Quebrada escrita por MarcosFLuder


Capítulo 9
Guerreiros Secretos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 9 da fanfic sendo postado. Antes de mais nada, vamos falar das referências. Temos uma referência do episódio 18 da segunda temporada, num diálogo entre Mike e Dais. Fora isso, todas as outras são referências da terceira temporada. É o caso dos episódios 2, 11, 13 e 18. Teremos também um novo flash-back com Coulson e May, para quem estava com saudades dos dois. Espero que quem esteja acompanhando continue gostando. Aproveitem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790052/chapter/9

BASE SECRETA NO ÁRTICO

24° MÊS

 

— O fato de não saberem nada sobre esse Senhor H não é justificativa para entrarem no jogo dele – a voz de Daisy continua num tom de indignação – este soro precisa ser destruído, simples assim. O que o governo dos Estados Unidos vai fazer? Entrar no leilão com um caminhão de dinheiro para superar as propostas dos outros interessados?

 

— Na verdade os governos de Estados Unidos e Rússia fizeram um acordo – Nick Fury disse – vão juntar forças para intervir no leilão, se apoderar de todos os lotes deste soro e dividir tudo entre eles.

 

— A nós cabe a tarefa de recuperar toda a pesquisa, e pegar os que estão por trás desta operação – complementa Maria Hill.

 

— De quem foi esta ideia absurda? – Daisy cada vez gostava menos do rumo que a conversa estava tomando.

 

— A ideia foi minha – Nick Fury respondeu, ante o olhar entre chocado e indignado de Daisy – é claro que nenhum dos governos sabe que fui eu, de fato, quem deu a ideia; ainda pensam que estou morto.

 

— Toda a nossa operação está sob o disfarce da Fundação Stark – Maria Hill responde – o governo dos Estados Unidos nos colocou nesta posição diante da rivalidade que tomou conta dos seus diversos setores envolvidos na história.

 

— O que a Hill quer dizer é que nenhum destes setores confia um no outro, e precisaram de alguém de fora – Fury complementa – isso acabou sendo muito útil para nós.

 

— Todo esse plano é um completo absurdo, uma verdadeira insanidade – Daisy estava a ponto de gritar de indignação – de jeito nenhum que vou participar disto.

 

— Você está certíssima em considerar esse plano absurdo e insano, agente Johnson – Nick Fury se coloca bem próximo de Daisy – a ideia de Estados Unidos e Rússia reeditarem a velha história do equilíbrio pelo terror, só que agora com soldados aprimorados se juntando a bombas nucleares, é mesmo uma insanidade. Mas você irá participar disto por uma simples razão.

 

— E qual seria?

 

— Para ajudar no verdadeiro objetivo de nossa operação, que é justamente destruir qualquer exemplar desse soro que exista, bem como toda a sua pesquisa – Nick Fury sorri diante do olhar de Daisy – eu quero você liderando uma equipe especial, agente Johnson. Um grupo que estou criando, cuja especialidade é infiltração, espionagem e destruição. Eu gosto de chamar esse grupo de “Guerreiros Secretos”. Vocês irão se infiltrar nesta operação; e garantir que tanto os Estados Unidos quanto a Rússia fiquem sem nada.

 

A BORDO DE UMA AERONAVE

ESPAÇO AÉREO RUSSO

TRÊS DIAS DEPOIS

 

O aviso do piloto fez com que todos ali se preparassem. Aquele era um espaço aéreo vigiado e perigoso, com cada um tendo o seu paraquedas para o caso de necessidade. Todos ali sabiam dos perigos e dificuldades que a missão impunha. Também tinham consciência da responsabilidade colocada em suas costas. Daisy fez questão que Fury pusesse todos a par do que estava acontecendo, tal como fizeram com ela. O plano foi elaborado com muita atenção. Ainda assim, Hunter fizera questão de lembrar, sempre daquele seu jeito sarcástico, que mesmo os planos melhor elaborados, frequentemente acabavam indo para o lixo, geralmente por conta de algum imprevisto. A jovem inumana sabia que ele não estava errado.

