Quebrada escrita por MarcosFLuder


Capítulo 8
O terceiro elemento


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo vamos nos aprofundar um pouco mais nas motivações do vilão apresentado no capítulo anterior. Ao mesmo tempo haverão algumas referências às primeiras temporadas da série, bem como a alguns eventos futuros, que serão vistos na quarta temporada. Há também uma ligeira referência ao primeiro filme de Indiana Jones. Espero que quem esteja acompanhando goste da leitura de mais este capítulo. Aproveitem.



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BASE SECRETA NO ÁRTICO

24° MÊS

 

— Você ouviu o que eu acabei de dizer, agente Johnson? – Nick Fury pergunta.

 

— O senhor estava falando de um exército de aprimorados e o perigo que o surgimento de muitos deles representariam. Como assim? – Daisy franze as sobrancelhas.

 

— Ele está falando do soro Extremix, Daisy, e de mais algumas coisas – agora foi Maria Hill a responder.

 

— O governo americano não tinha confiscado tudo depois que estouramos a operação do John Garrett? Não ficaram de destruir esse negócio?

 

— E perder a chance de criar outro Capitão América? – o riso de Maria Hill estava entre sarcástico e nervoso – algumas pessoas jamais permitiriam.

 

— O que aconteceu então? – Daisy volta a perguntar.

 

— Todo o material e pesquisa sobre o soro Extremix foi roubado, e isso nem é o pior – Nick Fury respondeu.

 

— Tem coisa pior do que isso? – Fury e Maria Hill olharam um para o outro, como se hesitassem em responder. Foi ela quem tomou a iniciativa.

 

— Desde a Segunda Guerra Mundial que existe uma verdadeira obsessão, em diversos setores do governo dos Estados Unidos. Todos sonham em reproduzir o soro que criou o Capitão América – Maria Hill começou a explicar – um problema sério é que esses diversos setores tem os seus próprios núcleos de pesquisa e... bem... esses núcleos não costumam ter o hábito de se comunicar muito.

 

— Você está sendo generosa, Hill – Nick Fury intervém – eles simplesmente escondem suas pesquisas uns dos outros, isso quando não tentam roubar-se entre si.

 

— Um desses núcleos vinha trabalhando recentemente com um combinado de drogas que foram desenvolvidas... – Maria Hill hesita um instante antes de completar a sentença – pelo seu pai, Daisy.

 

— E uma amostra desse material foi roubada também – completa Fury.

 

— Isso só pode ser brincadeira – Daisy se levanta da cadeira, a indignação a fazendo andar pelo escritório – tem mais alguma notícia péssima além dessas?

 

— Na verdade tem sim – a preocupação acaba transparecendo na fala de Fury – e são notícias ainda piores, pode ter certeza. Por isso mesmo precisamos de sua ajuda.

 

FRONTEIRA RÚSSIA/OSSÉTIA DO SUL

TRÊS DIAS DEPOIS

 

Foi por muito pouco que conseguiram se abrigar dos tiros disparados do helicóptero. A mesma sorte não tiveram os soldados com quem tinham acabado de lutar. Os três usaram as árvores locais para se esconder, mas isso não significava que estavam a salvo. Eles sabiam que era uma proteção frágil. Daisy, Bobbi e Joey ainda precisavam encontrar o restante do grupo, ao mesmo tempo que se preocupavam em escapar dos tiros disparados contra eles. O helicóptero voava baixo, lançando uma luz quase cegante sobre o trio. A jovem inumana teve uma ideia, embora a considerasse muito arriscada. No entanto, era a melhor chance que tinham. Não podiam continuar encurralados do jeito que estavam. Ela se volta para Bobbi e Joey.

 

— Eu preciso que vocês atraiam a atenção do helicóptero – ela grita para os dois, enquanto vê o veículo fazendo uma manobra, indicando que estava retornando à posição onde se encontravam para um novo ataque.

 

— O que você tem em mente, Daisy? – é Bobbi quem pergunta.

