Being a Star - Quando o inesperado acontece escrita por A M Ferreira


Capítulo 6
Capitulo 6 - Bonus


Notas iniciais do capítulo

Decidi postar mais este capitulo, como percebi que o livro não tem aderência por aqui, eu estava a postar aqui e no wattpad, vou passar só a publicar no wattpad
Mas mesmo assim, obrigada todos que leram



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                                     Luana Cardoso

— Filha por amor de deus, eu já te garanti, se acontecer alguma coisa eu ligo-te. Vai sair, espairece a cabeça. Tu mereces. – beijou-me a testa.
Acenei com a cabeça e dei-lhe um meio sorriso, era o máximo que conseguia depois da notícia que tive de manhã. Acho que só por isso tinha aceitado esta saída com a Delilah, normalmente mantinha distancia de todos no local de trabalho.

Peguei na bolsa, e tirei de dentro a chave do carro. Encontrei com facilidade o café onde tinha combinado o encontro com a Delilah. Ela já estava lá sentada a minha espera, enquanto atraia os olhares para si. Os malefícios de ser famosa, eu presumo.

— Oi – cumprimentei enquanto me sentava, engoli um Dona Delilah, que não saiu por muito pouco.

Ela sorriu, e trocamos amenidades. Até que chegou a altura do assunto principal, ao que ela se referia como o motivo da minha tristeza.

— Luana, eu não quero ser intrusiva. Mas eu consigo notar, mesmo agora, por de baixo desse sorriso, alias que sorriso lindo menina, que não estas bem – ela começou, preparei-me para discordar, mas ela segurou-me na mão – E sabes como é que eu sei, porque durante muito tempo eu sorria assim, estava devastada por dentro, mas por fora mantinha sempre um sorriso falso no rosto e dizia que estava tudo bem. Quando não estava. Precisava de ajuda e não pedi… - ela parou o discurso ao meio, como se as palavras a magoassem.

Engoli em seco, olhava para ela e sentia-me culpada. Porque sempre achei que ela fosse mais pop star mimada, e agora via que não, bem no fundo dos olhos dela via toda a dor que ela carregou. Talvez ela tivesse, razão e fosse hora de pedir ajuda.

— Eu tenho uma filha, ela tem três anos – dei-lhe alguns segundos para assimilar a notícia – Conheci o pai dele na escola. Ele era o típico garoto popular, mulherengo, jogava futebol, o nome dele era Luan. Naquela altura, eu tinha tantos planos, Delilah, tantos. Queria fazer faculdade, Psicologia. Ele aproximou-se de mim, no início fiquei desconfiada, eu não era o tipo dele, mas ele dizia todas as palavras certas, tinha todas as atitudes certas, hoje consigo perceber que foi tudo ensaiado, cada olhar, cada gesto, cada beijo, cada toque. Logo após eu entregar-me a ele, descobri o porque do circo todo, ele tinha apostado com os amigos que conseguia ir para a cama com a “negrinha” difícil, que não dava hipóteses a ninguém.

Senti os olhos arder, e a Delilah apertou-me a mão com a força, numa tentativa de me transmitir confiança. Engoli em seco e continuei.

— Mais o menos, um mês e meio depois começaram os enjoos, no início não liguei. Pensei que fosse por andar enervada, mas houve um dia que desmaiei enquanto ajudava a minha mãe em um serviço. Quando descobri a gravidez, fiquei em choque, mudava tudo, mudou todos os meus planos. Apesar de tudo, contei ao Luan, da gravidez, claro que ele não acreditou. Eu trabalhei, e trabalho todos os dias para sustentar a minha filha, a minha mãe ajuda-me no que pode, mas a reforma dela, mal chega para os medicamentos. Eu amo a minha menina, ela é especial sabes, quando tinha 2 anos, nós levamo-la ao médico, estranhamos o fato de ela não olhar para nós, retrai-se muito, quando a levávamos ao parque, nunca brincava com outras crianças. Ela foi diagnosticada com Síndrome de Asperger. E depois de todo o esforço, que eu fiz e faço para tomar conta da minha menina, aquele estafermo quer-ma tirar, chegou hoje a notificação do tribunal. Eu não posso perder, a minha menina Delilah, não posso…

Levei as mãos ao rosto, tão cansada, de tanta luta, de tanto esforço, de tanta dor. Senti os braços dela me envolverem, e deixei as lagrimas rolarem livremente. Estranhamente, desabafar com ela tirou um peso do meu corpo. Ficamos alguns minutos assim.

— Ei, Luana, ouve. Nós vamos arranjar um ótimo advogado. Aliás, nós vamos tratar disso agora.

Ergui o rosto para ela, olhando-a em confusão.

— Delilah, o problema é o dinheiro, onde eu vou arranjar…

Mas ela não me deixou terminar.

