as portas do elevador se abriram e revelaram quatro portas de cor branca.

- É esse aqui, tia. – Sakura apontou para a porta de número 32 e retirou a chave do bolso, destrancando  a porta.

A porta foi aberta, revelando uma sala com móveis em tom marfim e uma janela enorme com cortinas brancas. Uma televisão de tamanho médio também encontrava-se no meio da sala, de frente para os dois sofás de cor escura.

– Espero que goste... – sorriu.

Havia um corredor com três portas brancas, correspondentes a um quarto, um banheiro e a cozinha.   Não era um apartamento grande, mas era confortável o suficiente para Sora sorrir surpresa.

 - Oh Sakura, é lindo. – Sora não podia conter o tom de alegria na voz.

- Vou mostrar o apartamento para a senhora.

Sakura mal podia acreditar que tudo aquilo era conquista de seu esforço. Finalmente pôde dar um pouco de conforto para uma das únicas pessoas da sua vida, mesmo achando que a tia merecesse muito mais.

Distraídas, Sakura e Sora não viram  o tempo passar. Estava entretidas demais com a nova moradia e, quando se deram conta, já estava quase anoitecendo.

- Quando será sua viagem, Sakura?

- No próximo final de semana, mas na segunda feira eu estarei de volta. Não se preocupe.

- Não entendo como um senhor de idade se propõe a fazer essas viagens. Será que não percebe que só está prejudicando ainda mais a sua saúde?! – Sora resmungou incrédula pela imprudência do homem.

Por dentro, Sakura se contorcia de angústia. Como odiava mentir para sua tia e, infelizmente, mentir estava se tornando uma coisa cada vez mais freqüente em sua vida. Omitindo alguns fatos, Sakura tentava preservar  a saúde quase que totalmente restabelecida de sua tia e faria o que fosse preciso para mantê-la assim.

Tentou espairecer andando até a janela da sala e afastando as cortinas para avistar o céu. Havia passado muito tempo desde que saira da mansão Uchiha e precisava voltar logo... Logo o suficiente para não encontrá-lo.

- Sakura?

- S-sim? – perguntou assustada. – Desculpe tia, acabei me distraindo... o que dizia?!

- Nada demais. – Sora deu os ombros.

- Acho melhor eu ir, está ficando tarde... – Sakura fechou as cortinhas. – A senhora ficará bem?

- Sim.

- Prometa que não vai se esforçar e descansar bastante, está bem? – Sakura viu Sora menear um sim com a cabeça e aproximou-se da senhora para se despedir.

Assim que Sakura foi embora, a senhora ficou perdida em seus próximos pensamentos. A sobrinha era uma péssima mentirosa e ela sabia que havia algo mais em tudo aquilo... e com o tempo, descobriria.

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Os raios quentes de sol embelezavam ainda mais o cenário ao redor dela. Sakura estava maravilhada com o tamanho e o luxo do aeroporto de Suna, ao mesmo tempo que sentia borboletas no estomago em pensar que viajaria de avião. Somente o balanço de alguns ônibus que pegava, era capaz de deixá-la enjoada... imagine um avião.

- Obrigado. – ela ouviu a voz fria dele ao seu lado, agradecendo a atendente a pelas passagens que já estavam em suas mãos. – Vamos?

-Uhum. – Sakura concordou puxando a mala de rodinhas de cor vermelha para si.

Sasuke mantinha-se uma pouco mais a frente, verificando alguma coisa nas passagens. Assim que o alcançou, olhou curiosa para os dois pedaços brancos de papel nas mãos do Uchiha.

- Senhores passageiros com destino à Otogakure apresentem-se na plataforma B1.

- É o nosso vôo? – Sakura arriscou.

- É. – respondeu-a, desviando momentamente seu olhar à ela.

A cada passo que dava naquele hall enorme, Sakura sentia sua coragem indo embora. Sentia estar sendo tomada por um pânico que nunca havia sentido. “E se o avião cair?” aqueles pensamentos não estavam ajudando-a em nada.

- Sakura, você está bem? - Ela engoliu em seco a pergunta de Sasuke, fazendo um simples menear de cabeça. -  Está com medo? – o tom de voz dela era de puro sarcasmo.

- E-estou... – ela disse finalmente, depois de soltar o ar que não sabia estar preso em seus pulmões. – Eu n-nunca andei de avião na minha v-vida.

- Nada vai acontecer. – garantiu Sasuke com um sorriso de canto... um sorriso irresistível aos olhos dela.

