O Amor em Teus Braços escrita por Jucy Lima


Capítulo 10
Capítulo 8 - Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Olá flores... Vamos deixar de conversa e ler o capítulo fresquinho?
Até lá embaixo...
:)



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Capítulo 8 - TEMPESTADE

Pov Esme

Apesar de tantos anos exercendo essa maravilhosa profissão, sim porque salvar vidas, é a minha VIDA em todos os sentidos da palavra, nunca havia me sensibilizado tão profundamente com um paciente, quanto com Isabella. Salva-lá foi a coisa mais prazerosa e ao mesmo tempo difícil para mim em todos esses dez anos de carreira. Tinha algo nela que me despertava uma imensa vontade de amá-la, protegê-la. Durante esses três dias em que ainda corria sérios riscos, não houve um só momento em que não estive ao seu lado, cuidando pessoalmente para que nada atrapalhasse a sua recuperação. Vê-la tão sozinha, desprotegida, só contribuiu para aflorar mais ainda meu extinto materno. Fiquei imaginando viver uma situação horrenda dessas, pensei nos meus próprios filhos, na angústia que sentiria se fosse um deles ali naquela maca, o rosto ensangüentado, ou um pouco depois na mesa de cirurgia lutando para continuar vivo. Com certeza não pode haver dor maior. Tinha que prestar solidariedade à mãe da menina, além de questioná-la sobre algo.

Assim que saí do centro cirúrgico fui ao encontro da mulher que veio trazê-la. A encontrei na recepção com o semblante aflito. Ela levantou rapidamente assim que me viu.

- Como está a Bella doutora? Ela resistiu? Perguntou rapidamente.

- Calma senhora... A garota resistiu ao processo cirúrgico sim, mas ainda corre risco de morte nas próximas 72 horas. Por isso achamos melhor mantê-la em coma induzido para que descanse devidamente se recupere mais rápido. Expliquei.

- Quer dizer que ainda há possibilidades de ela não viver? E se tudo correr bem haverá alguma seqüela?

- Bem... Senhora... Como se chama mesmo, por favor?

- Renee Swan.

- Bom Renee, como disse antes, essas primeiras 72 horas são de extrema importância para sua filha. Se ela resistir a esse período não vejo preocupações mais sérias. Enquanto as seqüelas, elas podem existir ou não. Depende da gravidade do quadro e da sua recuperação. Por hora devemos rezar para que ela responda bem aos medicamentos, só assim saberemos o que acontecerá. Digo e repito essas horas são cruciais para a menina.

A mulher suspirou pesadamente antes de responder.

- Entendo perfeitamente.

Ela pode até ter compreendido o que eu falei, mas por que estava agindo daquela maneira? Era impressão minha ou eu percebi decepção na sua voz, assim que falei da recuperação de Isabella? Não, não. Eu devo estar imaginando coisas.

E assim passaram as primeiras vinte e quatro horas. Sempre que tinha um tempinho livre ia até a UTI, ver como Isabella estava reagindo aos medicamentos, graças a Deus sua recuperação estava caminhando muito bem. Mas havia algo em relação a mãe dela que estava me incomodando, e com certeza não demoraria a entender do que se trata.

No segundo dia, aconteceu uma coisa que realmente me surpreendeu. Tinha acabado de chegar ao hospital, entrei rapidamente no meu consultório, deixei as minhas coisas pessoais e pedi a Gianna o prontuário dos pacientes. Já ia começar a ronda para examiná-los quando Renee veio ao meu encontro.

- Bom dia doutora. Falou.

- Bom dia Renee, como está?

- Bem doutora. Na verdade gostaria de falar com a senhora. Sei que deve ter muitos pacientes a atender, mas garanto que não tomarei muito o seu tempo.

- Entendo perfeitamente a sua preocupação. Se está querendo saber notícias de Isabella, infelizmente não posso dizer nada ainda. Acabei de chegar, mas já estava indo vê-la. Acalme-se, tudo dará certo. E por favor, me chame de Esme.

