Paradigium escrita por Hyywz


Capítulo 3
Capítulo 3 - Hipótese


Notas iniciais do capítulo

Acabei sem deixar de programar a data do segundo capítulo, então teve uma grande diferença entre o tempo entre o segundo capítulo e esse. Provavelmente o próximo sai daqui a 2 semanas, espero que gostem.



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Depois de um tempo de conversa entre os três aurores que estavam do lado de fora da casa, Vinsken finalmente sai da casa da vítima, a passos rápidos.

— Se o autor do crime estava procurando por algo, ele achou bem rápido ou foi bem preciso. Não havia sinal de nada desorganizado nas gavetas. Além disso, não houve nenhum Abbafiato ou algo do tipo.

— Tá, então estamos na merda pelo visto. Não temos praticamente nada, certo? Noah nos disse o que encontraram e eu não consigo desenvolver nada com isso. - Disse Theo, já meio desacreditado.

— Na verdade, eu tenho uma teoria do que aconteceu aqui. - Respondeu o garoto, um pouco mais empolgado.

— Também tenho uma ideia do que aconteceu aqui, mas preciso que o novato fale primeiro, preciso averiguar o potencial dele, além disso, pode reforçar a minha ideia, dependendo do que ele falar. - Disse também Vinsken.

— Bem, vamos por etapas então. A princípio, o assassino precisaria entrar na casa, então quais são as formas possíveis? - Perguntou Noah.

— Aparatando seria impossível, graças aos feitiços de proteção aqui perto, então eu imagino que simplesmente entrando pela casa. Poderia ser também pela janela, mas acho que é um método ruim, pois é claramente suspeito, e mesmo sendo em uma casa afastada, em um dia como hoje seria relativamente fácil de se ver. - Respondeu Theo.

— Há um outro jeito também. Mais direto aliás, mas um pouco íntimo demais, que seria usando o Pó de Flu, se não me engano, você disse que a lareira estava acesa. - Disse Emily.

— Sim, é verdade. Foram os dois métodos que eu pensei também, mas ambos tem problemas, como vocês mesmo disseram. Vamos por ordem, indo diretamente pela porta, o assassino precisaria ter certeza de que ou a vítima estaria exatamente naquele lugar, e utilizasse um feitiço para matá-la assim que abrisse a porta. Esse problema também acontece no segundo caso, caso ele tenha vindo utilizando o Pó de Flu, mas existem duas coisas que me fazem acreditar que ele utilizou a porta da frente: a forma mais fácil de garantir que Abby Bowers estava no local em que ele queria seria olhando através de alguma janela, o que poderia ser feito aqui por perto, sem muito custo. O assassino teria uma vista do primeiro andar utilizando a janela da cozinha, e já com isso poderia escolher ou entrar na porta e matá-la assim que entrasse, caso ela estivesse na sala, ou entrar e se esconder na cozinha, e esperar o momento que ela descesse para matá-la, já que ela não teria visão da cozinha, pelo ângulo de onde a escada está posicionada.

— Ok, entendi o seu ponto, mas e se for o caso de mais de uma pessoa? Alguém poderia olhar por fora, até mesmo para garantir que ninguém passe por perto e de alguma forma contatar a outra pessoa para entrar na casa pelo Pó de Flu. - Disse Theo.

— Acho que não, Theo, existem dois problemas nessa sua hipótese: o primeiro deles é que o Ministério tem acesso à Rede de Flu, apesar de eu achar que eles não tem registro de nome, acho que poderíamos descobrir se a Rede de Flu da casa da Sra. Bowers foi acessada, e não tem sentido utilizar uma pessoa pra camuflar um rastro e utilizar um método que deixa um rastro. Suponho que esse seja o segundo motivo pelo qual você acredita que o assassino usou a porta da frente. - Respondeu Emily.

— Exato, obrigado Emily. O fato da lareira estar acesa também é irrelevante, visto que ela provavelmente saía de casa por lá, então suponho que estava constantemente acesa. Além do que, acredito que ele utilizou uma capa de invisibilidade, tanto porque facilitaria caso ele simplesmente abrisse a porta e atacasse quanto se entrasse na casa e se escondesse, além disso, tenho um outro motivo para acreditar nisso, mas vou explicar melhor esse ponto mais tarde.