 

— Confiem em mim – a jovem inumana responde – apenas atraiam a atenção da nave por alguns instantes. Joey você pode segurar alguns tiros com o seu poder?

 

— Creio que sim, mas não sei por quanto tempo – o inumano responde.

 

— Eu só preciso de alguns instantes – ela se vira e vê o helicóptero chegando, correndo numa outra direção, usando as árvores como camuflagem.

 

Bobbi e Joey seguem as instruções de Daisy e se colocam numa posição bem visível para o helicóptero, e para o homem nele com a metralhadora. Uma rajada de tiros é disparada e Joey tem sucesso em fazer as balas derreteram. O inumano se dá conta, no entanto, que não conseguirá deter aquelas balas por muito tempo. Ele sente sua força exaurindo, ao mesmo tempo que a munição do soldado que está disparando contra ele e Bobbi, parece longe de acabar. É então que ambos notam que o helicóptero sofre um estranho sacolejo. Eles também percebem o atirador fazendo sinal para o piloto virar a nave numa outra direção. É nessa hora que notam Daisy correndo de encontro ao veículo, ambos ficando impressionados quando ela usa seu poder para dar um salto que lhe permite chegar até a nave, agarrando-se aos esquis. Foi tudo muito rápido, apenas uns poucos segundos, quando viram a hélice traseira do helicóptero ser destruída pelo poder de Daisy.

Bobbi e Joey ainda estavam impressionados com tudo aquilo quando o helicóptero começou a girar de maneira descontrolada em torno do seu próprio eixo. Ambos se preocuparam com a situação de Daisy quando a viram se descolar da nave. Ela usou mais uma vez o seu poder, primeiro se afastando horizontalmente, como se fosse um míssil, para depois parar no ar. Tudo indicava que ela cairia em queda livre, mas em vez disso, foi descendo suavemente, como se estivesse com um paraquedas. O mesmo não aconteceu com o helicóptero, que depois de muito rodopiar, bateu violentamente contra algumas árvores e explodiu. Bobbi e Joey correram até Daisy, incapazes de conter o entusiasmo.

 

— Caramba Daisy – Joey se dirige a ela entusiasmado – você foi incrível.

 

— Acabou de falar o cara que segurou uma rajada de tiros de metralhadora – Daisy respondeu, ainda ofegante.

 

— Ela tem razão Joey. Vocês dois foram incríveis! – Bobbi sorria ao falar – apenas eu é que tenho de bancar a groupie por aqui.

 

— Eu sinto muito por estragar o momento de entusiasmo de vocês, mas nós ainda temos que achar os outros – Daisy diz isso, no mesmo instante que nota o sorriso ainda mais largo de Bobbi.

 

— Nós estamos aqui – o sotaque inglês de Hunter se fazendo reconhecer de imediato. Mike Peterson está junto a ele.

 

— Que bom que vocês dois estão bem – o sorriso de Daisy se desmancha assim que terminou de falar – onde está a Ioiô?

 

— Ela está bem – foi Mike quem respondeu – depois que nos livramos de nossos atacantes, ela foi fazer o reconhecimento na base aqui perto, como já estava previsto – mal Mike terminara de falar e todos sentiram uma alteração no vento, com a inumana velocista aparecendo de imediato.

 

— Que bom ver que todos estão bem – Ioiô sorria ao constatar isso.

 

— Agora que estamos todos reunidos de novo, podemos lidar com o fato de que o nosso fator surpresa foi para o lixo – Hunter se dirige a Daisy, naquele seu tom sarcástico habitual – qual é o novo plano... chefe?

 

BASE SECRETA NO ÁRTICO

3 DIAS ANTES

 

— De acordo com esse relatório que você tem em mãos... – Maria Hill informava Daisy – quem roubou a fórmula do soro Extremix e do combinado de drogas do seu pai, está utilizando de um terceiro elemento desconhecido por nós. A combinação desses três elementos criou o que parece ser o mais próximo do que se chegou ao soro do super soldado até hoje.