— Luana, eu sei que não queres ouvir isto. Mas o Peter pode ajudar. Ei deixa-me acabar – ela disse quando viu que eu ia protestar – O Peter tem conexões, a empresa tem um ótimo advogado. Aliás a empresa tem um contrato com uma firma de advogados que é considerada uma das melhores do pais.

Eu engoli em seco, não queria pedir nenhum favor ao Peter. Tanta coisa nele me lembrava do Luan, o sorriso sedutor, a mania de colocar apelidos, um mulherengo nato. Mas sabia, que ela tinha razão. Acenei com a cabeça minimamente, mas para ela foi o suficiente, puxou-me pela mão em direção ao seu carro. Mantivemo-nos em silêncio até ela parar no condomínio.

— Dona Delilah, que bom vê-la por aqui, vou permitir já a sua entrada. – disse um senhor que se encontrava na portaria.

Depois de estacionar, subimos pelo elevador até ao 5ºandar. Estava nervosa, não consegui negar. A Delilah tocou a campainha, e não tardamos a ouvir a voz grossa de Peter gritar um já vou. Quando abriu a porta, olhou-nos em confusão

— Delilah – o seu olhar depois focou-se em mim – Docinho.

Revirei os olhos, como eu disse, aquela mania ridícula de me colocar apelidos no diminutivo.

— Peter, o assunto é sério.

A expressão dele mudou completamente, para a expressão que ele usava em reuniões serias no trabalho. Nunca iria admitir aquilo em voz alta, mas uma das coisas que mais admirava nele era isso. A capacidade que ele tinha de adaptar-se e ser profissional. Podia ser um mulherengo incorrigível, que flertava com qualquer rabo de calça e saia que lhe aparecia a frente, mas no que tocava ao trabalho tinha uma postura admirável. Nos entramos na casa dele, era uma sala linda, bem decorada, espaçosa e arejada. Sentei-me no sofá muito desconfortável.

Senti, o olhar dele a queimar-me.

— Ei, doci…, quer dizer Luana, o que se passa? Hoje notei que estavas estranha? Eu sei que sou um idiota a maior parte do tempo, mas podes confiar em mim.

Ele tentou alcançar a minha mão, mas eu retrai-me. Percebendo o meu desconforto, Delilah resumiu o que eu lhe tinha contado. Tirando alguns fatos importantes, pelo que eu agradeci, como a minha burrice, em cair nas mentiras daquele sacana. Contando, apenas que o pai da minha menina, que nunca a tinha reconhecido, agora entrou com um pedido de guarda total.

— Luana, ei, não estás sozinha. Devias ter-me contado antes. Apesar de todas as minhas gracinhas, eu considero-te uma amiga, de verdade. E além disso, és a melhor secretária que alguma vez já tive. Não é qualquer pessoa, que consegue trabalhar para alguém tão maravilhoso como eu, de forma tão brilhante.

Ele segurou-me na mão, desta vez, não tive tempo de reação. Permiti-me este gesto de vulnerabilidade.

— Eu não a posso perder, não posso – senti os olhos arder.

Em um instante, ele estava sentado ao meu lado no sofá, os seus braços amparavam-me num abraço. A minha cabeça estava encostada no seu peito, e o seu braço envolvia o meu ombro.

— Ei, isso não vai acontecer. Amanhã cedo, nos vamos a firma de advogados, ele não vai tirar a tua menina. Não vai.

Levantei o rosto molhado de lágrimas, e olhei nos seus olhos verdes, que normalmente estavam cheios de diversão e zombaria, mas neste momento me transmitam calma. Por algum motivo, estando ali tão próxima dele, e olhando nos seus olhos, eu acreditava nele. Acreditava que tudo iria ficar bem. A Delilah pigarreou, afastei-me dele num pulo, e com muita vergonha tinha que admitir que nem tinha dado por ela sair da sala. Ela trazia um copo de água na mão, e entregou-mo.

— Toma, um bocado de água com açúcar, vai te fazer bem.

Tomei o copo todo, enquanto tentava normalizar a minha respiração.

— Amanhã, eu passo na tua casa, e vamos juntos a firma.

— Não é preciso, eu tenho carro – respondi

— Eu sei que não é preciso, mas eu quero.

Acabei por concordar, eu não sabia mesmo a direção seria mais fácil assim. Antes de sair virei-me mais uma vez para ele.

— Obrigada, por tudo, Doutor Pedro.

— Voltamos ao Doutor, Docinho.

Revirei os olhos, e segui a Delilah para fora do apartamento. Ele podia ser um mulherengo, mas não era nada como o Luan, agora percebia que a comparação tinha sido injusta. Ainda via um sinal, em neon, na testa do Peter com o aviso “PERIGO”. Mas agora sabia, que debaixo daquelas gracinhas todas, estava uma pessoa maravilhosa,


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Notas finais do capítulo

Bem, obrigada por tudo
Caso mais para a frente alguem tenha interesse na história e conhecer mais da Delilah, eu volto a atualizar por aqui



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