- Obrigada Esme. Não se aflija quanto às notícias de Bella, acabei de falar com o médico plantonista e ele me garantiu que ela está indo muito bem. O que gostaria de tratar é outro assunto, um pouco mais complicado para lhe ser sincera.

- Claro, claro. Vamos ao meu consultório sim? Perguntei. Não sabia por que, mas sentia que essa conversa seria crucial para as minhas conclusões.

Ela assentiu me seguindo. Chegamos à porta e eu abri convidando-a a se acomodar.

- Sente-se, por favor. Esteja à vontade. Falei.

- Obrigada mais uma vez. Como disse antes, serei breve. Respondeu.

- Bem, quando quiser, estarei ouvindo.

- Não sou mulher de rodeios Esme. Pode parecer grosseiro, e insensível da minha parte, vendo pela situação em que minha filha se encontra, mas realmente não há outra solução. Não tivemos oportunidade de conversar devido às circunstâncias, mas realmente acho necessário esclarecer algumas coisas para que não haja conclusões equivocadas diante o que tenho a falar. Desde que Charlie morreu há quase dez anos, Bella e eu vivemos sozinhas, não temos parentes próximos, portanto ninguém com quem contar em uma hora dessas. A pensão que ele nos deixou não cobre nem a metade das nossas despesas e desde então faço o que posso para dar o melhor a minha querida filha. Trabalho como representante comercial de uma empresa de cosméticos. Passo a maior parte da semana fora de casa, viajando de cidade em cidade, deixando Bella na maior parte do tempo sozinha. No início foi difícil, pois ela ainda era pequena, mas como boa menina que sempre foi, quando iniciou o ensino médio arrumou um estágio, ajudando assim na renda familiar. Mas infelizmente não foi o suficiente para que eu pudesse passar mais tempo ao lado da minha adorada filhinha. Sei que você não tem obrigação de escutar as minhas lamúrias, mas creio de assim poderá me entender melhor.

- Compreendo, mas quero que não se preocupe quanto às despesas de Bella aqui no hospital, depois falaremos disso. O importante agora é a sua recuperação ok?

- Você é realmente um anjo doutora. Primeiro salva a vida da minha Bella, agora me dá uma notícia dessas, realmente não sei como agradecer. Ela falou segurando as minhas mãos.

Não sei por que, mas senti um calafrio com esse contato.

- Repito não tem com que se preocupar. Mas... Ainda não entendi o real motivo dessa conversa. Falei sentindo que a cada momento chegava mais perto. A sensação estranha só crescia dentro de mim.

- Sim, sim. Vou direto ao ponto. O problema é que exatamente no dia em que ocorreu o acidente com a Bella, eu estava justamente voltando para casa para pegar algumas coisas, como roupas e objetos pessoais e explicar a minha filha que teria que passar uns dias fora, mais ou menos quinze dias para ser mais exata. Essa viagem já estava marcada há quase um mês e dela depende o meu emprego e o nosso sustento. Consegui adiar por dois dias o vôo, mas infelizmente não posso cancelar. Essa viagem será o grande passo para a promoção que tanto almejo, sem contar na oportunidade de dar uma vida melhor a minha filha. O fato é que parto amanhã ás seis horas, mas não sem antes me garantir que Bella ficará bem, não suportaria se algo acontecesse a minha princesa. Como você mesma disse antes e o médico plantonista Dr. Benjamim me assegurou, ela está progredindo muito bem, por isso não vejo nenhum problema em seguir com meus planos. É claro, pensando num futuro para a minha filha. Ela falou.

Sinceramente, nunca ouvi algo mais repugnante em toda a minha vida. Como uma mãe poderia deixar seu próprio filho gravemente ferido por causa de um emprego? Não consigo entender. Para mim, meus filhos sempre estiveram acima de qualquer coisa. Não hesitaria em largar tudo por eles, sempre lutei para que eles tivessem o melhor, não só financeiramente, porém o mais importante, emocionalmente. Se fosse para escolher entre dar uma vida financeira melhor a eles ou estar ao seu lado numa situação como essa não pensaria duas vezes. Ficar ao lado deles é o que mais importa o resto à gente conquista depois.