Agora Sakura não tinha certeza se sobreviveria as três horas de viagem. Não somente pelo medo, mas sim pela pessoa que estaria ao seu lado durante todo esse tempo.

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Sasuke analisava o rosto e as ações de Sakura. Era incrível como não se parecia em nada com a mesma rosada que morava em sua casa. Estava realmente se divertindo com tudo aquilo.

Sentada com as unhas cravadas na poltrona confortável do avião, Sakura sentia seu coração sair pela boca. Suas mãos suavam e os dedos estavam vermelhos nas pontos, chegando a causar dores nos mesmos. Sua respiração estavam tão acelerada e os olhos fixos do lado de fora daquela coisa enorme, que ela nem se importava com os olhares preocupados das pessoas que passavam por ela. Queria sair dali ou não saberia se estaria viva quando chegasse a Otogakure.

-... Caso haja algum problema durante o vôo, o avião dispõe de máscaras de oxigênio individuais...

E os comentários da aeromoça não eram os melhores incentivos para se manter naquele avião.

-... Em caso de turbulência, mantenham a calma e aguardem as informações do piloto...

Sasuke notou o quanto Sakura estava tensa, mal se mexia. E a cada frase da aeromoça, a rosada  afundava-se mais ainda na poltrona.

- T-turbulências?- ela resmungou para si mesma ofegante.

- Sakura...

- Por favor, me deixe sair daqui. E-eu não quero ficar aqui... – finalmente ela virou-se para Sasuke, vendo-o com uma expressão divertida.

- Em uma hora estaremos em Otogakure. – Sasuke garantiu fitando-a. – Você mal perceberá a hora que chegarmos. Relaxe, Sakura.

Ela suspirou pesado recostando a cabeça no estofado macio da poltrona do avião. Sasuke não estava ajudando em nada e Sakura teve a ligeira impressão que aqueles sessenta minutos seriam os mais longos de sua vida.

Sakura soube quando o avião decolou devido a um pequeno “tranco” que sentiu. Nada que durasse mais de três segundos.

- Estamos no ar... – pelo menos foi isso que ouvira de Sasuke, antes de fechar os olhos e tentar relaxar.

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Sasuke sentiu ela se mexer ao seu lado e sorriu de canto. Para alguém que estava tão nervosa com a viagem de avião, Sakura dormiu relativamente bem durante quase todo o percurso.

Enquanto a Haruno estava no mundo dos sonhos, Sasuke aproveitou para ouvir música ao mesmo tempo que revia alguns documentos da empresa. Estava tão distraído que sobressaltou-se quando sentiu a cabeça de Sakura recostar no seu ombro esquerdo.

Agora, faltavam poucos minutos para estarem em Otogakure e já havia passado da hora dela acordar. Antes que ele pudesse tentar acordá-la, Sakura resmungou alguma coisa enquanto tentava abrir os olhos verdes sonolentos.

Demorando alguns minutos para processar onde e com quem estava, Sakura abriu os olhos e olhou ao seu redor. Poltronas cinzas, pessoas dormindo confortáveis e algumas aeromoças passavam ora ou outra pelos corredores, empurrando alguns carrinhos com aperitivos.

O pior de tudo foi quando percebeu que sua cabeça não estava recostada na poltrona em que estava sentada, mas sim no ombro do Uchiha. Instantaneamente sentiu uma quentura lhe subir à face.

E agora?!

Tomando coragem, Sakura desencostou-se dele e endireitou-se onde estava. Sem olhá-lo, ajetou alguns fios de cabelo.

- Já estamos chegando. – avisou-a de uma forma estranhamente gentil enquanto guardava os papéis numa pasta que levara consigo. – Para alguém que estava nervosa com uma simples viagem de avião, você até que dormiu bastante. – sorriu irônico.

Sakura enrugou a testa sem graça pelo comentário. Desde quando ele se tornara tão falante?

- Acho que acabei adormecendo por alguns instantes.

- Alguns?! – ironizou, fitando-a pelo canto dos olhos.

Ela olhou irada para o Uchiha. Aquela viagem pareceu fazer bem para seu humor... até demais na opinião dela.

“Dentro de poucos minutos, estaremos pousando em Otogakure. A Konoha’s Air Lines  agradece a  preferência.”

- Graças a Kami. – murmurou para si mesma.

- O casal deseja mais alguma coisa? – perguntou uma das aeromoças que passava pelo corredor ao lado de Sakura.

Antes de dispensá-la, Sasuke olhou para a rosada que apenas negou com a cabeça, fazendo o Uchiha dispensar a moça com um aceno com a mão.

