Capítulo 7 – A Festa

Os convidados estavam eufóricos durante toda a semana e Sakura sabia exatamente o porque. Tudo tinha que estar perfeito para a festa que seria realizada naquela noite na mansão Uchiha.

Os móveis luxuosos da sala de estar foram retirados, dando lugar à um espaço amplo para que convidados e garçons pudessem transitar  sem muitos problemas. Na parede maior da sala, os quadros e objetos de decoração foram retirados e substituídos por um telão, onde a história da empresa Uchiha seria passada.

As cortinas escuras foram retiradas, dando lugar à cortinas douradas e brancas  de seda. A cozinha da mansão não parava sequer um minuto com o corre-corre dos empregados e dos funcionários do Buffet que Sasuke havia contratado.

Mas nenhuma decoração interna conseguia ofuscar a beleza do exterior da mansão. O enorme gramado vazio estava repleto de cadeiras e mesas com toalhas brancas e um pequeno arranjo de flores em cima das mesmas. O  espaço era iluminado por luzes estrategicamente colocadas entre as árvores e próximas as escadas e ao redor da piscina, fazendo com que o ambiente ficasse com a iluminação perfeita.

- Está tudo tão lindo, Chyo... – Sakura comentou após  fechar a cortina de seu quarto.

- Isso é verdade. – Chyo estendeu o vestido longo de cor champagne para a rosada. – Vamos, vista-se.

- Está bem, Chyo. – Sakura resmungou. – Eu já volto!

Não demorou mais que dez minutos para Sakura sair do banheiro devidamente vestida com o vestido tomara-que-caia longo.

- Sakura, você está linda. – a governanta aproximou-se dela apenas para ajeitar o vestido no corpo dela e sorriu.

- Obrigada. – murmurou envergonhada.

- Termine de se arrumar. Logo os convidados chegarão e vocês precisam estar prontos para recebê-los. – Chyo disse antes de fechar a porta do quarto atrás de si.

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Alguns convidados já haviam chegado. Assim como no orfanato, todos trajando ternos elegantes e provavelmente caros. Ino e Hinata, assim como Naruto e Gaara não haviam vindo para a confraternização das empresas Uchihas.

Como era o combinado, Haruno Sakura era a “namorada” de Uchiha Sasuke, tinham se conhecido em uma viagem há alguns meses e estavam juntos desde então. Ela era filha de um importante executivo do Japão e havia herdado uma grande parte das ações da empresa.

Como sempre, Sakura estava emaranhada em uma teia de mentiras que crescia cada vez mais...

- Sakura?!

A rosada ouviu a voz de Sasuke chamá-la atrás de si.  Ao virar-se, encontrou-o acompanhado de dois homens e duas mulheres.  

- Esses são meus pais, meu irmão e minha cunhada. – ele apresentou-os à ela. Assim como todos os outros, os dois homens estavam devidamente vestidos com ternos negros. – Meu pai, Fugaku. – ele estendeu a mão para o homem com aparência mais velha, mas não menos imponente que os outros Uchihas.

- Prazer, Sakura. – Fugaku estendeu a mão a ela que apertou suavemente sorrindo. – Está é minha esposa Mikoto.

Ao voltar seus olhos para a mulher ao lado dele. Pele branca, cabelos azulados quase negros compridos e um olhar maternal, assim como seu sorriso.

- Prazer, Mikoto-san... – Sakura disse sorrindo, recebendo um sorriso ainda maior da mulher.

- Igualmente, Sakura-chan.

- Esse é Itachi, meu irmão. – Sasuke apontou para um rapaz alto, com aparência um pouco mais velha que ele. Itachi era muito parecido com o pai, ainda mais por ter as mesmas marcas faciais do mesmo, só que parecia um pouco menos sério.

Itachi sorriu de canto para ela, sendo inevitável que o rubor não tomasse conta de suas maçãs do rosto. “Kami, todos na família tem esse sorriso...”

- E essa é Yukari, esposa de Itachi.

