Reviver escrita por LaviniaCrist


Capítulo 24
Extra




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A cidade de Gotham era sombria, principalmente no crepúsculo de fim do dia.

Os prédios com suas arquiteturas afiadas, que projetavam sombras alongadas uns sobre os outros, impediam a claridade que conseguia transpassar o céu sempre nublado de chegar ao chão. Os faróis dos carros em movimento se assemelhava à olhos de predadores noturnos. As luzes dos apartamentos faziam com que as pessoas olhando pela janela se parecessem expectadores do horripilante espetáculo que aquela cidade conseguia proporcionar com sua criminalidade.

Jonathan, que não gostava de ficar lá sozinho, tentava não se amedrontar com tudo. Ver o melhor amigo sendo torturado por médicos sádicos já tinha sido o suficiente para o dia... para os dias, já que ele dedicou-se a observar da janela toda a estadia de Damian naquele centro neurológico em Metrópole – Torturado! Pois ele sabe muito bem o que viu, independente do quanto os adultos tentem convencê-lo do contrário!

O jovem herói se esgueirou sobre os prédios, não queria despertar o interesse dos vigilantes noturnos de Gotham e muito menos dos marginais que eles combatiam. Seu objetivo estava distante do centro da cidade, era a Mansão Wayne. Lá ele teria tempo para se explicar.

Quando Jon finalmente chegou em frente às portas da tal mansão, ainda surpreso em seu ótimo desempenho sendo furtivo, já não sabia ao certo o que iria fazer. Se nem mesmo os próprios pais haviam acreditado na versão dele dos fatos, não seria um dos “filhos de Batman” que acreditaria – eles, sem exceção, pareciam ser neuróticos.

Restava pensar: o que Damian faria agora? O que mandaria ele fazer?

O garoto encarou a grande porta, pensando se deveria simplesmente entrar ou tocar a campainha e esperar por alguém. Porém, antes que ele pudesse se decidir, um rapaz alto abriu a porta e o ficou encarando em silêncio com olhar de julgamento.

— E-Er... Oi! E-eu... Eu sou... Jo-jonathan e e-eu... — Sentindo as bochechas ficarem vermelhas na medida em que se atrapalhava com o que deveria falar, Jon só queria que Damian estivesse ali para explicar toda a situação no lugar dele — Você... Você conhece o Damian, né?

— Um pirralho nanico que mora aqui? Sim, se eu não me engano ele é filho do meu pai adotivo ou coisa do gênero... — Jason revirou os olhos — Ele não pode sair para brincar agora, está apagado ainda.

— Não! Não é isso! E-eu... — O mais novo respirou fundo e decidiu tomar coragem, afinal, um dos irmãos de Damian – que ele fazia questão de não considerar como irmãos— poderia ajuda-lo — Eu sei onde Damian está e sei que ele está doente, não precisa fingir comigo! Mas alguém precisa salvar ele, estão fazendo coisas terríveis com o Dami naquele lugar e...!

— Ei, ei, ei... — Todd murmurou, dando uma risadinha sínica no final — Já que não preciso fingir, Superboy, que tal isso: salve o pirralho fedido você mesmo. Isso não é problema meu! — E fechou a porta.

Jonathan sentiu os olhos arderem, mas se obrigou a engolir o choro e tentou pensar no que fazer. Odiava admitir este tipo de coisa, mas realmente foi uma ideia idiota ir até lá. Agora, ir para o centro e procurar por alguém não parecia ser eficaz - aquele lugar parecia ter ouvidos em cada brecha. Além disso, Asa Noturna deveria estar ocupado e sobrecarregado... e provavelmente não acreditaria nele.

Jon também não queria ir embora e ignorar o amigo precisando de ajuda, igualmente não poderia tentar salvar ele. Não é como se já não tivesse tentado, mas bastava chegar perto de Damian para ele ter uma “crise”.

— ESTÃO TORTURANDO ELE! — gritou, flutuando em frente as janelas por onde o outro passava, iria tentar novamente — USAM ELE DE COBAIA PARA REMÉDIOS! — continuou, por mais que estivesse sendo ignorado — NINGUÉM ACREDITA EM MIM, TEM QUE SALVAR O DAMIAN! — Quando notou que Jason iria entrar em uma porta longe de janelas, ele começou a bater contra o vidro tentando chamar atenção — VÃO MATAR ELE!!! ELE É SEU IRMÃO!!!

