Entre Fogo e Gelo escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 6
Uma eternidade à espera de um amado


Notas iniciais do capítulo

Oieee!! Tudo bem com vocês? Nesse capítulo, quero agradecer a todo mundo que comentou! Fico muito feliz que conquistei leitoras (ou leitores? Algum garoto aí?) para minha história e me sinto orgulhosa que a história que estou escrevendo com tanto carinho, também está agradando outras pessoas!
Beijos e boa leitura! Espero que gostem (Wendy finalmente descobriu sobre o imprinting com todos os detalhes sórdidos). Yayyy



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Capítulo 5

por N.C Earnshaw

 

A PALAVRA IMPRINTING NÃO SAIA de sua cabeça desde que Edward as pronunciou. A frustração de não saber exatamente o que significava, tomava conta do seu coração. E, mesmo se não soubesse se era algo bom ou ruim, não conseguia condenar o lobo que, supostamente, havia tido essa coisa por ela. 

No entanto, apesar de não ter a mínima de que estava pensando no caminho certo, possuía várias especulações as quais enchiam sua mente com mais questionamentos. 

Seria esse tal de imprinting a forma dos lobos acharem suas companheiras? 

Wendy tinha lido que era assim que cisnes achavam seus parceiros, mas pensava ser esquisito demais para um humano que se transformava em lobo passar pela mesma situação. 

Talvez fosse algo mais como os lobisomens dos filmes que Emmett costumava assistir na TV. 

O imprinting era a forma de marcar suas vítimas para que, na lua cheia, o lobo atacasse? Absurdo. A Cullen sabia bem que essa última teoria era idiotice. 

Os quileutes não eram como os filhos da lua que os Volturi exterminaram no passado. A magia que os transformava em lobos era passada de pai para filho, vinda dos seus antepassados por vários e vários anos quando se adaptaram para proteger a tribo de seres da sua espécie. Vampiros. 

O fato de um quileute, que se transformava com o propósito de destruir criaturas bebedoras de sangue como ela, ter tido esse imprinting quando a viu, deixava Wendy extremamente confusa. 

Ela esperava sentir alguma coisa como repulsa ou até mesmo indiferença, mas eram muitas lacunas a serem preenchidas em relação àquele assunto para que ela sentisse algo a mais. 

Além disso, ainda havia a possibilidade de toda aquela história ser um equívoco completo, e não ser nada muito especial. 

A tentativa de se consolar foi em vão, uma vez que as palavras de Jacob retornavam à sua mente em vários flashbacks. 

“Ele não a quer”. 

As palavras do lobo foram firmes, sem titubear, como se ele soubesse exatamente do que estava falando. 

Estaria Wendy sendo rejeitada? 

“Não a quer”, pensou ela, bufando ofendida. “Como se eu também quisesse algo com algum daqueles cachorros”. 

No fundo, ela se sentia incomodada. Ser rejeitada assim tão bruscamente era um golpe e tanto no ego dela. 

Não que ela precisasse ter todos caindo aos seus pés, não era como Rosalie — que mesmo tendo encontrado o seu companheiro para toda vida, ainda necessitava da atenção de todos os seres vivos existentes no planeta terra quanto uma planta precisava de luz para sobreviver.

Entretanto, Wendy gostava da atenção. Vampira ou não, era uma mulher, afinal. Sendo a única Cullen mulher que era solteira, recebia mais atenção do que qualquer uma das suas irmãs. E admitia que gostava dos olhares admirados que eram lançados toda vez que ela passava. Ela não poderia mentir dizendo que não gostava. Mesmo sabendo que o vampirismo tinha a feito perfeita aos olhos de todos, aquelas palavras de rejeição a deixaram para baixo. 

Não que quisesse algo com aquele lobo. Céus, não! Ainda eram inimigos por natureza. E ele, muito provavelmente, fedia. No entanto, aquilo a fazia pensar em algo que tentava ignorar a maior parte do tempo. Era a única da família que estava sozinha. 

Carlisle tinha Esme. Rosalie tinha Emmett. Alice tinha Jasper. E até mesmo Edward — que ela achava que a acompanharia pela eternidade na solteirice, tinha encontrado o amor em Bella. 