Os olhos verdes pousaram na silhueta da moça de cabelos escuros compridos e olhos acinzentatos, que eram parcialmente cobertos pela franja. Yukari sorriu abertamente para Sakura, que assim como todos os outros, retribuiu.

Mikoto aproximou-se da rosada e tomou uma das mãos dela  colocando-a entre as suas entre as dela em um gesto carinhoso e sorriu.

- A quanto tempo estão juntos?! – ela perguntou alternando o olhar entre Sasuke e Sakura.

Sasuke pigarreou antes de responder.

- Alguns meses.

- Deveria ter nos apresentado antes, irmãozinho. – Itachi alfinetou o irmão com tom sarcástico. 

- Concordo, Sasuke-kun... – Yukari se pronunciou.

Fugaku foi o único que não se pronunciou, mas somente pelo olhar que ele lançara ao filho mais novo, deixava claro que ele concordava com a opinião dos outros três.

- Na verdade, eu preferi esperar um pouco para contar a vocês. Desculpem... – Sakura pronunciou-se.

Olhando de esgueira, Sasuke sorriu de canto com o comentário dela. Aquelas perguntas  já estavam começando a incomodar-lhe e agradeceu mentalmente por Sakura ter tamanha naturalidade ao jogar a responsabilidade para si.

- Então não há qualquer problema. – Itachi disse. – Ele não é muito de conversar com as pessoas, como você mesma deve ter percebido Sakura. – o comentário foi acompanhado de uma risada baixa de Mikoto.

- Hunf.

- Itachi-kun... – Yukari murmurou em tom reprovador, enquanto apertava a mão do marido com um pouco mais de força. – Pare com isso.

- Mas é a verdade, Yukari. Temos que preparar Sakura psicologicamente para agüentar o meu irmão.

Sakura riu com o comentário do irmão do Uchiha. Ele parecia tão diferente de Sasuke, era mais compenetrado, mas não deixava de ser agradável tê-lo por perto.

- Acho melhor vocês dois pararem. – Mikoto alertou-os vendo a expressão cada vez mais dura de Fugaku ao seu lado. – Parecem duas crianças de cinco anos.

Os minutos seguintes foram regados de conversa, principalmente vindos de Mikoto, Itachi e Yukari. Pelo pouco que conheceu dos Uchihas, Sakura deduziu que Sasuke era muito parecido com o pai. Fugaku era o mais reservado de todos e o mais sério também. Já os outros eram mais comunicativos, alegres e muito mais simpáticos.

Fugaku, Sasuke e Itachi se ausentaram para cumprimentar alguns sócios da empresa que logo chegaram a mansão, deixando a pequena roda de mulheres em meio a risadas e conversas.

Descobriu que Mikoto e Fugaku moravam no interior de Konoha, na fazenda dos Uchihas. Já Itachi e Yukari – juntamente com sua filha Akemi – mudaram-se da cidade a pouco tempo, residindo na cidade vizinha, Suna. Segundo a mãe dele, Chyo havia cuidado dos irmãos desde crianças e sempre teve um carinho especial por Sasuke, trabalhando para ele logo que se mudara para Konoha.

Pela primeira vez, Sakura não se sentiu uma completa deslocada no meio de pessoas importantes. Nem mesmo com sua família se sentia tão bem como ali com eles.

Aquela “pequena confraternização” estava mais cansativa do que o jantar beneficente. Sasuke já transbordava impaciência por cada poro e não dava-se ao trabalho de esconder em nenhum momento.

- Fiz ou disse algo errado?! – ela perguntou quando finalmente pararam um pouco longe das pessoas.

- Por que está perguntando isso? – Sasuke indagou oferecendo-lhe uma taça de champagne, enquanto pegava outra para si.

- Você parece irritado. – comentou sem graça.

- Não é nada importante. – Sasuke bebericou o champagne e olhou-a.

- Você não queria estar aqui, não é?! – Sakura viu-o estreitar os olhos em sua direção. – Pense que está fazendo isso por seus pais... – sorriu.