Quem sou eu pra julgar uma pessoa? Ela tem suas próprias convicções e embora não as aprove nem um pouco não tenho direito de me meter. Mas isso não quer dizer que não posso tirar as minhas próprias conclusões.

O comportamento de Renee Swan foi um tanto estranho ao dar entrada com Isabella na emergência. O nervosismo era quase palpável. Não era aflição pela filha ferida, mas sim outro tipo de emoção que não consegui identificar, até porque não tive muito tempo para conversar com ela, afinal tinha um trabalho a fazer. Foi uma cirurgia difícil, a garota perdeu bastante sangue, além do corte da cabeça ser bastante profundo, o que complicou mais ainda, acarretando num grave traumatismo craniano. Posso afirmar que todas as letras que se hoje Isabella está viva, não foi nada mais do que a vontade de Deus. Sem sombra de dúvidas um milagre divino. 

Agora estou começando a decifrar parte desse enigma. Não tinha certeza de nada, mas já que sua mãe não poderia ficar ao seu lado, Isabella não ficaria desamparada enquanto permanecesse aqui, tanto física quanto emocionalmente.

Acho que permaneci tempo demais absorta em meus próprios pensamentos, até que olhei a mulher á minha frente e percebi que ela esperava que eu dissesse alguma coisa.

Decidi que seria o mais franca possível.

- Bom Renee se disser que não estou surpresa não estaria sendo sincera. Embora ache que sua presença será fundamental na recuperação de Isabella, não posso e na verdade, nem devo questionar uma decisão sua afinal você sabe o que faz. Enquanto ao estado clínico dela só posso assegurar-lhe após examiná-la, como disse antes acabei de chegar e não tive essa oportunidade ainda.

- Entendo Esme e mais uma vez agradeço. Espero sinceramente que não me leve a mal, nem pense que não me importo com a minha filha, mas realmente espero por isso há muito tempo.

- Tudo bem, e já disse e repito você não precisa me agradecer. Agora se não se importa nós temos algumas coisas a serem resolvidas. Afinal com a sua ausência, teremos que tomar algumas medidas necessárias. Falei e pela sua cara ela não esperava essa atitude um tanto rude da minha parte.

- Claro que sim, o que precisar doutora. Respondeu.

Conversamos mais alguns minutos, ela me passou o telefone do hotel onde se hospedaria, e de uma vizinha próxima a sua casa para qualquer emergência que ela não pudesse resolver por telefone.

Eu particularmente não gostei nada da como eu posso dizer, animação, da Renee ao acertarmos as coisas. Ela nem ao menos perguntou quando Isabella teria alta, isso só contribuiu para perceber sua falta de interesse. Mesmo assim resolvi informa-la, além do mais ainda havia algo que tinha que perguntar. E começaria agora mesmo.

- Acho que estamos com tudo acertado Esme. Agora se me dá licença vou ver a minha filha, permanecer esse pouco tempo ao seu lado.

- Sim, essa é uma boa idéia. Ela sentirá sua falta quando acordar, mas explicarei a sua ausência, tenho certeza que como boa filha que é como você mesma faz questão de ressaltar ela entenderá. Mas antes, gostaria de informar que é bem provável que Isabella receba alta antes da sua volta, portanto como faremos? Afinal ela ainda é menor de idade e precisará de alguém que assine a sua alta.

- Oh! Não contava com mais esse problema. Quer dizer, desculpe os modos, mas não esperava por isso. Será que ela não poderia permanecer aqui enquanto eu estivesse fora? Perguntou.

- Infelizmente não. Assim que a paciente receber alta deve voltar pra casa. A permanência no hospital tanto pode ser benéfica quanto maléfica para um paciente. Além do mais, depois de já poder sair pra quê permanecer não é?

- Entendo. Mas, quanto tempo ela vai permanecer aqui exatamente?

- Se tudo continuar caminhando bem, creio que uns dez dias mais ou menos. Respondi.

- Certo. Tentarei ao máximo voltar antes disso. Farei o possível. Tudo o que mais quero é ver a minha Bella bem.