Wendy não tinha ninguém. 

Em todos os seus 83 anos de vida, nunca tinha amado daquela forma tão aterradora. Nunca tinha se sentido apaixonada ou até mesmo se relacionado fisicamente com alguém. Tudo bem, ao menos tinha beijado Edmund Hall escondido antes de se transformar — e mais de uma vez. Entretanto, depois que virou vampira, nada. 

Observar os casais da sua família tão felizes a fazia se sentir tão… tão, hã, solteira. Se ainda fosse humana no momento, seria uma velhinha sozinha cheia de gatos, morando no meio do nada sem nunca ter vivido a maior aventura da vida. Se apaixonar. Antes de dormir, ela tomaria seus remédios, olharia para o teto enquanto repassava sua juventude, e seu peito se encheria de decepção. 

Com a imortalidade, sabia que tinha a eternidade para esperar seu amado. 

"Ele ainda pode não ter nascido”, pensou ela sarcasticamente, rindo para si mesma. 

Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu uma batida tímida na porta.

Automaticamente soube que era Bella. Primeiro, porque nenhum dos seus irmãos batia na porta do seu quarto antes de irromper por ela sem aviso. Eles diziam que como ela era uma vampira, saberia antes — e chamá-la seria apenas uma perda de tempo. Emmett gostava de enfatizar que não encontraria nenhuma situação constrangedora, uma vez que ela dormia sozinha. Segundo, a única que frequentava a casa e tinha um coração que batesse, era ela. 

Wendy estava de pé em frente à janela gigante do seu quarto. Ela adorava ficar ali para pensar, reviver antigas memórias e ouvir a vida selvagem que acontecia por trás do vidro transparente. 

Correu para abrir a porta logo que soube que era Bella. Amava conversar com sua cunhada e rir do quão atrapalhada ela era. A humana, assim que viu a vampira aparecer subitamente, deu um pulo para trás, assustada. 

— Oi, Bella! — A Cullen não conteve sua excitação em ter conseguido assustá-la. Abriu um sorriso largo que mostrava as covinhas profundas que ela tinha nas bochechas, e colocou as mão para trás, tentando parecer inocente. — Te assustei?

A Swan ao ver o olhar malicioso da amiga por causa da sua reação, revirou os olhos. Ela, conhecendo Wendy como a conhecia, devia esperar algo daquele tipo dela — e de Emmett, claro. Os dois amavam pregar peças nela. Aquele sorriso inocente não a enganava.

— Quase me matou — A humana balançou a cabeça e puxou o ar com força, tentando acalmar seus batimentos cardíacos. Uma hora ou outra, aqueles dois acabariam causando-lhe um infarto fulminante. 

Wendy riu, divertindo-se, e olhou para ela com expectativa. Encontrava-se curiosa para saber o que tinha feito Bella se desgrudar do namorado. A Swan apenas a encarou de volta. O cérebro ainda letárgico pelo susto tinha colocado-a em algum tipo de transe.     

— Terra para Bella. Oooi? 

A Cullen estalou os dedos na frente do rosto de Bella para tentar recuperar sua atenção.     

— Ah, desculpa! Podemos conversar? — O tom nervoso era mais pela forma que a irmã do seu namorado a encarava, do que pelo que tinha para falar. 

— Claro! Entra. 

Wendy abriu espaço para que ela entrasse no seu quarto, e a humana o fez sem hesitação, acostumada a ir até lá para passarem um tempo juntas. Ela esperou que Bella fizesse a avaliação do espaço antes de entrar, pois sabia que olhar ao redor cautelosamente ajudava os humanos a se acostumarem melhor com o ambiente. 

O quarto de Wendy era enorme, com uma cama dossel que não usava muito e duas estantes gigantes de livros — apesar de ter uma biblioteca na casa, ela gostava de manter algumas das suas obras favoritas no quarto. As paredes eram pintadas de cinza, e tanto o forro de cama quanto as cortinas, eram de um tom entre azul e verde. Bem próxima à janela tinha uma poltrona marrom, que parecia ser bem confortável — ela a usava para ler e para observar a floresta. 

Ao ver Bella fitando o seu rosto, sentou-se na cama e deu duas batidinhas no espaço ao seu lado, convidando a outra garota para se acomodar. 

