O Amor em Teus Braços escrita por Jucy Lima


Capítulo 23
Capítulo 17 - Cabeça aberta.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Miria que recomendou a fic. Beiijão flor.
E meu agradecimento especial a lapc que migrou do TBF pra aqui e está acompanhando novamente a fic. Seja bem vinda flor!
Big capítulo pra vocês!
Até lá embaixo...



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Capítulo 17 – ... CABEÇA ABERTA.

Pov Bella

(...) No capítulo anterior: ( pov Edward)

Não conseguia parar de rir. Primeiro da cena, depois da minha irmã, e agora a cara de tolo do meu irmão tentando amansar a mini fera. Era hilário.

- Está rindo do que palhaço? Seu estado não é muito melhor do que o meu seu ogro!

- Eu sei. E estou rindo porque apesar de tudo o que aconteceu hoje, ou melhor, ontem, eu estou feliz.

- Mas não por muito tempo. Lá vem a fera. Murmurou Jasper.

A princípio não entendi o que ele quis dizer, já que aparentemente nossa mãe não estava brava, pelo menos aparentemente... Só então ouvi a voz ameaçadora.

- O que exatamente aconteceu por aqui?

Engoli em seco rapidamente seguido por Alice, que por instinto pulou no meu colo, esquecendo completamente da “hidratação”.

- Ferrou. Dissemos juntos.

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- Então meu anjo, você está ótima. Novinha em folha, pronta pra receber alta hã? Já está tempo demais longe da escola, e a boa notícia é que amanhã já pode voltar querida. Ver os seus amigos, conversar, e o principal: estudar mocinha. A Alice disse que está te ajudando com as matérias. Fico muito contente que vocês estejam se dando bem, gostaria muito que fossem grandes amigas. Falou terminando de examinar meus machucados.

Suspirei.

Por um lado era bom saber que estava me recuperando e logo poderia voltar a minha vida “normal”. Mas por outro estava realmente apavorada com o “depois”. Como seria na escola? No estágio? Pior, como eu ia enfrentar todos aqueles olhos pregados em mim?

Saí de meus devaneios quando senti a Dra. Esme (que insistia que eu a chamasse simplesmente de Esme, ou tia o que me deixasse mais a vontade, alegando que assim se sentiria mais confortável. De alguma forma, achei que seria melhor chamá-la de tia, me sentia mais próxima dela dessa maneira, era algo muito, muito bom.) tocar o meu rosto carinhosamente.

- Não é querida?

- Hã? Murmurei distraída. – Desculpe, acho que não ouvi.

- Eu percebi que estava distraída. Só espero que seja algo bom. Não quero essa cabecinha pensando besteiras.

Dei um meio sorriso para ela. Ao seu lado tudo era tão simples. As coisas fluíam naturalmente. Eu conseguia me sentir tranqüila, em paz.

- Só estou um pouco preocupada com o “depois”. Como as coisas vão ficar de agora em diante. Expliquei.

- Está preocupada com a reação das pessoas não é? Posso entender que sinta medo Bella. Receio de não ser aceita, virar alvo de atenções, olhadas curiosas. Mas você tem que passar por cima de tudo isso. Nada disso importa realmente, ou muda quem você é entendeu? E o mais importante, não pode deixar nada disso te abalar, quanto mais sofrer por antecipação.

E como sempre ela tinha razão. Ultimamente temos conversado bastante. Quando ela não vem me visitar, muitas vezes acompanhada do Dr. Peter, ou melhor, Peter, (já que ele também insistiu que o “doutor”, tinha que ser esquecido, mas ao contrário da tia Esme ele não sugeriu o “tio”, melhor, proibiu veementemente, alegando que isso ia envelhecê-lo. Sorri lembrando da discussão dos dois por causa disso. E no final ela ficou brava porque ele “insinuou” que ela estava “velha”.) , geralmente suas palavras sempre me trazem conforto e posso garantir que sinto algo além: amor, como diz Rose. Falando nela, as meninas têm sido de grande ajuda pra compreender e aceitar todas as mudanças da minha vida, e o principal, “o caminhar dela”. Até posso ouvir a Ângela falando: “Um passo de cada vez Bells”.

