Tales of Star Wars escrita por Gabi Biggargio


Capítulo 17
Fantasmas (Sabé x Tonra)


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!

O conto de hoje ia ser um mais relacionado com Rebles, mas esse vai ficar pra mais tarde. Tudo porque o meu queridíssimo amigo Amauri me pediu um prompt nas DMs que eu finalmente consegui escrever algo que considerasse satisfatório. Atenção para SPOILERS DAS HQS: Quem está acompanhando as HQs mais recentes do Darth Vader, já deve saber sobre a trama em que a Sabé invadiu o apartamento da Padmé depois que ela morreu. O conto de hoje mostra essa invasão.

Amauri, meu querido. Hoje o conto é dedicado pra você ♥ Obrigada por sugerí-lo e me desculpe demorar tanto para atender o pedido, mas finalmente eu consegui escrever algo que achasse que ficou bom o suficiente. Espero do fundo do meu coração que goste.

Além disso, também gostaria de agradecer à Pugamegold. Outra leitora muito querida. Minha querida, vou assumir que me inspirei nos seus capítulos mais introspectivos para tentar escrever alguns trechos do conto de hoje. Se eu consegui fazer 10% do que você fez nos seus capítulos, eu já fico feliz e plenamente satisfeita.

Inclusive, aos outros leitores, queria deixar a indicação das histórias desses dois. A Pugamegold escreve capítulos únicos sobre o queridíssimo Obi-Wan, uma fanfic que vale a pena acompanhar e se emocionar. O Amauri não escreve sobre Star Wras, mas se você gosta de Harry Potter e Jogos Vorazes, eu super recomendo o trabalho dele. Além de que ele tem uma original que e uma das histórias mais lindas que eu já li na vida.

Desculpem-me pelas notas iniciais imensas rsrsrs Por fim, espero que gostem do conto de hoje. Podem comentar e pedir por prompts caso haja alguma história sobre Star Wars que queiram ler.



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Em qualquer outro planeta da galáxia, a noite seria o melhor momento para fazer isso. Mais tramquilo, menos movimentado. Passariam despercebidos facilmente. Mas não Coruscant. Não havia um único segundo em que o planeta descansava. Estava sempre ativo, como uma máquina. Mesmo assim, por impulso, os dois escolheram agir durante a madrugada, mesmo sabendo que isso não faria diferença alguma em seus planos. O speeder se deslocou da via, distanciando do alto fluxo e parando na lateral de uma imensa e luxuosa varanda na cobertura de um prédio. Deu seu interior, duas figuras encapuzadas desceram, seguidas por um droide astromech.

            Apesar de ser um local tão familiar... tão comum... era estranho estar ali depois de tudo o que havia acontecido. A gravidade e a intensidade dos fatos eram tamanhas que muito se assemelhavam a um sonho. Por várias vezes, ela tentara despertar, mas fora inútil. Com o tempo, ela precisou assumir para si mesma que nada daquilo era mentira. Aceitar a verdade era a parte mais difícil de todas. Ainda mais por ser uma verdade tão dura, tão trágica, tão cruel...

            Ela cruzou a varanda sem olhar para os lados, inutilmente tentando evitar as memórias que cada centímetro daquele lugar despertaria nela. Memórias de uma vida passada que não voltaria. Memórias doces que o tempo e a ambição fizeram questão de amargar. Memórias que, àquela altura, apenas ela ainda guardava. Memórias que ainda podia chamar de suas, mas que a faziam se sentir egoísta por isso. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

            Seguida de perto pelo seu companheiro e pelo droide, ela parou diante da porta do elevador e apertou um botão na parede. Imediatamente, uma placa de metal próxima se abriu, quase que cuspindo um pequeno microfone que parou na altura da boca da mulher.

            “Por favor, identifique-se”, disse uma voz metálica vinda do sistema de áudio.

            — Sabé – disse a mulher.

            “Identificação de voz validada. Seja bem vinda.”

            Imediatamente, as portas do elevador se abriram e ela e seus dois companheiros o adentraram. Instantes depois, as portas se abriram novamente, e os três se viram no interior de um amplo terraço cujas paredes e cujo teto eram feitos de vidro. Ao longo de todo o local, os poucos móveis estavam cobertos com lençóis brancos. Apenas ali, os dois retiraram seus capuzes.

            Sabé olhou ao redor, permitindo-se uma ampla visão da sala de visitas do apartamento de Padmé Amidala e se lembrando dos dias em que aquele lugar era cheio de vida e cheio de alegria. Lembrava-se dos amigos da senadora. Lembrava-se de outros senadores e das intensas discussões políticas que se desenvolviam naquele lugar. Lembranças que tinham ficado no passado. Um lugar tão cheio de vida que, agora, era tão morto quanto a própria senadora.