Daisy Johnson olhou para cada um dos membros que estavam com ela na missão. Joey e Ioiô sentavam juntos, os dois conversando em espanhol, um hábito já comum entre eles. Ambos sorriram para Daisy, com ela correspondendo, ainda mais por saber que só tinham topado participar desta operação por causa dela. A jovem inumana era grata pela confiança deles. Ela também ficou feliz por saber que Bobbi e Hunter estavam bem, pois não os via desde a emocionada despedida naquele bar, meses atrás. Mike Peterson estava sentado ao seu lado, também sorrindo, ao mostrar uma foto do filho que tinha em mãos. Ela também correspondeu ao sorriso dele.

Daisy tinha plena consciência da responsabilidade que assumira. Da confiança que aquelas pessoas estavam depositando nela. Em seu interior, sentia uma ligeira apreensão com tudo isso. A lembrança da missão de resgate, onde seu pesadelo com Hive começou, não saia de sua mente. Como se tudo isso não bastasse, na noite anterior da partida, os pesadelos retornaram. Mais uma vez teve de lidar com a sensação das mãos ásperas de Hive em seu corpo, deslizando de seus ombros até o pescoço, este sendo levemente apertado. Também se lembrou da felicidade que sentia com tudo aquilo, para depois acordar gritando, suada e embaraçosamente excitada.

Ela chorou muito naquela noite. Após tantos dias de sono tranquilo, Daisy finalmente acreditava que tinha se livrado de vez daqueles pesadelos. Ela sabia que os acontecimentos envolvendo os corpos dos soldados aprimorados que estavam na base, tinham sido o gatilho para que os pesadelos recomeçassem. Por conta daqueles corpos, se fez uma terrível descoberta, algo que trouxera para si, as consequências do período em que esteve sob a influência de Hive. Daisy se levantou na manhã deste dia, quase inclinada a desistir da missão. Foi a muito custo que se refez do que acontecera e decidiu seguir em frente.

A dor por se lembrar de tudo o que vivera com Hive, continuava presente; certamente sempre estará presente em sua vida. No entanto, nada disso impediu-a de tomar a firme resolução de não permitir que essa dor definisse o seu destino, controlasse as suas decisões. A jovem inumana decidiu que não se deixaria quebrar novamente. Contudo, mesmo com sua firme resolução, ela estava com medo; não do confronto, ou do perigo. O seu medo é outro. Daisy temia não ser capaz de ir até o fim na missão que estava liderando. Havia tanto em jogo, aquelas pessoas sorrindo para ela, confiando em sua liderança. A jovem inumana temia não estar à altura do desafio. Ainda estava perdida em seus pensamentos quando Bobbi veio sentar-se junto a ela.

 

— Um dólar pelos seus pensamentos... chefe – o sorriso de Bobbi, a maneira, entre respeitosa e provocativa, como a chamou de “chefe”, fez Daisy sorrir também, agradecida.

 

— Você é quem devia estar liderando esse grupo! – a jovem inumana afirmou – tem muito mais experiência nessas missões do que eu.

 

— Você se saiu muito bem ontem, nos liderando naquela crise inesperada que enfrentamos na base do Ártico – Bobbi a lembrou. Ao lado delas, Mike expressava um leve grunhido de aprovação.

 

— Aquilo foi diferente – Daisy retrucou – uma missão de campo é outra história.

 

— Pelo que sei, você também já liderou uma missão de campo, Daisy – Mike interveio.

 

— Uma vez – Daisy baixou a cabeça, não querendo encarar Mike e Bobbi – o resultado final foi catastrófico. O Joey e a Ioiô estão ai para comprovar. O fato é que a Bobbi ou o Hunter tem mais experiência nisto que eu.

 

— Hunter liderando uma missão como esta? – Bobbi reprimiu uma gargalhada – estaríamos todos mortos. Nenhum de nós dois foi feito para liderar. Nós somos soldados, Daisy.

 

— Eu também sou um soldado! – afirmou Daisy – e volto a dizer, com bem menos experiência que você e o Hunter.

 

— Simplesmente não se trata de experiência, mas de ser preparada para isso. Ainda mais quando esse preparo vem de pessoas que já lideram, e que sabem ver quem tem vocação para liderar, como o Coulson, por exemplo – Bobbi retrucou. No instante seguinte, franzia as sobrancelhas, diante do olhar confuso de Daisy – por favor, Daisy. É sério mesmo que você nunca se deu conta? Acredito que todo mundo na época conseguia perceber, ou ao menos desconfiava.

 

— Do que você está falado, Bobbi?