- Chyo me disse que você escolheu sua roupa para o jantar dessa noite. É verdade?! – Sasuke perguntou-a visivelmente curioso.

Segundo a governanta, a rosada pediu para que ela mesma escolhesse o vestido que usaria naquela ocasião, alegando que precisava aprender a escolher suas próprias coisas sem precisar da ajuda de ninguém.

- Sim, é verdade. Não se preocupe, tive uma pequena ajuda da atendente da loja... – respondeu-o.

- Não entendi o porque desse comentário.

- Apenas não se preocupe, porque não farei que passe vergonha.

- Nunca disse que me fez passar qualquer tipo de constrangimento, Sakura. – Afirmou, vendo a mulher ao seu lado abaixar o olhar.

Ele definitivamente não gostava de quando Sakura se “rebaixava”, fazendo-o parecer um monstro para si próprio. Sasuke sabia que não era o senhor simpatia e que estava muito longe de ser, mas não lembrava-se de tê-la humilhado ou dito que alguma vez teria passado vergonha por culpa dela.

Na verdade, era surpreendente como a cada dia Sakura conseguia se superar, alcançando a educação e o refinamento que muitas mulheres da alta sociedade não tinham. Mesmo assim, por dentro continuava sendo a mesma garota humilde que um dia ofereceu-se para trabalhar em sua casa.

E foi por essa garota presente no interior de Sakura, que os sonhos do Uchiha eram preenchidos há algumas semanas.

- Desculpe ter sido rude... – Ela comentou enquanto desciam do avião. – Só que estou um pouco preocupada com a minha tia. Nunca viajei sozinha e a deixei sozinha.

- Sua tia já saiu do hospital e está em um apartamento confortável. – respondeu-a um pouco rude. -  Não tem com o que se preocupar...

- Hum... - Sakura suspirou fundo, vendo a movimentação do hall do aeroporto.

As coisas não seriam nada fáceis...

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Não demorou muito para eles pegarem suas malas e encontrarem um taxi que os levasse ao hotel onde Hinata os havia hospedado. O caminho foi em total silêncio, o que incomodou o Uchiha de uma forma inexplicável.

- Otogakure Hotel... – o senhor que dirigia o taxi comentou, voltando-se para o banco traseiro onde eles se encontravam.

Sasuke pagou o valor que constava no taxímetro e logo estavam com as bagagens em mãos novamente. Dessa vez, adentraram as portas de vidro espelhadas do hotel lado ao lado.

- Espere aqui, Sakura. – ele pediu, vendo-a assentir.

Distraída, Sakura não percebeu quando Sasuke afastou-se em direção ao balcão. Estava preocupada demais em olhar a decoração do lugar. Uma recepção ampla com pisos de cor clara e um enorme balcão negro de um lado, algumas poltronas com uma senhora sentada  e uma enorme televisão de plasma do outro lado. Ora ou outra saiam algumas pessoas de dois elevadores localizados ao lado da recepção.

Ela avistou o moreno aproximar-se de si, seguido de um rapaz vestido com uma vestimenta um tanto engraçada em tom vermelha e deduziu ser o carregador das bagagens. Se conteve para não rir do pobre rapaz, já que pensava que apenas nos filmes alguém usaria uma roupa daquelas.

- Vamos subir. – anunciou o Uchiha fazendo um sinal para o rapaz pegar as duas malas que encontravam-se ao lado da rosada. Demorou poucos minutos para que ambos vissem a porta do elevador sendo aberta e adentrasse ao corredor.

“Como poderiam existir lugares tão lindos em cidades tão pequenas?” Sakura pensava.

Sasuke andou um pouco mais rápido e, três portas depois do elevador, enfiou a chave e girou a maçaneta da porta, abrindo-a logo em seguida. Sem cerimônias, o Uchiha e o rapaz entraram, deixando Sakura admirando o corredor do hotel. O chão coberto por um carpete escuro passava a sensação de fofura, mesmo estando com um sapato de salto baixo. A cada porta que passava, Sakura notava uma espécie de campainha ao lado das mesmas.

“Já deveria ter me acostumado com tantas frescuras..” encolheu os ombros. Não esperaria menos que isso vindo de Sasuke.

Só saiu de seus pensamentos quando o rapaz que ajudara a carregar as malas passou por ela e sorriu, enquanto colocava algo nos bolsos do uniforme, provavelmente a gorjeta. Sorrindo de volta, ela andou até onde Sasuke havia entrado e seu queixo caiu quando colocou-se na soleira da porta.