 

— O que significa que há uma boa chance de termos em breve, milhares de tipos como o Capitão América circulando por ai – a voz de Nick Fury traia a sua contrariedade com a ideia – a questão é que tipo de “Capitães América” teremos. E a serviço de quem eles estarão.

 

— O que os leva a pensar isso? – Daisy pergunta.

 

— Uma série de comunicações que interceptamos – Maria Hill entrega outro relatório para Daisy – nesse dossiê você também encontra mensagens trocadas recentemente, onde alguém que se identifica como um intermediário desse tal Senhor H, oferece a possibilidade de se ter soldados aprimorados a quem se dispuser a pagar por isso.

 

— E quem está pagando? – Daisy folheia o dossiê, enquanto pergunta.

 

— Todo o tipo de pessoas e governos, Daisy – Maria Hill continua respondendo – organizações criminosas, empresas legais, grupos terroristas, governos amigos e inimigos. Como eu disse antes, é uma corrida armamentista, só que feita de homens e mulheres transformados em possíveis novas versões do Capitão América. Verdadeiras armas humanas.

 

— E estão conseguindo manter isso abafado?

 

— Com um custo enorme – Nick Fury se levanta e aponta para uma das imagens no monitor – isso foi um ataque que uma organização criminosa fez contra outra organização rival. Detalhe, ambas tinham soldados aprimorados em suas fileiras, um de cada na verdade – ele aponta para outro monitor – essas são imagens de um conflito entre dois países da África, igualmente com um soldado aprimorado de cada lado. Isso sem falar nos soldados aprimorados que você enfrentou, e cujos corpos nossos cientistas estão estudando agora, nesta mesma base.

 

— Os que estão por trás disto selecionaram alvos específicos como forma de demonstração – Maria Hill relatou – agora eles estão marcando um grande leilão para vender um imenso lote desse soro, algo em escala industrial, segundo pudemos apurar.

 

— Onde será esse leilão? – Daisy se mostra realmente preocupada agora.

 

— Tudo o que sabemos é que irão reunir inicialmente a maioria dos potenciais compradores em alguma cidade da Europa, talvez Alemanha – Maria Hill responde – é de lá que irão para um local secreto. Pelo que apuramos até agora, é algum lugar na fronteira entre a Rússia e a Ossétia do Sul.

 

— O que torna tudo mais preocupante é o fato de que este Senhor H querer tornar esse soro algo a ser distribuído em escala industrial, por todos os lugares. Para milhares de pessoas, talvez milhões – Nick Fury disse – é algo que nem a Hidra imaginou.

 

— Isso pode se tornar um fator de desestabilização altamente perigoso – Maria Hill complementa – é de se imaginar a multiplicação de conflitos bélicos pelo mundo todo diante desta possibilidade.

 

— Vocês falaram no soro Extremix, na fórmula do meu... pai e de um terceiro elemento – Daisy indagou – que terceiro elemento é este?

 

— Tudo o que conseguimos apurar é que se trata de uma amostra de sangue. Essa amostra foi entregue por um cientista, para uma comissão do governo a quem estava respondendo – Daisy sente um baque ao ouvir essa informação. Ela abaixa a cabeça, fingindo ler o dossiê.

 

— Vocês sabem quem é este cientista? – ela evita olhar para Fury e Maria Hill enquanto pergunta.

 

— Esta comissão, bem como o motivo de sua instalação, está funcionando sob a classificação de ultra secreta – Maria Hill responde – não tivemos acesso a nada sobre – ela e Fury olham desconfiados, por conta da reação de Daisy.

 

— E ficaríamos sem saber até que esta comissão existia, se não fosse o roubo da amostra – Fury complementa a resposta.

 

— Por que a S.H.I.E.L.D. não está no caso? – Daisy continuava folheando o dossiê, os pensamentos em grande confusão – eu soube que a agência está em processo de reorganização.

