Entre Fogo e Gelo escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 3
Soco no estômago


Notas iniciais do capítulo

SEGUNDO CAPÍTULO
yayyyy
Muito feliz com esta história!
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790553/chapter/3

 

Capítulo 2

por N.C Earnshaw

 

PAUL REJEITAVA A IDEIA do imprinting. Gostava de bradar para todos os outros membros de sua matilha que era bom demais para algo desse tipo, que pegaria todas as gostosas pelo resto de sua vida e não se apegaria a ninguém.

Dizer que Paul Lahote era um cafajeste devia ser considerado um baita de um eufemismo. Era o galinha de La Push, havia estendido muito o território de suas conquistas, saindo com garotas de Forks, até mesmo de Port Angeles, e continuava tendo seus encontros casuais de uma noite só, mesmo após a transformação. Não era nenhum santo. Os músculos que ganhou ao virar lobisomem o ajudaram a atrair bem mais mulheres para sua rede, e não perderia as oportunidades que lhe apareciam. Seria um idiota se rejeitasse as mulheres que se jogavam em cima dele.

Sam, seu alfa, reprovava suas atitudes. Batia sempre na mesma tecla. Que seu imprinting apareceria e ele se arrependeria de todas as outras que já havia dormido, beijado ou até olhado com desejo. Paul duvidava muito disso. No entanto, entendia aonde seu alfa queria chegar após o que aconteceu entre Emily, Leah e ele. 

Aquela história dos três dava dor de cabeça na matilha mesmo depois de tanto tempo, e havia piorado com a entrada de Leah no bando. A tensão deixava todos desconfortáveis — assim como Leah com sua língua ferrenha, que destilava veneno para qualquer um que respirasse perto dela. Paul sempre perdia a cabeça com ela, mas não era covarde ao ponto de bater em uma mulher — mesmo que ela se transformasse em lobo e fosse quase tão forte quanto ele. Também tinha até um pouco de pena dela, pois, aquela história de imprinting tinha mesmo ferrado com a sua vida. 

Ele tinha visto pela mente de Sam como era aquela coisa. Como ele ficou totalmente entregue a Emily assim que colocou os olhos nela. Como tentou lutar pelos seus sentimentos por Leah. No entanto, aqueles sentimentos nem existiam mais, porque era ela. Emily virou o centro do universo de Sam e ele faria tudo por ela. Ninguém no mundo era mais importante.

Se Paul fosse uma adolescente que respirasse romances água-com-açúcar, a ideia de um amor tão devoto o deixaria suspirando e dando gritinhos, feito uma mulherzinha. Entretanto, não era uma garota. Abominava romance, e fugia como o diabo foge da cruz de qualquer mulher que insinuava algum tipo de relacionamento. A ideia de um dia ter um imprinting o dava ânsia.

Tá legal. Ele tinha que admitir que o relacionamento de Sam e Emily era bem legal, apesar dos pesares. Os dois se amavam, apoiavam-se e se entendiam bem. O mesmo poderia ser dito por Jared e Kim, ainda que o vício dos dois por sexo deixasse Paul meio chocado.

Ah! A magia dos lobos de compartilhar suas mentes… Sempre deixando escapar momentos constrangedores. Mesmo Sam, o mais controlado quanto a isso, às vezes soltava imagens dele e Emily tendo relações, deixando todos envergonhados — principalmente os mais jovens. Paul não se importava muito em compartilhar as memórias de suas noitadas. Aquelas mulheres não eram nada para ele, e era bom fazer inveja àqueles perdedores; já que o único que conseguia alguma ação com pessoas do sexo oposto era Jacob. E para ser rejeitado e humilhado pela branquela Swan papa-vampiros.

Outro que ficou louco ao saber do imprinting foi o Black. Ele era obcecado pela adoradora de sanguessugas e, quando se transformou, pensava que A escolhida seria ela. Não aconteceu. Então, Jacob passou a fazer parte do time que odiava essa magia com todas as forças, porque para ele não existia nenhuma mulher no mundo que chegaria aos pés de Isabella Swan. 

Rá! Pobre garoto. Não sabia o que era bom de verdade. Não tinha do que era ter uma mulher deliciosa em cima de si, cavalgando sem parar e gemendo. Ah! Os gemidos... As milhares de posições, e as milhares de mulheres diferentes que se tinha para se explorar. Por que se prender a uma? Idiotice!

Paul também achava ele um tanto extremista em relação a tudo e, bem, o Black o irritava. Sempre o tirava do sério, fazendo com que se transformassem e enfiassem as garras um no outro. Sam geralmente intervinha. Mas Paul até que respeitava o moleque e concordava com ele de vez em quando, principalmente em relação ao imprinting. 