Sem muita elegância e tropeçando em algo que nem mesmo Wendy conseguiu ver, ela se sentou. 

A vampira a lançou um olhar divertido. 

— Eu… — começou Bella. Ela mordeu o lábio inferior, parecendo estar meio em dúvida sobre como abordar o que tinha para falar. 

— Você pode falar qualquer coisa… Sabe disso, não sabe? — A Cullen tentou assegurá-la que nada que ela falasse a deixaria com raiva ou triste. Bella, além de suas irmãs, era sua única amiga, e a vampira se importava demais com os sentimentos da garota pálida ao seu lado. 

A Swan assentiu e pareceu tomar coragem.

— Queria aproveitar que todos saíram para caçar e estamos sozinhas… 

— Edward também está — interrompeu Wendy, brincalhona. 

— O Edward não conta — constatou Bella. — E por favor, não me interrompa, tudo bem? Eu realmente não deveria estar falando sobre isso, mas não posso guardar para mim. 

Ao ver que ela estava querendo falar sobre algo sério, Wendy concordou e franziu os lábios, curiosa. 

— É sobre o Paul?

A Swan arregalou os olhos ao ouvir o nome do lobo cabeça-quente saindo dos lábios de sua cunhada. 

— Como você sabe? — Bella se assustou com o chute certeiro. 

Wendy revirou os olhos e suspirou. 

— É meio óbvio. Você esperou os outros saírem para poder falar comigo, disse que Edward não conta porque, provavelmente, ele já sabe de tudo e, por último, você foi até a reserva recentemente. Então A mais B é igual a: você sabe o que aconteceu com esse tal de Paul que me envolve, e o que é essa coisa que eles chamam de imprinting. Acertei?

Bella pareceu embasbacada por alguns segundos, mas assim que voltou para si, pareceu bem mais tranquila. 

— Sim, acertou... Fico aliviada que eu não vá precisar explicar tudo. Vou falar rápido, alguém pode chegar e ouvir. Edward me falou que você não quer que os outros saibam ainda.

Wendy acenou com a mão para que ela prosseguisse. 

— Quando fui para a reserva com o Jacob, ele me contou algumas coisas. Ele me falou que não poderia me contar tudo aquilo porque eram segredos da tribo, mas que sentia necessidade em me dizer porque… Enfim, somos amigos. Amigos se contam tudo, não é?

Wendy balançou a cabeça, concordando. 

— Ele me falou sobre o imprinting. 

— Falou? E o que ele disse? — A pausa que a outra deu fez com que a vampira sentisse que deveria pressioná-la. 

— Vou tentar repetir exatamente as palavras que ele me disse. — Bella esfregou uma das mãos na calça, limpando o suor que provinha do seu nervosismo. Contar algo que não deveria estava deixando-a com os nervos à flor da pele. Principalmente se acabasse equivocando-se com alguma coisa e falasse alguma bobagem. — Assim não falo nenhuma besteira. 

Era uma coisa engraçada, virar vampira. Apesar das lembranças humanas serem embaçadas e perdidas aos poucos com o tempo — no caso de Alice, inexistentes, os sentimentos, a personalidade e, principalmente, as manias, continuavam mais afloradas após a transformação. No caso de Wendy, ela prendia a respiração quando ficava nervosa ou aguardava alguma coisa em expectativa. Ela não precisava respirar — a não ser para caçar ou falar, mas continuava a fazer involuntariamente. 

— Quando um lobo olha pela primeira vez nos olhos da pessoa que é destinada para ele, tudo muda. É como se aquela pessoa se tornasse o centro de todo seu universo e o resto não importasse mais. Ele faria tudo por ela. Seria tudo por ela. Um amigo, um irmão, um protetor, qualquer coisa. 

— Mas ele não sente isso — afirmou Wendy, apática. Não sabia como se sentir. 

— Não, sinto muito. — A frase de Bella saiu em um fio de voz. Ela parecia realmente triste por dar aquela notícia. — Não quero que fique magoada. 

A Cullen não conseguiu segurar o sorriso. Era muita inocência por parte da Swan achar que Wendy ficaria magoada ao ser rejeitada por um cara que nem sequer conhecia. 