 

— Justamente por isso que a S.H.I.E.L.D. não pode agir, agente Johnson – a voz de Nick Fury ganha um ar bem funesto – muitos dos países que apoiam esta reorganização da S.H.I.E.L.D. estarão presentes neste leilão. Os Estados Unidos são um deles.

 

— Por que os Estados Unidos irão participar disso? – a voz de Daisy era pura indignação. Ao mesmo tempo em que via os olhares trocados por Fury e Hill, uma linguagem muda de ambos, certamente achando graça da ingenuidade política dela.

 

— Os figurões em Washington não querem ficar de fora da possibilidade do país ter o seu próprio exército de aprimorados – foi Maria Hill quem respondeu – Ainda por cima se for com um soro quase tão eficiente quanto o que criou o Capitão América

 

— Quer dizer que em vez de impedir essa loucura, o governo dos Estados Unidos quer participar dela? – a voz de Daisy continuava traindo a sua indignação com a ideia.

 

— Os figurões em Washington estão apavorados com a ideia de que países hostis aos Estados Unidos passem a contar com exércitos inteiros de soldados aprimorados – disse Maria Hill – isso sem falar em organizações terroristas tipo Al-Qaeda ou o ISIS, além de organizações criminosas.

 

— E o pior é que enquanto não acabarmos com a operação desse tal Senhor H, essa paranoia toda não estará descolada da realidade – Nick Fury também se levanta.

 

— É sério mesmo que vocês não tem nada sobre esse Senhor H? – Daisy parece incrédula com essa informação.

 

— Não temos sequer pode onde começar, agente Johnson – Nick Fury dá um suspiro desanimado ao dizer.

 

WASHINGTON D. C.

5° MÊS

 

A última cena do filme “Os caçadores da Arca perdida” é sempre lembrada por Hank, toda vez que anda pelos imensos corredores deste lugar. Nos primeiros dias, até para fugir do tédio, chegou a procurar por algum sinal da própria Arca da Aliança, em algum ponto por entre a quantidade, que parecia infinita, de corredores e prateleiras. Ele estava em seu primeiro dia de retorno, depois de passar dois meses curtindo suas férias acumuladas, gastando enlouquecidamente o dinheiro que obteve com a sua venda de informações. Não fizera isso sozinho. Embora tenha custado muito esforço para convencer Desmond a ir com ele.

Não fora um esforço vão. A viagem não teria sido a mesma se Hank estivesse sozinho. Ele mal lembra se alguma vez já chegou a aproveitar a vida daquela forma, com um amigo, sem compromissos ou preocupações, dando vazão a todo o tipo de irresponsabilidade. Nenhuma loucura foi negada, nenhum prazer foi reprimido, nenhum gasto foi considerado elevado. Hank quis aproveitar o máximo, queria aproveitar a vida como nunca o fizera antes. Ele estava certo de que seria preso em breve. Queria ao menos algumas boas lembranças para poder recordar na cadeia. Nada disso aconteceu. Ele retornou ao trabalho e tudo estava como sempre.

*******************************

 

Quase dois meses se passaram desde que Hank e Desmond retomaram suas rotinas, tudo voltando a ser exatamente como antes. Praticamente nada sobrara do dinheiro que ganhou com a venda de informações. A ideia de que voltaria ao seu velho destino o atormentava, juntamente com a incerteza sobre ser pego ou não pelo seu crime. Curiosamente, a reação de Desmond ao retorno à velha rotina, foi ainda pior, pois os sinais de depressão que Hank notara desde o primeiro dia que o conhecera, se tornaram ainda mais fortes. Com tudo isso, os dias e semanas foram passando, até que, numa manhã que seguia rotineira, ele topou com um determinado relatório. Era um dos muitos que estavam destinados a ser arquivados e esquecidos naquele dia. Tratava-se do relatório de uma investigação interna do FBI, sobre um vazamento de informações, vazamento do qual Hank era o responsável. Ainda assim, o nome dele não apareceu uma única vez.

