Os Contos Sombrios de Durmstrang: O Ritual Perdido escrita por Alexia Mello e Mayara Germano


Capítulo 3
Capitulo 2




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4 horas depois

Ayse empurrou a porta de madeira que separava os cômodos, sua mãe se encontrava sentada sob a mesa, os braços apoiados sob o tampo de madeira, o rosto repousado sobre as palmas, ela ergueu os olhos ao ouvir o barulho da porta se abrir.

Seu pai estava apoiado sobre o encosto de uma das cadeiras de madeira posicionadas na lateral da extensa mesa de madeira.

O cômodo se tornou mais pesado a entrada da garota.

Robert virou-se devagar, os olhos castanhos claros fixos na filha, ela parou, as mãos segurando as duas portas de madeira para que não batessem contra si.

A expressão no rosto de sua mãe era quase dolorosa, os olhos verdes pairavam sobre o rosto da garota como se não a reconhecesse, Ayse torceu os lábios por um breve segundo.

— Durmstrang? – Questionou vagamente. Uma de suas sobrancelhas castanhas escuras se erguendo.

Esila assentiu pesadamente, a mãe de Ayse tinha o rosto oval e delicado, olhos verdes escuros, cabelos castanhos escuros como os dela que se encontravam presos em um longo rabo de cavalo caindo majestosamente sobre o vestido azul escuro florido que a mesma vestia. Sua pele era da cor de avelã. Ela era magra e elegante.

Sua voz era firme.

— Considere-se sortuda... O Ministério da Magia poderia muito bem decidir manda-la para Askaban... O que diabos você estava pensando?

Ayse engoliu em seco, seus olhos correndo para o rosto de seu pai, que era inexpressivo, embora naquele momento tivesse se virado completamente para a menina, seus braços cruzados sob o peito esperando respostas.

Ela respirou fundo procurando as palavras certas.

— Acho que... Acho que simplesmente não estava. – Respondeu.

Esila respirou fundo, decepção ecoando pela sala.

— Acho melhor você começar a fazer suas malas. – Incentivou. – Seu pai a deixará em Durmstrang pela manhã...

— Mas é no meio da semana letiva... – Protestou.

Esila ergueu os olhos novamente para a filha, dessa vez ameaçadoramente, Ayse não tornou a contestar, ela se virou girando no próprio eixo de forma que os cabelos longos e castanhos fizessem um arco em torno dela e batessem contra suas costas, ela fechou as portas duplas atrás de si deixando os pais a sós novamente.

(...)

Ayse não sabia ao certo como havia chegado a Durmstrang, ela lembrava vagamente do pai dirigido até o porto da cidade, momentos depois adentrar um beco do qual os levava direto para um vasto campo e então dando de cara uma embarcação gigantesca e espectral, momentos depois ela se encontrava ali, atravessando uma espécie de ponte invisível, o lago abaixo dela era negro e parecia contornar toda a ilha, a sua frente, um campo vasto se estendia revelando um enorme castelo negro.

Uma construção com tetos em formas de triângulos e torres espalhadas pela sua lateral, dez torres, ela conseguiu registrar, todas com topo em formato de cones, de longe parecia que cada curva que se formava nos beirais do castelo haviam sido desenhadas a mão e então preenchidas por tijolos.

Os beirais se encontravam com uma fina camada de gelo dando um leve charme ao lugar.

Ela ouviu seu pai soltar um assobio fazendo com que a mesma o olhasse de soslaio, ele sorria abertamente, havia colocado a mão sobre o ombro da garota.

Os dois seguiram enquanto atravessavam a passarela transparente,

Dumstrang se tornava mais impressionante ao passo que Ayse dava, ela correu os olhos pelos enormes campos brancos, agora ela entendia o porquê do pai tê-la feito vestir as roupas de inverno da escola.

Ayse tinha sobre o corpo um casaco marrom grosso de pele, com a gola cheia de pelos de um marrom mais escuro. Ela agradeceu mentalmente por ter ensacado botas de salto da mesma cor não causando atrito com a roupa, o casaco parecia ter sido enfeitiçado para mantê-la quente naquele lugar, pois mesmo com o vento passando por seu rosto, Ayese não se sentia nem um pouco incomodada.

Ao passo que ela e seu pai se aproximavam do enorme castelo tornando mais nítida o tamanho dos arcos de entrada, Ayse pode distinguir a figura de uma mulher alta parada no topo das escadas de entrada, os cabelos pretos presos em um coque elegante, as mãos juntas as vestes, ela trajava a mesma versão de casaco de Ayse, mas de certa forma nela, parecia muito mais adequada.