 

— Eu estou falando de perceber o potencial de alguém e prepará-la... para isto – Bobbi faz um gesto com as mãos, meio que apontado para todos os presentes na aeronave, ainda sob o olhar confuso de Daisy – meu deus, você nunca se deu conta mesmo, não é?

 

— Se quiserem saber, agora que a Bobbi tocou nisso, algumas coisas começaram a fazer sentido – Mike interveio novamente.

 

— Do que você está falando, Mike? – Daisy se volta para ele.

 

— De umas coisas que ouvi do Coulson, na época em que ele me chamou para ajudar a te procurar – Mike responde – na época eu não entendi direito, mas agora começam a fazer sentido.

 

— Vocês vão me dizer logo do que estão falando, ou não?

 

— Coulson e May – Bobbi respondeu – eu acredito que todo mundo na época percebia, ou como eu disse, pelo menos desconfiava.

 

— E o que todo mundo percebia, ou ao menos desconfiava, menos eu, aparentemente?

 

— Eles estavam preparando você para isso, Daisy – Bobbi mais uma vez faz o gesto com as mãos – eles preparavam você para ser uma líder – Mike, mais uma vez, solta um leve grunhido de aprovação. Daisy ainda olhava, dele para Bobbi, com um ar confuso, tentando processar tudo o que ouvira de ambos.

 

— Eles me prepararam para ser uma ótima agente de campo, isso sim. O que vocês disseram não faz o menor sentido – foi o que Daisy respondeu, embora esta conversa tenha despertado nela uma lembrança não muito antiga. Algo que a jovem inumana começou a ver sob uma nova luz.

 

SEDE DA S.H.I.E.L.D.

16° MÊS

 

O abraço que deu em Joey foi rápido, com uma despedida emocionada para ambos. Daisy o viu ir embora com certa tristeza, embora com o sentimento de que tomara a decisão correta. Ela não estava arrependida de ter lutado em favor dele. Chegou mesmo a discutir com Coulson, para que o jovem inumano tivesse o direito de partir. Estava realmente feliz por ajudá-lo a tentar viver uma vida normal, sendo esse o seu desejo. Daisy sabia que com isso, a ideia de Coulson, de um grupo de superpoderosos a serviço da S.H.I.E.L.D., ficaria um pouco comprometida. É verdade que ela também já teve essa urgência, ainda lembrando suas discussões com o Dr. Garner. Hoje a jovem inumana vê que, mais do que poder, essa equipe precisa de gente disposta a se comprometer. Um compromisso que descobriu em si mesma, por isso mesmo não podia ser forçado.

Esta constatação a deixou convicta de que era necessário cumprir a promessa que fez a Joey. Da mesma forma que decidira deixar à Elena, o direito de permanecer em seu país, se juntando a S.H.I.E.L.D., apenas de acordo com o seu tempo e interesse. O comprometimento tinha que vir deles, ou não ia funcionar. Foi difícil dizer isso para Coulson, ver no olhar dele o que lhe pareceu decepção. A jovem inumana pensava sobre isso quando o viu, junto com May, ambos parados, claramente esperando-a. Sentiu-se um tanto receosa de encará-los, principalmente Coulson, pois ainda estava angustiada pela discussão difícil que tivera com ele. Daisy deu um suspiro resignado, deixando de lado qualquer receio, se dirigindo aos dois.

 

— Vocês ainda estão chateados com a partida do Joey, não é? – a pergunta dela é dirigida tanto a Coulson quanto a May.

 

— Você fez a defesa de uma posição, Daisy, e fez isso muito bem – Coulson responde calmamente – eu te confiei esse projeto porque acredito que é capaz de levá-lo adiante. Eu ainda acredito nisso, mesmo não concordando com todas as suas decisões.

 

— E você May, não tem nada a dizer?

 

— Tudo aquilo que você disse sobre comprometimento, que tinha de vir deles ou não ia funcionar, você está certa. Por isso mesmo eu creio que tomou a decisão correta em defender a permissão para que o Joey pudesse ir – ela respondeu – e agora ele sabe que pode confiar em você. Imagino que o mesmo se possa dizer da inumana que encontraram na Colômbia. Acredito que isso será muito útil no futuro.

 

— Eu não fiz isso para o Joey e a Elena se sentirem em dívida comigo – Daisy retrucou.