Eram centenas de páginas de depoimentos e investigações, mas ele não fora citado em nenhuma delas. Terminada a leitura, havia uma série de sentimentos conflitantes a dominá-lo. Mais uma vez em sua vida era esquecido e subestimado. Por outro lado, estava a salvo. Hank tinha duas escolhas diante disso: ele poderia ficar remoendo eternamente o fato de ser sempre subestimado e ignorado, ou poderia tirar proveito disso, como uma vantagem. Acabou por escolher a segunda opção. Fora uma escolha fácil, após Hank se dar conta da posição em que se encontrava. Ele percebeu que tinha acesso a todos os grandes segredos do seu país, isso de uma forma absolutamente segura. Mais importante ainda, acabou por se descobrir com a capacidade de peneirar, entre milhares de documentos, aqueles que escondiam os melhores segredos. A possibilidade de ganhar dinheiro com isso, tal como fizera antes, foi seu primeiro pensamento. Aos poucos, no entanto, acabou por refletir sobre o que estava diante dele.

Hank se deu conta de que finalmente poderia participar de algo realmente importante. Toda a longa espera finalmente seria compensada. Ele não precisava do sinal de ninguém, mas de entender que cabia apenas a si próprio poder realizar o que sempre fora o seu sonho. O sonho de participar de algo muito importante. Hank queria isso, mas sabia que precisava de dinheiro, antes de tudo. Passou então a vender as informações que conseguia garimpar, acumulando uma grande fortuna em poucos meses. Tomou, é claro, todos os cuidados necessários para que nada chegasse até ele. Nunca estabelecia contatos diretos para quem vendia suas informações, foi nessa época que adotou o nome de Senhor H, e mesmo assim, o usou em raras ocasiões.

O que restava então era encontrar esse algo importante que justificaria a sua própria vida. Ansiava por isso, pela grandeza. Durante todos aqueles anos em que era um agente adormecido da Hidra, tudo o que desejava era ser parte dessa grandeza, ainda que fosse apenas uma pequena parte dela. Agora, no entanto, havia chance de ser muito mais do que essa pequena parte. Hank só precisava encontrar um objetivo que o levasse a tudo isso. Demoraria um pouco, mas acabaria por encontrar. Ele sabia, no entanto, que não era algo que pudesse fazer sozinho, que precisava de alguém de confiança para ser seu braço direito nessa empreitada. Não foi difícil pensar em quem poderia ser essa pessoa.

 

LABORATÓRIO DO NOVO MÉXICO

23° MÊS

 

O homem que todos conheciam como Desmond Norton olhava para o cientista diante dele, ainda examinando o material em seu microscópio. Ele evitava demonstrar a sua impaciência com a demora em apresentar um resultado. Em vez disso, prefere esperar, sem cobranças ou reclamações, pela palavra final do cientista. Por fim, ao ver o sorriso nos lábios do sujeito, parabenizou-se silenciosamente por sua paciência.

 

— Espero que você tenha chegado a uma conclusão satisfatória – Desmond se dirige ao cientista – o Senhor H quer algo com que possa trabalhar.

 

— Eu diria que sim – o sorriso do cientista se alarga ainda mais – descobrimos finalmente onde começa originalmente a reação que resulta no nosso soro.

 

— Essa é uma informação que certamente interessa ao Senhor H – Desmond começa a sorrir também – e onde começa essa reação?

 

— Ela começa a partir da combinação do DNA de Calvin Zabo, que extraímos do combinado de drogas que este criou, com o DNA encontrado no terceiro elemento que compõem o soro – responde o cientista – sem essa reação inicial, que depois é combinada com o soro Extremix, não há como chegar ao soro que produzimos.

 

— Como assim? Como isso é possível?

 

— A única explicação possível é uma série de combinações genéticas que se dão a partir de inúmeras variáveis extraordinárias – é a resposta dada pelo cientista.

 

— De que diabo você está falando?