- Agora se o “depois” a que se refere é a sua mãe, bom, acho que ela não demora a voltar, pelo menos eu espero. Deve estar sentindo falta dela, da sua casa, enfim a velha rotina não é? Mas quero que não se aflija, tudo vai dar certo. Além do mais pra quê servem as tias senão para cuidar dos sobrinhos hã?

- Tem razão, como sempre tia.

Sorri, encostando o rosto na mão que ela ainda mantinha me afagando.

- Claro que tenho.

Piscou de leve rindo em seguida.

- Queria que os meus filhos concordassem sempre comigo como você faz. Ah! A vida seria tão mais fácil se eles fossem como você querida. Me pouparia tanto trabalho...

Suspirou.

Não pude deixar de rir com seu “falso” sofrimento. Apesar de reclamar de ter que tomar conta de seis adolescentes com os hormônios e outras coisinhas mais em ebulição, como ela sempre dizia nas conversas com a tia Patrícia, que nem preciso explicar que também exigiu ser chamada assim, era mágica a forma como ela falava dos filhos. O amor que devotava a todos e cada um deles. O que eu não daria para ser amada assim pela minha mãe também, mas infelizmente não podemos ter tudo o que desejamos. Só nos resta fazer e viver melhor com o que temos. Essa lição aprendi bem cedo.

- Agora realmente tenho que ir. Hoje felizmente não estou de plantão, então Peter e eu combinamos de jantar em Port Angels mais tarde. Respirar um pouco fora de Forks como diz ele.

Sorriu me dando um beijo na testa. Andamos abraçadas até o andar de baixo. Era sempre assim, como o tempo com a minha tia era sempre corrido, aproveitava o máximo quando estava com ela.

- Bem minha linda, chegamos. Amanhã se aparecer uma brechinha no hospital passo aqui pra saber como foi na escola ok?

- Não precisa se incomodar tia. Como a senhora mesma disse, tudo vai ficar bem. Além do mais as meninas vão estar lá também, e elas podem te contar como foi quando chegarem. Ou se quiser, pode ligar, mas se tiver um tempo livre quero que a senhora descanse. Parece cansada. Umas horinhas a mais de sono serão bem-vindas. Falei sorrindo e afagando seu rosto.

- Oh meu amor, não se preocupe comigo, estou bem sim? Anos de prática nessa vida de médico, já estou acostumada. E também, não conseguiria dormir nem que quisesse. Meu relógio biológico é rebelde demais pra isso.

Rimos juntas com a última parte.

- Ok, mas tente, por favor? Pedi.

- Sabe que você está falando igualzinha ao Ed... Parou constrangida.

Não posso negar que não me senti um pouco desconfortável. Em todos esses dias ainda não tínhamos conversado sobre o que houve no hospital e eu agradecia por isso. Apesar de gostar de mim ela é mãe dele e tinha medo de falar algo que a magoasse e conseqüentemente a afastasse de mim. Eu sei, parece tolo da minha parte, mas ainda assim não posso deixar de temer.

- Ah Bella me desculpe. Eu sei que não gosta de falar de Ed... Parou novamente, desculpando-se com o olhar. – Do... Ah meu Deus! Quanto mais falo, mais me enrolo não é? São nessas horas que percebo de onde a Alice puxou essa mania de ser estabanada. Sorriu amarelo.

- Tudo bem tia, não tem porque se desculpar. Aliás, acho que sou eu quem deve pedir desculpas. Comecei meio que sem saber como continuar com aquela “conversa”.

- Não me deve e nem precisa explicar absolutamente nada. Mas se quiser conversar sobre isso, estou pronta para escutar e ajudar da melhor maneira possível. Vocês são jovens e muitas vezes agem por impulso. É nessa parte que entra a mulher experiente, quem sabe algo que essa velha experiente possa ajudá-los? Isso quando quiser, meu amor.

Assenti concordando e feliz porque ao contrário do que imaginava, ela não me julgaria. Não sei por que isso não me surpreendeu. Graças a Deus um temor a menos na minha lista.