Aquilo não era um quarto de hotel... definitivamente não era mesmo um quarto de hotel! Era um apartamento completo, talvez tão grande quando o que alugara para Sora.

Desde quando havia uma sala em quartos de hotéis!? Com TV’s de plasma que ela sequer sabia as polegadas... aquilo realmente não era sua realidade.

Sakura ouviu o Uchiha praguejar algo de algum lugar do cômodo. Pouco tempo se passou para que o vulto dele passasse rápido pelos seus olhos, que ela mal pôde acompanhar.

- Kuso! – Praguejou ele com o telefone próximo ao ouvido.

- Alg-  Sakura parou de falar quando o viu fazer um sinal com a mão.

- Uzumaki Naruto está hospedado nesse hotel? – o tom de voz dele estava mais nervoso que o normal. – Passe-me para o quarto dele!

Ela não estava entendendo absolutamente nada do que estava acontecendo e Sasuke arrancando os cabelos enquanto andava de um lado para o outro não ajudava muita coisa.

- Dobe. – grunhiu entre os dentes.

- Teme?! Já chegaram?

- Naruto, foi você que fez a minha maldita hospedagem?

- Não... na verdade era para eu fazer, mas estava ocupado e pedi a Hina-chan que fizesse... – Sasuke suspirou frustrado. – Por quê?

- Esqueça! – exclamou passando a mão pelo rosto de forma nervosa e, desviando o olhar para Sakura, completou: - Estou indo até aí.

Sakura tentava decifrar o motivo da raiva de Sasuke sem muito sucesso. Algo realmente grave tinha acontecido para deixá-lo naquele estado de nervos.

- Dobe... – Sakura o ouviu resmungar de costas para ela.

- O que houve? – perguntou apertando a barra da bata que usava. Por um momento pensou que ela havia feito algo de errado, mas não encontrou nada. – Algum problema?

Sasuke suspirou e levou as mãos aos cabelos, puxando-os.

- Veja você mesma. Vá até aquela porta. Eu já volto.

Sem entender a situação – o que estava acontecendo freqüentemente nas últimas horas -, Sakura atendeu ao pedido do Uchiha e caminhou a passos lentos para a porta branca presente do lado esquerdo do quarto de hotel.

A porta estava entreaberta, proporcionando a visão de uma enorme cama de casal com um acolchoado vermelho e dois travesseiros brancos sedosos.

- Não entendo... – resmungou para si mesma, tentando entender o motivo do Uchiha estar tão irritado.

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Sasuke andava mais rápido do que suas pernas agüentavam, mas acharia Naruto de qualquer forma. Aquele corredor parecia tão pequeno, mas quando se estava com pressa tinha uma disãncia considerável.

Finalmente encontrou a porta correspondente ao quarto do Uzumaki e bateu forte, esperando o amigo abrir.

- Qual é o problema, Teme?!  - resmungou o Uzumaki dando passagem para que o moreno entrasse.

- Onde está a Hinata?

- Hanabi e ela foram conhecer o hotel. Algo errado? – perguntou novamente. Sasuke parecia um tanto atordoado para ele, algo difícil de se notar em um Uchiha, principalmente nele.

Sasuke soltou todo o ar que estava preso em seus pulmões desde que saira de seu quarto e olhou seriamente para Naruto.

- O problema é que foi Hinata que fez as reservas do quarto...- bufou.

- E...?

 - E, Naruto, Sakura e eu estamos no mesmo quarto. Hinata fez uma única reserva! – Respondeu o moreno irado.

Naruto deu uma risada divertida. Havia esquecido o pequeno de detalhe de Hinata não saber da relação patrão-empregada entre aqueles dois. Mesmo assim achou a idéia bem tentadora, considerando o fato do amigo estar com a cabeça nas nuvens graças a rosada.

- Você já é maduro o suficiente para ter auto-controle, Sasuke. São apenas duas noites... – afirmou convicto.

Realmente seu amigo não havia entendido a situação. Sua preocupação era justamente perder o controle que tinha e acabar fazendo coisas por impulsos, como naquela noite na mansão. Ele não estava acostumado com isso. Sempre tinha todas que queria aos seus pés e era necessárias poucas palavras e olhares para conseguir quem quisesse... até Sakura entrar em sua vida.

Perder o controle àquelas alturas estava fora de cogitação.

Sasuke tentava imaginar como a Haruno reagiria quando descobrisse que o quarto onde estavam hospedados continha apenas uma cama. Uma única cama.

Continua...