 

— Se esta não foi a sua intenção de fato, então só mostra que você tem bons instintos, Daisy – Coulson sorria discretamente, ele e May trocando olhares – isso só me deixa com mais certeza ainda que você saberá conduzir bem este trabalho.

 

A BORDO DE UMA AERONAVE

FRONTEIRA RÚSSIA/OSSÉTIA DO SUL

24° MÊS

A lembrança dessa conversa faz com que Daisy reflita sobre tudo o que viveu e enfrentou recentemente. Ela sabia que não teria sobrevivido aos últimos meses, a todos os perigos e desafios que enfrentara sozinha, sem o que aprendera com May e Coulson. Ambos a ensinaram, a orientaram, acreditaram nela. Por vezes bem rigorosos, principalmente May, enquanto Coulson quase sempre fazia o papel de “bonzinho”, ainda que em nenhum momento, se colocasse contra o rigor de May. Embora as palavras nunca tenham sido ditas, eles foram os pais que Daisy sonhara desesperadamente ter tido, enquanto crescia naquele orfanato. No entanto, a ideia de que ambos a preparavam para algo mais do que apenas ser uma boa agente, colocava tudo em outra perspectiva. A saudade que sentia deles só aumentava por conta disso, o mesmo acontecendo com a culpa, que também sentia.

 

— Você está bem, Daisy? – Bobbi tira a jovem inumana de seus devaneios.

 

— Eu... eu estou sim, Bobbi, obrigada. Sei lá, isso que você e o Mike falaram... eu não sei direito como processar, não agora pelo menos – Daisy respondeu. Mike voltou a olhar o retrato do filho. Bobbi ia falar algo, quando o piloto anunciou que estava preparando a aterrissagem. Todos os três decidiram se acomodar, deixando uma possível conclusão desta conversa para outra hora.

 

A aeronave aterrissou num local isolado. A camuflagem lhe permitiu que fosse próxima de uma base militar avançada russa, mas que aparentemente estava desativada. Daisy desembarcou junto com o seu grupo, depois de instruir o piloto a levar a aeronave para um local mais distante, mantendo-a sob camuflagem. Dali eles teriam de caminhar a pé para chegar à base. Ela fechou os olhos por um segundo e deu um suspiro. As dúvidas que tinha foram deixadas de lado. “Controle é tudo, Skye. De mente e de corpo”, as palavras de May orientando seus pensamentos naquele momento. A jovem inumana olhou para o grupo que liderava. Contando com ela, eram três inumanos, um cyborg e dois espiões de altíssimo nível, mas que agora eram renegados soltos no mundo. Ela se lembrou de tudo o que conversara com Nick Fury e Maria Hill. Do plano que eles apresentaram, e dos terríveis eventos que a convenceram a participar do mesmo.

 

BASE SECRETA NO ÁRTICO

TRÊS DIAS ANTES

 

— Como assim, eu liderar uma equipe? – Daisy olhava de Fury para Maria Hill, a desconfiança ainda muito forte sobre tudo isso.

 

— Eu mandei chamá-los assim que você se mostrou totalmente recuperada. Dois deles, aliás, só toparam participar desta operação por sua causa, Daisy – foi Maria Hill quem respondeu – estarão todos aqui amanhã.

 

— Este é o seu plano? – ela olha diretamente para Fury – você convenceu os governos de Estados Unidos e Rússia a jogar sujo no leilão, enquanto você joga sujo com eles?

 

— É como você mesma disse, agente Johnson – Nick Fury volta a se sentar – este soro precisa ser destruído. Eu concordo com você. O mundo não precisa de mais “Capitães América”.

 

— Quem mais vocês envolveram nisso? – Daisy olha de Fury a Maria Hill, cabendo a esta entregar um novo dossiê.

 

— Como eu disse, todos estarão aqui amanhã – Maria Hill reitera a informação para Daisy, enquanto esta vê as pessoas listadas no dossiê.

 

— Por que querem que eu lidere este grupo? – Daisy pergunta – tem pelo menos duas pessoas aqui que seriam mais qualificadas para isso.

 

— Até sei de quem está falando, agente Johnson, mas eu discordo – Nick Fury olha bem para Daisy ao falar – estou nesse negócio a muito tempo e posso garantir que você é a mais indicada neste grupo, para liderar a missão que estamos lhes dando.