- Obrigada tia Esme, por tudo. Abracei-a mais forte.

- O que eu já falei sobre agradecimentos hein mocinha? Perguntou e eu podia sentir seu riso abafado ao beijar minha testa. – E se serve de algo, saiba que ainda não conversei com o meu filho depois do que aconteceu no hospital. Falamos rapidamente antes de ... Tudo. Mas tenho certeza que independente de qualquer coisa, ele gosta muito de você Bella e como conheço bem o filho que tenho, não vai desistir de “vocês”, não sem uma conversa definitiva. E sinceramente, acho que seria melhor para os dois. Mas só quando estiver preparada e o principal, com a cabeça aberta para as opções.

Acenei positivamente. Como sempre ela tinha razão. Mas o que será que ela quis dizer com “cabeça aberta”? Quando ia perguntar...

- Bem, agora realmente tenho que ir. Peter vai passar para me buscar as 20:00 horas e ainda tenho que arrumar algo descente para vestir.

- Claro tia. Bom jantar e mando um beijo para o Peter. E por favor, agradeça pelo presente, eu adorei de coração. Diz que assim que puder vou agradecer pessoalmente.

- Que bom que gostou do presente. Sabia que fui eu quem ajudou a escolher? O Peter não tem o menor senso feminino, posso te garantir. Riu enquanto passava pela porta aberta.

- Então estendo o meu agradecimento a senhora também, afinal seu senso feminino é perfeito. Sorri de volta. – Ainda bem que ele a tem para ajudar não é?

Ela soltou uma risada aguda, quase uma gargalhada, ao meu comentário e não pude deixar de acompanhá-la.

Acenei enquanto a via entrar no carro. Já estava anoitecendo. As horas passaram tão depressa que nem percebi. Sorri ao lembrar do jantar da minha tia. Tenho certeza que o Peter gosta dela e não é somente como amigo. Apesar da minha inexperiência nessa área, tenho certeza de que ele tem outras intenções com ela, boas intenções. Eles formam um belo casal, e ela merece ser feliz depois de tudo o que passou.

Recordando daquele primeiro dia, a conversa que tive com Alice e fiquei sabendo basicamente como eles cresceram. Como ela lutou para criar os filhos e fazê-los felizes acima de tudo. Se tinha alguém que merece ser feliz, essa pessoa é ela.

Sem perceber, ao seguir o rumo desses pensamentos, não pude deixar de lembrar também de Edward. O aperto no peito foi inevitável, mas já não era tão ruim assim. Todos esses dias livres me serviram e muito para pensar. Sem esquecer que a conversa com Rose foi crucial para entender tudo o que eu estava sentindo. Se essa vontade de estar junto, querer o bem do outro acima de tudo e qualquer coisa, mesmo que isso signifique sacrificar a nós mesmos, é amor, eu estava completa e irremediavelmente apaixonada por Edward Cullen. Infelizmente, ter consciência desse fato não solucionava os meus problemas e nem facilitaria para ficarmos juntos. Meu Deus! A quem estou querendo enganar hein? E como se fosse possível uma pessoa como ele se apaixonar por mim, ainda mais nesse estado. Eu vi claramente sua expressão de terror quando me olhou diretamente. Isso só reforça o que já sempre soube, ele merece algo melhor. Alguém que não o envergonhe diante das pessoas, muito menos seja digna de pena. Condená-lo a esse fardo seria egoísta demais. Não dizem que o amor é altruísta? Então por que será que é tão difícil abrir mão de quem se ama e exercer esse “altruísmo”? Mas e se eu devesse deixar que Edward escolhesse o que era melhor para ele como Rose sugeriu?

- Céus!

Minha cabeça dava voltas tentando achar uma solução. Deitei no sofá tentando por os pensamentos em ordem. Acabei cochilando, pois despertei com o toque da campanhinha. Levantei com cuidado, pois além de dormir de mau jeito, minha cabeça doía. Olhei pelo olho mágico e vi que eram as meninas na porta. Abri dando de cara com Alice e Rosalie sorridentes do lado de fora.

