POV Bella

- Posso saber por que você estava no salão comunal da sonserina com Draco Malfoy? – sua voz estava controlada, porém ainda era perceptível o ódio por traz dela. Arregalei os olhos.

- Como você soube disso? – as palavras escaparam incrédulas pela minha boca, e contive a vontade de me bater. Como sou burra!

- Então você admite? – seus olhos brilhavam perigosamente. Suspirei.

- Olha Harry, não precisa ficar bravo, foi só...

- OLHA HARRY NADA! EU ESTAVA MORRENDO DE PREOCUPAÇÃO POR VOCÊ ESTAR DESAPARECIDA E DESCUBRO QUE VOCÊ ESTEVE NO DORMITÓRIO DO MALFOY! VOCÊ SABE QUE EU ODEIO ELE! E AINDA QUER QUE EU FIQUE FELIZ? VOCÊ RECÊM CHEGOU E JÁ DEU PRO MALFOY. PARA QUEM MAIS, HEIN? FORAM TODOS DA SONSERINA? – dei um tapa bem forte em sua face. Minha mão deixou uma marca vermelha no local. Eu bufava furiosa, como se tivesse corrido uma maratona. Harry também bufava furioso enquanto esfregava o rosto com uma expressão magoada.

- Eu não admito que você fale assim comigo. Mesmo que eu estivesse fazendo isso com o Malfoy, você não teria o direto de me desrespeitar. – disse brava a ele.

- Ah, então eu deveria ter te dado os parabéns? – perguntou irônico.

- Não. Devia ter esperado eu responder.

- Você iria enrolar até falar que estavam fazendo sexo. Apenas adiantei as coisas – disse com descaso.

- QUER SABER? E se eu estivesse? O que você tem a ver com isso? Hein? – não dei tempo para ele responder – estamos no século XXI, sou maior de idade e vivemos num mundo livre. Eu não te devo explicações.

- Como assim? Claro que me deve! Sou seu irmão! – disse indignado, corando de raiva.

- Meu irmão, não meu pai! E você já está bem grandinho para dar um de irmão ciumento!

           - IRMÃO CIUMENTO? – berrou ele novamente descontrolado – fiquei dois anos pensando que você estava morta! Dois anos chorando, e você estava viva! Você tem ideia do que senti, quando vi seu corpo? Acha que só você sofre? Eu tinha perdido minha única família! Eu só tinha você, e quando pensei que tinha morrido... Tem ideia do que senti? Estava sozinho de novo! – Harry desabafava, e percebi que aquilo a tempos estava entalado em sua garganta.

           Sem conseguir conter, lágrimas escorreram por meu rosto. Olhei para Harry, seus olhos estavam lacrimejando com a sua confissão. Sem pensar duas vezes, abracei-o fortemente.

            Naquele momento percebi o quanto ele havia sofrido. Quer dizer, perceber eu já tinha percebido, mas só agora eu notava o quão era grande seu sofrimento. Fui uma egoísta mesmo, me importando só comigo. Durante esse tempo todo que eu havia desaparecido ele havia ficado sozinho, sem ninguém para ampará-lo, enquanto eu estava em Forks sofrendo meus dramas adolescentes.

            Reprovei-me mentalmente por ficar me preocupando com os meus problemas fúteis. Depois da morte de nossos pais, eu deveria ter sido a melhor irmã de todas. Falhei gravemente nisso.

            - Desculpe-me, Harry. Desculpe-me! Eu prometo que serei uma ótima irmã daqui pra frente, ok? – falei em meio aos soluços, ainda abraçando-o. Ele assentiu, e eu sentia suas lágrimas molhando minha camisa.

            - Tudo bem. Você me desculpa pelo que falei? – demorei um pouco para responder. O que e a maneira como ele falou foi inadmissível – por favor. Me desculpe. – disse desesperado, quando eu fiquei em silêncio – olha, foi da boca pra fora. Prometo me controlar da próxima vez.

            - Próxima vez uma ova – cortei-o – não terá próxima vez, você não gritará comigo novamente, e nem dará esse chilique estamos entendidos? – cruzei os braços, batendo o pé no chão. 

            - Tudo bem. Prometo que vou tentar. Mas você me desculpa?

            - Sim – disse num suspiro. Ele sorriu e me deu um abraço.

            - Mas afinal, o que você estava fazendo lá? – perguntou como quem não quer nada, passando o braço por minha cabeça, e começando a andar.

            - Muito despreocupado – disse rindo. Ele riu também.

            - Tudo bem – pigarreou – Bella, onde foi que você se meteu!?