- Acredito que sim. Afinal você é a mãe dela, nunca iria desejar mal a sua própria filha. Pronunciei e mais uma vez sua reação me deixou desconcertada.

Ela bufou com desdém antes de responder.

- Claro que sim. Oh, desculpe-me, claro que não. Isabella é o que tenho de mais valioso na vida, a melhor coisa que Charlie me deixou.  Agora se me dá licença vou indo.Falou levantando rapidamente. Era impressão minha ou ela estava desconfortável? O mesmo nervosismo de quando chegou com a menina à emergência? Definitivamente tem mais nessa história do que aparenta. Só poderei saber de tudo quando a menina acordar, ai sim todas as lacunas serão preenchidas.

- Espere, vou com você, afinal já passou da hora de começar a trabalhar. Falei ao mesmo tempo em que levantava para alcançá-la.

- Vamos.

Enquanto a seguia pensei melhor em tudo o que conversamos. Realmente era uma situação estranha. Renee agia como se estivesse com medo de algo, ou alguém. Não estou duvidando das razões que me apresentou, mas algo no meu interior que por sinal nunca permite que me engane, me diz que muitas coisas acontecerão.

Paramos em frente à porta da UTI onde a garota permanecia.

- Fiquei aqui, vou examiná-la e volto para conversamos mais um pouco.

Ela balançou a cabeça assentindo.

Coloquei a roupa apropriada e entrei para ver Isabella. Assim que cheguei perto dela fiquei chocada. Não que nunca tenha visto situações como essa. Mas o que me deixou triste e chateada ao mesmo tempo, foi que realmente não havia necessidade de fazer isso. Quando a enfermeira Jane me ligou ontem à noite contando, ela não entrou em muitos detalhes, só disse que era melhor eu ver por mim mesma, mas não achei que tinham chegado a esse extremo, e o pior que tudo fora ordem da própria mãe de Isabella.

Deixando o meu lado profissional agir verifiquei os aparelhos, sua pressão arterial, sinais vitais, enfim todos os detalhes. Realmente essa menina era uma lutadora. Ali tão indefesa deitada em uma cama de hospital, sem ter idéia do que a esperava, e o pior praticamente sozinha nesse momento difícil. Pergunto-me como será quando ela acordar e perceber o que foi feito. Sei que como médica o bem estar dos pacientes vem antes de qualquer coisa quem dirá a vaidade, mas é muito triste uma menina passar por uma coisa dessas. Aquilo realmente não seria necessário em minha opinião, por isso não pedi que fizessem na sala de cirurgia a não ser no local do corte. Admito que ficou um pouco estranho, mas não demoraria muito a voltar ao normal. E com certeza seria menos traumatizante para ela. Mas infelizmente não estava ao meu alcance decidir ou não. O que me faz lembrar que ainda teria que cobrar mais essa resposta da mãe dela.

- Continue sendo forte Bella. Você nunca estará sozinha, eu vou te ajudar menina.

Acariciei seu rosto de anjo, beijando a sua testa levemente enquanto deixava a sala.

Assim que cheguei do lado de fora, após tirar as roupas especiais fui falar com Renee. Ela estava sentada na poltrona em frente a UTI.

- E então doutora Esme alguma novidade? Ela perguntou com falso interesse.

- As mesmas, ela está progredindo como o esperado. Dentro de algumas horas mandarei que a tirem do coma induzido, para ver como reage.

- Ótimo, assim poderei ir mais tranqüila. Respondeu.

- Claro. Mas antes me permita perguntar uma última coisa. Por que sugeriu que fizessem aquilo com a menina? Realmente não era necessário, se o fosse eu mesmo teria feito no centro cirúrgico. Não pensou em como ela se sentirá quando perceber? Apesar de muito bonita, isso será um golpe e tanto na sua alto-estima o que não ajudará em nada na sua recuperação. Desabafei em um tom mais exigente do que o que me era permitido. Sabia que não tinha o direito de agir assim, mas aquilo mexeu comigo de uma maneira inexplicável.