- Hum...  – resmungou. Como o irritava o excesso de bondade dela.

A atenção dos dois foi desviada para um senhor bem conhecido por Sasuke. Hiku Morivo, um dos principais sócios da empresa de seu pai, aproximava-se de onde Sakura e ele estavam conversando.

- Boa noite, Sasuke-san. – sorriu-lhe para desviar sua atenção para Sakura logo em seguida. – E quem é essa bela moça?!

Sakura sorriu sem graça e desviou seus olhos para Sasuke, que não mexera um músculo sequer da face.

- Haruno Sakura. – ela apresentou-se.

Morivo tomou a mão esquerda da rosada e levou aos lábios, beijando o dorso da mesma.

- Hiku Morivo, ao seu dispor. – sorriu malicioso. – Fugaku-san não me disse que tinha uma nova nora.

Aquele comentário fez Sasuke trincar os dentes. A presença daquele homem já era desagradável o suficiente sem ter que ouvir as indiretas dele.

- É um prazer conhecê-lo, Morivo-san.     

Sasuke rodou os olhos irritado. Sakura era tão tola que não sabia quando alguém flertava com ela?

- Vamos, Sakura. – a voz dele saiu cortante e irritada.

Nenhum deles soube explicar o porque de tudo aquilo. Sakura não entendera tanta irritação e sentiu seu sangue ferver ao sentir os dedos firmes do Uchiha enlaçando uma das laterais da sua cintura. Já ele, não sabia o porque de sentir aquela raiva por Morivo e seu maldito olhar desejoso sobre Sakura.

Só percebeu sua quase falta de controle quando viu que praticamente arrastava-a pela sala.

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Era possível ouvir as risadas e conversas paralelas entre os convidados do lado de dentro da mansão. Estava fazendo tudo certo e se portando de forma adequada, mas ainda estava receosa com relação à família de Sasuke. Mikoto e Itachi foram receptivos com ela, tratando-a bem e como se fosse da família. Fugaku apesar de ser bem fechado, a tratou de forma educada, muito melhor do que Sasuke a tratava em determinadas horas.

- Já está ficando tarde e acho melhor irmos embora. – Mikoto comentou olhando diretamente para Fugaku.

- Vamos então... – ele grunhiu sem muita animação como de costume. – Foi um prazer conhecê-la, Sakura. – Fugaku lhe lançou um cumprimento antes de se retirar.

- Até logo, Fugaku-san.

- Gostei muito de conhecê-la, Sakura-chan. – Mikoto disse após abraçar-lhe ternamente. – Obrigada pela noite, gostei muito da sua companhia.

- Oh, por favor Mikoto-san. Obrigada por tudo. A senhora é uma pessoa muito gentil...

- Nos veremos em alguns meses. – A Uchiha murmurou, vendo a expressão de Sakura. – Sasuke não deve ter lhe dito, mas vamos viajar por alguns meses para o Japão. Fugaku terá negócios por lá... – ela suspirou desanimada. – Trate de se acostumar, Sasuke e Itachi estão no mesmo caminho... – Sakura ficou encabulada com o sorriso alegre que Mikoto lhe dera. Havia entendido muito bem o que a senhora queria lhe dizer. – Preciso ir, querida. Até logo...

- Até logo, Mikoto-san... – ela murmurou vendo a mulher afastar-se.

Já eram altas horas da manhã quando a família Uchiha foi embora da mansão. Itachi e Yukari haviam ido mais cedo, já que deixaram Akemi com a babá e já era tarde da noite.

Eram poucos os sócios que ainda aproveitavam as bebidas e aperitivos da festa, o que fez Sakura agradecer mentalmente.

Aquele salto estava lhe matando e precisava achar Chyo para saber o que faria. Sequer conseguia andar tamanha era a dor nas solas dos pés e ficar sentada estava fora de cogitação. Seria indelicado demais permanecer sentada durante o restante da festa.

- Chyo?! – Sakura esgueirou-se para o jardim a procura da governanta. – Droga...

