Procura-se Uma Acompanhante escrita por lininhaaa


Capítulo 1
Capitulo I - O Anúncio




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Capitulo I - O Anúncio

 

 

 

O hospital público de Konoha estava lotado. Crianças, adultos e idosos estavam espalhados pela maioria dos corredores devido a uma grande epidemia de gripe que se instalou na cidade.

Uma moça de aproximadamente 22 anos estava sentada no chão ao lado de sua tia Sora. Assim como a maioria dos idosos, a pobre mulher foi atacada pela gripe e devido à idade avançada, Sora evoluiu com uma pneumonia importante, sendo obrigatória sua internação.

- Preciso arrumar um emprego... e rápido! – murmurava para si mesma. 

- Sakura... por que essa carinha, filha?  Logo eu estarei melhor e sairei daqui! – disse a senhora em meio a tosse.

Sakura apenas sorriu tristemente. Sua tia que sempre fora tão forte e superou todos os obstáculos na vida, agora estava ali com uma saúde deplorável.

O sentimento de incapacidade tomou conta de Sakura. Ela sabia muito bem que precisava tirá-la dali o mais rápido possível. Caso não o fizesse, corria um sério risco de perder sua tia para sempre e provavelmente não se perdoaria.

 Mais que uma tia, Sora  era uma mãe, literalmente. Ela a adotara quando sua verdadeira mãe a abandonou para fugir com um namorado sete anos mais novo que ela. Mais tarde, soube que o tal homem havia sido preso pelo assassinato da companheira... Da mãe de Sakura. 

– Por que não vai para casa e descansa um pouco?

- Estou bem aqui! Acho melhor a senhora descansar... – respondeu fazendo uma carícia delicada no braço da senhora. 

- Você está sentada aqui há quase quatro horas, Sakura! Vá para casa, coma alguma coisa e descanse. Se continuar assim, ficará doente! Fique tranqüila, não sairei daqui... – comentou em tom brincalhão. 

- Está bem. – respondeu derrotada. -  Prometo não demorar! E a senhora, descanse!

Andou pelas ruas desolada  até parar em uma velha banca de jornal. Retirou  algumas moedas do bolso e comprou um jornal.  

Depois de muito andar, entrou no humilde prédio onde morava e subiu os quatro lances de escada rapidamente. Assim que entrou no apartamento onde morava com a tia, sentou-se no sofá e abriu o jornal na sessão de classificados.

Passou seus olhos verdes por cada anúncio e entristeceu-se. Todos precisavam de experiência: recepcionista, balconista, secretária...

Ficou quase meia hora lendo cada anúncio, mas era sempre a mesma história: paga-se bem! Porém, precisa-se de  experiência. 

- Droga! – praguejou.

Queria chorar de raiva. Por que não poderiam aceitar uma pessoa sem experiência? Sabia fazer de tudo um pouco. Será que isso não bastava?

Sakura estava prestes a jogar o jornal no lixo, quando virou a página e viu um anúncio discreto.

“Procura-se acompanhante para viúvo. Não é necessário ter experiência. Paga-se bem.”

Era tudo o que precisava. Ela tinha uma boa experiência em cuidar de idosos devido aos longos anos passados com sua tia. Dobrou o restante das folhas do jornal e pegou a página contendo o classificado. Iria hoje mesmo até o endereço citado no anúncio, afinal não poderia perder tempo.

Decidiu tomar um bom banho, já que suas roupas e seu cabelo cheiravam a hospital. Não poderia apresentar-se numa entrevista naquele estado e antes de entrar no chuveiro, vasculhou seu guarda-roupa a procura de uma roupa adequada, mas o máximo que achou foi um vestido verde-claro um tanto desbotado. Era isso ou uma calça jeans e um moletom velho e largo.

Em menos de quarenta minutos, estava pronta diante do espelho, apenas escovando os cabelos rosados.

Pegou sua bolsa e foi até o ponto de ônibus mais próximo. Teve que viajar quase uma hora em pé, mas não se importou. Seu pensamento estava naquele anúncio. Precisava ser aceita naquele emprego... a vida de sua tia dependia dele.