Ao redor do enorme castelo havia um baixo portão negro acompanhado de um muro de tijolos da mesma cor, o portão de ferro a frente deles se abriu, lhes permitindo passagem ao interior do castelo.

Assim que atravessaram a pequena barreira ela sentiu o ar mudar drasticamente, do lado de fora do portão ela ainda conseguia sentir o frio batendo contra suas roupas, ali parecia que havia infiltrado uma espécie de bolha, o vento já não cortava mais o rosto da garota, na verdade o ar havia se tornado agradável.

Ayse ergueu os olhos para o pai que ainda mantinha o sorriso no rosto e a mão sobre seu ombro, seus olhos vasculhavam cada parte externa do castelo, ela podia sentir a vibração emanando dele, aquele lugar havia sido o palco de grande parte de sua vida, a melhor parte de sua vida, ela suspeitava.

Robert nunca havia entendido o porquê de a esposa roubar de sua filha a experiencia de conhecer um lugar daqueles, no entanto, lá estava ele, orgulhoso, ansioso e Ayse suspeitava que estivesse um pouquinho assustado também.

Eles caminharam pela pequena extensão finalmente chegando aos degraus da escola. O sorriso branco e quadrado da mulher a sua frente havia se tornado mais claro.

Seu rosto era em formado delicado de coração, os cabelos castanhos escuros, era esguia e alta, seus saltos eram da mesma cor do casaco da escola, ela gesticulou para que ambos subissem os degraus.

O interior do lugar era ainda mais impressionante, e diferentemente da parte exterior que era de pedra, o interior era inteiramente feito de madeira escura polida, indo desde o chão até o teto e paredes, dando ao local um ar sóbrio, elegante e aconchegante, onde cada detalhe parecia ter sido esculpido a mão, tornando todo o ambiente rico em detalhes. O local era lindamente decorado com as cores da escola, fazendo uma perfeita harmonia entre o tom escuro da madeira marrom com o vermelho sangue que estava presente nos uniformes, tendo algumas bandeiras com o brasão da escola pendurada em alguns pontos estratégicos. Lustres e luminárias eram dispostos por toda a extensão do ambiente, não permitindo que este fosse tão claro, dando um aspecto agradável em se tratando de luminosidade e complementando a rica decoração, juntamente com as estatuas de fênix que eram dispostas por toda a extensão dos corredores.

— Robert – Ela gesticulou cordialmente. – Senhorita Rousseau, é um prazer recebe-los finalmente em nossos aposentos... Permita-me lhe conceder um Tour completo pelas nossas instalações.

Ayse assentiu roboticamente, seus olhos vagando pelo castelo, a mulher, da qual segundos depois ela foi descobrir que se chamava Olivia, havia estudado com seu pai em Durmstrang, ambos engajaram em uma conversa animada enquanto atravessavam o corredor principal.

Olivia indicou onde Ayse faria as refeições, atrás de uma porta dupla de madeira acompanhada de duas gárgulas de pedra, das quais ela suspeitou se mexerem. “O salão principal é restrito apenas para horário de refeições e anúncios, do contrário, não é permitido a entrada” Informou Olivia, sua voz extremamente firme, ela virou à esquerda gesticulando e apontando para uma dúzia de salas, o andar inferior era reservado aos primeiro anistas, a maioria de suas aulas se encontravam ali, com exceção das aulas externas referente a duelos, criaturas magicas e Herbológia, ainda no primeiro andar, mais ao centro um enorme pátio se estendia com uma fonte em formato de fênix emergindo das águas, só que essas águas eram envoltas por fogo maldito, Ayse franziu o cenho enquanto encarava aquilo, o que impedia os alunos de caírem ali? Uma barreira? Talvez, ela não deixou sua atenção vagar muito já que a voz de Olivia se seguia alta e clara.

Ao redor da enorme fonte havia um grupo de estudantes, todos vestindo uniformes em tons de marrom e vermelho sangue, meninos com blusas de golas altas e mangas longas acompanhados de um cinto preto no centro, calças marrons escuras com uma listra vermelha e botas de couro, meninas com uniformes parecidos, calças escuras com listras vermelhas e blusas da mesma cor e forma, com exceção do cinto preto.

Os adolescentes ali postos aparentavam ser um pouco mais velhos que Ayse, talvez 17 anos, a idade máxima, ela percebeu que boa parte do corpo estudantil era atlético, nunca tinha visto tantos garotos com braços musculosos juntos, era como olhar uma competição de bodybuilder em andamento.

