Sob a Face de Boneca escrita por Jace Jane


Capítulo 3
Capítulo 3 - Má Influência


Notas iniciais do capítulo

Postando o capitulo um dia depois do dia dos namorados e depois de ter finalizado mais uma long fic, oh glória! Isso significa que terei mais tempo para essa fic aqui.

Depois dessa boa noticia tenham uma boa leitura.



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Se ainda tivesse um coração ele estaria batendo fortemente dentro do seu peito, estava frente a frente com os protagonistas mais gatos das novelas chinesas que já havia visto, tinha escrito algumas fanfics daqueles dois e seu espírito de fangirl estava louca para sair e soltar a franga, gritar feito uma maluca e abraçar e beijar aqueles homens gostosos, mas infelizmente não tinha um corpo para sentir o calor de seus corpos e nem uma boca descente para beijar aqueles rostos polidos, então só surtava internamente.

— Esta tudo bem? – Perguntou Wei estranhando o silencio da boneca.

— Tirando o fato de eu ter morrido por culpa de dois celestiais grosseiros, nunca mais poder ver o que restou da minha família e ser enviada para dentro de um corpo feito de madeira que pode ser atacado por cupins, eu estou ótima! – Respondeu Bianca encarando o casal.  – As crianças devem ter explicado a minha situação, meu espírito não esta em paz por ter vivido só por dezoito anos, nem tive a chance de encontrar o amor da minha vida, adotado um gato, terminar de escrever minhas histórias, ah minha amada fanfic do meu psicopata favorito, meus leitores ficarão decepcionados quando perceberem que não terá mais atualizações. – Tinha certeza que a metade das coisas que havia dito não seria compreendidas pelos rapazes.

— Então você quer ter algumas experiências antes de ficar em paz, sem problemas! – Disse Wei WuXian confiante em quanto tomava uma xícara de chá.

— Em quanto estiver aos cuidados da seita GusuLan, terá que respeitar todos as regras. – Informou o segundo mestre Lan.

— Quatro mil regras... – Falou Bianca desanimada.

— E não poderá possuir ninguém. – Completou.

— Eu juro que não irei possuir nenhum ser vivo sem permissão. – Prometeu com a mão direita levantada. – Tentarei o máximo possível não ser um incomodo para sua seita. – Abaixou a cabeça e curvou os braços de madeira a sua frente, fazendo uma reverencia comum naquele universo, mostrando seu respeito e reconhecendo a autoridade de Hanguang-jun.

***

 Depois da reunião com Hanguang-jun Bianca foi escoltada pelo discípulo Lan Sizhui até onde ficaria hospedada, e o coitado ainda teria o trabalho de ficar lhe vigiando para ter certeza que seu espírito não saísse de controle.

— Onde esta o grandalhão das correntes? Nem pude agradecê-lo por me carregar até a sua seita. – Perguntou Bianca ao jovem Lan.

— Wen Ning esta em uma caçada noturna. – Respondeu todo simpático em quanto guiava a moça de madeira.

— Que pena gosto dele, seria adorável para os meus olhos envernizados contemplar um homem... Hum, não consigo achar a palavra certa para defini-lo. – Os olhos inocentes de Lan Sizhui se arregalaram com a surpresa, as pontas das suas orelhas ficaram vermelhas no mesmo instante. – Robusto? Eu fico falando essas coisas perto de um ser tão inocente como você e esqueço que não estou na minha região, lá falamos mais livremente sobre essas coisas.

O garoto ficou sem graça e decidiu ficar quieto.

— Mas sinceramente é difícil não pensar nessas coisas, estou cercado de homens incrivelmente atraentes, Buda que me perdoe por esses pensamentos libidinosos. Não conte isso para Hanguang-jun, mas o irmão dele é um pedaço de mau caminho, quem dera eu no meu corpo humano pudesse...

— Hum! – Tossiu o garoto.

— Desculpa, eu fiz isso de novo, coitado, deve estar tão constrangido. Vou ficar quietinha. – No seu interior a donzela dava gargalhadas, ia adorar influenciar os jovens puritanos da seita GusuLan, eles eram um alvo perfeito. Não era a toa que Wei WuXian adorava perturbar o seu marido na época que ele era doutrinado pela seita Lan.