— Ah, nem precisa, acho que não tem ninguém que não pensaria em algo assim sem uma capa de invisibilidade. Eu não entendo porque isso é de tão fácil acesso, lembro que cheguei tentar usar uma em Hogwarts até pra matar aula, só que aquela gata maldita do Filch conseguiu me encontrar e eu precisei ficar horas tendo que organizar a sala de Poções do Snape. Até um aluno com acesso à Hogsmeade consegue isso, é absurdo. E calma, ainda não estou convencido, acho que a Sra Bowers teria escutado ele ou ela entrar na casa, até porque de acordo com o Vinsken, não há nenhum sinal de feitiço Abbafiato ou semelhante ter sido utilizado.

— Ele não precisou. Hoje em específico pelo menos, não. - Disse Noah, apontando para o céu, onde vários feitiços eram lançados, e enormes estrondos eram ouvidos aos longes.

— É, ok, faz sentido.- Concordou Theo.

— Agora, temos os tópicos de quem foi, por que e qual foi o método de fuga. - Disse Noah, parecendo confiante, já que até o momento o Auror experiente ainda não havia manifestado nada. - E eu acho que podemos ir direto para quem foi: Finley Crossfield.

— Pera aí, o que? - Assustou-se Theo.

— Acho que agora terei que ser mais direto, e ligar todos os pontos de uma vez só, e eu consegui pensar tudo isso graças ao senhor Vinsken, pois ele encontrou algo crucial: a pólvora. O último feitiço utilizado pelo Finley foi Bombarda, e, hoje, como vocês podem ver, parece que metade do país tá usando esse feitiço, então é um bom álibi para ele. Além disso, ele era um Comensal da Morte antes, suponho que o motivo do assassinato foi para atacar diretamente o Ministério, ou até mesmo algo pessoal contra ela, visto que o Ministério foi essencial na queda de Você-Sabe-Quem.

— Ok, a pólvora tem a ver com o Bombarda, mas até aonde você me disse, não havia nenhum buraco em lugar algum. - Respondeu o auror de topete.

— Imagino que ele tenha utilizado o feitiço Reparo no teto do primeiro andar, e, por isso, não havia sinal de pólvora nenhum.

— Não vejo porquê não utilizar o Reparo no lustre também. - Indagou Emily.

— Não tem como. Não respeitaria a Lei de Gamp. - Retrucou Theo.

— Mas a Lei de Gamp é uma lei de transfiguração utilizando as partículas de ar, não? - Perguntou a garota.

— Não necessariamente. Ela tem várias subcategorias, mas nesse caso, a madeira do teto do primeiro andar foi destruída, e o feitiço Reparo utilizou as partes quebradas para voltar, mas algumas delas foram desintegradas pelo feitiço Bombarda, e, mesmo que inconscientemente, utilizamos transfiguração de ar para reparar coisas como essa. O lustre era um item raro, luxuoso, e provavelmente usava algumas peças que não podem ser transfiguradas pelo ar, então o feitiço Reparo não funcionaria. - Respondeu Theo.

— Caramba, entendo você ser um animago e entender de transfiguração, mas confesso que me surpreendeu dessa vez. - Elogiou a garota.

— Confesso que eu ainda não havia conseguido pensar no motivo pelo qual ele não havia consertado o lustre, isso reforça ainda mais a minha teoria.

— Disse Noah.

— Mas e quanto à pólvora encontrada no teto do segundo andar? - Perguntou Theo.

— Bem, imagino que ele tenha utilizado o Incendio para queimar a capa de invisibilidade e ficou um pouco do rastro de queimado no teto, algo praticamente impossível de se perceber, e que ele provavelmente não percebeu. Eu não havia entendido o porquê de fazer isso no segundo andar, mas agora chuto que ele tentou usar o Reparo no lustre, e, quando viu que não conseguiu, queimou a capa no segundo andar para que caso alguém fosse tentar utilizar o Reparo no lustre, não consertasse a capa de invisibilidade sem querer. - Concluiu Noah.

— Ok, então o final é fácil, isso aconteceu, e ele precisou sair da mesma forma que entrou: pela porta da frente, e nem precisaria ir para longe usando uma vassoura, era só entrar no meio da multidão, só que ele não esperava que alguém chegasse tão rápido e tentou fugir e então você o capturou, é isso? - Perguntou Emily ao novato.

— Exato, e então, o que acham? - Perguntou o garoto, que não conseguia disfarçar a empolgação, e olhava para Vinsken com um olhar quase que desafiador, como se tivesse encontrado a teoria perfeita.

— Confesso que me impressionara um pouco, garoto, entretanto, tem algo me incomodando nisso. Não acham que está fácil demais? - Indagou Vinsken.

— E qual é o problema nisso? É menos trabalho, ainda mais hoje, se a gente encerrar aqui agora ainda consigo comemorar ou chorar por causa do jogo. - Disse Theo.