Ambos não queriam ter suas escolhas retiradas. Ambos não queriam se devotar a alguém tão cegamente e fazer tudo que a pessoa quisesse feito cachorrinhos; embora Jacob já fizesse isso pela Swan. Queriam decidir suas próprias vidas e ser suas próprias pessoas, sem imprinting manipulando tudo. 

Paul sabia que, se um dia chegasse a acontecer com ele, lutaria contra com todas as suas forças. 

   ࿐

Paul estava em ronda. As árvores passavam como vulto ao seu redor, manchando sua visão com a cor mais predominante daquela região: verde. As patas gigantes mal tocavam a terra enquanto corria, e as únicas companhias eram os pensamentos de Jared mais ao fundo e Embry, que tinha acabado de se transformar. O Call estava muito longe dali, fazendo ronda em outra área. 

Tudo estava calmo. Calmo até demais. Entretanto, o Lahote se encontrava preparado para trucidar qualquer sanguessuga maldito que aparecesse no seu raio de visão.

Após o episódio do vampiro negro que tinham matado no ano passado e as várias aparições da ruiva que estava atrás da Swan, Sam aumentou as rondas exponencialmente, fazendo toda a matilha se revezar para proteger a reserva, sobretudo depois da morte de Harry Clearwater, pai de Seth e Leah.

Paul sentia em seus ossos que ela os visitaria de novo em breve, e estava com sede de sangue.

“Rá! Sede de sangue? Está querendo se bandear para o lado errado da força, Pauly?”. Ele revirou os olhos ao ouvir a voz de Jared se dirigindo a ele, e ignorou o comentário do seu amigo idiota. A chave para não se irritar com os imbecis que compartilhava a mente, era fingir que não estava ouvindo.

“Ouviu isso, Embry?”, continuou Jared. “Paul está querendo beber o sangue da vampira. Mas pelo que sei, naqueles cadáveres ambulantes não tem sangue, não. Vai ter que encontrar outra coisa pra beber. Quem sabe o sangue de um veado, hein? Não é o aqueles Cullen's bebem pra sobreviver? O Paul com certeza é do tipo que gosta dessas coisas esquisitas”.

Embry não comentou nada. Não queria enfrentar a ira do cabeça quente de La Push, era um menino tímido e tranquilo que sabia quando e com quem arranjar confusão. Contudo, isso não o impedia de se divertir.

“Jared, por que você não cala essa boca grande e volta a pensar na sua namoradinha, hein? Não, melhor ainda. Por que não volta a se concentrar na sua ronda antes que eu diga para o Sam que você não estava fazendo seu trabalho direito?”.

“Uuuuu”, zombou Jared. “O lobinho se estressou”.

Paul sabia que depois que ele começou, não iria parar as piadinhas tão cedo. Então resolveu dar um golpe baixo. Mexer no ponto fraco de Jared. Kim. 

“Olha lá o que você vai falar. Se disser alguma coi-...” 

“Soube que a Kim tem um novo amiguinho”, provocou o Lahote, sabendo que aquele assunto já tinha feito Jared perder a cabeça. Enquanto isso continuava a ronda, focando parte da mente na tarefa, e a outra parte em tirar uma com a cara do seu melhor amigo. 

“Ah, vai se ferrar! Você sabe que o tal de Justin é parceiro dela em química. Não tem nada a ver, cara”.

“Não foi o que eu ouvi recentemente”, interrompeu Embry. 

Paul soltou uma gargalhada. Era engraçado ver Jared surtando. 

“Ah, é? E o que você sabe sobre isso, Call?”

“Bom, eu ouvi no refeitório que o Justin está meio caído pela Kim”

“Caído? Esse cara vai ver o qu-”.

“Espera!”, alertou Paul, sentindo algo estranho no ar. 

“O quê? O que foi?”, Jared soou alarmado. 

Vampiro”. 

O Lahote saiu em disparada. O instinto tomou controle de todo seu corpo ao mesmo tempo que dava longas passadas. Sua mente era metralhada por imagens deles alcançando a criatura, arrancando os membros do seu corpo frio, enquanto ela guinchava de sofrimento, para ele então dar o golpe de misericórdia. Misericórdia que nenhuma daquelas coisas merecia.

Embry, que estava mais longe deles, uivava para avisar o resto da matilha, mesmo sabendo que nem mesmo ele chegaria a tempo de ajudar.

Paul forçou mais sua corrida, logo se encontrando com Jared — que começou a correr ao seu lado. 

“É aquela vampira ruiva”, afirmou o Cameron. 

“Então vamos nos certificar que ela não fuja dessa vez”, grunhiu Paul para o amigo, recebendo um aceno do lobo castanho.