Nenhum sinal de Chyo ali também.

Sakura avistou uma mesa próxima da piscina e olhou para os lados, verificando senão tinha ninguém por perto e assim que notou que estava sozinha, sentou-se e retirou as sandálias dos pés.

Nem podia descrever o quanto estava aliviada por deixar seus pés respirarem.

- Preciso voltar. – Sakura pensou alto olhando para a piscina que refletia as luzes do jardim.

Colocou as sandálias nos pés e um pouco desajeitada deu alguns passos. O que ela menos esperava era que uma das sandálias não estivesse tão presa quanto Sakura imaginava, fazendo-a virar o pé e desequilibrar-se indo de encontro às águas da piscina.

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Chyo estava totalmente perdida em meio aos garçons que sequer sabia o nome para dar as ordens e as empregadas da casa pareciam tão perdidas quanto ela. Apesar de a comemoração estar em seus minutos finais, ainda haviam alguns sócios de Fugaku que conversavam animados e não tão sóbrios na sala, fazendo que os garçons ainda tivesse trabalho.

- Chyo, Sasuke-sama está te chamando. – uma das empregadas apareceu ofegante.

- Já estou indo. – Chyo respondeu irritada.

A governanta foi em direção a sala de estar e no corredor foi abordada por um Uchiha nada contente.

- Onde está ela?!

- Quem, Sasuke-san?! – perguntou assustada com o tom de voz usado por ele.

- Sakura! A quem mais estaria procurando?! – Ironizou. – Alguns sócios do meu pai querem se despedir dela. – A ultima frase saiu entre os dentes.

- Eu não sei aonde ela está. A última vez que a vi, ela estava com você.

- Encontre-a, Chyo. – resmungou antes de lhe dar as costas.

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Quase dez minutos de procura e nenhum sinal da Haruno. “Onde essa garota foi parar?!” pensou a senhora. Já havia procurado em cada canto daquela casa e fora dela e nada de achá-la.

Desnorteada, Chyo resolveu aproximar-se de Sasuke e três sócios que ainda teimavam em beber e conversar com o Uchiha.

- Com licença, Sasuke-san. – Ela falou pelas costas do Uchiha, chamando atenção dos quatro homens presentes ali. – Sakura-san pediu para pedir desculpas, mas ela está se sentindo indisposta e pediu para dar os devidos cumprimentos aos senhores.

O olhar irritado de Sasuke pousou sobre as feições da senhora fazendo-o chegar a uma única conclusão: Chyo estava mentindo.

- Não há com o que se preocupar, Sasuke! Estávamos de saída. Dê lembranças a senhorita Haruno, sim?! – o homem sorriu malicioso.

Como gostaria de acabar com aquele sorriso daquele velho. Ele achara mesmo que o Uchiha não tinha visto os olhares desejosos dele sobre a rosada?! Aliás, ele não era o único que virava-se unicamente para ver Sakura passar.

- É claro... – Nem mesmo um sorriso falso Sasuke conseguiu dar. – Chyo, acompanhe os senhores até a porta.

Ela assentiu e depois dos homens se despedirem do Uchiha mais novo, acompanhou-os até a porta.

Assim que se viu livre deles, Sasuke passou as mãos no rosto nervosamente. Sakura precisaria de uma boa explicação para sumir daquele jeito. Pelo menos seus pais, seu irmão e sua cunhada já haviam ido embora a um certo tempo.

- Sasuke-san... – Chyo o tirou de seus pensamentos.

- Não me diga, Chyo. Você não a encontrou... – ele grunhiu entre os dentes. 

- Procurei em todos os lugares, Sasuke-san. – lamentou a governanta.

- Vamos procurá-la agora!  - Ele ordenou.

Sasuke esperava que Sakura tivesse um bom motivo para desaparecer daquela forma.

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O frio e a tristeza já tinham tomado conta de Sakura há algum tempo. Havia estragado tudo graças a idéia de tirar as sandálias que tanto lhe apertavam. Só não foi pior porque ninguém tinha visto sua queda na piscina e o fato de ter caído próxima das escadas da mesma.

