Os Contos Sombrios de Durmstrang: O Ritual Perdido escrita por Alexia Mello e Mayara Germano


Capítulo 2
Capitulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791291/chapter/2

— Eu realmente não sei o que fazer com relação a isso Robert... – A voz de Esila Rousseau ecoava por de trás da pequena brecha das portas duplas de madeira, seu tom de voz era firme enquanto traçava um caminho sob o tampo de madeira da mesa de jantar. - Se ela ao menos demonstrasse algum tipo de remorso... – Continuou.

Ayse tinha suas costas recostadas sob a parede gélida, as palmas da mão esticadas contra o papel de parede antigo, com a ponta do dedo ela procurava alguma pequena ponta solta para tentar se distrair, embora não ouvisse a voz do pai, sabia que ele estava lá.

Os passos de alguém se tornaram auditáveis, e então um suspiro pesado se seguiu.

— Ela não nos dá outra opção Esila... – Pontou Robert – Dumrstrang é a nossa última chance de faze-la entender as regras. Do contrário, ao invés de visitar nossos netos no natal, estaremos visitando-os em uma cela especial em Askaban...

O som áspero de uma cadeira sendo arrastada se sucedeu e então o suspiro cansado de Esila ecoou pela sala de jantar.

Ayse não se moveu, tinha medo de que qualquer reação sua tornasse aquilo mais real do que realmente parecia.

 

 

4 horas antes.

A lua havia começado a se destacar por de trás das nuvens.

Ayse começou a se locomover um pouco mais depressa, havia se afastado demais da cidade, ela havia criado o habito de visitar pequenas ruinas que haviam sido abandonadas nas fronteiras da cidade, longe demais para serem consideradas um ponto turístico e perigosas demais para a população, mesmo assim, vez ou outra ela costumava ver grupos de adolescentes se reunindo ali.

Enquanto ela pulava sobre um pilar e aterrissava silenciosamente sobre a terra batida risadas ecoando encheram seus ouvidos, mais a frente um grupo de adolescentes começava a se aglomerar, duas meninas se agarravam umas nas outras, ambas trajando jeans normais e blusas coloridas demais para o gosto de Ayse.

Junto a elas três garotos, um deles com sacolas de papel e um deles exibindo uma garrafa de bebida alcoólica, as meninas se sentaram sobre as pedras, enquanto os garotos pararam a sua frente, as vozes altas e emaranhadas.

Ayse não tentou fazer muito sentido do que eles falavam, seus olhos vagaram para final da estrada, ela precisaria passar por eles para achar um lugar mais reservado e poder aparatar de volta a casa, não havia muita escolha.

Ela respirou fundo fechando os olhos por um breve segundo e então se forçando a avançar, tinha entre os braços um caderno de capa preta do qual abraçou contra o corpo, seus olhos permaneciam sobre o chão de pedra rasteiro enquanto tentava atravessar o caminho esperando não ser notada pelos trouxas a sua frente.

Foi inútil, levou cerca de 10 segundos até que uma das meninas sentadas sob as pedras notasse Ayse se aproximando, ela se ergueu perdendo o sentido levemente para a esquerda e então se recompondo, os cabelos louros bagunçados e arrepiados balançando de um lado para o outro, ela apontou para Ayse.

— Olha só o que temos aqui. – Disse, sua voz era fina e irritada.

Ayse a olhou pelo canto do olho – Merda – Xingou mentalmente, ela se lembrou brevemente de um episódio de meses atrás aonde havia trombado a mesma garota trouxa em uma festa da qual ela havia sido convidada de última hora por ter impressionado um dos rapazes com sua beleza, festa que para ela não oferecia perigo nenhum, já que só iria pela rara oportunidade de descolar algo além de refrigerante e água com gás.

Acontece que a pequena escapada de Ayse naquele mês, lhe renderia uma briga física com a trouxa a alguns metros dela, já que o garoto impressionado com a beleza da bruxa era na verdade, o namorado da garota loura que vinha em sua direção.

— Oh meu deus, você realmente é esquisita não é garota? – Perguntou a menina enquanto abria caminho entre os corpos dos garotos. Ayse reconheceu o namorado da menina, um garoto alto de cabelos castanhos escuros bagunçados no topo da cabeça, trajava uma jaqueta de couro falso nos tons de marrom, ele desviou os olhos de Ayse para a garrafa que segurava a passando para o amigo.

