O Amor em Teus Braços escrita por Jucy Lima


Capítulo 4
Capítulo 3 - Conforto


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas flores, desculpa a demora, sei que estou em falta, mas espero sinceramente que me desculpem e que o capítulo agrade.

Até lá embaixo



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Conforto

Capítulo 3

Chorei tudo o que podia nos braços de Edward. No início o silêncio predominava a não ser por meus soluços descontrolados. As lágrimas traiçoeiras não davam sinal de que iam cessar tão cedo. Não sei explicar o que estava acontecendo, o que desencadeou essa crise emocional, o que rompeu a minha barreira que eu tinha lutado tanto para erguer. Mas aqui estava eu, chorando furiosamente nos braços de um garoto que conhecia a menos de vinte e quatro horas, mas que por outro lado eu sentia que podia confiar que era meu porto seguro.

Aos poucos fui me acalmando, relaxando. Em todo esse tempo Edward permaneceu calado. Porém seu carinho, seu conforto estava presente em cada pequeno gesto. Suas mãos nunca me abandonaram, afagavam meus cabelos, minhas costas protetoramente. Horas sentia seus lábios suaves beijando a minha testa, e isso sim era reconfortante.

Não sei exatamente quanto tempo durou o meu nervosismo, nem o quanto permanecemos ali, em nossa bolha particular. Era tão bom me senti cuidada, amparada. Sentir que alguém se importava comigo, que esse alguém ficou ao meu lado na hora que minhas forças cessaram e as barreiras se romperam. A calma me atingiu e ao que parece acabei dormindo em seus braços. Não foi um sono tranqüilo, natural, mas esse pequeno momento me fez relaxar tanto físico quanto emocionalmente trazendo com ele uma estranha sensação de paz, que há muito não experimentava.

Quando finalmente despertei percebi que já era bem tarde, quase noite.

Três coisas me surpreenderam assim que abri os olhos. A primeira, Edward ficou esse tempo todo cuidando e velando meu sono. Segunda, sua camisa estava totalmente amarrotada e molhada pelas minhas lágrimas. Mas esses detalhes com certeza não foram os mais constrangedores. A terceira e mais embaraçosa, foi que eu continuava aninhada em seus braços, mas dessa vez praticamente deitada no seu colo, com a cabeça repousando carinhosamente em seu peito, enquanto ele me segurava e abraçava como se nada no mundo pudesse me machucar, como se eu fosse algo frágil, quebrável. Porém nada me surpreendeu mais do que ouvir uma linda melodia brotar de seus lábios. Era uma melodia calma, tranqüilizante, mas que ao mesmo tempo enchia meu coração de algo que nunca senti antes, que não tenho como definir em palavras, uma sensação, um sentimento complexo demais para descrever, a única coisa que posso afirmar que é algo divino.

Toda essa percepção durou pouco tempo, mas o suficiente para me deixar feliz. Eu não queria que aquele momento acabasse, mas era necessário.

Edward deve ter percebido que eu tinha acordado, tomara que não esteja pensando que eu estava me aproveitando do momento, não quero que pense mal de mim, que se afaste, seria doloroso demais.  

A melodia cessou, mas ele não me libertou do seu abraço. Simplesmente ergueu meu rosto com a ponta do dedo para que pudesse olhar em meus olhos. Quase me perdi no seu olhar quando encontrei aquelas esmeraldas profundas, através delas era quase possível enxergar a sua alma. Não pude deixar de notar que seus olhos estavam vermelhos, o semblante triste.

Sua tristeza era a espelho da minha, e imediatamente me senti culpada. Não era justo ele ficar dessa maneira, já bastava o meu sofrimento, não permitiria que ninguém mais o compartilhasse. Se de alguma forma eu fiquei “feliz” por Edward permanecer ao meu lado no meu momento de fraqueza, essa pequena chama de felicidade por alguém se importar comigo, se acabou nesse mesmo instante.

Esqueci o constrangimento, a vergonha por ainda estar no seu colo e como se por reflexo, afaguei seu rosto, demorando mais em seus olhos. Um pequeno sorriso se formou no canto de seus lábios, mas este não foi sincero ao ponto de iluminar os olhos.

Edward gentilmente tirou uma das mãos de minhas costas e pôs sobre a minha no seu rosto. Em seguida a levou diretamente aos lábios depositando ali um beijo suave.

- Está melhor Bella? – Perguntou. A preocupação sendo a emoção dominante na voz rouca.

Não consegui dizer uma palavra sequer, por isso apenas assenti.

- Não quer me contar o que houve para você ficar assim, triste? Estávamos tão bem na escola, pelo menos até a hora do intervalo, e até você ir para a aula com Alice. Olha se não confiar em mim, ou não quiser contar vou entender. Só estou perguntando por que fiquei realmente preocupado, nunca presenciei ninguém com tanta dor, tanta angústia.

Ele falou tudo como se desabafasse, só então pude compreender realmente o motivo do seu semblante carregado.