Agora, Sakura estava encolhida no pequeno depósito de ferramentas de jardinagem que ficava nos fundos do jardim e longe da mansão. Era uma espécie de barracão, mas tudo era organizado e limpo. Havia encontrado um cantinho entre os regadores e os rastelos que os empregados usavam e sentou-se jogando as sandálias em um canto qualquer.

As lágrimas de tristeza se misturavam com as gotas que desciam pela franja molhada grudada em sua testa. O vestido, assim como todo o seu corpo e cabelos, estava ensopado com a água da piscina. A maquiagem que antes estava borrada foi limpa com um pano que ela havia encontrado dobrado em uma prateleira.

O que diria à ele? Que tinha se desequilibrado e caído na piscina e ficou com vergonha em voltar para a festa!? Aquilo era ridículo aos ouvidos da Haruno, que dirá aos ouvidos do Uchiha.

Sakura torceu o cabelo longo, tentando retirar o maior excesso de água que conseguiu e o colocou caído sobre um dos ombros. Estava com tanto frio que era possível ouvir o ranger dos dentes. 

- Eu estraguei tudo... – balbuciou aos soluços enquanto torcia a barra do vestido. – Você é uma idiota, Sakura.

Abraçou os joelhos e recostou-se ainda mais na parede do galpão, sentindo um frio lhe percorrer a espinha e soluçou baixo. Estava torcendo para que ninguém a encontrasse tão cedo.

- Sakura! – ela ouviu a voz de Chyo chamar-lhe lá fora.

Não respondeu, apenas encolheu-se mais tentando parar de chorar.

- Sakura!? – ela escutou a porta do galpão ranger e viu a iluminação do jardim invadir o espaço escuro onde estava.

Sakura torceu para que a governanta não encontrasse, mas foi em vão. Escutou os passos dela aproximarem de si e um som de surpresa escapou dos lábios da senhora.

- Sakura... – Chyo agachou-se perto da rosada e tocou-lhe o topo da cabeça. – O que aconteceu?

- Eu cai... na piscina, Chyo... – Sakura murmurou depois de longos segundos.  – Eu t-tropecei... eu não sei. – respondeu limpando as lágrimas com o dorso das mãos. 

- Você se machucou? – perguntou-a buscando com os olhos qualquer arranhão ou hematoma, mas ao ver Sakura negar, Chyo suspirou aliviada. – Você vai ficar doente, Sakura! Está ensopada! Eu vou pegar algumas toalhas, fique onde está.

 Sem esperar, Chyo saiu do pequeno galpão e andou a passos rápidos pelo jardim iluminado. Assim que entrou pela porta da cozinha, deparou-se com Sasuke passando as mãos pelo rosto.

- A encontrei, Sasuke-san. – os olhos do Uchiha se arregalaram e as sobrancelhas juntaram-se. – Ela está no galpão do jardim. Ela caiu na piscina e vou buscar algumas toalhas...

Assim que viu Chyo desaparecer pelos corredores da mansão, Sasuke resolveu conferir ele mesmo a informação da empregada. Não entendi como Sakura poderia ser tão desastrada a ponto de cair na piscina.

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A passos largos e rápidos, Sasuke adentrou o galpão. Há anos não entrava ali, mas os empregados sempre mantinham o local arrumado assim como todo o resto da mansão.

Acostumando-se com a escuridão, ele caminhou pelo lugar e seus olhos estreitaram-se quando viu alguns fios rosados iluminados pela claridade e confirmou suas suspeitas quando ouviu um soluço abafado vindo do mesmo lugar.

- Sakura!

Assim que ouviu a voz do moreno, Sakura estremeceu. Ele provavelmente faria inúmeras perguntas e, provavelmente, ela não teria resposta para a maioria delas.