O lugar que fora designada era limitado, sentia as barreiras lhe comprimindo a estar em uma determinada área, isso não lhe surpreendeu, era até previsível, o mesmo tinha acontecido com o Wei WuXian quando se escondeu ao ter sua identidade revelada ao sacar a Subian. Entrou na casa e se sentou de frente para a mesinha de centro, em quanto o Lan Sizhui guardava a porta do lado de fora.

Com tudo o que aconteceu somente naquele momento pode pensar no que tinha perdido, sua mãe seria informada que seu corpo foi encontrado no cemitério, a sepultura daquele estranho viraria uma cena de crime, mas ninguém saberia quem teria lhe matado, o caso nunca seria encerrado e sua mãe ficaria de luto mais uma vez, perdeu o marido e a filha. Nunca mais veria sua gatinha Susie, sentiria falta de ter que limpar os pelos brancos das suas roupas, dos miados esfomeados, até mesmo dos machucados da consequência de brincar de ser mordida pela sua gata.

Sua mãe talvez nunca se recupere da perda. Queria chorar e colocar toda aquela tristeza para fora, mas não podia, estava em um corpo de madeira, só podia gritar, e foi o que fez, um grito rouco saiu do fundo da sua alma. Quando se acalmou vagamente, jogou seu corpo para trás e ficou encarando o teto. O tempo passou sem que percebesse, poderiam ter sido minutos ou horas, não saberia dizer, e não importava. Por que deveria se preocupar? Não precisava ir a escola, não precisava aparecer para jantar ou sequer poderia dormir.

— Essa vida vai ser difícil, mas vamos ver o lado bom, não tem Corona, mas o isolamento continua, e olha a ironia, estou na China! – Riu com desgosto. – Deve ter outros lados bons, o fato de ter um corpo de madeira me isenta de me preocupar com a falta de água encanada e o sistema de esgoto.

Sem falar que como uma fã de romances BL estava no paraíso, seu shipp favorito estava a alguns metros de distancia.

— Será que tem héteros por aqui? – Como a novels BL praticamente todo mundo do universo parecia ser gay, era difícil achar um hétero. – Como eu vou realizar um dos meus desejos com esse corpo? Não da para beijar alguém com lábios de madeira, eu teria que possuir o corpo de alguém. Não! É imoral.

Virou seu corpo para o outro lado.

— Bianca você é brasileira, brasileiro tem uma moral abaixo de zero. – Falou para si mesma.

— Eu sei, mas é errado, e eu prometi! – Então começou a discutir com seu lado responsável e seu lado que já tinha jogado o balde.

— Lembra que você deixou uma brecha bem especifica. – Se lembrou.

— Eu posso possuir seres não vivos e possuir com permissão. – Em quanto estava no mundo da lua à porta dos seus aposentos foi entreaberta.

— Então é verdade? – Cochichou um garoto.

— Ela é a boneca que foi possuída. – Disse o outro.

— Não importa o país, época ou universo, sempre têm curiosos. – Falou Bianca se levantando do chão e encarando os meninos, que arregalaram os olhos e tamparam a boca para não gritarem de susto. – Entrem, não vão querer serem pegos pelo Hanguang-jun.

Os garotos entraram e fecharam a porta.

— Esta escuro aqui. – Comentou um dos garotos.

— Se tiver velas podem acender, mas não deixem perto de mim – Avisou Bianca.

Quando o cômodo foi iluminado os rapazes se juntaram em volta da mesa e ficaram a encarando.

— Estou sentindo que serei perturbada mais vezes por certos juniores desta seita. – Falou Bianca com um tom de julgamento. – Então me sejam uteis, eu adoro histórias e romances, poderiam pegar algum livro na biblioteca e lerem para mim, o que acham?

— Um favor por um favor. – Falou o que parecia ser a cabeça do grupo.

— O que você quer? – Perguntou Bianca entrando no jogo.

— Como você morreu? – Perguntou.

— Não deveria perguntar meu nome e depois vocês se apresentarem? – Rebateu com outra pergunta.

— Já sabemos seu nome, é Sa Hsia, nome de cortesia Sa Xinyue – Respondeu o garoto que chamaria de pirralho 2.

— Esse é o nome da boneca que eu estou possuindo, mas como provavelmente vocês não vão saber pronunciar meu nome, talvez adote esse pra mim. – Comentou Bianca.