- Não entendo. Do que está falando doutora? Perguntou aparentando inocência. Ela sabia muito bem a que estava me referindo. Decidi que uma discussão não seria o mais apropriado naquele momento, até porque estava de pés e mãos atadas e não havia mais nada que pudesse ser feito para reverter à situação.

- Acho que não preciso ser mais clara Renee. Falei tentando me controlar.

- Ah sim! Compreendo sua preocupação, mas não se aflija. Bella nunca foi vaidosa, além do mais da maneira que estava seria mais vergonhoso para ela tenho certeza. Ela entenderá que como mãe sei o que é melhor para ela. Respondeu calmamente, o que quase me fez perder o controle. Não podia me deixar guiar pela raiva, tinha que agir com cautela, por isso assenti rapidamente saindo dali.

- Claro. Respondi quando estava na porta.

...

Pov Edward

Uma semana, há exatamente sete dias não vejo a Bella. Nem a escola ela tem ido. Estive na sua casa todos esses dias, mas ao que parece não havia ninguém lá. O que só contribuiu para o meu mau humor e frustração, sem contar a imensa preocupação que a ameaçava me sufocar a qualquer momento. Onde será que ela está meu Deus?

Alice também estava tão aflita quanto eu. Ela tentava me ajudar de todas as maneiras, sondando pelo colégio se alguém sabia de algo, mas até agora nada. Ao que parece Bella simplesmente sumiu e o pior a mãe dela também, o que só aumenta meu desespero.

Hoje de manhã, uma das meninas da nossa classe me abordou no estacionamento perguntando por Bella. Ela disse que não há via desde a última segunda feira, quando ela saiu comigo. Percebi que a garota estava tão preocupada quanto eu, não vi maldade nela e sim solidariedade. Seu nome é Ângela e ela me disse que é amiga de Bella e estava preocupada por que além de faltar aula, o que ela nunca havia feito, também não conseguia falar com ela. Respondi que estava na mesma situação e que a última vez que nos falamos foi há exatamente uma semana.

- Edward isso é realmente preocupante. Tem algo de muito grave acontecendo com a Bella. Ângela falou.

- O pior é que sou obrigado a concordar com você. Também tenho essa impressão. Pelo pouco que conversamos percebi que Bella não é uma garota irresponsável a ponto de faltar à escola e o trabalho tantos dias sem nem ao menos dar uma explicação.

- Pois é. O mais estranho é que nem as minhas ligações ela atende ou retorna. Estou realmente preocupada.

- Droga! Falei esmurrando o capô do carro, e consequentemente chamando a atenção da metade da escola que se encontrava no estacionamento.

Eu sabia que amassar o capô do meu Volvo não ia trazer a Bella de volta nem acabar com essa angústia no meu peito, mas estava a ponto de explodir. Além de não saber absolutamente nada dela, ainda não tinha conseguido falar com a minha mãe sobre o que aconteceu na semana passada. Ela mal parava em casa. Alegou que tinha uma paciente que precisava de cuidados especiais e não deu mais detalhes. De lá pra cá, só vejo a minha mãe na hora do café da manhã, isso quando ela não saí rapidamente tomando apenas um suco ou quando não está de plantão o que é bem pior.

Saí de meus devaneios assim que ouvi a voz de Alice ao meu lado. Ela estava conversando com Ângela e pelo que pude perceber estavam se dando muito bem.

- Desculpe-me Ângela, não tinha o direito de ser grosso com você, afinal não tem culpa e está tão preocupada quanto eu. È que realmente essa situação toda está me deixando frustrado pra não dizer coisa pior.

- Tudo bem Edward, não se preocupe com isso. Sei como está se sentindo. Respondeu me dando um meio sorriso encorajador.

- Obrigado. Foi a única coisa que consegui falar.

Alice veio até mim e me abraçou. Eu estava mesmo precisando do colo da minha irmã anã, só ela além da mamãe me compreendia perfeitamente.

- Calma Ed, nós vamos descobrir o que houve, tenha fé. Murmurou.

- Eu sinceramente conto com isso Allie, não sei mais o que fazer.