            - Você não é a Hermione – reprovei-o.

            - Bella, soube que você esteve no salão comunal da sonserina. É verdade? – fez uma voz aguda hilária.

            - Não gosto de fofoqueiros – afirmei, ainda rindo.

            - Senhorita Potter, onde esteve? – fez voz grossa. Gargalhei.

            - Você não é meu professor. – disse dentre as risadas

            - Ah, tudo bem. Desisto. Diga logo o que estava fazendo no salão comunal da sonserina.

            - Muito impaciente. – ria internamente com as minhas observações.

            - Bella – lançou-me um olhar severo e irritado.

            - Ok, ok. Eu te conto! – me rendi - É o seguinte...

POV Alice

Fiquei aliviada com minha visão. Edward acordava em pouco menos de duas horas. O problema era a expressão de dor que ele tinha no rosto, e quando ele perguntava por que Bella tinha feito aquilo com ele. Então a visão terminava. Também me perguntava o porquê da Bella ter feito aquilo. Será que ela o odeia tanto quanto diz? Não acredito nisso. Apesar de tudo, vi que Bella não gostou do que fez com Edward.

- Ele vai acordar Alice? – perguntou Jasper em um tom preocupado. Afaguei o rosto dele. Era óbvio que ele estava sentindo a dor de Edward.

- Ele irá acordar em cerca de duas horas – afirmei e todos suspiraram aliviados.

- Ele está com muita dor, Jasper? – perguntou Esme hesitante. Ela estava como eu: queria e não queria ouvir a resposta.

- Sim. Ele sente muita dor, e está confuso.

- Não era pra menos, depois do que Bella fez... – disse Rosalie num sussurro, como se quisesse que ninguém a ouvisse.

- Não sei o que deu nela – disse tristemente, ainda tentando compreender.

- Bella sente muita mágoa de nós. Nunca deveríamos tê-la deixado – afirmou Esme.

- O pior que agora não dá nem pra culpar Edward, vendo-o nesse estado. – Emmett disse cabisbaixo.

- Venham, vamos para casa. Lá esperaremos Edward acordar. – Carlisle tentou mudar de assunto e tirar o clima pesado que se estabelecia.

POV Bella

As semanas se passaram. Eu mal percebia, e quando via, o tempo passava. Agora todos os alunos do 6º ano passavam horas ocupados, estudando. Não era diferente comigo, Harry, Rony e Hermione.

Draco Malfoy voltou a me ignorar. Quer dizer, às vezes, quando ninguém via, ele lançava-me olhares maliciosos, estes eu fazia questão de ignorar. Na aula de poções, em que dividíamos a mesa, ficávamos quietos sem sequer ousar nos olharmos por um segundo que fosse.

As suspeitas de Harry de que ele fosse um comensal só aumentava, ele estava virando um obcecado por Draco Malfoy. Assim como eu. Não apenas minha curiosidade de saber se ele é ou não um comensal, mas porque eu sempre via-me pensando naquele dia em seu dormitório. Não sei, acho que os estudos estão embaralhando meu cérebro.

Mas, infelizmente, não era só nisso que eu pensava. Os Cullen também tinham presença constante em minha mente. Eu ficava preocupada com Edward: queria saber se ele estava bem. Até me preocupava em como os outros iam pensar de mim depois do que fiz com ele. Mas, é como a Hermione disse, quando desabafei com ela: “ele fez muito pior com você… Pare de pensar nele, Bella… Isso não está te fazendo bem”. Claro que eu tentava, mas era um vício.

O natal chegou, fiquei em dúvida para onde iria, Harry iria para a Toca, porém eu decidi ir para outro lugar: Forks. Queria pesquisar um pouco sobre a morte de Charlie.

 Quem sabe alguém não tenha visto o assassino?

Ainda não tinha informado minha decisão ao Harry, mas já tinha conversado com Dumbledore. Foi difícil convencer o diretor e apenas após muito insistir ele permitiu que eu ficasse dois dias em Forks, fazendo-me prometer ir para a Toca logo em seguida.

Arrumei-me para a festa de Slughorn, havia pedido um vestido para Gina, já que não tinha nenhum. Como nós tínhamos um corpo parecido o vestido caiu como uma luva em mim. Ele era azul e tinha um decote em ‘V’, realmente muito bonito. Infelizmente, fez com que me lembrasse dele: a primeira coisa que pensei ao vesti-lo foi “Edward teria gostado”.

