Paradigium escrita por Hyywz


Capítulo 1
Capítulo 1 - Falmouth Falcons x Chudley Cannons




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Já era tarde da noite, mas feitiços explosivos tremiam os céus e canções podiam ser ouvidas a longas distâncias. Em meio à isso, alguém estava cortando as nuvens, montado em uma vassoura, usando um longo traje tão negro quanto a própria noite.

Esta noite era uma noite diferente, a final de quadribol era essa noite e por toda a Inglaterra, especialmente em vilarejos bruxos, gritos, canções, feitiços e cerveja amanteigada mostravam que o país todo estava em festa, mas enquanto isso, a figura que estava pelos ares fazia movimentos precisos. É claro, tinha que fazê-los, não eram poucos os feitiços que entravam em sua direção, e um deslize de olhar poderia causar uma queda terrível. Ao contrário da maioria das pessoas que estavam no chão, o homem estava sóbrio, e seu destino era certo.

Mais ao norte, afastado do resto das casas, havia outro homem, de trajes iguais ao homem aos céus, com movimentos também precisos, estes, entretanto, à passos rápidos em busca de alguém. 

Na entrada de um bosque, pequenas faíscas atiravam-se da varinha de um jovem de rosto frágil e determinado, com uma franja loira que se balançava com o vento de sua corrida, às costas de um homem de corpo robusto e cabelo raspado, até que um feitiço fora aplicado em uma árvore a frente do homem, fazendo com que suas raízes subissem e o fizessem tropeçar, dando uma fração de tempo suficiente para que o bruxo loiro pudesse atordoá-lo com um só feitiço:

— ESTUPEFAÇA!

O homem de corpo robusto e cabelo raspado cai ao chão, desmaiado. O bruxo que o atordoara chega perto, com sinal de cansaço devido a corrida, e vira o corpo do bruxo que acabara de atordoar. Ao olhar para o rosto do homem, toma um pequeno susto, e em seguida pega a varinha de seu oponente e diz:

— Prior Incantato!

Da ponta da varinha do oponente pequenas faíscas que explodiam.

— Bombarda...

Após isso, ele guarda a varinha de seu oponente no seu casaco, ergue a sua própria em direção ao corpo deitado e diz:

— Vingardium Leviosa!

O corpo do homem robusto se levita, e é levado para perto da última casa ao redor, afastada das demais casas da vila. Pouco antes de chegar, avistara um casal perto da casa. Uma mulher de cabelo curto negro e um homem de enorme topete loiro, ambos de estatura média, trajados de mesma forma que o bruxo que chegava trazendo consigo o suposto alvo.

— Deixe o corpo dele ali do lado da casa, estamos verificando se achamos mais alguma coisa aqui, não me fale nada, não quero que nada possa afetar o meu raciocínio, é o seu primeiro dia, então foi mal mas não quero tirar conclusões precipitadas, mesmo se você estiver certo. Espera sua dupla chegar, aí fazemos todo o procedimento padrão, e depois você explica sobre esse cara aí.

O garoto assim o faz, e permanece inquieto, andando de um lado para o outro, apenas esperando até que outra pessoa chegasse, pronto para relatar o seu acontecimento.

O homem que sobrevoava finalmente aterrissa em frente à casa. Era uma casa maior do que à da maioria das que haviam no vilarejo. Possuía dois andares, feita completamente de madeira refinada. Seria uma perfeita casa de repouso, exceto pelo que acontecera naquela noite.

Ao ver a figura alta, de postura intimidadora, utilizando o manto negro e um rabo-de-cavalo emendando seu cabelo branco, o garoto se apressa até sua direção, enquanto ele saía de sua vassoura.

— Senhor, é...

Antes que pudesse completar sua fala, o homem já se direcionava até a porta da casa, ignorando completamente o garoto e lhe fazendo perguntas enquanto dava passos rápidos.

— Como descobriram a morte?

— Bem, ela iria trabalhar hoje, e aí se atrasou, então usaram o pó de flu para falarem com ela e a viram caída ao chão, com uma poça de sangue em volta, relataram ter sido um possível acidente.

— Nome da vítima?

— Vítima? Ah, sim, é... senhora Abby Bowers.

— Abby Bowers? Esse nome me é familiar.