- Eu estou aqui, logo, logo vamos ter notícias da Bella. Vai ver ela teve que viajar ou algo assim e não deu tempo para avisar aqui no colégio e nem no trabalho. Emergências acontecem mano. Não se desespere, tenho certeza que tudo terminará bem ok?

Assenti soltando-me do seu abraço.

- Allie avise aos outros que não estou me sentindo bem, vou pra casa. Você pode dirigir? Vou caminhando assim posso pensar um pouco, colocar meus pensamentos em ordem.

- Claro irmãozinho lindo. Já disse que te amo hoje? Ela falou dando os seus famosos pulinhos.

- Tudo isso é porque vai finalmente dirigir o meu carro? Já estou começando a desistir de ir andando. Tentei brincar e ela mostrou a língua como de costume.

- Besta. Edward Anthony Cullen! Se está preocupado com o seu precioso Volvo pode ir tranqüilo meu amor ele está em ótimas mãos.

- Com certeza. Só espero que pelo menos o volante chegue inteiro em casa. Em resposta ao meu comentário recebi um tapa.

Alice seria sempre Alice. Dessa vez tive que sorrir. Acho que era a primeira vez que fazia isso em uma semana.

Ela sorriu de volta me abraçando mais uma vez antes de murmurar:

- Pelo menos consegui tirar um sorriso de você maninho. Fica bem ta? Agora tenho que ir, você não vai à aula, mas eu já estou quase atrasada, portanto bye, bye. Falou.

- Tchau Alice, tchau Ângela. Despedi-me delas e sai do colégio.

Comecei a caminhar perdido em pensamentos, tentando achar uma explicação para a reviravolta que minha vida sofreu há exatamente sete dias. Há sete dias encontrei a garota mais linda, mais especial que já conheci e numa brincadeira do destino me apaixonei perdidamente pela mesma. Sempre achei bobagem essa coisa toda de amor à primeira vista, para mim isso não passada de uma história ridícula presente nos mais tolos romances, algo a mais para dar ênfase a um determinado livro, novela ou coisas do tipo. Mas pra variar eu estava completamente equivocado. Tudo aconteceu tão de repente e o mais incrível foi que senti que também poderia ser correspondido. A maneira com Bella me aceitou, o carinho que irradiava dela a cada beijo, a cada gesto de carinho ou até mesmo no breve momento que a vi sorrir me dava certeza de que fomos feitos um pro outro. Ai de repente acontece tudo isso e eu fico aqui frustrado. A cada dia que passa o desespero tomando conta do meu ser, por não vê-la mais, nem sequer ouvir sua voz, quanto mais saber se está bem ou não. Agora aqui estou eu, sofrendo por uma garota que entrou na minha vida sem pretensão alguma, sem pedir licença bagunçando tudo a minha volta, mas que mesmo assim os poucos momentos em que estivemos juntos foram mais importantes do que uma vida inteira.

Quando dei por mim, estava parado na frente da casa de Bella. Lembrei da primeira vez que nos beijamos da maciez dos seus lábios, da doçura do seu hálito. De como me senti completo com ela em meus braços, como se encaixava perfeitamente neles como se fosse feita sob medida para mim, da promessa que fiz e que por ironia do destino acabei descumprindo no mesmo dia. Senti algo molhado escorrer por meu resto e percebi que estava chorando. Algo que não fazia há muitos anos.

- Eu vou te achar Bella, custe o que custar. E quando isso acontecer não deixarei jamais que se afaste novamente, nem que isso custe a minha vida. Essa promessa não será quebrada! Murmurei mais para mim mesmo do que outra coisa.

Saí dali a passos rápidos quase correndo, precisava pensar e só havia um único lugar que me oferecia a paz necessária: a clareira.

...