Jason Todd, cansado daquela criança irritante, sacou uma das armas. Se Jonathan queria atenção, agora a tinha: ele descarregou as balas na janela blindada, deixando Jon apavorado por ter servido de alvo. O garoto, que já havia se calado, apenas encarava as marcas no vidro da janela com os olhos marejados, era a prova de que ninguém acreditava nele.

O rapazinho queria voltar para casa e se esconder de todos os problemas que estavam o cercando embaixo dos cobertores. Entretanto, ele voltou para a porta e se sentou lá. Esperaria o tempo que fosse até conseguir falar com outra pessoa. Só sairia de Gotham quando conseguisse a ajuda de alguém – e, caso não conseguisse, ao menos teria tempo de planejar uma desculpa boa o suficiente para ter desobedecido à mãe.

E ele ficou lá por minutos... por mais de uma hora.

O tempo parecia não passar, tão pouco ele conseguia pensar em algo.

— ... Ei... — Jason murmurou, abrindo a porta novamente — Tá afim de comer alguma coisa?

— ... Você vai ajudar o Damian? — Esperançoso, Jon encarou Jason como se ele fosse praticamente um anjo salvador.

— Não, mas fiz um noodle para você. A melhor hospitalidade que eu tenho, deveria se sentir lisonjeado! — O mais velho se recostou na porta, não parecia tão incomodado quanto antes.

— ... Mas você vai ajudar o Damian? — Por mais que tentasse se manter firme em seus objetivos, sua super barriguinha de menino em crescimento já estava roncando. Jason, salvando ou não o irmão, iria ser o salvador da fome.

— Se continuar fazendo perguntas, vai esfriar.

— E-Eu aceito, mas só porque eu amo noodle! — o pequeno respondeu ruborizado, entrando na mansão como se estivesse largando o orgulho do lado de fora. Ele já conhecia o caminho da cozinha de cor, por mais que a escuridão dentro daquele lugar o deixasse receoso — ... E porque preciso convencer você a salvar o Damian! Sei que vocês dois não se não bem como irmãos de verdade... não que seja porque você é adotado! N-Nem porque é encrenqueiro! ... Você é o Jason, né? Então: eu sei que vocês dois não se dão bem como irmãos desde aquele mal-entendido, mas se você ao menos acreditar em mim, nós podemos...! — Jon se calou quando percebeu estar sozinho naquele lugar — ... Jason?

Sem resposta alguma, a criança continuou andando pelo corredor até finalmente chegar à cozinha. Diferente do resto do casarão, as luzes estavam acesas e parecia ser um lugar habitado – já que, em cima da bancada, havia uma vasilha com noodle ainda saindo fumaça.

Damian precisava de ajuda, porém, não é educado fazer desfeitas, né?


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Notas finais do capítulo

O mal-entendido entre Damian e Jason aconteceu na anual dos Jovens Titãs (Renascimento). Basicamente, os dois brigaram porque Damian desconfiou que Jason o traiu como informante. Jason Todd simplesmente deu uma SURRA nele para mostrar que o Demônio Wayne não pode desconfiar de todo mundo assim, muito menos ir para cima das pessoas por nada quando ainda é apenas uma criança com muito o que aprender – principalmente que capas são perigosas.
Estou guardando uma apresentação do Jon para quando ele for aparecer em um capítulo, ao invés de em um Extra.
Por enquanto, posso contar a vocês o seguinte:
Ele é o melhor amigo de Damian. Não apenas porque combatiam o crime juntos em Super Filhos, mas realmente porque acabam se dando bem: em DCeased, Damian está na casa dele jogando videogame quando toda a problemática zumbi acontece; na Aventura dos Super Filhos, Jon iria passar as férias na Mansão Wayne. Falando em Super Filhos, no final fica bem claro que eles continuarão sendo bons amigos até mesmo quando já forem velhinhos (por mais que tudo leve a entender uma possível “desunião” em algum momento).
Agora imaginem o desespero do pobre Jonathan...
Nota da Nota: em Super Filhos, capítulo 15, Jon afirma que só vai se casar se for com um noodle.



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