— Não estou magoada. Jacob te contou mais alguma coisa? 

Bella pareceu incerta em falar. 

— Não vai me magoar, Bells. Pode falar — assegurou a vampira.

— Jacob disse que o Paul está tentando rejeitar o imprinting. — A Swan se remexeu na cama, e as molas do colchão fizeram um barulho irritante. Os pensamentos de Wendy estavam acelerados — era muito para digerir.  

— E ele pode? 

Bella balançou a cabeça, negando. 

— Ele não vai conseguir resistir por muito tempo. O lobo é muito mais forte, e ele quer estar perto do seu imprinting. O Paul não vai conseguir viver sem ela… Quero dizer, sem você. 

— E se eu não quiser? — Ela tinha que ter alguma escolha nesse assunto, não? Não era possível que fosse obrigada a embarcar num relacionamento com alguém que pensava em rejeitá-la antes mesmo de conhecer. 

— Bem, isso eu já não sei. — A Cullen acreditou nela. Parecia que aquele assunto era algo bastante secreto da matilha. Se Jacob não tivesse contado a Bella, ela continuaria sem saber o que era esse tal de “imprinting”. 

— Jacob pediu para você não me contar? — adivinhou Wendy. 

— Pediu. Ele disse que se Paul souber que isso chegou aos seus ouvidos, vai acabar com ele. — Bella tinha certeza que o Lahote surtaria. Lembrava claramente de meses atrás quando havia socado seu rosto. O cara era uma bomba prestes a explodir. No entanto, confiava na força de Jacob, e sabia que quem sairia machucado, seria Paul. 

Wendy se inclinou e passou seus braços ao redor dela — sem apertar muito para não quebrar nenhum osso, e a abraçou. 

— Obrigada — sussurrou a vampira. A Swan merecia aquele agradecimento. Ela tinha acabado de trair a confiança do seu melhor amigo porque não conseguia esconder a verdade de Wendy. 

Bella retornou seu abraço. 

— Somos amigas — constatou a Swan. 

— Nah. — A outra desfez o abraço assim que ouviu o resmungo da Cullen. Ela olhou chocada para a vampira que tanto adorava, e sentiu seu coração apertar. — Somos irmãs.

Bella sorriu amplamente. 

Elas passaram algum tempo em silêncio, apreciando a companhia uma da outra. O sentimento de amizade entre as duas era recíproco, e elas aproveitaram o momento até Bella se despedir, dizendo que precisava ir para casa pois tinha que preparar o jantar de Charlie. 

Ao ouvir o barulho do carro do irmão saindo, Wendy levantou da cama, abriu a janela e saltou para fora indo em direção à floresta. Como não podia recorrer aos artifícios humanos como comer doces ou dormir para relaxar, optou pela opção mais viável na sua situação. Correr.

Não que ela fosse cansar, ou que seus pensamentos fossem desacelerar. A imortalidade tinha dado-lhe um corpo imbatível que nunca se esgotava, e uma mente afiada que sempre pensava com clareza. Uns dias antes, essas características deixavam-na orgulhosa da criatura forte que ela havia se tornado, mas, naquele momento, ela queria poder voltar a ser humana, enfiar-se sob as cobertas e dormir até que seus problemas fossem resolvidos. 

As árvores passavam por ela sem que ela desse muita atenção, correndo com tudo de si, para aplacar a onda de emoções que estava tomando-a. Os tênis se afundavam na terra, levando-a sem destino, e Wendy pensava no quão sua vida havia se tornado confusa em tão poucos dias.

Ela parou abruptamente quando ouvi passos se aproximando. Farejou o ar para saber quem estava por perto e, assim que seus pulmões encheram, soube o que era. Ou quem era. Estava perto, deu-se conta. 

Quando se virou, do outro lado da fronteira que dividia as terras quileutes das dos Cullens, estava ele. O lobo cinza-escuro. 

Wendy pensou em falar alguma coisa. Até abriu a boca para isso. No entanto, após a surpresa de encontrá-la por ali e ver o reconhecimento nos olhos dela, o lobo rosnou, lançou-a um olhar raivoso e foi embora, deixando uma vampira aturdida para trás. 

 

 


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