Quando finalmente desceu do ônibus, parou no primeiro bar de esquina e pediu informação. Foi atendida muito gentilmente por uma senhora de idade, que lhe informou corretamente o local.

Andou por quase dez minutos em meio a um vento frio. Abraçou o próprio corpo e andou  o mais rápido que pôde. Finamente avistou a esquina que continha o nome exato da rua anunciada no jornal e, ao dobrá-la, deparou-se com uma mansão em tom pastel com os portões em dourado e com a letra U em branco, exatamente no centro.  Seus olhos se arregalaram. Nunca tinha visto tamanha beleza em um lugar só.

Hesitou por alguns momentos em tocar o interfone, mas quanto mais rápido o fizesse, mais rápido saberia se seria a acompanhante ou não. Apertou o botão e mordeu os lábios ao escutar ter sido atendida.

- Pois não?

- Boa tarde. Estou aqui porque vi um anúncio no jornal e...

- Ah, sim! Qual seu nome?

- Sakura Haruno...

- Ok! Aguarde um momento por favor.

 

 

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Chyo, a governanta da mansão Uchiha, atravessou toda a sala e direcionou-se para uma porta fechada. Bateu algumas vezes e ouviu seu patrão ordenando que entrasse.

- Senhor Uchiha, desculpe incomodá-lo,  mas há uma moça na porta interessada no seu anúncio.

O homem que estava com os olhos vidrados no notebook, desviou-os rapidamente para a soleira da porta do escritório onde se encontrava Chyo.

- Muito bem... sabe o que fazer não é, Chyo?

- Sim, senhor!

 

 

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Uma agonia tomou conta de Sakura. Será possível que esqueceram-se dela?

“ Que absurdo...” riu de si mesma.

O vento ficava cada vez mais forte, fazendo-a bater os dentes. Praguejou-se por não ter comprado uma calça e uma blusa de frio. Mas com que dinheiro faria isso? Usou quase todas as suas economias para comprar os remédios para a tia doente e o pouco que lhe sobrou, usou na compra do jornal e na passagem de ônibus. E agora só tinha mais alguns trocados que seriam usados para pegar o ônibus de volta para casa.

- Senhorita Haruno?! – chamou-a novamente pelo interfone.

- Oh, sim! Desculpe...

- Abrirei os portões da mansão e peço por gentileza que dirija-se a porta dos fundos.

- Está bem!

Sakura tomou um susto ao ver os portões s abrindo sozinhos. Quando a senhora disse “abrirei os portões”, pensou que ela viria com um chaveiro imenso, contendo a chave.

“Isso que dá ser caipira!” pensou revirando os olhos.

Finalmente colocou os pés dentro da entrada da mansão. A paisagem era mais bela do lado de dentro. Talvez os portões atrapalhassem a visão de magníficas árvores que estavam no suposto “quintal” da mansão.

Agora o problema: onde fica a porta dos fundos?

Sem se mover, procurou apenas com o olhar qualquer porta pequena que ficasse nos fundos. Nada mais óbvio. Sakura levou outro susto ao sentir alguém lhe cutucando as costas.

- Desculpe, Senhorita Haruno... Percebi que teve dificuldade em encontrar a porta dos fundos e resolvi buscá-la.

- Obrigada! – sorriu ela.– Realmente estou perdida!

A governanta fez um gesto para que ela a acompanhasse e as duas seguiram para o interior da bela mansão. Sakura supôs estarem na cozinha, já que reconheceu um fogão e uma geladeira.

Ficou abismada. Só a geladeira deveria custar o preço do pequeno apartamento em que residia.  

- Por aqui, senhorita...

Sakura seguia a governanta por um corredor longo e ficou de boca aberta ao entrar na sala. O aposento era muito bem decorado em tons de branco e preto, além  de esculturas e quadros  espalhados por todos os lados. Tudo parecia tão caro que a rosada sentia medo apenas de olhar.

Ela fechou ainda mais os braços para que não encostasse em nada e, por acidente, acabasse derrubando alguma coisa que demoraria até sua velhice para pagar.

Ambas entraram numa pequena sala, onde continha uma escrivaninha e duas cadeiras simples, porém não menos luxuosas do que todo o resto da casa.