A garota parou a frente da bruxa, os olhos castanhos semiabertos alcoolizados, os braços nas laterais do corpo. Ela ergueu a cabeça de forma que ficasse maior que Ayse.

Ela parou, os dedos finos apertando a capa do caderno enquanto sua respiração se tornava regrada de forma que tentasse se acalmar, pelo canto do olho viu os garotos abrirem um semicírculo, o namorado da loura mais perto da ponta, suas mãos estavam soltas na lateral do corpo, os ombros tensos.

— Você pode me dar licença? – Pediu.

Por alguma razão a frase pareceu divertir a menina a sua frente, seus lábios se curvaram e ela caiu em uma gargalhada sem graça. Ayse passou a língua sob o lábio inferior sentindo o gosto do gloss de cereja que havia passado, ela deu um passo pro lado oposto tentando contornar o corpo da garota, inutilmente, a menina jogou a lateral do corpo dela com força contra o de Ayse a fazendo se desequilibrar e caindo contra o chão empedrado, seu caderno escapou de suas mãos deslizando em círculos para o centro da roda, os traços fortes do contorno de um dementador que cobria duas páginas brancas saltando para fora, palavras rabiscadas em torno, feitiços, um conjunto de coisas que não faziam sentido para nenhum daqueles adolescentes.

Ela se arrastou o mais rápido que pode, seus jeans rasgados se rasgando mais ainda pela pressão do chão, podia sentir sangue escorrendo em seus joelhos no interior da calça, mas não se importou, suas mãos alcançaram o caderno tarde demais, a menina sentada o chutou para longe, aonde um dos garotos, o que anteriormente tinha suas mãos em sacolas, se agachasse e o tomando em mãos.

Ele tateou as páginas de forma curiosa, os dois garotos ao lado dele se juntando para olhar as páginas, um eco de risada soou nos ouvidos de Ayse.

— Wow, vejam só isso... Que bizarro. – Ele virou a página para que as duas meninas pudessem ver, mais rabiscos do mundo magico, detalhes acentuados do mesmo dementador. – O que ela tem de bonita, ela tem de perturbada...

Ayse revirou os olhos enquanto começava a se erguer. Sua garganta formando um nó espesso, ela parou ainda abaixada sobre si, sua mão se enfiando no interior das botas, sentiu o cabo de sua varinha firme apoiado na parte de trás.

— Você sabe o que minha avó costuma dizer sobre mulheres bonitas demais, não sabe?

Ela ergueu os olhos, a voz havia vindo da garota sentada sob a pedra, cabelos pretos como a noite e curtos na altura do rosto, ela tinha os olhos claros fixo na menina, o canto dos lábios erguidos com desgosto, os olhos dos meninos estavam focados nela esperando que ela terminasse seu pensamento.

— Bruxas... – Disse, sua voz acompanhada de desdém.

Não demorou muito para que os garotos caíssem na gargalhada, com um simples puxão o garoto que tinha o caderno em mãos arrancou uma das folhas jogando-a sob os pés de Ayse.

— Aé? Então é bom que ela tenha bons truques – Entoou – Porque não existe nenhuma chance dela ter isso de volta...

Ayse respirou fundo, seus olhos indo de um rosto para outro a sua frente, era como tentar controlar um instinto natural, ela sentiu seus dedos se fecharam com mais força contra sua varinha, antes que a puxasse por completo, a voz da garota loura encheu seus ouvidos, uma melodia da qual ela não conhecia, mas que por algum motivo, sua amiga sim.

Ambas entoaram junto.

Ela fechou os olhos tentando controlar a raiva enquanto a letra ecoava por seus ouvidos aumentando sua raiva.

“My momma, your momma, gonna cath a witch

My momma, your momma, flying on a switch

My momma, your momma, witches never cry

My momma, your momma, witches gonna die!”

Ao passo que o último verso da música pairou pelo ar, Ayse sacou a varinha, um fleche de luz intenso ricocheteou contra a mão do menino puxando o caderno diretamente para a mão da garota.

Os olhos dele se arregalaram de surpresa, ela se ergueu, fogo parecia queimar por suas veias, os garotos deram um passo para trás por instinto, a menina loura pareceu recuperar a sobriedade cambaleando para trás.

Os cabelos escuros de Ayse caíram como uma cascata contra os ombros, sua varinha apertada contra os dedos, ela respirou fundo, a raiva esvaecendo por seus dedos, ela ergueu a varinha uma última vez, antes que um clarão branco invadisse sua visão a fazendo recuar protegendo seus próprios olhos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!