As meninas também, talvez não tão malhadas, mas com corpos atléticos, algumas até mesmo com braços fortes, ela engoliu em seco, não seria tão fácil assim derrubar uma daquelas.

— Esgrima. – Entoou Olivia – Aqui em Durmstrang nós incentivamos nossos alunos a ser os mais preparados no mundo bruxo, isso vai desde seus currículos acadêmicos aos físicos. – Ela girou nos saltos parando em frente a garota, seus olhos azuis escuros caíram sobre o corpo da menina – Apesar do seu currículo impecável em quesitos acadêmicos, percebemos algo um pouco defasado no seu preparo físico, senhorita Rousseau.

Ayse encarou a mulher com a mesma intensidade que ela a havia encarado.

— Perdão... – Disse ela – Só porque não sou bombada como uma de suas alunas – Ela gesticulou para o grupo no centro do pátio – Não significa que eu não possa fazer estrago.

Os olhos de Robert se arregalaram, ela podia sentir o descargo de desculpas e bronca que seu pai se lançaria, entretanto a risada de Olivia fez ambos a encararem surpresos.

— Fico feliz que tenha dito isso... – Disse a mulher se recuperando da própria risada inusitada, ela gesticulou para o grupo de alunos que haviam formado um pequeno círculo, no centro haviam dois alunos, ambos com espadas afiadas, os dois tinham uma das mãos atrás das costas, eles trocaram uma simples reverencia e então se lançaram em um animado duelo, o barulho das espadas ecoou pelo corredor.

Assim como gritinhos de adolescentes e vozes de incentivo, os demais colegas de classe agitavam os punhos no ar e torciam a cada batida de aço desferida no ar.

Ayse franziu o cenho.

— Isso é... Esgrima? – Perguntou entre pausas.

Olivia assentiu.

— Mas... – Suas sobrancelhas se uniram – Onde estão as roupas de proteção?

— Nossos alunos – Começou a professora – Não possuem histórico de agressividade contra seus próprios colegas, senhorita Rousseau.

Ayse virou o rosto lentamente, os lábios de Olivia se encontravam abertos em um sorriso assustadoramente condescendente.

— Ah... E eu tenho? – Questionou a menina, seu tom de voz claramente incomodando a mulher, uma pequena veia pulsou entre as sobrancelhas da mesma, Ayse teve a impressão que seu pai também havia percebido já que se enfiou entre ambas com um sorriso brincalhão no rosto.

— Ayse... Porque você não deixa Olivia e eu conversarmos sobre a questões acadêmicas, você sabe... Toda essa baboseira da qual você não está interessada enquanto você explora o castelo?

Olivia a encarou por meio segundo enquanto a menina assentia, tudo parecia melhor do que ouvir as opiniões veladas de Olivia, ela deu as costas aos dois começando a caminhar, mas parando ao ouvir seu nome.

Olivia se apressou ao seu lado, sua mão gelada demais para o interior da escola tocou o cotovelo da menina a girando em direção ao grupo de alunos, ela apontou para um garoto alto que saia do centro da roda.

— Devido a sua falta de atividades físicas tomamos a liberdade de designa-la um professor, bem, um aluno de nossa confiança para lhe ajudar a alcançar a excelência. Daniel Creed. – Informou.

Daniel pela indicação da mulher era um garoto alto, de físico atlético, mas não forte como os demais, cabelos castanhos escuros e perfeitamente arrumados em um topete com a lateral um pouco mais raspada. A barba perfeitamente alinha acompanhada pelo bigode, ele sorria enquanto agitava a espada vitorioso, vozes altas dos colegas gritavam de alegria, ela revirou os olhos levemente enojada.

Queria aprender, queria se tornar a melhor versão de si mesma, não ser bajulada por um grupo de bruxos elitistas como aquele garoto.

Olivia pareceu registrar o visível desgosto da menina, o que a fez sorrir mais abertamente soltando levemente o cotovelo da garota e gesticulando para o interior da escola.

— Fique à vontade para explorar, a aula de esgrima termina por volta das 17:00 caso queira instruções de Daniel, qualquer professor ficará feliz em lhe explicar como chegar a seu dormitório.

Ayse sorriu brevemente, seus olhos voltando para seu pai que assentiu a incentivando a seguir.

— Pode ir querida, lhe encontro antes de partir...

Ela assentiu brevemente enquanto se afastava, contornando o pátio em busca de um dos corredores, lançando um último olhar por cima do ombro para o garoto do qual teria que procurar mais tarde, Ayse teve a leve impressão de vê-lo a encarar do centro do pátio, mas afastou o pensamento enquanto se adiantava pelo corredor de pedra.


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