Mesmo com a escuridão do local, ela pôde ver a silhueta do Uchiha agachar-se exatamente em sua frente e no mesmo instante desviou o olhar. Provavelmente ele estaria irado e ouviria poucas e boas pela “gafe” que havia cometido. Não havia muito o que fazer...

- Me desculpe... – ela sussurrou apertando a saia do vestido entre as mãos. – Eu estraguei o vestido, os sapatos... – finalmente ela teve coragem de encará-lo com os olhos banhados em lágrimas. – Eu não queria estragar tudo, Sasuke-sama.

Em qualquer outra situação, o moreno gritaria e diria absurdos para ela. Sim, ela havia se ausentado durante o final da confraternização o fazendo passar por uma situação um pouco constrangedora, mesmo que ele não se importasse o que os sócios do seu pai falariam depois que saíssem da mansão.  Provavelmente diria o quanto ela foi estúpida e perguntaria como havia sido tão desastrada em cair na piscina.

Mas aquela situação era diferente...

Pela primeira vez os dois estavam tão próximos e Sasuke reparou nos traços delicados da Haruno. O rosto estava sem qualquer maquiagem, como muitas vezes ele havia a visto. Os olhos brilhavam devido as lágrimas de medo que ela derramava, mas mesmo assim era bela.

Como Naruto tinha dito, ele estava cego por não ver o quão bonita Sakura era.

- Como caiu na piscina? – ele perguntou incrédulo, tentando em entender a mais nova proeza dela.

- Não sei. – respondeu.

Ela estava tão desconcertada com aquela cena ridícula que mal o encarava. Sabia de como Sasuke podia ser cruel com as palavras quando queria.

E o fato dela não encará-lo estava o irritando.

- Por que tem medo de mim? – a pergunta saiu tão naturalmente que impressionou a Haruno. – Medo de me olhar nos olhos...

- Tenho vergonha, não medo... – ela respondeu-o.  

- Do que? – Sasuke viu-a negar com a cabeça e bufou.

- Sakura! Sasuke-san!

Ambos olharam para a porta do galpão, encontrando Chyo com algumas toalhas brancas em mãos. Ele levantou-se e deu passagem à governanta, deixando que Sakura se levantasse e pegasse um ma das toalhas e se secasse.

- Venha, querida... – Chyo estendeu uma das mãos para a rosada. – Vai adoecer se continuar ensopada desse jeito. – ralhou a senhora.

O Uchiha acompanhou com o olhar as duas distanciando-se. O vestido estava colado no corpo da Haruno, fazendo com que as curvas dela ficassem ainda mais delineadas. Como não tinha visto isso antes?!

- Hunf... – ele balançou a cabeça algumas vezes para afastar tais pensamentos.

Só poderia estar ficando louco ao notá-la.

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Sakura nunca agradeceu tanto por existir uma porta dos fundos na mansão.

Os empregados e garçons que não sabiam sequer quem ela era olhavam-na como a pior das aberrações quando entrou ensopada pela cozinha e dirigindo-se até a sala.

- Estou deixando um rastro de água por onde eu passo, Chyo! – ela alertou a governanta que sequer se importava com isso.

- Você precisa de um bom banho e vou pedir para Myia preparar um chá quente para você. – Chyo ignorou totalmente o que Sakura havia dito.

Subiram as escadas a passos rápidos, adentrando no quarto da Haruno.

- Tire essa roupa molhada e vá direto para o chuveiro. Depois coloque o roupão que em breve lhe trarei o chá.

- Obrigada, Chyo. – sorriu melancólica.

Tomou um banho demorado e quente. Em certos momentos, seus dentes chegavam a ranger alto por causa do frio que sentia. Precisava agradecer a Chyo por ter deixado tudo arrumado para ela.

Enrolou-se no roupão e saiu do banheiro, encontrando a governanta entrando com a bandeja contendo uma  xícara fumegante de chá.

- Tem certeza que não se machucou, Sakura?! – ela perguntou voltando-se para a rosada.

- Tenho, Chyo. – Sakura fitou o chão envergonhada. – Sasuke-sama deve estar uma fera comigo.