- Edward... Hesitei. Além de não saber como explicar o meu surto, também não queria revelar que eu era uma garota infeliz, que não era amada por ninguém nem sequer a minha própria mãe. Como explicar a praticamente um estranho que eu precisava me sentir amada, protegida? Então resolvi fazer o que eu fiz em todas as vezes que alguém percebia um pouco do meu sofrimento, eu ia disfarçar, não quero que Edward se preocupe comigo, vê-lo triste foi à coisa mais dolorosa que já presenciei.

- Realmente não é nada demais Edward, só me lembrei de coisas tristes, acontecimentos ruins. Falei.

O que de fato era verdade. Eu não menti, apenas omiti, disfarcei. Foi assim que agi a minha vida inteira, nunca quis ser digna de pena, não precisava de mais um tempero para a minha dor. E assim continuaria.

- Bella eu sei que essa não é toda a verdade e sim uma pequena parte. Não insistirei mais, pelo menos por hoje. Mas desde já esteja ciente que não vou desistir, e o mais importante, não permitirei que sofra assim novamente, não suportarei te ver derramar mais uma lágrima sequer.

Suas palavras me chocaram. Um misto de surpresa e alegria. Surpresa por causa da sua atitude de não desistir e se importar com meu bem-estar, e alegria porque as suas palavras encheram meu coração de conforto, de amor.

Dito tudo isso, Edward me apertou mais contra seu corpo envolvendo minha cintura, beijou mais uma vez meus cabelos num gesto único de carinho e ao mesmo tempo protetor, enquanto eu me aconchegava mais a sua forma, a minha fortaleza particular. Eu sentia o amor em seus braços, e era disso que eu precisava que eu ansiava.

Permanecemos em silêncio e na mesma posição por alguns longos minutos em nossa bolha particular, a quietude não era desagradável. Palavras não poderiam descrever aquele momento único. Mas como não há felicidade eterna nem mal que nunca se acabe, tomei a iniciativa de sair de romper a bolha.

Suspirei, já era noite.

- Obrigada por tudo Edward. Falei separando-me dele, saindo do seu abraço. Sentei novamente no banco do carona.

- Agradeça-me quando a minha missão terminar senhorita. Ele respondeu sorrindo torto.

- Não entendo. O que você quer dizer exatamente com missão? Perguntei confusa.

- A minha missão de hoje em diante será plantar somente sorrisos nesse seu rosto lindo, não sei por que, mas me sinto no dever de proteger você, e é exatamente isso o que farei.

Não pude deixar de esboçar um pequeno sorriso.

- Edward, eu realmente não sei o que dizer, mas... Porém mais uma vez ele me interrompeu, colocando dois dedos nos meus lábios.

- Shii, Bella, calma. Não irei te decepcionar. Deixe-me cuidar de você.

Enquanto ele falava segurava minha mão, o seu olhar me penetrava, perfurava. Não conseguia pensar coerentemente. Afinal o que tinha Edward Cullen que em menos de um dia conseguiu tornar-se meu porto seguro? A resposta para essa pergunta, espero descobrir um dia.

Puxei a minha mão e coloquei em meu colo, a vergonha me dominando de novo. Provavelmente estava mais vermelha do que um tomate.

Ele riu e deu a partida no carro.

- Agora vamos para casa. Falou ainda achando graça do meu rubor.

Imediatamente fiquei tensa. Não queria ir para casa, mas não tinha alternativa. Sem esquecer do outro pepino que teria que enfrentar amanhã. Como iria explicar ao senhor Newton ter faltado ao trabalho hoje.

Acho que Edward percebeu minha tensão.

- Você não quer ir para casa certo. Ele praticamente afirmou, não perguntou.

- Não é bem isso. Pra falar a verdade gostaria que você me deixasse no trabalho, tenho que dar uma satisfação ao meu chefe por ter faltado hoje, não posso perder meu emprego. Só não sei como vou explicar o motivo da minha ausência, mas preciso fazê-lo. E depois, ainda está cedo para voltar para casa, portanto vou andar um pouco por ai, até a hora de ir embora, porque senão terei que explicar pra minha mãe porque cheguei mais cedo. Falei a última parte um pouco mais baixo, o que fez Edward me lançar um olhar confuso.

- Enquanto ao seu trabalho eu compreendo perfeitamente, mas a última parte não entendi. Pensei que depois de uma tarde como esta tudo o que você ia querer era voltar para casa e descansar.

- Deveria ser assim, mas infelizmente não é. Digamos que eu consigo descansar na minha casa. Falei e me arrependi imediatamente, porque pude ver que tinha acabado e dar a resposta para todas as perguntas estampadas nos olhos de Edward.

Droga, droga e droga. Xinguei-me mentalmente. Como pude ser tão estúpida. Tanto trabalho para não demonstrar meus sentimentos e com apenas uma frase respondi tudo o que não podia e queria.

Olhei novamente para as minhas mãos, não conseguia olhar nos olhos dele.