- Oi Bells, viemos do shopping e resolvemos passar pra ter ver. Estamos incomodando? Alice falou me abraçando enquanto eu retribuía o abraço.

- Oi meninas, é claro que não incomodam. Vamos entrem.

- Ai que bom, porque trouxemos muitas, muitas coisas. A mamãe nos disse hoje de manhã que te daria alta, e que amanhã mesmo já podia voltar a escola. E como você não pôde ir em casa buscar suas coisas trouxemos pra você. Aliás, vamos todas juntas amanhã, passamos pra buscar você e a Angie.

- Alice calma, como assim trouxe muitas, muitas coisas? Perguntei confusae alarmada.

Bem verdade que eu ainda não tinha ido em casa para pegar minhas coisas. Só trouxe o necessário para cá, na verdade nem me preocupei em reunir nada, foi a tia Patrícia quem fez isso por mim. Mas daí até elas gastarem dinheiro comigo, já era demais. Sem contar que eu não teria como pagar depois.

Acho que Rose percebeu a minha cara de desespero, pois resolveu enfim explicar.

- Bem me deixa explicar por que pela sua cara está prestes a ter um troço. Riu. – O que está acontecendo exatamente é que como a Allie mesma disse, a mamãe nos contou da sua alta e a volta a escola, inclusive nos pediu pra ajudar no que fosse necessário, é claro. E como sabemos que nesse tempo todo, você não voltou em casa nem nada, e de qualquer forma estávamos mesmo indo as compras, porque também estávamos precisando de alguns livros e materiais, aproveitamos e compramos os seus também. Falou pacientemente.

- E... Ah meninas, não precisavam se preocupar. De qualquer forma, não vou poder fazer muita coisa na escola, pelo menos por enquanto. E eu poderia ter passar em casa depois das aulas.

- E você acha mesmo que íamos te deixar fazer esforços desnecessários? Que tipo de amigas pensa que somos ein Bella?

Suspirei, isso ia ser mais difícil do que imaginei.

- Desculpa Allie, não queria parecer mal agradecida. Mas, realmente não precisavam se incomodar e gastar dinheiro comigo...

Fui interrompida por dois bufos nada femininos.

- Ah Bella, pelo amor de Deus! Não foi nada demais, além disso se fosse com qualquer uma de nós você faria o mesmo não é? Dessa vez quem interrompeu foi Rose.

- Faria, mas...

- Ai meu São Benedito dai-me paciência. E novamente Alice. – Será que não podemos pular essa parte amiga? Que tal irmos direto a parte que você abre as sacolas, diz que adorou o que compramos, e depois como eu sei que você vai fazer, mesmo que contra nossa vontade, agradece hein?

Suspirei resignada. Amanhã veria quanto ainda me resta do dinheiro do estágio para pagar a elas.

- Tudo bem. Eu aceito, mas...

- Mas? Perguntaram juntas.

- Mas com uma condição. Se não for assim vou me sentir mal em aceitar. Sei que vocês tiveram as melhores intenções do mundo, mas tem que entender que já me dão coisas demais e o melhor que posso ganhar é amizade de vocês.

- Tá, nós aceitamos sua condição, contanto que aceite os presentes. Alice falou dando de ombros e dessa vez foi Rose quem acabou arregalando os olhos.

Sorri vitoriosa. Pelo menos essa eu tinha conseguido vencer.

Ignorando a expressão de Rose, Alice começou a abrir as sacolas. Eu disse bem sacolas, no plural. Quando aceitei nunca ia imaginar que tudo aquilo era meu. Achei que no máximo fossem duas, mas nunca seis. Eu disse SEIS grandes sacolas. E eu? Bem olhava boquiaberta cada idem que saia dentro. Eram roupas, uns quatro pares de sapato, dois de salto alto, diga-se de passagem, casacos e acho que até roupa íntima. Tinha até lenços, de várias cores combinando com as roupas. Pior, eram todas de marcas caras que nem em sonhos pensei que usaria. Também, como poderia ser diferente? Era só olhar para elas que qualquer um perceberia que não vestiriam qualquer coisa.