 

LABORATÓRIO DO NOVO MÉXICO

23° MÊS

 

— É claro Senhor H – Desmond Norton falava no celular. Ele era observado de longe pelo olhar apreensivo do cientista que acabara de lhe dar informações inquietantes – eu vou confirmar tudo com ele e depois ligo de volta. Sim senhor, dependendo do que for, eu falarei com o nosso contato no Congresso – Desmond desliga o celular e se volta para o cientista – segundo o Senhor H, tudo o que você acabou de me dizer contradiz totalmente as informações que ele possui sobre esse terceiro elemento.

 

— Então eu tenho que dizer que as informações dele estão erradas – apesar do ar preocupado em sua face, o cientista mantém-se firme em suas conclusões – eu e minha equipe fizemos e refizemos esses exames, tenho plena convicção de tudo o que relatei para você.

 

— Muito bem meu caro – disse Desmond – isso significa que a pessoa que entregou a amostra de sangue de onde tiramos o terceiro elemento, mentiu para a comissão de inquérito do Congresso.

 

— Que pessoa foi essa?

 

— Não sabemos – Desmond respondeu – a audiência de que participou foi classificada como ultrasecreta. Nada foi dito dela, nenhuma gravação ou transcrição vazou. Tudo o que temos dela é sobre a sua declaração, de que a amostra de sangue de onde tiramos o “terceiro elemento”, era de um sujeito chamado Hive, que por sua vez estaria morto.

 

— Se foi tudo tão secreto assim, como conseguiram essa informação, além de terem chegado na amostra?

 

— A informação foi cortesia de um aliado. A amostra, por sua vez, digamos que o Senhor H tenha um método muito preciso para descobrir aonde coisas como aquela amostra são levadas.

 

É claro que Desmond não falou para o cientista sobre a demanda de papéis e burocracia, coisas que os grandes espiões não têm muito paciência para lidar. Ele tinha um sorriso irônico em sua face. Era divertido imaginar o que pessoas como este cientista diriam, se soubessem da quantidade de segredos que podem ser descobertos, apenas examinado a burocracia necessária para viabilizar cada missão. Foi dessa forma que a amostra de sangue de onde extraíram o terceiro elemento foi interceptada. Aliás, foi exatamente assim que se interceptou tudo que permitiu fazer o soro. É claro que Desmond não iria dizer ao cientista, nada que ele não precisasse saber.

 

BASE SECRETA NO ÁRTICO

24° MÊS

 

Daisy estava ansiosa, embora ainda cheia de dúvidas sobre seu envolvimento em tudo isso. A promessa de Nick Fury, a respeito das pessoas que estavam chegando, é a sua motivação para que continuasse. Ela também tinha sérias desconfianças a respeito daquele homem, e mesmo de Maria Hill. A única razão para dar-lhes um voto de confiança atendia pelo nome de Phil Coulson. Ela resolve deixar tudo isso de lado, sua ansiedade crescendo, quando é anunciado que uma nave está chegando. Em poucos minutos, essa ansiedade se transforma num enorme sorriso, ao ver as pessoas que lhe foram prometidas. Daisy correu para abraçar Joey e Elena, ou Ioiô, como Mack a apelidara. Ela também ficou muito feliz por reencontrar Mike, Bobbi e Hunter. Era quase como reencontrar uma parte de seu passado, sem o risco dos traumas que esse reencontro lhe traria.

As horas seguintes foram apenas de amenidades. Nick Fury e Maria Hill saíram do caminho daquelas pessoas, deixando-as à vontade para recordar o que já tinham vivido juntas. De todos ali, Ioiô foi quem melhor acompanhou o pesadelo vivido por Daisy, quando esteve sob a influência de Hive. Os demais se abstiveram de fazer perguntas que podiam gerar embaraços. Em vez disso, apenas se permitiram desfrutar da companhia uns dos outros, durante aquelas poucas horas que tinham para isso. Para Daisy, foi especialmente feliz. Depois de meses solitária, esquivando-se de contato com as pessoas, estar com aquele grupo era uma forma de alívio e ligeira felicidade. Algo que ela e os demais sabiam, não poderia durar muito, mas que eles trataram de aproveitar o máximo possível.