— Pensem comigo, um plano cheio de coisas que, a princípio, foram bem pensadas, e ele não teve o trabalho de pensar em um plano bem elaborado de fuga além de simplesmente sair pela porta da frente? Além disso, por que não sair utilizando a mesma capa de invisibilidade? - Indagou Vinsken, ignorando o comentário de Theo e deixando os outros companheiros pensativos.

— A capa de invisibilidade ter sido usada ou não não agrega em nada no caso, pensar nela apenas vai nos dar mais dor de cabeça, o que talvez tenha sido o plano do real culpado desse crime. Pensem sobre o quarto, o único da casa. Nele havia um Bicho-Papão. Sabem o que isso significa? -Volta a perguntar Vinsken, animado com o caso.

— Ele talvez pode ter sido plantado pelo assassino lá? Não vejo motivo nenhum para fazê-lo, além de simplesmente levantar mais suspeitas. - Perguntou Emily.

— Concordo senhorita Emily, e é por isso que eu suponho que o crime tenha ocorrido mais cedo. Outro motivo pelo qual eu acho que isso aconteceu é porque o quarto não possui nenhuma janela exterior, então ele demoraria pelo menos um pouco para entrar no quarto. Pelo menos, mais tempo do que o tempo da perseguição do novato em cima do sujeito ali. - Respondeu o auror.

— E como você explica a pólvora no teto do segundo andar, Vinsken? - Indagou Noah, parecendo insatisfeito de estar sendo refutado pelo auror experiente.

— Com tal impaciência é nítido a sua falta de profissionalismo, novato. Continuando o meu raciocínio, do que Bichos-Papões gostam?

Nenhum dos outros Aurores parecia entender o seu raciocínio, até que Noah pareceu ter entendido seu pensamento.

— Bichos-Papões gostam de ficar no escuro, e o quarto estava realmente bem escuro. - Respondeu Noah, que apesar de não ter gostado do comentário do companheiro, estava concentrado.

— Exatamente! - Respondeu Vinsken, parecendo mais animado. - O estranho é justamente aí. Não havia nada que pudesse iluminar aquele quarto. Havia apenas uma única janela, apontada para uma parte interna da casa. E, consequentemente, a não ser que a Sra Bowers gostasse de receber visitas diárias de Bichos-Papões, não havia nada para iluminar seu quarto.

— Bem, pelo visto ela morava sozinha, vai ver ela tinha medo de ficar sozinha. - Brincou o auror de franja.

— Mas se a pessoa tem medo de ficar sozinha, o Dementador não desapareceria? - Indagou Theo, rindo.

Todos pareceram pensar a respeito dessa pergunta, incluindo o próprio Theo, entretanto, um silêncio ficou tomou conta do ambiente durante alguns segundos. Até mesmo Vinsken pareceu se surpreender com a dúvida repentina, aparentemente sem resposta, mas Noah volta a quebrar o gelo em seguida, ainda em dúvida.

— Tá, mas ainda não entendo a relação disso tudo com o teto do quarto do segundo andar.

— É uma coisa crucial, mas que acredito que passaria despercebido para todos vocês: na sala, havia o oposto do que o quarto. Ela tem mais iluminação do que precisa.

— Temos apenas o lustre, não? - Indagou Noah, enquanto os demais pareciam estar entendendo lentamente o raciocínio.

— Pense um pouco, garoto. Nós não utilizamos Lumos quando entramos. O lustre estava caído no chão, quebrado, entretanto, a sala estava completamente iluminada pelo fogo. Duas coisas para iluminar o mesmo cômodo enquanto que em um outro cômodo não havia absolutamente nada.

— O que quer dizer com isso, Vinsken? - Perguntou Noah.

— O assassino teleportou o lustre pra cima da sra Abby? - Perguntou a aurora, parecendo entender o raciocínio de seu superior.

— Isso nem ao menos seria possível, tanto o corpo quanto o sangue dela estavam no chão da sala, e não existem magias de teleporte de objetos, muito menos de corpos e sangue - Volta a dizer Noah, indignado.

— Não, mas existe um jeito. - Disse Vinsken, cada vez mais entusiasmado com o caso e ignorando o tom um pouco mais agressivo do auror novato. - Chaves de portal. Chaves de portal são ativadas no momento em que encostamos nelas, e elas possuem um tempo até perderem seu efeito, além disso, o lustre, que seria a Chave de Portal usada, iria ser quebrado.

— Eram dois jeitos de se assegurar que ninguém iria descobrir o rastro de magia nele. Além disso, explica o porquê da sujeira no teto do quarto superior e a falta dele no andar de baixo, o feitiço fora aplicado no quarto superior, e não no inferior. - Concluiu Emily.

