POV Bella

Olhei para o vazio por alguns momentos, mas não permiti que mais nenhum lagrima caísse. Eu tinha que parar de me lamentar. Tantas escolhas... tantas decisões a serem tomadas... Tantos erros que precisavam ser corrigidos, tantos perigos que eu e todos que amo corriam... Era muito para uma pessoa só.

Sentei-me lentamente, sem forças para ficar em pé, querendo me abraçar e ficar encolhida, olhando para o vazio. Mas enquanto sentava, meus olhos dispararam para não muito longe dali. Um corpo. Sobrara um recém criado. Esqueceram de queimá-lo. Fui lentamente até lá, com a varinha em punho, pronta para me defender caso ainda estivesse vivo. Minha respiração ficou presa quando vi que na verdade não era um recém criado. Era Lucius Malfoy.

Era só o que me faltava.

POV Edward

23 de novembro (N/A: lembrando que no pov Bella, ela estava no dia 24 de dezembro).

- Nós precisamos interferir antes que as coisas fiquem fora de controle. – disse Carlisle com a voz calma, apesar de sua expressão preocupada.

- Já está fora de controle. – retruquei, nervoso.

- Então vamos, o que estamos esperando? – Emmet se levantou, mostrando animação, ao contrário de todos que estavam tensos.

- Não deveríamos nos meter. Isso não tem nada a ver com a gente. – retorquiu Rosalie, puxando Emmet para que voltasse a se sentar. A força com que ele foi puxado fez com que o sofá se rasgasse.

- Oh, me... – começou Rose, olhando Esme arrependida.

- Não faz mal querida, já estava na hora de trocar esse sofá. – disse confortadora e até aliviada pela mudança de assunto.

- Você não consegue ver nada Alice? – perguntei, não me deixando levar pela distração. Nós precisávamos resolver aquela situação o mais rápido possível.

- Não – respondeu infeliz, massageando fortemente as têmporas – não consigo ver nada enquanto nenhuma decisão é tomada.

- Vidas demais estão sendo perdida. Não podemos permitir isso. – falou Carlisle, com uma leve contrariedade na voz.

- Mas como não podemos permitir? Se ao menos conseguíssemos falar com o criador deles... mas não temos a mínima ideia de quem possa ser.

- Isso não mudaria nada – retrucou Jasper. – o criador com certeza não tem a mínima ideia do que está fazendo. Ele parece nem ligar para a destruição que os recém criados estão deixando.

Ficamos por muito tempo discutindo, e a melhor maneira que achamos foi entrarmos numa batalha contra eles. Aquilo estava indo longe demais, e precisávamos parar com aquilo o quanto antes.

22 de dezembro

Um forte estalo foi ouvido quando Emmet e Jasper se bateram fortemente. Estávamos na clareira, treinando. Há uma semana treinávamos, nos preparando para a luta contra os recém criados. Jasper tinha conhecimento sobre eles e nos ajudava. Os lobos também estavam ali. Eles, obviamente, também souberam das mortes, e foram nos interrogar se éramos nós que fazíamos aquela matança. Explicamos tudo a eles e disseram que também lutariam.

Desviei meus olhos por um milésimo de segundo, vendo Emmet tentar dar um soco do lado direito do corpo de Jasper, quando escutei um mínimo barulho.  Olhei rapidamente na direção e a vi.

Bella.

Parei de respirar assim que a vi novamente. Se tivesse um coração, ele teria saltado pela boca. Minha Bella. Estava mais linda do que nunca. Ela sempre fora bonita, mas agora tinha um ar de poder que a rodeava, deixando-a ainda mais bela e destemida.

Mas estava muito diferente, e aquela não era a Bella que eu conhecera no primeiro dia de aula da Forks High School. Seu rosto de traços delicados estava fechado, camuflando qualquer emoção que passasse por ali. E Bella sempre fora um livro aberto. Os olhos castanho chocolate eram frios. Não senti o aconchego e felicidade que sempre sentia ao olhá-los. Aquela era uma mulher forte e poderosa, mas com certeza não era a minha Bella.