Chyo pediu para que a rosada se sentasse e logo em seguida, acomodou-se na cadeira a frente dela.

- Bom, vamos começar. – sorriu a mulher. – Como deve ter lido no jornal, estamos à procura de uma acompanhante para o senhor Uchiha, senhorita. Ele me deixou encarregada de fazer a entrevista com as candidatas, portanto vamos começar.

Sakura meneou com a cabeça, enquanto apertava os dedos de forma discreta. Desde que entrara no ônibus apertado, rezou a Kami-sama que conseguisse o emprego que tanto precisava.

- Quando viu o anúncio, senhorita Haruno?

- Comprei o jornal hoje mesmo e assim que o li, vim para cá!

- É casada ou tem filhos?

- Não! Sou solteira.

- Idade?

- Vinte e dois.

A cada pergunta, Chyo desviava seu olhar para o papel à sua frente, fazendo anotações. Hora ou outra, colocava a caneta sobre a folha branca e encarava Sakura com uma expressão indecifrável.

- Certo! E... por que escolheu justamente o anúncio do senhor Uchiha?

- Bom, todos os outros exigiam experiência... – murmurou sem jeito. - Mudei faz pouco tempo para cá e trabalhei por duas semanas numa lanchonete de um conhecido da família. Além de precisar muito do emprego.

- Por quê?

- Minha tia está muito doente e as poucas economias que tinha, usei para comprar seus remédios. Além disso, ela está internada em um hospital público e está piorando a cada dia...

- Entendo... – murmurou com uma sobrancelha arqueada.

Sakura sentiu um nó na garganta ao ver a expressão da governanta. Todas as candidatas deveriam ir com uma desculpa parecida, apenas alternando o parentesco para mãe ou pai. Algumas até poderiam ser verdade... outras não.

Chyo olhou atentamente para a rosada. Diferente das outras, não tinha um sorriso estampado no rosto. A garota a sua frente fitava o chão e seu rosto era coberto por uma longa franja de cabelos róseos.

- Tem como me provar?! – A pergunta da governanta fez Sakura arregalar os olhos. – Tem alguma coisa que possa provar que realmente precisa desse emprego?!

A bolsa que repousava sobre o colo da Haruno foi aberta, de onde foram tirados alguns papéis amassados. Ela os entregou um pouco desajeitada, fazendo Shizune estreitar os olhos e em seguida, estender a mão para pegar as folhas.

Ela passou folha por folha daquele pequeno monte, olhando minuciosamente cada linha deles. Colocando as folhas arrumadas na mesa, Shizune voltou a olhar para Sakura.

- Você parece estar falando a verdade... Pelo que vejo, necessita muito de um emprego não é?

- A senhora não sabe o quanto... – respondeu com um sorriso triste.

Em resposta, Chyo sorriu e levantou-se.

- Aguarde um minuto, senhorita.

Sakura assentiu e segui a mulher com o olhar, até perdê-la de vista.

A governanta novamente direcionou-se para o escritório do Uchiha e bateu algumas vezes antes de entrar.

- O que quer agora, Chyo? – perguntou com impaciência.

- Acho que encontrei a acompanhante, senhor Uchiha.

Ele fixou seus olhos ônix na mulher e arqueou uma sobrancelha.

- Tem certeza?

- Sim, senhor! É uma moça simples e parece que realmente precisa do emprego. Pelo pouco que vi, não parece ter noções de etiqueta, mas é muito bem educada.

O moreno grunhiu algo para si mesmo e pensou por alguns instantes.

- Ela parece confiável, Chyo?

- Sim, senhor!

- Façamos da seguinte forma, dê o emprego a ela. Você terá que educá-la e caso perceba que ela não se enquadra nos meus parâmetros, a despediremos. – ordenou em tom frio.

- Está bem, senhor Uchiha! Com licença...

 

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Seu nervoso fez com que o frio que sentia enquanto perambulava pelas ruas,  voltasse a tona. Abraçou-se novamente e começou a esfregar as mãos pelos braços tentando aquecer-se.

Escutou alguns passos ecoando pela casa, ficando cada vez mais próximos de onde estava.

- Kami-sama, me ajude! – murmurou para si mesma.

- Falando sozinha? – indagou a mulher de forma divertida.