 

— Estou falando da ligação genética entre Zabo e a pessoa de onde se originou esse terceiro elemento – disse o cientista – sem falar das próprias características genéticas altamente peculiares da pessoa de onde se originou esse terceiro elemento. Essas duas variáveis resultaram na reação inicial, que depois foi combinada com o soro Extremix.

 

— E o que significa tudo isso?

 

— Na época ficamos tão eufóricos com o resultado final do soro que nem paramos para pensar que podia ter sido algo mais do que um simples golpe de sorte – o cientista falou – você mesmo deve lembrar-se de como estávamos todos frustrados por ver que a combinação da fórmula do Zabo e o soro Extremix não estavam funcionando juntas.

 

— É claro que eu me lembro disso – Desmond ainda se mantém impaciente.

 

— Foi então que você trouxe a amostra de sangue – o cientista reiterou – nem sabíamos se ia funcionar, mas depois de vários experimentos chegamos ao nosso soro.

 

— Se não foi um golpe de sorte, então o que foi? – havia um pouco de impaciência em Desmond Norton ao perguntar.

 

— Foram justamente as variáveis extraordinárias de que falei – o entusiasmo do cientista é proporcional à impaciência de Desmond Norton, com o primeiro se dando conta disso – o soro Extremix tinha um elemento altamente curativo que foi gerado a partir de uma amostra conseguida pela Hidra, de alguém na época da Segunda Guerra Mundial.

 

— Eu conheço essa história – afirma Desmond – o problema é que a informação sobre quem seria essa pessoa se perdeu quando um dos líderes da Hidra, o Dr. Whitehall, morreu.

 

— Podemos não ter a identidade dessa pessoa, mas e se eu disser que esse alguém também tem uma ligação genética com a pessoa de cujo sangue se originou o terceiro elemento? Dá para acreditar? Quais as chances disto acontecer?

 

— Que ligação genética você acha que existe entre todos eles?

 

— Pelo que pudemos constatar nestes exames, a ligação genética entre Calvin Zabo e a pessoa de onde veio o terceiro elemento, é uma ligação genética entre pai e filha – o cientista faz uma breve pausa – e o mesmo podemos dizer da ligação entre a pessoa cuja amostra permitiu-se adicionar esse elemento altamente curativo do soro Extremix, e a mulher que deu origem ao terceiro elemento. Ambas são mãe e filha.

 

— É pouco provável que Calvin Zabo sequer fosse nascido na época da Segunda Guerra – Desmond pondera – como ele poderia ter tido uma filha com uma pessoa que viveu naquela época?

 

— É uma possibilidade tão espantosa para mim quanto é para você, meu caro.

 

— Você está querendo dizer que estes três elementos que compõe o nosso soro se originaram de três pessoas com ligações familiares entre si? Uma delas já sendo adulta numa época em que as outras duas nem tinham nascido? – Desmond estava espantado – quais as chances de algo assim acontecer?

 

— Exatamente! É disto que estou falando quando me referi às “variáveis extraordinárias” – o cientista percebe que Desmond também se deixou contaminar pelo entusiasmo – só que há um problema.

 

— Que problema?

 

— O terceiro elemento – o cientista responde – nós já gastamos toda a amostra de sangue que o Senhor H conseguiu. Sem esta amostra é impossível fazer mais soro.

 

— Você quer dizer que não há uma maneira de replicar o terceiro elemento? – Desmond perguntou.

 

— É impossível – o cientista responde – podemos replicar o elemento altamente curativo do soro Extremix e a fórmula de Calvin Zabo, mas para ter o terceiro elemento precisamos do sangue da pessoa de onde este terceiro elemento veio – o cientista vê o sorriso se formando no rosto de Desmond Norton – o que foi?

 

— Não se preocupe meu caro – o sorriso de Desmond se mantendo no rosto – seja quem for esta pessoa, o Senhor H irá encontrá-la, e você terá todo o sangue que precisar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 8 postado como prometido. O capítulo 9 está programado para postagem no próximo domingo. Aguardem.



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