Gemi frustrada. Em quantos anos eu conseguiria pagar por tudo aquilo? Pior, quantos salários do estágio custaria?

Sem contar com os materiais escolares, no qual incluía um caderno, estojo repleto de canetas e outros itens e o pior, o livro de Biologia caríssimo que usaríamos no ano letivo. Como nos anos anteriores, eu nunca podia pagar pelos livros, usava a biblioteca quando tinha tempo, ou levava dias copiando em folhas os capítulos nas horas livres, sempre que as meninas me emprestavam.

- Ah meu Deus! Murmurei.

- Calma Bella, não compramos nada demais. Apaziguou Rose.

- As sacolas que são volumosas de natureza.

- Meninas pelo amor de Deus! Isso deve ter custado uma fortuna! Exclamei.

- Hey, não é de bom tom questionar o valor dos presentes. A mamãe sempre fala isso. Censurou Alice.

- Desculpem, mas estou meio atordoada. Mas mesmo assim obrigada, eu adorei.

Do que adianta discutir, chorar pelo leite derramado? Se eu não aceitasse faria desfeita e soaria mal educado. Sem contar que foi um pedido da tia Esme. Deus!

- Ok meninas, vocês venceram. Dei um meio sorriso.

Elas levantaram do sofá onde estavam desembrulhando as compras e vieram me abraçar. Retribui feliz.

- Nem precisa dizer do que mais gostou. Aposto que foi o livro. Alice falou rindo seguida por mim e Rose.

- Tenho que admitir que sim. Só de pensar que não mais precisar levar o ano todo transcrevendo capítulos para folhas de papel, já me anima bastante. Sorri feito boba segurando o livro de biologia, de todos os presentes esse era o mais especial. Mais até que o celular, (moderno demais para alguém ignorante como eu) que o Peter me deu antes de ontem. Não que eu não ficasse feliz, afinal nunca tive e nem sonhei ter um celular comum quanto mais um desses, mas o livro significava trabalho a menos na minha lista de tarefas. Sem contar que poderia estudar melhor.

- Como assim transcrevendo capítulos? Perguntaram estupefatas.

Não pude deixar de rir com a cara de espanto delas.

- É gente... Copiando os capítulos entenderam? Como raramente eu tinha tempo de ir a biblioteca estudar, e precisava fazer os exercícios, a Angie e a Jess me emprestavam o livro e eu copiava. Mesmo que não precisasse na mesma semana, mas sabia que eu ia precisar para as avaliações e etc. Então eu começava a copiar desde o início do ano letivo, até antes, nas férias, quando os pais das meninas já tinham comprado os livros antecipadamente. Isso facilitava bastante a minha rotina atribulada. Expliquei pacientemente.

Elas ainda continuavam a me olhar como se eu fosse uma louca qualquer. Um segundo depois parece que Rose entendeu a mensagem oculta por trás das minhas palavras, porque me deu um pequeno sorriso compreensivo, enquanto Alice continuava estática. Não resisti e comecei a rir seguida por Rose quando ela enfim falou novamente.

- Mas não era mais fácil comprar o maldito livro do que esfolar os dedos copiando Bella?

Parei de ir imediatamente. Sua pergunta não me incomodava, mas de certa forma eu ficava com vergonha de admitir que a minha mãe se recusasse a pagar pelos livros. Malmente comprava um caderno e algumas canetas. Ela argumentava que tinha coisas mais importantes pra gastar do que com papel e canetas. Que se eu quisesse deixasse de ser preguiçosa e fosse pra biblioteca. O que ela ignorava era que eu não tinha tempo de ir estudar na biblioteca sempre que precisava. Depois de um tempo, parei de pedir que comprasse meus materiais e me virava com o pouco que escondia do que recebia no estágio. Dava pra comprar canetas, lápis, borracha, coisas mais simples, mas nunca os livros, portanto passei a copiar.

- Alice, não seja absurda! Ralhou Rose.

- Desculpe. Ela respondeu cabisbaixa.

Abracei-a. Afinal que culpa ela tinha de não ter que passar por coisas assim? Além do mais, não falou por maldade.