Sakura tomou a xícara das mãos de Chyo e agradeceu com um sorriso.

- Na verdade, ele está bem preocupado. – fitou-a de canto. – Nós não sabíamos onde deveríamos procurá-la, Sakura. Deveria ter ido até a cozinha ou avisar alguns dos empregados e não esconder-se.

- Não queria estragar a confraternização da empresa dos Uchihas, Chyo.

A governanta soltou um suspiro frustrado.

- Tudo bem, Sakura. Tome o chá e descanse... – sorriu antes de sair do cômodo.

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Já eram mais de quatro horas da manhã quando os garçons do Buffet retiraram-se da mansão Uchiha.

A sala já estava com todos os móveis arrumados e limpos como se nada havia acontecido ali, graças a eficiência de Chyo e dos empregados da mansão.

Sasuke encontrava-se no escritório em frente a janela direcionada para o jardim da mansão, mais precisamente em frente ao galpão onde Sakura havia se escondido.

“Não está gostando dela, está Sasuke-san?! Nunca o vi tão perturbado com uma simples moça.”

Aquilo seria um verdadeiro absurdo! Gostar justamente da pessoa que mais o irritava em tão pouco tempo. A pessoa mais cabeça dura, irritante, desajeitada, humilde e... doce que ele já conhecera?!

Por que todos gostavam dela!? Seus pais, seu irmão, Naruto, Hinata, Ino, Gaara, Chyo... todos sem exceção gostavam de Sakura.  E ele não podia negar que ela era uma pessoa agradável.

Quando notou que a rosada tinha simplesmente desaparecido durante a festa, pensara mil coisas. Desde coisas banais, como o fato de ela estar em outro cômodo da casa, até coisas absurdas, como seqüestro. Somente depois percebeu que seria quase impossível alguém seqüestrá-la em plena festa.

Sasuke saiu de seus pensamentos quando viu uma silhueta com cabelos rosas correr para dentro do galpão que ele observara por minutos.” O que raios ela vai fazer ali?!”

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Andando sorrateira pelo gramado molhado pelo orvalho da manhã, Sakura esgueirou-se pela porta  do galpão que servira de refúgio horas atrás a procura do par de sandálias que havia usado na festa. Ou pelo menos parte dela.

Todos os empregados, ou a grande maioria deles, já estava dormindo e estava mais escuro que o normal, já que as luzes do jardim tinham sido apagadas.

- Ai! – Ela não conseguiu enxergar o pé de uma mesa de madeira velha logo ao lado da porta e quando bateu o pé, escutou um barulho alto de algo caindo.  – Urgh! Droga...

Com as mãos, ela tateou a mesa e dirigiu-se de forma cuidadosa até o local onde ficara agachada. Seu ombro acabou por trombar numa pequena prateleira na parede, só que dessa vez, a sorte esta ao seu favor. Lá estava uma pequena lanterna onde a auxiliaria para encontrar as benditas sandálias.

Demorou um pouco para a lanterna finalmente iluminar o quarto e dar uma grande ajuda aos olhos dela.

- Encontrei! – exclamou satisfeita ao ver o par de sandálias sobre uma poça de água.

Pegando-as  com uma das mãos, Sakura as chacoalhou para tirar o excesso de água das mesmas, com o pensamento em voltar para seu quarto.

Ainda guiada pela luz da lanterna, Sakura virou-se para  a porta do local. Ao fazer isso, viu uma sombra parada exatamente na porta por onde ela deveria sair.

E se fosse um ladrão!? Ela congelou ao cogitar essa possibilidade...

Por instinto, jogou a lanterna com toda a força em direção a cabeça da pessoa, ouvindo-a praguejar e em seguida, um baque surdo de algo caindo no chão de madeira do local. Havia acertado a tal pessoa de forma tão precisa que a lanterna que jogara já estava em seus pés.

Pronta para dar mais um golpe improvisado com as sandálias, Sakura estreitou os olhos e seu queixo caiu ao ver que não se tratava exatamente de um ladrão.