– Olá. – disse alegremente. Seu rosto, por apenas um segundo, mudou ao dar um sorriso, mas imediatamente voltou a seriedade de antes. Em choque, segui seu olhar e vi Sam, o lobo estúpido e futuramente morto, correndo em sua direção. Não consegui me mover vendo ele chegar tão perto e Bella sequer tentar fugir. Quando meu cérebro me livrou do estupor, me avisando que tinha que salvá-la, Bella fez um movimento com aquele pauzinho estranho, e Sam foi jogando com força contra uma árvore. E ela começou a falar. Disse do plano de Sam, para fazer com que matassem Bella caso aparecesse. Mas os outros também ficaram em choque ao vê-la aparecer do nada, e apenas Sam agiu. Quase que instintivamente, dei um pequeno rosnado direcionado a Sam, mas Bella não ouviu.

Bella... Como sabia de tudo aquilo? Como fizera aquilo com Sam? As perguntas não saiam de minha mente, e eu precisava de respostas. Já estava mais do que na hora de eu tomar uma atitude e falar com Bella. Mas não aqui, nem agora. Em breve.

23 de dezembro.

Bella me traira.

Era só isso que passava em minha mente enquanto olhava para aquele cara. Bella me traiu com ele. Minha vontade era de quebra-lo em pedacinhos, mas eu estava colhendo o que plantei, e sabia disso. Quando deixei Bella, disse para que seguisse a vida em frente. Era o que ela estava fazendo. Apesar de não ser do jeito que eu queria, Bella parecia feliz. Tinha um brilho divertido, ao contrário de toda a indiferença com que nos recebeu, quando olhava para aquele moleque. Eu entendia, mas não queria entender.

Mas Bella não me esquecera. Percebi isso pelas inúmeras vezes que ela me olhou de esguelha, quase que inconscientemente. Ela devia estar confusa, e tudo o que eu queria era abraça-la, ir para longe dali, e afugentar todas suas dúvidas e medo. Mas a nova Bella não deixaria eu fazer isso.

E então, apareceram aqueles homens, dizendo que prenderiam Bella. Vi o medo em seus olhos. A dúvida, incerteza. Ela não sabia o que fazer. Mas eu estava pronto para pegá-la nos braços e correr com ela, como eu queria ter feito antes. Mas acabou tudo bem. Aquela voz dizendo que Bella não cometera crime tirou-os de lá.

Ouvi um pequeno soluço, e imediatamente abracei Bella. Soltei um baixo suspiro, inspirando discretamente o cabelo dela. Como eu sentira falta de seu abraço, seu cheiro. Me controlei para não abraçá-la com mais força. Apesar de mudada, Bella ainda era frágil, e com um pouquinho mais de força eu poderia acabar com sua vida. Ela soluçava, e eu alisei seu cabelo, tentando acalmá-la. Tudo parecia mágico. Eu estava abraçando Bella.

E então alguém acabou com a magia do momento.

– Eu vou ver... vou ver se não sobrou nenhum vampiro por aí. - Bella imediatamente me soltou, olhando para o garoto. E correu atrás dele. Eu via, pelo rosto de minha família, meu rosto desolado. Minha expressão de espanto, tristeza e aflição. Vi com grande terror Bella se jogar em seus braços, beijando-o, como nunca tinha me beijado. Beijando-o como ela nunca poderia ter me beijado, ao contrário eu a machucaria. Beijando-o com urgência. Com paixão.

Eu corri dali. Corri mais velozmente que nunca, e minha família me seguiu, logo atrás. Talvez para evitar que eu cometesse uma loucura. Mas eu não tinha raiva. Nem de Bella nem do menino. Era tristeza. Uma infelicidade profunda, sabendo que o culpado pela minha própria infelicidade era eu. Eu poderia ter Bella aqui, se tivesse lutado contra meus medos. Poderia estar com Bella agora, tê-la transformado e fazê-la como eu. Mas agora era tarde demais. Bella tinha me esquecido completamente, e não havia nada que eu pudesse fazer.

Eu acho.