— Então...o lustre que estava no quarto da Sra Abby foi encantado como uma chave de portal que teleportava para a sala de estar, foi derrubado em cima dela e no momento exato em que ele tocou nela eles foram teletransportados para lá, fazendo com que a cena do crime pareça ser a sala...? - Disse Theo, buscando recapitular o longo raciocínio do grupo. - Mas então, por quê não um objeto transfigurado? Não iria levantar suspeitas.

— Bem, acho que eu perceberia se houvesse algum objeto enorme no meu quarto que eu não comprei. - Disse Noah, mas ao olhar a reação da garota, que pareceu não gostar tanto da piada, prontamente se corrigiu - Quer dizer...acho que não foi um ataque surpresa. Se olharmos para a Sra Bowers, ela estava virada para a cozinha. À primeira vista parecia que ela estava caminhando para lá e o lustre caiu. Mas pelo ângulo do quarto, que era aonde o lustre supostamente estava, ela estava de frente de frente para à única entrada do quarto...Então, acho que ela pode ter visto quem era seu assassino, isso é, caso ele não estivesse utilizando uma capa de invisibilidade. - Noah mostrava relutância ao dizer a última palavra, como se finalmente se desse conta da gravidade da situação, que parecia muito mais complexa do que ele havia imaginado.

— Bem observado garoto, confesso que eu não havia percebido essa. - Disse Vinsken, que apesar de não ter feito isso para animar o garoto, acabou fazendo-o.

— Mas ainda assim, se ele tivesse feito um outro lustre no quarto, além do que estava na sala, iria ser bem mais difícil pra gente, não? - Retrucou a garota.

— Ainda bem que não foi... - Disse Noah, que parecia já estar exausto de pensar sobre o assunto.

— Ele não poderia fazer isso. - Disse Theo. - Lei de Gamp, lembra? E, como o Noah disse, ela estava virada pra onde supostamente o assassino estaria, então mesmo se ele estivesse com uma capa de invisibilidade, ela provavelmente conseguiria ver a varinha se mexer, ou no mínimo conseguiria ver algum objeto pesado o suficiente pra matar ela se formar em cima da própria cabeça.

— E quanto ao Crossfield? Ele não tem nada a ver com o caso? - Perguntou Noah, depois de algum tempo de silêncio entre os três que buscavam encontrar algum erro na hipótese proposta por Vinsken.

— Acho que posso respondê-lo com outra pergunta, algum de vocês pensou em algo sobre o Bicho-Papão? Suponho que vocês sabiam da existência do mesmo pelo relato do novato, mas vocês conseguem encontrar outra falha exceto por essa e a capa de invisibilidade, que a princípio seria apenas uma suposição de que havia sido queimada?

— Não. - Responderam Emily e Theo, simultâneamente.

— Acredito que ele tenha sido usado. Como o novato mesmo disse, ele era um Comensal da Morte. Ninguém seria tão burro de defender um ex Comensal da Morte de um suposto assassinato de alto cargo do Ministério. As condições foram agradáveis demais para o senhor McCarthy, quero interrogá-lo assim que puder, talvez ele tenha sido enfeitiçado.

— Certo, então...o que vamos fazer agora? Aparentemente já descobrimos como ele fez, mas não temos a menor ideia do porquê ou pra onde ele foi. - Disse Noah.

— Theo, fique com o senhor Crossfield no St. Mungus. O culpado o incriminou a vários anos à Azkaban, tenho plena certeza de que ele não vê problema nenhum matá-lo enquanto inconsciente para não extraírmos informações dele. Além disso, preciso de alguém para me passar o relato da autópsia, talvez possam descobrir a hora da morte, isso ajudaria muito. Emily vai fechar a área. Irei contatar alguns outros Aurores para ficarem de guarda aqui, e se for um grupo que estiver envolvido nisso, você pode ser atacada. Nenhuma outra pessoa além dos Aurores poderá entrar aqui, entendido? - Ordenou Vinsken para ambos.

— Até mesmo Dumbledore? - Disse Theo, buscando fazer uma brincadeira ousada com o veterano, agora que sabia a forma de seu Bicho-Papão.

— Dumbledore pode ser muitas coisas, mas lhe garanto que um Auror ele não é. - Retrucou Vinsken.

— E quanto a nós, senhor? - Perguntou o novato.

— Você recebeu o chamado, certo? Vamos atrás de quem encontrou o corpo da vítima. Qual é o nome do sujeito?

— Foi o chefe da Seção de Controle do mau uso dos artefatos dos trouxas, o senhor Arthur Weasley, senhor.


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