- Tem certeza que não é indecente, Gina? – perguntei pela décima vez para ela. Eu e Hermione estávamos no seu dormitório; suas colegas de quarto já tinham ido. O vestido de Hermione tinha bem menos decote que o meu, mas era um pouco mais curto em um tom lilás.

- Já disse que não, Bella – disse revirando os olhos. Seu vestido era de balonê, e o mais curto de todos. – admitam, estamos lindas!

- Acho que o seu tinha que ser um pouco mais comprido, Ginevra – disse a voz severa e divertida de Hermione.

- O que é bonito é pra ser mostrado – disse rindo – e não me chame de Ginevra novamente – acrescentou irritada, mas seus olhos brilhavam de animação. Pigarreei.

- Isso tudo é para o meu irmão? – perguntei como quem não quer nada, escondendo o riso.

- Claro que não, Harry nem presta atenção em mim. – falou com uma pontada de tristeza.

- Não fale besteira, o Harry tem olhado bastante para você.

- Sério? – seus olhos brilharam esperançosos. Ela disfarçou passando a mão pelo cabelo.

- Sim, também percebi – disse Hermione. Gina olhou para ela desconfiada.

- Mas foi você mesmo que disse que eu deveria tentar esquecê-lo.

- E ela estava certa. – intercedi a favor de Mione – mas não contávamos que Harry fosse se interessar por você.

- Vocês acham mesmo isso?

- Achamos. – de repente, Gina saiu saltitante pelo quarto, cantarolando feliz:

- O Harry gosta de mim, o Harry gosta de mim... – sem conseguir evitar, eu e Hermione trocamos um olhar preocupado e culpado. Será que não estávamos fazendo-a ter esperanças a toa?

- Ok, Gina. Agora vamos terminar de nos arrumar.

- Espera – ela parou de repente, e olhou atentamente para Hermione.

- O que? Tem algo errado com a minha roupa? – perguntou, passando as mãos preocupada pelo vestido.

- E você e o Rony? – disfarcei uma risada com uma tosse.

- Oras, o que isso tem a ver? – questionou corada. Eu e Gina nos entreolhamos risonhas.

- Ah, vai Hermione. Confessa que você está morrendo de ciúmes dele com a Lilá.   

- Não é ciúmes – tentou justificar – é nojo mesmo. Aqueles dois vivem grudados.

- Ahãm, sabemos. – ela jogou um travesseiro na Gina que, rindo, o pegou.

- Sério. Olha, ele nunca vai querer nada comigo. Ainda não entendo por que ele tem sido tão grosso comigo.

- É que a Gina falou que você deu uns amassos no Krum. – disse rapidamente, e Gina lançou-me um olhar mortal.

- Pensei que ele já soubesse disso – disse Hermione com descaso, mas parecia muito mais alegre.

- Não sabia. Foi o Harry que me falou que ele não ficou nenhum pouco feliz quando soube.

- Mas e você Isabella. Nenhum pretendente ainda? – eu ri.

- Não, não. Muito obrigada. Ficarei algum tempo afastada de garotos – disse animada por fora, mas por dentro despedaçada. Depois de Edward, eu nem pensava mais nesse assunto. Bem, exceto o...

- Não sei por que não aceitou nenhum dos convites – disse Gina, revirando os olhos.

- Nem foram tantos assim – contestei, corada.

- Ah, não. Capaz.  – disse irônica.

- Sério. Nenhum sonserino me convidou – as palavras escaparam de minha boca antes que eu as pudesse evitar. As duas arregalaram os olhos.

- Por que, você queria que algum sonserino te convidasse? – perguntou Hermione chocada.

- Não – garanti-lhes, tentando não pensar em um sonserino que, bem, eu provavelmente aceitaria – só queria dizer que, como nenhum sonserino me convidou, não tive muitos convites.

- Ah, ta. Mas mesmo assim, você poderia ter aceitado algum dos outros convites – revirei os olhos.

- É por isso mesmo que eu vou com Harry. Nós dois não sabíamos com quem ir, e resolvemos ir juntos.

- Você vai com o Harry? – exclamou Gina, excitada.

- Sim, não te contei? Nós iremos como irmãos, é claro.

Continuamos a conversar, até a hora da festa. Assim que descemos, vimos que a maioria já tinha ido. Harry, Dino e Córmaco estavam ali em baixo. O clima estava tenso. Assim que ouviram nossos passos, eles olharam em nossa direção. Córmaco babou pela Hermione e, apesar de se me perguntarem negarei até a morte, ele babou por mim também. Dino e Harry olhavam encantados para Gina. Esta, sorriu exuberante. Queria eu ter a falta de vergonha que a Gina tinha.