Pov Bella

Hoje faz exatamente sete dias. Há uma semana estou nesse hospital, tenho que confessar que já não tenho mais forças, a vontade de continuar lutando se esvai a casa instante. Depois de tudo o que aconteceu nessa semana não tenho mais dúvidas de que sou filha de um monstro sem coração. Já não bastava ter me humilhado e pisoteado a vida inteira? Ter me jogado escada abaixo? Não, não bastou. Ela queria mais e não hesitou em conseguir. Admito que de todas as crueldades que sofri essa foi a que mais me abalou acompanhadas de suas palavras ferinas no pequeno bilhete, tudo o que faltava para completar a desgraça. Está tudo vívido na minha mente como se estivesse acontecendo nesse momento.

FLASHBACK...

A doutora Esme tinha acabado de sair do quarto após me explicar tudo o que supostamente aconteceu. Claro que Renee iria contar a versão mágica dela em que com certeza a própria seria a heroína da história pra variar. Até então achava que nada poderia piorar a situação. Quando a doutora me disse que minha mãe teve que viajar para o seu “trabalho”, me senti aliviada. Assim poderia colocar meus pensamentos em ordem e resolver que rumo dar a minha vida. Não poderia continuar morando com ela, não depois de tudo o que suportei durante todos esses anos na esperança de algum dia receber uma migalha do seu amor, quanto mais depois do que ouvi e aconteceu há exatos três dias. O dinheiro que ganho no estágio é pouco, a única solução será largar a escola e arrumar outro emprego. Só assim conseguirei sair daquela casa que um dia fui feliz ao lado do meu querido pai. Tenho certeza que Renee não se importará, acho até que ela irá fazer uma festa para comemorar que finalmente teria a casa inteira para ela e seus muitos amantes, sem o peso, como ela mesma costumava se referir a mim para atrapalhar sua vida.

Assim acabei dormindo. Acordei sentindo mãos frias pressionarem o meu pulso. Abro os olhos e encontrei uma enfermeira sorridente. Pelos seus gestos acho que estava aferindo a minha pressão.

- Como se sente querida? Perguntou gentilmente.

- Bem. Respondi ainda rouca pelo sono.

- Alguma dor? Está com fome?

Fome. Ta aí uma coisa que não tinha me dado conta até ela falar. Assim que fechou a boca meu estômago roncou audivelmente.

-Acho que isso responde a metade da minha pergunta. Sorriu. Mas enquanto a outra parte?

- Não. Quer dizer, não sinto dor. Respondi olhando para as minhas mãos.

- Que bom, isso é um ótimo sinal. Daqui a pouco eu volto com o seu jantar tudo bem?

Assenti ainda olhando para baixo.

Ela saiu e poucos minutos depois voltou com uma bandeja e acompanhada de um homem alto, vestido da mesma maneira que a doutora Esme, presumi que deveria ser médico também.

- Aqui está querida. Falou arrumando a bandeja no suporte a minha frente, enquanto o homem se aproximava com o prontuário na mão.

A enfermeira começou a ajeitar a cama para que eu pudesse ficar parcialmente sentada para me alimentar.

- Isabella Marie Swan certo mocinha? Perguntou dando um sorriso encorajador.

- Sim, senhor. Respondi.

- Ora, deixe esse senhor pra lá, pareço tão velho assim?

- Desculpe, falei ruborizando.

- Não há porque se desculpar querida. Veja como sou mal educado, nem me apresentei. Meu nome é Peter, um dos muitos médicos desse hospital, embora o mais bonito. Piscou me fazendo rir acompanhada da enfermeira.

- Olhe só, consegui fazer as damas sorrirem, isso é muito bom. Vejo que está com fome, essa sim é uma boa notícia. Não vou mais atrapalhar o seu jantar. Só passei por aqui para conhecê-la, já que Esme não fala de outra coisa a não ser você. E me incumbiu de cuidar para que esteja bem e em perfeito estado para quando ela chegar amanhã. Na verdade tive que praticamente obriga-la a ir para casa, já que tinha três dias de plantão nesse hospital. Agora que já terminei o meu discurso estou indo babys. Falou jogando um beijo para nós e saindo em seguida.

- O doutor Peter é muito brincalhão. Todos dizem que ele é a alma alegre desse hospital. Sempre de bem com a vida.

- Eu percebi. Gostei dele, parece ser muito legal assim como a doutora Esme.