            Seus olhos lacrimejaram e ela suspirou. Quase imediatamente, o homem tocou seu ombro com carinho.

            — Tem certeza que quer fazer isso? – ele perguntou.

            — Tenho – Sabé se virou para encará-lo. – Obrigada por ter vindo comigo, Tonra. Seria muito mais difícil fazer isso sozinha.

            Ele não disse nada, mas sorriu em resposta. Do ombro dela, o capitão Tonra, das Forças de Segurança Real de Naboo, retirou sua mão e segurou a dela, apertando-a com força e carinho. Sem soltá-la, ele olhou toda a sala até onde a sua vista alcançava.

            — Nunca estive aqui – ele disse. – É muito bonito.

            — Sim – Sabé concordou prontamente. – Você tinha que ver esse lugar nos seus dias de glória. Uma vez por mês, a senadora dava um jantar para todas as damas de companhia dela – Sabe se adiantou até a mesa e indicou uma a cadeira mais próxima à porta da pequena varanda lateral da cobertura. – Eu sempre me sentava aqui. Era ela quem cozinhava, sabe... A torta que ela fazia era a melhora que eu já comi na galáxia.

            — Eu consigo imaginar – disse Tonra, caminhando lentamente até onde Sabé estava e, então, parou ao lado da porta de vidro que levava até a varanda, de onde se podia observar o Palácio Imperial. – Vocês eram bem próximas dela, não é? As damas de companhia?

            Com um “uhum”, Sabé confirmou.

            — Algumas mais do que outras – ela disse. – Mas sim. Éramos todas próximas da senadora.

            —Então, você sabe quem era o pai?

            Houve um longo silêncio em que Sabé evitou contato visual com Tonra. Sabia onde ele queria chegar. Sabia que ele queria sanar a dúvida de mais da metade dos funcionários do governo em Naboo. Sabia que ele também tinha curiosidade quanto a verdade. Mas também sabia que ele era confiável. Contar a ele não seria trair a memória de Padmé. Tonra jamais divulgaria a informação como uma fofoca.

            — Por que quer saber?

            — Digo, ela não era casada – ele respondeu. – E ninguém sabia de um namorado ou algo do tipo. Então, de repente, ela aparece grávida. Confesso que isso foi assunto pra muita gente.

            — Eu imagino – Sabé riu. – E sim. Eu sei quem era o pai.

            Novamente, silêncio.

            — E? – questionou Tonra.

            — Vou começar dizendo que você errou quando disse que ela não era casada – respondeu Sabé. – Ela era casada sim. Em segredo. Com o general Skywalker.

            Nesse momento, Tonra arqueou as sobrancelhas.

            — O Jedi? – ele perguntou, confuso, e Sabé confirmou com a cabeça. – Eu achei que eram todos...

            — Virgens? – Sabé riu. Tonra riu também e confirmou com a cabeça. – Não. O Código Jedi proibia que eles criassem laços e sentimentos de afeto. Mas o próprio general Skywalker me contou uma vez que não existe uma única palavra no Código obrigando os Jedi ao celibato.

            — Uau! – disse Tonra. – Por essa eu não imaginava. Quem diria que os Jedi eram aventureiros de uma noite só?

            Sabá riu. Já não havia mais lágrimas em seus olhos.

            — E não é? – ele indagou. – Como uma informação dessas nunca vazou que é o maior mistério pra mim até hoje.

            — E vocês todas sabiam? – perguntou Tonra. – Digo, todas as damas de companhia?

            Sabé negou com a cabeça.

            — Apenas algumas de nós – ela respondeu. – Eles acabaram contando para uma ou duas que pegaram os dois se beijando. Dormé pegou os dois no flagra no escritório dela no Senado. Eu suspeito que Moteé sabia também. Já eu, peguei os dois aqui.

            Sabé apontou para o centro da sala, onde havia outro conjunto de móveis sobre um lençol branco.

            — No sofá?

            Sabé riu e abaixou a cabeça, envergonhada, quando fez que não.

            — No chão – ela disse. – Praticamente sem roupas. Achei que ia perder o emprego naquele dia. Foi o momento mais constrangedor da minha vida, mas eu ainda rio quando lembro da cara de pânico que eles fizeram quando me viram.

            Tonra riu, mas o momento de descontração durou pouco.

            — Bem, pelo que parece, os dois já tinham cruzado alguns limites, não é? – ele perguntou. – Quero dizer, se eles estavam casados, com certeza havia um laço emocional.