- Harry – sussurrei para que apenas ele ouvisse – olha a baba. – ele arregalou os olhos e passou a mão pelo canto da boca, e olhou-me irritado ao perceber que não tinha nada.

- Você está muito bonita, maninha.

- Obrigada. A Gina também esta linda, né? – ele corou, e olhou para o retrato por onde saiam Gina e Dino, logo atrás Hermione e Córmaco.

- Sim – concordou em voz baixa.

- Ah, Harry, não sei por que você não se declara para ela – disse, enquanto caminhávamos.

- Ela está com Dino.

- E...?

- E ela é irmã do Rony.

- Ah, não fale besteira. É capaz do Rony nem perceber que vocês estão namorando, tabacudo do jeito que é – disse lembrando-me dele e da Mione. Harry me lançou um olhar incrédulo – ok, ele vai perceber se vocês namorarem e ficarem daquele mesmo jeito nojento que ele fica com a Lilá no sofá. Mas – falei assim que ele abriu a boca para falar – ele acabará aceitando.

- Será? – sussurrou para si mesmo. Ele balançou a cabeça, e mudou de assunto – você sabia que terá um vampiro hoje? – péssimo assunto.

- Ah, sério? Que legal – falei sem nenhum entusiasmo. Ele pareceu perceber o que falou quando viu minha expressão triste.

- Então... Por que a Hermione foi com o Córmaco?

- Ela quer fazer ciúmes no Rony. – respondi direta, meu animo baixou um pouco depois da noticia do Harry.

- Acho que vai dar certo. Ele ficou bastante rabugento quando soube que os dois estão namorando. – ri, e Harry me acompanhou.

Assim que chegamos, Slughorn puxou eu e Harry, e nos apresentou para muitas pessoas. A maioria exclamava “é um prazer finalmente conhecer vocês” ou “fiquei muito feliz quando soube que estava viva, senhorita Potter”. Um homem até se ofereceu para fazer uma biografia nossa. Controlei-me muito para não revirar os olhos. Assim que Slughorn nos deixou um pouco em paz, fomos procurar por Hermione. Não demoramos muito a encontra-la.

- O que aconteceu com você? – perguntei preocupada, pois ela estava com o vestido amarrotado e parecia ter corrido. Ela fez uma carranca.

- Córmaco – entendi logo o que aconteceu, mas Harry continuou confuso.

- O que que ele fez?

- Ah, nada. Na verdade, esse é o problema. Acredita que até agora ele só falou de suas defesas de quadribol? – ela estava tão indignada que ri.

- Bem feito por ter vindo com ele – disse Harry severamente. Hermione deu de ombros.

- Achei que era quem mais aborreceria o Rony.

- Hm... Hermione, você ainda está tentando fugir do McLaggen? – perguntou Harry.

- Sim...

- Ah, então se esconde, porque ele está vindo pra cá. – disse divertido. Hermione prontamente foi para o meio das pessoas.

- Vocês viram a Hermione? – perguntei MacLaggen um minuto depois.

- Acho que ela foi para o salão comunal da grifinória. Ela não estava se sentindo muito bem. – salvei a pele da minha amiga.

- Ah, sério? Bem, acho que vou ver como ela está. Ficar aqui agora não vai ter mais graça... – e saiu, parecendo aturdido. Agora sim Hermione poderia aproveitar essa festa.

Alguns minutos depois, desejei não ter vindo. Estava muito chato. Conversávamos mais uma vez com Slughorn, mas em um certo momento ele chamou Snape para a conversa. Eu não via nenhuma maneira de tirar Harry da encurralada que ele se meteu. Slughorn havia começado a falar do quanto ele estava bom em poções, e Snape ficou desconfiado.

- Bella também é muito boa em poções – comentou Harry, tentando tirar a atenção dos dois professores sobre ele.

- Com certeza – trovejou a voz de Slughorn – os dois são tão bons quanto a mãe. É um talento hereditário, é claro.

Snape deu um sorrisinho e não comentou nada, mas continuou olhando para Harry desconfiado. Mas então, nossa atenção foi desviada para Argo Filch, que trazia Draco Malfoy pela orelha.

- Professor Slughorn. Encontrei esse rapaz se esgueirando por um corredor lá de cima. Ele diz que se atrasou para a sua festa e se atrasou na saída. O senhor lhe mandou convite?

- Ele está comigo – minha voz saiu calma e confiante. E de repente a música que tocava parou e todos me olharam com os olhos arregalados.