— Então qual é o seu nome de verdade? – Perguntou o líder do grupo, o pirralho 1.

— Bianca Gama, de onde eu venho só temos o nosso nome e o nome da família, meu nome é Bianca e o nome da minha família é Gama. – Respondeu Bianca, os garotos ficaram entusiasmados com a troca de cultura. – E como eu morri... Um ser chamado Thanatos foi arremessado pelo seu concorrente em cima de mim, e ambos não perceberam minha existência, além de ser esmagada pelo peso do homem minha cabeça bateu no mármore de uma sepultura abrindo a minha cabeça.

— Mármore? – Perguntou o pirralho 3

— Em uma sepultura? – Falou o pirralho 1

— É complicado explicar, tudo o que precisam saber é que ironicamente eu morri em um cemitério. – E assim cortou o assunto. – Agora que eu contei meu trágico fim, qual é o seu nome, pirralho 1?

— Pirralho? – Falou indignado. Não pretendia falar como estava se referindo a eles em sua mente, mas aquele garoto parecia tão fácil de atormentar que era impossível resistir.

— Não sei o nome de vocês, então é assim que vou chama-los, pirralho 1, 2 e 3. – Respondeu Bianca de deboche.

— Pois saiba que meu nome é Jin Ling! – Disse o pirralho 1.

— Mas que honra esta na presença de um jovem tão promissor. – Falou com pura ironia.

— Eu sou o líder da seita LanlingJin, você me deve respeito! – Então já estavam no fim da novel, aquela informação era importantíssima.

— Respeito é algo a ser conquistado, docinho de caramelo. – Respondeu Bianca em um tom de gozação, os garotos a sua volta controlavam o riso com a manga de suas vestes. – Espera, não é você que é chamado de jovem dama?

O garoto já tinha o pavio curto, quando o chamaram por seu apelido vergonhoso suas bochechas coraram em tom escarlate de raiva. Quando ameaçou pular para cima da boneca seus amigos foram obrigados a lhe segurarem. Bianca não resistiu e começou a gargalhar.

— Precisamos ir agora, ou seremos pegos. – Avisou Lan Sizhui atrás da porta.

— Nem percebi que ainda estava aí, vão fugir para uma caça noturna? – Perguntou Bianca curiosa para o jovem Lan.

— Sim, mas não conta para ninguém. – Seus olhos quase imploravam.

— Podem ir, não direi nada aos seus superiores. – Fez um joinha com sua mão de madeira que não foi compreendido pelos garotos. Antes de irem embora fizeram uma breve reverencia.

***

Três semanas tinham se passado e sua amizade com os aprendizes da seita foi conquistado, para a infelicidade de Lan Qiren, que acreditava fortemente que Bianca era uma má influência para os discípulos. A desconfiança surgiu quando ele percebeu que as crianças fugiam antes que alguém pudesse perceber, ou seja, eles tinham ajuda, embora Wei WuXian sempre fora a primeira pessoa que passava pela sua mente sabia que desde que o Patriarca de Yiling havia casado com Hanguan-jun e se instalado em GusuLan era raro ele está disponível a noite, então só sobrava a convidada que nunca dormia e que adorava perturbar seus alunos.

— Sa Xinyue! – Chamou Lan Qiren furioso ao abrir as portas dos aposentos da jovem boneca.

Ao entrar no quarto seus olhos se arregalaram com a bagunça que havia se instaurado no local. Tinha livros espalhados no chão, uma grande mancha de tinta cobria os pergaminhos em cima da mesa, roupas espalhadas por todo o chão, em quanto à convidada da seita perdia a face ao arrancar parte de cima de sua vestimenta deixando seu tronco feito de madeira exposto.

Mesmo sabendo que era somente uma boneca e não um corpo de uma jovem dama o Lan virou o rosto para longe da visão despedida da moça.

— Alguém me ajuda! – Gritou Bianca desesperada em quanto ‘coçava’ seu corpo de forma alucinada. – Eu escuto as asas batendo, eu estou sendo comida! – Barulho de passos foi escutado vindo dos corredores, a jovem dama havia acordado a metade de GusuLan com seus gritos desesperados.