            — Exatamente por isso o casamento era secreto – Sabé rebateu. – A rainha Apailana não sabia. Ninguém no Conselho Jedi sabia. Era um segredo absoluto.

            — Eu posso imaginar. Mas agora as coisas começam a se encaixar.

            Sabé olhou para ele, curiosa.

            — Dois anos atrás, eu fiz uma revista no cruzador senatorial depois que suspeitamos que pudesse haver uma bomba escondida – ele se explicou. – No armário da senadora, havia uma túnica Jedi. Eu não disse nada e nem perguntei nada para ela. Discrição fazia parte do meu trabalho. Mas nunca entendi porque aquela túnica estava lá.

            Novamente, os dois se mantiveram em silêncio e, com isso, as memórias voltaram a assolar a mente de Sabé. Era quase possível ver a senadora Amidala ali, com eles. Sorrindo. Ah, aquele sorriso... Ela era tão doce... tão carinhosa... tão delicada... Por que o destino teve que leva-la daquela forma?

            — Você sabe o que aconteceu com ele? – perguntou Tonra. – Com o general Skywalker?

            — O que aconteceu com os outros Jedi?

            Ele entendeu imediatamente o que ela queria dizer.

            Nesse momento, uma lágrima escorreu pelo rosto dela. Ela não suportava mais se conter daquela forma... Imediatamente, Tonra avançou e a abraçou.

            — Ela tinha me dado a missão de montar o quarto do bebê – assumiu Sabé. – Foi o único trabalho que ela me deu relacionado à vida pessoal dela durante todos esses anos. E estava tão bonito...

            Sabé soluçou. Gentilmente, Tonra a ajudou a se sentar no sofá coberto pelo lençol.

            — Ela disse que não queria ver fotos do quarto – Sabé continuou, olhando para seus joelhos. – Disse que queria que fosse uma surpresa para quando o bebê nascesse... Eu acho que nunca me dediquei tanto em uma tarefa, Tonra. O quarto estava tão bonito, tão aconchegante... Eu escolhi o melhor quarto em Varykino, você tinha que ver...

            — Aquele com a vista para o píer?

            Sabé confirmou com a cabeça.

            — Por que teve que ser dessa forma? – ela perguntou. – Por que, Tonra? Ela não merecia...

            O homem não sabia o que fazer ou o que dizer. Era uma verdade cruel e injusta o que havia acontecido. Mas já não havia como voltar atrás. Gentilmente, ele segurou a mão de Sabé.

            — Não, ela não merecia – ele disse. – Mas nós vamos honrar a memória dela. Vamos fazer logo o que viemos fazer e dar o fora daqui. Esse lugar não está fazendo bem pra você.

            Sabé limpou as lágrimas.

            Tonra tinha razão. Nada que fizessem traria Padmé de volta dos mortos. Mas podiam honrá-la.

            — R7, veja o que consegue de informações das câmeras de segurança – ordenou Sabé. – Quero todas as gravações que você conseguir armazenar. De cada dia, de cada cômodo.

            O droide bipou em resposta, adiantando-se para um plug na parede.

            Com certeza, haveria ao menos uma gravação que lhes desse uma pista. Iriam descobrir o que havia provocado a morte prematura de Padmé Amidala. Precisavam daquilo para confortar seus corações e da família dela. O senhor e a senhora Neberrie mereciam uma resposta.

            Durante alguns segundos, Padmé observou a ampla sala.

            Conseguia facilmente ver Padmé ali. E o general Skywalker também. Os dois atrás de um bebê de fraldas que corria de um lado para o outro. Podia ouvir a risada do bebê tomando conta daquela cobertura. O som do chocalho que agitava em suas mãos.

            Um futuro que jamais seria.

            Sabé foi retirada de seu transe quando R7 se voltou para ela, com um bipe alto.

            — Dez dias de gravação? – ela perguntou. – Isso é ótimo. Com certeza deve ter alguma coisa ai que nos dê uma pista do que aconteceu.

            — Com certeza – concordou Tonra. – Agora, vamos embora daqui. Antes que a nossa presença seja percebida por alguém. No fundo, ainda estamos invadindo propriedade privada.

            Sem saber se algum dia voltaria àquele luar, Sabé se levantou do sofá, seguindo o amigo e o droide até o elevador e deixando os fantasmas de Padmé, Anakine do bebê para trás. Antes que as portas metálicas do elevador se fechassem, ela teve um último vislumbre da sala, lembrando-se de um passado em que o amanhã era uma certeza.

Um passado que, dali em diante, existiria apenas em sua memória.


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Notas finais do capítulo

Espero muito que tenham gostado!

Comentem. Me digam o que acharam e peçam seus prompts, se quiserem ♥

Beijinhos, meus amores ♥



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