— Ela era do Ministério, senhor. Chefe do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas.

O homem dá uma pequena risada.

— Irônico não? Chefe da divisão de Catástrofes Mágicas.

— Diria mais que é trágico, senhor...

O homem pareceu não gostar da resposta do garoto.

— E onde está o Olho-Tonto? Ainda vasculhando por aí?

O garoto fica pálido por um segundo. Toda a confiança que sentira antes fora apagada com essa frase, e então ele responde, relutantemente: 

— Ele, o Olho-Tonto, senhor, ele não virá, senhor.

O homem, que já estava quase abrindo a porta, para, e se vira para o garoto.

— Como não? O que houve?

A atenção do casal de aurores pareceu se voltar à conversa dos dois. A mulher parecia segurar a risada, enquanto o homem ao lado dela o respondeu de longe, em voz alta.

— O Olho-Tonto não é mais sua dupla, Vinsken.

Vinsken, que possuía uma aura extremamente agressiva, parecia ter baixado sua guarda com essa afirmação.

— O que houve com o Olho-Tonto?

O garoto volta à respondê-lo, e, por um instante, Vinsken parecia ter esquecido que ele estava à sua frente.

— O Olho-Ton-Senhor Olho-Tonto Moody pediu transferência para lidar com os novos integrantes, na pró-própria academia.

— Entendo...Você é minha nova dupla então Senhor Não-Consigo-Falar-Direito? 

— Meu nome é... Noah...Noah Mccarthy, senhor.

— Muito bem senhor Mccarthy, presumo que o senhor era um exímio jogador de Quadribol, estou certo? - Sua postura parecia voltar a se tornar agressiva, quase como se soubesse a resposta do garoto.

— Co-Como, senhor?

— Quadribol, conhece? - Dizia o homem, que se encaminhou pra vassoura que havia deixado de lado. - Onde se voa com isso e joga balaços e tudo?

O casal se vira de costas para os dois, numa tentativa falha de segurar a risada ao olhar pra situação.

— Sim, sim senhor, conheço. Mas não, eu não era muito do tipo esportivo...

O rosto de Vinsken pareceu se encher de uma felicidade tão falsa que até mesmo a mais inocente criança não acreditaria, mostrando um sorriso amarelado de perfeita ironia para a resposta de Noah.

— Então temos aqui um novo gênio, alguém que não pratica Quadribol e consegue ser um exímio piloto de vassoura! Impressionante garoto, mesmo sem praticar Quadribol, consegue ser extremamente rápido na vistoria aérea. - Dizia em voz alta, para que os outros aurores pudessem ouvir a enorme façanha. - Presumo que ele tenha sido o primeiro a chegar aqui, não é, Theo?

— Com certeza senhor! - Dizia o Auror ao lado da mulher de cabelo curto, parecendo entrar na brincadeira, não segurando mais sua risada, mesmo respondendo à pergunta intimidadora do outro.

Noah parecia confuso, mas não parecia ter coragem o suficiente para tentar perguntar o que havia feito de errado, entretanto, o olhar de Vinsken para ele, esperando uma resposta, o fez soltar sua indignação.

— Eu... eu não vim voando na vassoura...senhor...

— Posso saber por quê não, senhor Mccarthy? - Novamente, a pergunta de Vinsken parecia ser inútil, parecia óbvio que ele sabia a resposta do garoto, mas o forçava a dizê-la em voz alta, para que pudesse ridicularizá-lo.

— Eu aparetei, senhor...

O senhor parecia ficar satisfeito à cada palavra que Noah dizia. Mas o garoto, ainda buscando se mostrar prestativo, encontra uma última fagulha de esperança e torna a dizer:

— Mas senhor...eu...encontrei alguém.

A afirmação, dessa vez, surpreendeu-o.

— Como assim encontrou alguém? - Dessa vez o homem parecia estar um pouco preocupado.

Noah aponta para a lateral da casa, onde se encontrava o corpo do homem que fora apagado minutos atrás, ainda parecendo estar inconsciente.

— Posso saber quem é, e por quê fez isso?

Noah parecia ter se empolgado um pouco com essa pergunta, apesar de sua dupla parecer não confiar muito nele.

— Finley Crossfield. Encontrei ele assim que aparatei, estava vindo pra cá, se assustou comigo, tentou correr, mas eu o atingi com o Estupefaça.