- Com certeza Isabella. Agora vamos jantar ok?

- Ok. Mas posso pedir um favor?

- Claro.

- Me chame só de Bella. Sorri de leve.

- Favor concedido Bella. E por favor me chame de Jane. Respondeu.

Assenti.

...

Terminei de jantar e a enfermeira Jane permaneceu um pouco mais no quarto.

- Ah Bella já ia esquecendo. Tem algo que preciso te entregar. Acho que é da sua mãe. Espere um instante. Ela saiu e voltou rapidamente com um vaso de flores em mãos. Imediatamente meu coração gelou aquilo com certeza seria a minha derrota.

- Bom agora tenho que ir Bella, nos vemos mais tarde. Boa noite.

- Boa noite Jane. Falei com a voz embargada pelas lágrimas que já ameaçavam cair. Despedi-me enquanto me entregava o vaso.

Eram margaridas, as minhas flores prediletas. Acompanhando as flores havia um bilhete, com as seguintes palavras escritas em uma caligrafia impecável:

“Espero que a surpresa seja tão agradável para você quanto foi para mim. As flores são para ressaltar ainda mais a sua beleza estonteante minha querida filha. Esse novo visual lhe caiu como uma luva. Se eu fosse você não perdia tempo e ia até o banheiro mais próximo à procura de um espelho. E não esqueça de me agradecer, afinal a idéia foi inteiramente minha, portanto mereço os créditos.”

    De sua querida mãezinha, que te ama muito, Renee.

Assim que terminei de ler joguei as flores de qualquer jeito em cima do criado mudo. Comecei a desconectar os fios do meu corpo, inclusive a agulha que pendia na minha mão para receber o soro. Levantei um pouco rápido e uma vertigem me atingiu quase me derrubando no chão. Segurei a tempo com a mão boa na cama e consegui me equilibrar. Caminhando com cuidado fui até o banheiro do quarto, parei em frente ao espelho. Tudo bem que eu estava mesmo horrível com os lábios e o olho esquerdo completamente roxo, sendo que o último nem abria de tão inchado. Tinha a cabeça completamente enfaixada, mas até ai nada de anormal já que sofri um traumatismo craniano. Mas tinha algo errado, ela dizia novo visual. Meu Deus o que será houve dessa vez? Será que eu suportaria mais uma de suas maldades? Por que eu sinto que isso vai arruinar e marcar a minha vida pra sempre? As lagrimas já escorriam livremente pela minha face machucada.

E então como se uma luz acendesse eu percebi. Olhei novamente o bilhete na minha mão e vi o meu passaporte para o inferno. Em letras bem pequenas havia:

P.S: ”Não esqueça de tirar a faixa da cabeça querida.”

- Não, ela não seria capaz. Isso é um pesadelo! Eu chorava enquanto desfazia o curativo da minha cabeça.

Quando por fim as ataduras caíram no chão, tive certeza que minha vida tinha acabado, eu estava no inferno. Além do corte na lateral da minha cabeça, em que se podia ver vários pontos, não havia mais nada. NADA. O MEU CABELO, CADÊ O MEU CABELO? POR QUE MEU DEUS? POR QUÊ? ELA CONSEGUIU, RENEE ME DESTRUIU.

Ouvi um grito estridente, agonizante daqueles que gelam a alma de qualquer pessoa. Só percebi que aquele som extremamente selvagem saiu da minha garganta quando vi o doutor Peter atrás de mim, antes de cair na inconsciência... E mesmo nela, cercada pela escuridão abundante suas palavras ecoavam na minha cabeça: “E não esqueça de me agradecer, afinal a idéia foi inteiramente minha”...

Com certeza nunca esquecerei.

FIM DO FLASHBACK.

(...) CONTINUA.


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Notas finais do capítulo

Bom amores ai está mais um cap...
Será que mereço uma recomendação?
Ficaria muuito feliz se recebesse, ainda não tenho nenhuma...
:(
Grande beijo e se tivermos um número maior de comentários que no capítulo anterior posto outro assim que alcançarmos ok?
Beijo, beijo!