- Onde fica o seu trabalho Bella? Ele perguntou tentando parecer indiferente a sua recente descoberta.

- Fica na rua washington 63. Fui mostrando o caminho até pararmos a frente do grande prédio. Ele não tocou mais no assunto e eu agradeci a Deus por isso.

- Chegamos. Ele falou saindo do carro e abrindo a porta para eu sair como um perfeito cavalheiro.

Senti uma tristeza, por saber que por hoje não teria mais sua companhia.

- Mais uma vez obrigada por tudo Edward, não é qualquer pessoa que age da maneira como você agiu, que se dispõe a ajudar uma louca e descontrolada, que ainda por cima acaba dormindo praticamente no seu colo. Falei tentando fazer graça do ocorrido, o rubor mais uma vez denunciando minha vergonha.

- Já disse que vou te proteger e não quebrarei a minha promessa. Vou te mostrar que a vida também é feita de coisas boas, independente das circunstâncias. Agora dona moça, vá falar com o seu chefe que eu espero aqui. Ou prefere que eu a acompanhe?

- Não! Falei alto e rápido demais.

- Quer dizer... Não me entenda mal Edward, não estou recusando sua companhia, mas realmente não é necessário me acompanhar e nem esperar para me levar pra casa. Como já disse ainda é cedo, pretendo andar um pouco e depois posso perfeitamente pegar um ônibus.

- Se não quer a minha companhia para falar com o seu chefe, tudo bem, mas enquanto à senhorita pegar um ônibus essa hipótese está fora de cogitação. Posso perfeitamente leva-la em casa.

- Mas... Falei e fui novamente interrompida.

- Não existe mais Bella, não quebrarei a minha promessa, não adianta.

Suspirei resignada.

Subi até o décimo segundo andar, e por sorte ainda encontrei o Sr. Newton. Expliquei que tive um mal-estar e por isso não pude comparecer. Entreguei o trabalho que já tinha adiantado em casa e hoje pela manhã na escola, pelo menos esse problema estava solucionado. Meu chefe não se chateou porque sabia que eu era uma funcionária exemplar, que se faltei foi por motivo de força maior. Despedi-me e desci. Enquanto estava no elevador, fiquei apreensiva, será que Edward realmente estava esperando lá embaixo? Uma parte de mim esperava que sim, enquanto uma bem menor e mais sensata torcia pelo contrário. A sensatez me alertava que eu estava embarcando num jogo perigoso, porém difícil de resistir.

Andei até o estacionamento e lá estava ele. Encostado no carro com um sorriso torto estampado no rosto, sorriso este que aumentou ao me ver, e novamente não pude deixar de corresponder da mesma maneira.

Antes mesmo de chegar até ele, Edward andou ao meu encontro de braços abertos num convite mudo. Quando finalmente a distância fora quebrada, ele me abraçou e mais uma vez me senti segura.

- Eu vou cuidar de você Bella, você será feliz.

Murmurou no meu ouvido, fazendo com que um arrepio involuntário percorresse cada célula do meu corpo. Estávamos tão próximos, tanto quanto estivemos a tarde inteira no carro, mas dessa vez era diferente, único. Eu podia ver nos seus olhos a mesma necessidade que espelhava dos meus. Então muito calmamente, suas mãos envolveram meu rosto, nossos olhares e respirações conectadas, sincronizadas numa mesma melodia, e ele tocou seus lábios nos meus delicadamente, fechei os olhos e pude apreciar o quão macios eles eram. Ele tirou uma das mãos da lateral do meu rosto, levando a base das minhas costas, me puxando para si. Moveu sua boca carinhosamente contra a minha, sua língua pedindo passagem, e eu cedi, fazendo os mesmos movimentos. Estávamos descobrindo um ao outro, seus lábios eram gentis mais ao mesmo tempo ágeis, experientes, me levando a um território desconhecido, porém maravilhoso. Edward começou o beijo e teve que terminar, pois se dependesse de mim ficaria ali por toda a eternidade, não poderia haver sensação mais maravilhosa do que seus lábios nos meus. Abri os olhos e me perdi naquela imensidão verde. Nossas testas coladas, respirações ofegantes. Seu beijo transparecia tudo que as palavras não podiam explicar. Nunca imaginei que o meu primeiro beijo seria tão maravilhoso, mágico. Foi inesquecível.    

Meu mundo que até então estava sem cor, foi suavemente ganhando tons, ganhando vida.

Nunca acreditei em amor a primeira vista, em amor eterno, mas depois desse momento vi que eterno é uma palavra muito extensa, possível. Não havia mais barreiras no meu coração, não resistiria mais.

Na verdade eu não queria, não conseguia resistir, mas não importa.

Sei que é um jogo muito perigoso, mas nesse momento tudo o que eu quero é sensação de conforto que Edward me proporciona, tudo o que necessito é  proteção dos seus braços.


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Notas finais do capítulo

Bom minhas flores, ai está, não esqueçam de deixar comentários, nem que seja pra xingar a autora pela demora ok?Grande beiijo !