 

BASE SECRETA NO ÁRTICO

DIA SEGUINTE

 

Helen Carter tinha dois doutorados e sentia que não serviram para nada, quando se dirigiu para o necrotério instalado naquela base perdida, em algum lugar perto do polo norte. O dinheiro da Fundação Stark era ótimo, mas ela estava contando os dias para voltar a ver o sol, andar pelas ruas e passear pelos parques. É verdade que a chegada de Daisy Johnson tornou a estadia ali mais interessante. Ela chegou à base num estado lastimável, com inúmeros sinais de agressões e torturas. Em condições normais, não imaginava alguém sobrevivendo ao que aquela mulher passou, mas em vez disso, os dias foram mostrando uma melhora extraordinária. Saber que se tratava de uma inumana só aguçou sua curiosidade, e dos demais cientistas. Uma pena que sua recuperação tenha feito com que Helen, e estes mesmos cientistas, fossem obrigados a se concentrar em algo bem menos agradável.

 

***********************************

 

A chegada de Daisy Johnson também trouxe a sua cota de situações particularmente horripilantes. Junto com ela também vieram cinco corpos. Além de cuidar da jovem inumana, eles também tiveram de fazer vários tipos de exames, além das coletas de sangue e fluídos, nos cadáveres dos soldados aprimorados. O grande problema é que à medida que os dias se sucediam, mais repugnantes se tornavam aquele corpos. Todos pareciam estar passando por uma transformação que os deformavam cada vez mais. Essa repugnância tinha tudo para crescer mais ainda nesta manhã, quando teria de finalmente fazer a autópsia dos cadáveres.

Havia dois colegas com ela neste infortúnio. Não gostava de nenhum dos dois. Entretanto, ambos ajudavam a tornar a experiência menos desagradável, principalmente quando conseguia passar para um deles, as tarefas que considerava mais repugnantes. No caso das autópsias, os três teriam de dividir a tarefa desagradável. Resignada, ela caminhava para fazer o seu trabalho quando uma série de barulhos estranhos a fez parar no meio do corredor. Foi então que seus dois colegas apareceram correndo, ambos em sua direção. No rosto deles estavam estampadas expressões que eram de puro terror. Ela logo se deu conta do porquê disto. A visão também foi horripilante para Helen, quando os cinco cadáveres que deviam estar no necrotério surgiram. Deformados e horripilantes, mas estavam em pé, caminhando, não como zumbis, mas como criaturas monstruosas em busca de vítimas. A jovem cientista deu um grito e correu. Felizmente teve a presença de espírito de acionar o alarme.

 

***********************************

 

Daisy tinha acabado de se vestir quando ouviu o alarme tocar. Já habituada a situação, ela seguiu os sons, indo justamente na direção contrária das pessoas que fugiam correndo. Joey foi o primeiro de seu grupo que encontrou, seguido de Bobbi e Hunter, ambos saindo de um quarto comum. Quando Mike e Ioiô se juntaram a eles, a jovem inumana parou uma das pessoas que estava correndo.

 

— O que está acontecendo? – Daisy pergunta.

 

— São monstros, são monstros – é tudo o que aquela pessoa grita. Daisy termina por soltá-lo, com ele continuando a correr.

 

— Madre de Dios! – foi Ioiô quem exclamou. O rosto tomado pelo horror.

 

— O que são essas coisas? – era a voz de Joey, bem do lado dela.

 

Daisy também levou um enorme susto quando os viu. Não era, entretanto, pelo mesmo motivo de Ioiô e Joey. Ela reconheceu aquelas cinco criaturas como versões ainda mais monstruosas das experiências que Hive fizera, com a ajuda de seu sangue. Este, entretanto, não tinha sido o único reconhecimento que fez. Aqueles também eram os soldados aprimorados que enfrentara e que deviam estar mortos. Apesar da aparência deles ter se tornada monstruosa, ela consegue reconhecer alguns dos traços do homem que a torturara, bem como do soldado aprimorado que a perseguiu obstinadamente. Esse reconhecimento só foi possível por conta das tatuagens que traziam, ainda que deformadas pelos aspectos monstruosos que tinham agora. O reconhecimento se deu da parte deles também, mais precisamente de um deles. Daisy notou o olhar daquela criatura em específico, voltado diretamente para ela. Se alguma dúvida havia, de que este ser, agora monstruoso, a reconhecera, tudo ficou muito claro quando a criatura soltou um grito animalesco, vindo direto em sua direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo postado como prometido. Domingo que vem tem o capítulo 10. Aguardem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quebrada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.