- Tudo bem Rose, ela não falou por mal. Falei e Alice se encolheu mais ainda.

- Respondendo a sua pergunta Allie, nem todos tem condições de comprar tudo o que precisam. E também eu não me incomodava em escrever, ajudava até. Pelo menos na hora de estudar, já estava mais ou menos por dentro do assunto. Não era tão ruim assim se querem saber. Falei confortando-a.

O clima continuou pesado, com Alice tristonha ao meu lado. Tinha que fazer alguma coisa.

- Hey não fica assim amiga, por favor. Eu realmente não estou chateada. E se faz você se sentir melhor, adorei de coração todos os presentes e vou usá-los com muito carinho. O único perigo é não conseguir me equilibrar em cima desses saltos altos e quebrar o outro braço. Pensa na tragédia?

Minha tentativa de humor funcionou, pois ela acabou sorrindo. Ou melhor, rindo de mim, acompanhada de Rose e o mais patético, eu também estava rindo.

- Não se preocupa, esses sapatos você usa quando tirar o gesso. Quem sabe assim melhora o equilíbrio. Se não souber andar vamos te ensinar não é Rose?

- Com certeza maninha.

- Que bom, vou cobrar as aulas.

Acabamos rindo novamente. Continuamos conversando mais um pouco e elas disseram que já tinham que ir. Elas iam ajudar a tia Esme a se arrumar pro jantar.

- Ah Bellinha, compramos um vestido maravilhoso pra mamãe. Hoje enfim ela desencalha. Dizia Alice entusiasmada enquanto a irmã chamava o taxi.

- Credo Alice. Não fala assim da nossa mãe. Ela não estava encalhada, só esperando a pessoa certa meu bem.

- Ok, concordo com você. Agora vamos, senão ela sai com roupa velha e sem maquiagem. Ralhou puxando a irmã pelo braço, assim que soou a buzina do taxista impaciente.

Quando ambas estavam do lado de fora me lembrei de um detalhe da nossa conversa e empalideci.

- Hey esperem. Gritei e ambas me olharam confusas.

- Vocês disseram que vão passar pra buscar a mim e a Angie amanhã certo?

- Certo. Responderam juntas e reviraram os olhos.

- Mas, mas... Engoli em seco. – Quem vai dirigir? Digo quem vai nos levar à escola?

Elas pareceram entender o que eu queria dizer exatamente e sorriram compreensivas.

- Eu vou dirigir Bella. Tenho meu próprio carro, que uso todo dia por sinal. Só estamos de taxi hoje porque o Emm o levou pra lavar de tarde. E como não queríamos esperar pra sair. Deu de ombros.

Suspirei aliviada. Não queria encontrá-lo sem antes ter certeza do que falar. Melhor, ter certeza de que ele aceitaria conversar comigo. Vai que ele me ignora? Que me odeia depois de tudo?

- Er... Entendi. Então até amanhã.

- Que até amanhã coisa nenhuma garota! Mais tarde te ligo pra saber como está e te contar do jantar da sua querida tia Esme. Aliás já ia esquecendo, adorei o seu celular, a mamãe escolheu, mas fui eu quem deu as opções. Piscou divertida.

- Ok, vou esperar.

- Bye amiga!

- Tchau meninas! Acenei.

...

O resto da noite transcorreu normalmente. Jantamos, e depois Angie e eu fomos nos preparar para a escola no outro dia. Apesar do receio eu estava feliz em voltar a estudar. Eu senti que ela estava preocupada comigo, assim como a tia Patrícia, apesar de tentar não transparecer, por isso tratei de acalmá-las. Mais cedo, ou mais tarde eu teria que seguir em frente, que jeito? Não podia viver pra sempre escondida do mundo.

- Vai dar tudo certo. Murmurei as mesmas palavras que a tia Esme, dessa vez acreditando em cada sílaba pronunciada.

- Eu sei que vai. Responderam juntas e eu sorri abraçando-as.

- Durma bem e tenha bons sonhos minha linda.

- Obrigada tia.