— O que está acontecendo aqui? – Perguntou o líder da seita, Lan Xichen entrando no aposento pronto para sacar sua espada da bainha.

— Zewu-Jun! – Choramingou Bianca agarrando a cintura do líder sem se importar com o fato de não ser apropriado. – Socorro! Estou sendo comida por cupins! – A garota começou a chorar aos pés do líder que estava estático.

— Eu vou matar o fabricante! GusuLan pagou muito bem para um trabalho mequetrefe. Você! – Apontou para Zewu-jun – Reclame com aquele fabricante de quinta categoria e exija o seu dinheiro de volta, e um corpo novo pra mim.

— O que está acontecendo aqui? – Perguntou Wei WuXian aparecendo todo descabelado ao lado do marido, se não fosse pela má iluminação do ambiente perceberiam as marcas roxas em seu pescoço.

— O que está acontecendo? – Repetiu Bianca furiosa – Meu corpo está sendo violado por cupins! Quem deveria penetrar meu corpo deveria ser um homem bonito e elegante, não uma droga de cupim!

Os mais inocentes da seita ficaram vermelhos de vergonha com a insinuação descarada da Bianca a um ato sexual.

Wei WuXian teve que se controlar para não cair na gargalhada ao ver a garota se contorcendo toda por culpa de míseros cupins.

— Eu não vou ficar nesse corpo por mais nenhum minuto. – A declaração pegou todos de surpresa e inesperadamente o espírito de Bianca driblou toda a seita, escapando do Recanto das Nuvens.

Lan Wangji e seu marido Wei Ying se vestiram de pressa e foram à caça da garota para impedi-la de possuir o corpo de alguma pessoa inocente. Não tiveram que correr muito para alcança-la, seu corpo frágil de madeira só suportou descer a montanha antes de começar a desmontar.

— Achei uma perna! – Apontou Wei para um canto escuro no meio dos arbustos.

— Ela não deve estar longe. – Alertou Hanguang-Jun com sua costumeira expressão séria.

Seguiram cautelosamente pelos rastros deixados pela moça que teve seu corpo de madeira desmontado pelo caminho, no final da trilha eles a encontraram, mas seu espírito não seu encontrava mais nos restos da boneca.

— Wen Ning! – Chamou Wei WuXian ao avista-lo ao longe.

— Yes! – Gritou o General Fantasma com sua voz rouca e abafada. Seus punhos estavam fechados e seus braços arqueados. Tentava inutilmente da um sorriso para o marido de Hanguang-Jun. – A falta de sangue nos músculos é um incomodo, mas é melhor que cupins.

— Sa Xinyue... ? – Chamou Wei confuso.

— A própria! Quem diria que é possível possuir um cadáver feroz. – Comentou a moça pegando os cultivadores de surpresa. – Corpo é corpo.

— Você fez uma promessa. – Lembrou Hanguang-Jun.

— Eu disse ninguém vivo, Wen Ning está morto, não quebrei minha promessa. – Respondeu Bianca se aproximando dos dois.

— Trapaceira. – Falou Wei Ying quase orgulhoso.

— Esperteza. – Corrigiu Bianca. – Irei voltar para a seita se não se incomodarem.

— Deixe o Wen Ning. – Ordenou Wei WuXian sacando sua flauta.

Uma ameaça velada, ela saía de boa vontade ou seria exorcizada.

— Se me arrumar um substituto... – A mão que segurava a flauta se fechou com mais força. – Calma, não estou aqui contra a vontade do dono, quem vocês pensam que eu sou? – Perguntou indignada. – Wen Ning viu meu desespero e me ajudou.

— Saia! – Gritou Wei irritado.

Bianca recuou de susto, nunca tinha visto ele tão furioso antes.

— S-se eu sair m-minha alma será dispersada, eu não estou pronta. – Falou desesperada.

Hanguang-Jun pegou uma pequena bolsa de dentro das vestes. Bianca reconheceu de imediato, ele tinha usado para selar as partes do corpo do mestre do sabre rubro.

— Promete que não me deixará aí para sempre? – Pediu Bianca em um tom choroso.

— Tem a minha palavra. – Afirmou Hanguang-Jun.

Sem opções melhores Bianca foi forçada a deixar o corpo de Wen Ning e permitir ser selada por Hanguang-Jun.


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