A ruiva tinha se tornado uma pedra no sapato para todos eles por muito tempo. Foi ela a causadora da morte de Harry, e os membros da matilha se sentiam na obrigação de acabar com aquilo.

“Ali!”. Jared deu um grito logo que avistou os cabelos ruivos na terra deles. 

Paul, cada vez mais que se aproximava, sentia aquele cheiro adocicado que o fazia querer enfiar o focinho na terra. 

— Ela vai fugir! — gritou uma voz feminina; que o quileute automaticamente soube que vinha de uma das vampiras dos Cullen.

“Parece que os Cullen também vieram brincar”, zombou Paul, saltando com Jared para cima da ruiva que todos queriam tirar um pedaço.

A vampira ao vê-los atrás de si, dava olhares amedrontados para trás. Consciente dos Cullens que corriam do outro lado, ao mesmo tempo em que escapulia dos dentes grandes e afiados dos lobos por centímetros. 

“Dessa vez não tem como ela escapar”, pensou Jared furiosamente, enquanto tentava abocanhá-la. Ele não a pegou por um triz. E foi a agilidade do lobo que a fez atravessar para a terra dos Cullen's. 

“Ah, mas que merda!”, rosnou Paul. “Ela agora está do lado deles”.

Ambos continuavam a correr, saltando pelas rochas e raízes, torcendo para que a ruiva fosse novamente para o lado quileute para que pudessem destruí-la.

O Lahote avistou ela pulando para o lado deles, mas logo atrás dela, dois outros vampiros pareciam determinados a pular também. Tomado pelo instinto de proteção pela sua terra, antes que eles alcançassem o chão, Paul pegou um pela boca e o arremessou ao encontro do outro, fazendo com que eles se chocassem no ar e caíssem na pequena corrente de água que dividia as duas terras.

O vampiro grandalhão se levantou num pulo, e Paul passou a rosnar cada vez mais alto ao ver o olhar de fúria que ele lhe lançava. Cego de raiva e pronto para atacar.

“Acho que eles quebraram o tratado”, pensou Jared — mais para si mesmo, um tanto chocado.

A vampira que foi derrubada junto com o grandalhão passou a se levantar com cuidado. Parecia estar tentando acalmar o lobo e o irmão, colocando-se entre os dois.

Se ele estivesse num filme, a cena que se passou a seguir teria sido em câmera lenta. O momento em que o personagem principal tinha uma revelação bombástica que mudaria toda sua vida.

Foi como um soco no estômago.

Não. Na verdade, foi como se uma gangue de caras super fortes tivessem o socado todos juntos, depois chutado e chutado sem parar, até que ele ficasse sem ar e o mundo todo parecesse girar sem distinção ao seu redor.

E o único foco. A única coisa clara que fazia-o agarrar-se à vida, era ela.

Ela era o centro de tudo. Era o seu bote salva-vidas. 

Seus olhos dourados como mel o faziam querer viver para mergulhar neles. Descobrir todos os segredos que eles guardavam.

As curvas do seu corpo pálido marcado por suas roupas molhadas o obrigavam a pensar em tudo que ele poderia experimentar com ela na cama. Os gemidos que ela soltaria, feliz que ele estivesse com ela em seus braços. 

Os lábios vermelhos faziam-no se questionar se seriam tão gostosos quanto ele imaginava. 

O futuro que ele via para os dois era lindo. 

E, por alguns segundos, Paul achou que poderia muito bem viver sem ar, pois, se estivesse com ela, não precisaria de mais nada e de mais ninguém.

Ela era tudo. 

O coração acelerado de Paul clamava por ela, para estar perto dela e protegê-la. Todas as fibras do seu corpo, pediam por qualquer contato com aquela mulher.

Então a magia do transe se quebrou quando o vampiro grandalhão a tocou.

O primeiro instinto de Paul era ir até lá salvá-la, pular naquele vampiro e despedaçá-lo para que ele nunca mais a tocasse. 

Mas sua ficha caiu.

Os olhos cor-de-mel tinham olheiras arroxeadas profundas. A palidez que Paul achou tão angelical parecia doentia, e ele quase podia ver as presas por baixo dos lábios vermelhos que antes aparentavam ser tão atraentes. O carinho, deu lugar ao nojo. E o amor, transformou-se em ódio.

Foi como se um sonho maravilhoso tivesse se transformado em pesadelo, e tudo que ele conseguiu fazer foi fuzilar as costas da mulher que ele estava destinado a amar, mas que odiava com todas as suas forças.

“Cacete!”.

Paul deu as costas aos vampiros que olhavam-no confusos, e fugiu.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!