- Kami... Sasuke-sama! – Exclamou assustada ao ver o patrão estendido no chão e com uma das mãos cobrindo o rosto. – Por favor, me desculpe! E-eu me... assustei!

Ainda meio desnorteado com o golpe na cabeça, Sasuke impulsionou seu corpo para frente e sentou-se. A testa latejava e ao passar a mão no lugar, percebeu que sangrava.

- Você é louca, Sakura?! – Indagou incrédulo, sentindo uma pontada forte na cabeça. – O que diabos você estava fazendo aqui a essa hora da noite!?

- Esqueci minhas sandálias... – murmurou envergonhada.  – Não foi minha intenção machucá-lo, Sasuke-sama!

Ele massageou a testa com os olhos fechados sem nem ao menos ouvir o que Sakura tinha dito.

- Deixe-me ver isso. – ela pediu, elevando os cabelos negros do Uchiha enquanto aproximava-se. – Foi um corte superficial.

- Não se preocupe. – Sasuke percebeu a distância perigosa entre eles, praguejando em seus pensamentos o porque de aquilo o incomodar tanto.

- Eu realmente sinto muito, Sasuke-sama... – balbuciou chorosa. “Como sou desastrada...” pensou.

Sasuke levantou-se um pouco cambaleante e estendeu a mão à ela.

- Obrigada. – sorriu sem graça. – Não acha melhor cuidarmos desse corte? É o mínimo que eu posso fazer...

Conhecendo-a como Sasuke a conhecia, sabia que ela não desistiria fácil e entregou-se aos pedidos dela.

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A  cozinha estava silenciosa, assim como todo o resto da mansão. Todos os empregados da mansão, incluindo Chyo, já dormiam. Também pudera... eram altas horas da madrugada.

Um kit de primeiros socorros estava colocado no balcão de mármore da cozinha, ao lado de gazes e um pequeno vidro de cor escura.

- Acabei. – Sakura anunciou depositando a gaze com alguns resquícios de sangue na bancada.

A atadura na testa do Uchiha estava feita.

- Obrigado. – ele agradeceu baixo. Não estava acostumado a agradecer e alguns pensamentos o perturbavam demais.

Estava gostando da companhia dela, sentia ciúmes quando percebia os olhares desejosos de qualquer homem sobre sua silhueta, achava-a incrivelmente atraente. Droga! O que estava acontecendo com ele?!

- Sasuke-sama?! Terminei... e desculpe... – Sakura virou-se de costas, recolhendo as coisas que havia utilizado para o “socorro” do moreno.

- Tudo bem, Sakura. – sussurrou com a voz arrastada.

Ele ficou observando-a guardar as coisas e aproximar-se de si, apoiando-se na bancada para verificar se o curativo havia sido realmente feito de forma correta. Passou a mão de leve por ele e Sasuke fechou os olhos com o contato tão delicado e sutil.

- Acho melhor ir dormir, já está bem tarde! – Confirmou ao olhar o relógio da cozinha e verificar que faltavam poucos minutos para as seis da manhã. – Bom resto de noite, Sasuke-sama. – sorriu. 

Sasuke não conseguiu conter-se ao ver o delicado sorriso doce dela e inclinando-se, roçou seus lábios aos de Sakura.

Ela não correspondera, sequer havia fechado os olhos quando a beijou.

- Boa noite... – ele sussurrou entre os lábios de Sakura, retirando-se logo em seguida.

Ainda estática, ela viu a figura imponente de Sasuke distanciar-se. O que tinha acontecido ali?! Ela havia acabado de ser beijada por Sasuke, isso ela sabia! Só não acreditava...

O moreno sabia que tinha deixado uma rosada muito perplexa pelo seu ato inesperado. Até mesmo ele sentia-se confuso. Como uma mulher como Sakura despertara tal sentimento nele, até então desconhecido? Amor seria uma palavra muito forte naquele momento para descrever os sentimentos dele por Sakura, mas era muito mais que uma simples atração.

Continua...