A preocupação do veterano se transformou em raiva, e ele volta a dizer:

— Ainda não respondeu à minha pergunta, senhor Mccarthy.

— Ele era Comensal da Morte, senhor. - Sua confiança fora aumentando aos poucos, mesmo com a desconfiança de Vinsken sendo ainda mais latente.

— De qual tipo? - Perguntava Vinsken.

— Como, senhor?

— Foragido, arrependido ou enfeitiçado?

— N-Não tenho certeza, senhor, mas acredito que ele havia sido enfeitiçado.

A resposta pareceu encher Vinsken de alegria. 

— E posso saber como você sabe o nome do indivíduo? Pois ao meu ver ele parece atordoado, e presumo que ele não saiu falando o próprio nome pelos ares.

— Conheço de quando ele era um estudante, senhor. Era alguns anos acima do meu, em Hogwarts, senhor. Era um dos piores... - O garoto fica um pouco sem jeito, mas se mantém firme, até dizer um pouco mais receoso o final de sua frase - Até mesmo entre a Sonserina, então eu achei que talvez...

O Auror pareceu ficar furioso, mas andou à passos lentos em direção à sua dupla. Vinsken se aproxima bem de Noah, se inclinando na altura do ouvido do jovem, e sussurra em seu ouvido:

— Sabe por quê fomos chamados aqui, senhor Mccarthy? Isso não se trata de alguma Criatura Mágica, erro de Lei de Magia e muito menos algum jogo de Quadribol ilegal onde os trouxas podem nos ver. Alguém morreu aqui essa noite, e não foi alguém qualquer, segundo o que você me disse, foi a Chefe de Acidentes e Catástrofes Mágicas, então, acha mesmo que é algum acidente por aqui? Isso é tão claro quanto um Patrono em meio à escuridão, senhor Mccarthy. Eu tenho certeza de que ocorreu um assassinato aqui. E o senhor, ao invés de sobrevoar sobre uma possível área de fuga, preferiu aparatar para evitar o cansaço, não é verdade?

O garoto apenas acenou positivamente com a cabeça, enquanto Vinsken tornava a dizer, ainda em voz baixa.

— Me diga garoto, você aparatou diretamente aqui, em frente à porta? - Perguntou Vinsken, novamente como se forçasse o garoto a responder uma pergunta que ele já sabia a resposta.

Noah preferiu apenas acenar com a cabeça em sinal negativo, enquanto Vinsken voltava a dizer vorazmente.

— Agora, garoto, todos sabemos que Dumbledore é um grande bruxo, e, apesar de eu ter alguns problemas com seus métodos de ensino, tenho certeza que a qualidade de ensino de Hogwarts não se tornou tão inferior ao ponto de não terem aulas sobre aparatação. Apesar de não ser uma informação divulgada, é praticamente óbvio que algumas pessoas tem suas casas protegidas contra aparatação, assim como a própria Hogwarts, ou acha mesmo que as pessoas com cargos importantes do Ministério viveriam sem proteção alguma, com Voldemort ainda solto por aí? - Noah se assustou um pouco com a forma de sua dupla se referir à tal bruxo com tanta intimidade, mas preferiu não interrompê-lo. - Presumo também que saiba que há uma maneira de identificar a última magia executada por uma varinha. - Noah pensou em dizer que tinha feito isso, mas não achou que era o melhor momento para tal constatação - E agora, por sua culpa, pode ser que o culpado disso já esteja voando para longe daqui, em uma rota facilmente acessível onde um Auror deixou aberta para ele, e além disso, ninguém nessa merda de cidade tá sóbrio o suficiente pra distinguir uma pessoa em uma vassoura de uma coruja para servir de testemunha. Toda essa merda por que você quis agradar seu novo companheiro. Sabe por quê somos os primeiros à serem chamados, senhor Mccarthy? Porque pra caso tenha ocorrido um assassinato aqui, nós precisarmos evitar que situações de fuga fáceis como essa que o senhor criou aconteçam.

O homem se ergue, mantendo os olhos fixos em Noah, e diz, com em um tom ainda mais sério.

— Aqui não é sua escolinha de Hogwarts para você sair estuporando quem você não gosta, moleque. Bem vindo ao Departamento de Aurores.


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