Elas saíram do quarto me desejando uma boa noite. Ganhei um beijo na testa da tia Patrícia, e como todas as noites meus olhos se encheram de lágrimas com esse gesto de carinho.

Alice ligou por volta das 23:00 horas pra dizer que a tia Esme ainda não tinha chegado e que naquele momento todos estavam na sala a espera dela. Emmett e Jasper mal humorados e pelo que eu podia ouvir grunhindo algo ininteligível. Alice ria e Rose tentava acalmar Jazz. No meio disso tudo só não ouvi a voz dele. Ela desligou argumentando que ia “distrair o Jazz”, e com essa eu tive que rir.

Continuei na cama enrolada como uma bola no edredom, mas mesmo assim o sono não chegava. Droga, eu precisava falar com o Edward antes de chegarmos a escola. Tínhamos que conversar definitivamente, mas queria avisá-lo antes. Eu poderia ligar se soubesse o número dele, ou no mínimo tivesse me interessado em saber o número da casa pelo menos.

- Argh Isabella. Murmurei.

Eram exatamente 00:30 horas, quando recebi uma mensagem de texto da Alice, avisando que a tia Esme tinha acabado de chegar e detalhe, com um sorriso enorme na cara, palavras dela. Balancei a cabeça rindo, Alice não tinha jeito mesmo. É isso, Alice! Não queria envolvê-la nisso, mas não tinha outra alternativa. Procurei nos registros o número que ela tinha me ligado antes, torcendo para ser mesmo dela e não de qualquer um dos irmãos. O problema é que aquele celular moderno não estava me ajudando. Deus, onde estão os bons e velhos aparelhos celulares com teclas? Essa mania de touch... Alguma coisa, não colaborava.

- Calma Bella, calma! Eu repetia para mim mesma a cada tentativa frustrada.

Depois de uns bons minutos consegui acessar a lista de chamadas recebidas e retornei a ligação. Graças a Deus e ao Peter eu tinha créditos. Assim que começou a chamar minha coragem foi substituída por ansiedade, por último, aflição. Ao quinto toque e quando eu á estava praticamente desistindo alguém atendeu.

- Alô? Uma voz masculina e rouca de sono atendeu. Não uma voz qualquer, mas sim a voz. Era ele, Edward.

Fiquei calada, as palavras simplesmente se recusavam a sair. Ouvi-lo depois de tantos dias era angustiante e maravilhoso ao mesmo tempo. Mas espera, será que a Alice teve coragem de me ligar do celular dele? Ou foi ele quem atendeu o dela? O que isso importa afinal?

- Oi, será que a pessoa do outro lado da linha poderia por obséquio falar algo ou desligar? Se não se importa, já passa da meia noite, eu quero e preciso dormir.

Ele suspirou parecendo irritado com a falta de comunicação.

- Não se liga uma hora dessas para as pessoas, a não ser que seja algo urgente.

E eu suspirei de volta sem saber exatamente como fazer aquilo. “Tudo bem Isabella, é só falar alô”, que tal começar assim hein?

- Droga! Será que dá pra dizer de uma vez quem é e o que deseja?

Vamos Bella coragem. Fale!

- Pelo visto teremos um monólogo a meia noite. Que ótimo, mas estou indo dormir. Olha se for alguma amiga da Alice, vou avisando que esse celular não é dela, portanto liga pra ela agora porque estou indo dormir. Então...

Deus! Era agora ou nunca.

- Edward. Sou eu, a... Respirei fundo, pois o ar parecia não chegar o suficiente nos meus pulmões. – A Bella, será que nós poderíamos... Engoli em seco. – Conversar?

Ouvi um arquejo e depois dele somente o silêncio se fez presente.


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Notas finais do capítulo

Antes de mais nada queria pedir pra vocês darem uma olhadinha na fic da minha amiga e que eu sou beta. Vocês vão adorar, principalmente quem gosta de histórias de época!
http://www.fanfiction.com.br/historia/147993/Um_Amor_Do_Passado

E então gostaram? Comentem, comentem e comentem!
Beijos e até quarta, se Deus quiser antes!