No mesmo instante, Sakura sentiu suas bochechas corarem.  Novamente, Chyo sentou-se de frente para Sakura e a fitou.

- Posso te chamar de Sakura? –perguntou, e a rosada concordou com um sorriso discreto. – Muito bem, Sakura... o que lhe vem na mente quando falo a palavra acompanhante?

- Uma pessoa que está ao dispor do patrão, servindo-o e ajudando-o nas tarefas do dia-a-dia. Essa afirmação soou mais como uma pergunta. Acho que é isso.

- Sim. Está correto! Conversei com o senhor Uchiha a pouco e ele permitiu que você ficasse com o emprego... parabéns!

- Jura? Oh! Obrigada, senhora! Não sabe o quanto necessito desse emprego! – exclamou exasperada.

- Me chame de Chyo, Sakura! Mas, preciso acertar alguns detalhes com você, querida. Por exemplo, terá que se mudar aqui para a mansão.

Os olhos da rosada ficaram arregalados. Mudar? Não havia nada no anúncio.  E como ficaria sua tia? Claro que por enquanto estaria no hospital, mas e depois?

- M-morar aqui?

- Algum problema?

- N-não... nenhum, é que... – ela hesitou por alguns instantes. -  Não, sem problemas!

- Ótimo! Continuando, você tomará lições de etiqueta. O senhor Uchiha é uma pessoa muito influente e participa de eventos e festas quase todas as semanas. Portanto para acompanhá-lo, você também terá que saber se portar em sociedade...

Aquele comentário soou estranho. Festas? Um senhor participar de festas todas as semanas era algo inacreditável. Com uma saúde, aparentemente, de ferro não teria o porque de necessitar uma acompanhante. Mas aquela não era a hora para especulações.

- Sim, senhora. – foi tudo o que conseguiu dizer.

Faria tudo o que precisasse para encaixar-se nos padrões do senhor Uchiha. Sentiu uma ponta de curiosidade em saber como ele era.

- Vamos ao que realmente interessa, o pagamento! Você receberá semanalmente e fará com o dinheiro o que bem entender. As despesas com comida e vestuário serão cobertas pelo próprio patrão.

“Quantas regalias...” pensou.

Tudo parecia estar finalmente se encaixando. Receberia o dinheiro mais rápido do que imaginava e aquela notícia fez o coração de Sakura aquietar-se um pouco.

- Muito bem. Acho que por hoje é só, Sakura! Amanhã esteja aqui às sete da manhã em ponto.

- Estarei aqui, senh... Chyo! – exclamou.

Chyo a acompanhou até a saída e despediu-se rapidamente. Assim que perdeu a mulher de vista, Sakura deu um sorriso em meio a lágrimas. Parecia que tudo finalmente estava entrando nos eixos.

 

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Já passavam  das onze horas da noite, quando Sakura entrou pelas portas espelhadas do hospital. Dirigiu-se  até o local onde sua tia estava deitada, mas não a encontro. No mesmo instante, a rosada sentiu o desespero tomar conta de si.

Correu até a recepção e deu o nome de sua tia. Com muita falta de educação, a recepcionista avisou que a senhora Sora havia sido  transferida para a UTI e que Sakura não tinha permissão de vê-la.

Segundo a mulher, sua tia teve uma piora significativa e precisou ser transferida para a unidade de terapia intensiva e que seu estado era grave.

Sakura saiu desolada do hospital e foi andando até sua casa. Não se importava mais com o frio que tinha piorado, apenas queria que sua tia agüentasse mais uma semana para que ela pudesse transferi-la daquele hospital.

Chegando em casa, enfiou-se embaixo das cobertas e colocou o velho despertador para tocar quatro horas. Teria que andar rápido se quisesse chegar pontualmente, já que suas economias tinham se esgotado e seria uma longa caminhada até a mansão.

 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bem vindos (as) à fanfiction "Procura-se um Acompanhante".
E o drama se inicia! *---* E esse é só o começo!
Espero que tenham gostado do primeiro capítulo e espero a opinião sincera de vocês!
Estava ansiosa para postar essa fic.
Fico por aqui.
Críticas e elogios podem ser mandados nos reviews.
Beijos :*