Alguns raios de sol entravam pelas frestas da cortina, o quarto se encontrava quieto, apenas se ouvia a respiração dos dois. Grissom foi o primeiro a acordar, manteve seus olhos fechados, sentia os fios de cabelos da mulher fazendo cócegas em suas narinas. Abriu os olhos lentamente, podia se notar resquícios da noite passada espelhado pelo quarto, deu um leve sorriso ao se lembrar do que aconteceu, mas não o conteve quando voltou sua atenção para a mulher em sua frente. Sara estava nua em seus braços e respirava tranquilamente, a única certeza que tinha naquele momento era de que amava a mulher que estava em sua frente.  

Respirou fundo inalando o cheiro de lavando, percorreu sua mão pelo rosto dela afim de acaricia-lo, aquela mulher surtiu tantos efeitos diferentes sobre ele. O supervisor não podia negar que sempre a admirou, mas agora vendo ela em seus braços, se perguntava se seria possível olhar de maneira diferente?  

A morena se mexeu em seus braços o tirando do mar de pensamentos, eles precisavam levantar, Griss iria embora no fim do dia e queria aproveita-lo com ela. Fez uma trilha de beijos pelo seu pescoço, sentiu ela se movimentando novamente, mas dessa vez ela se virou de frente para ele, entrelaçando os braços em seu pescoço e abrindo os olhos lentamente.  

— Bom dia, abelhinha — esfregou as pontinhas do nariz.  

— Bom dia, amor — sorriu.  

Grissom fazia cafuné no cabelo dela, gravava em sua mente cada detalhe dela — Precisamos levantar, preguicinha — beijou seu ombro.  

— Você precisa mesmo ir embora hoje? — perguntou manhosa.  

Suspirou, era difícil deixa-la — Você sabe que sim — passou a mão pelo seu rosto — Mas eu vou estar te esperando.  

— Você promete? — perguntou olhando em seus olhos.  

— Eu prometo, honey.  

Os dois se olharam trocando sorrisos, se levantaram e foram tomar banho, Sara se sentia em um sonho. Tudo estava tão perfeito, mas seu coração estava se partindo com a ideia de perde-lo novamente. Eles já haviam feito uma lista com alguns pontos turísticos, primeiro eles foram ao Golden Gate Park, em seguida ao Palace of Fine Arts, aproveitaram para ir ao Pier 39 e ao Ferry Building e por último Alamo Square. 

Estavam sentados sobre a grama do parque, a morena estava entre as pernas do namorado, dessa forma ele o abraçava e assistiam ao pôr do sol, que estava lindo.  

— Eu iria adorar em uma dessas casas vitorianas — a morena disse observando a estrutura das mesmas. 

— Essas casas são um marco arquitetônico da cidade — sorriu para ela — Sara ... Eu moraria em qualquer lugar com você — deu um beijo na testa dela — Eu te amo. 

Aquelas simples palavras a o fizeram sorrir, ela era simplesmente apaixonada por ele — Eu te amo tanto, Griss.  

...♥... 

O tempo passa voando quando estamos com quem amamos, Sara sentiu isso na pele aquele dia. Ela estava parada em frente ao portão de embarque tentando se despedir do amado sem chorar. 

— Griss — falou manhosa — Você precisa mesmo ir?  

— Meu amor — acariciou o rosto — O laboratório ainda não está pronto para a minha partida, você mais do que ninguém sabe disso — disse com um sorriso singelo no rosto.  

— Foi tão bom ficar aqui com você — disse o abraçando — Não precisamos ficarmos preocupando com olhares alheios, pessoas do laboratório e toda essa baboseira ... 

Ele sabia exatamente o que ela estava sentindo, queria gritar ao mundo que eles estavam juntos, mas sabia que naquele momento não era possível — Abelhinha, eu prometo que nós vamos poder fazer isso — a abraçou mais forte — Eu te prometo que vou dar um jeito nisso.  

O voo de Grissom foi anunciado e era a hora da despedida, o coração dela estava tão apertado que sentia que poderia quebrar, o dele não estava diferente, mas conseguia disfarçar. Grissom puxou para mais um beijo, um beijo longo e com carinho, um beijo de despedida, como aquilo estava doendo.  

— Eu te amo — a morena sussurrou em seu ouvido enquanto se abraçavam pela última vez.  

— Eu te amo, abelhinha — deu um beijo em sua testa.  

Sara o observou caminhar para o portão de embarque, tentava não chorar, mas parecia impossível, as lágrimas teimavam em cair, por mais que limpasse, sempre vinham mais. Mais uma vez ele partia e mais uma vez ela ficava, mas agora é diferente, eles têm um relacionamento de verdade. Ele a esperaria e ela também, eles se amam e nem mesmo a distância é capaz de estragar.  

...♥... 

Ela estava impaciente, não tinha nada pra fazer ali, não sabia mais para onde ir e qual seria o próximo destino. A verdade é que Sara não aguentava mais ficar parada, estava cansada de não trabalhar, estava cansada de ficar sozinha, apesar de gostar da solidão. Queria voltar para o aconchego de sua casa e seus amigos, mesmo que conversava com todos pelo menos uma vez por semana, até mesmo com Warrick que era mais distante.  

Grissom já tinha avisado de sua chegada em Las Vegas e como previsto, foi direto para o laboratório resolver alguma urgência. Ela não podia negar, estava com saudades de ser chamada de madrugada. Ela acabou descansando, estava pensativa, mas sabia quem poderia lhe ajudar: sua mãe.  

...♥... 

— Sara, querida — sua mãe lhe olhava com afeição — Você sabe o que fazer.  

A morena conversou com sua mãe sobre o que estava sentindo, ela ouviu atentamente cada palavra. No final, sorria e dizia a filha que ela já tinha suas respostas. 

— Mas mãe, eu não sei se consigo voltar — a olhou triste — Não agora — um dos principais motivos da morena não querer voltar estava bem em sua frente.  

— Oh minha querida — sua mãe sabia o que ela disse nas entrelinhas — Eu não vou a lugar nenhum — sorriu gentilmente — Você não pode deixar de viver sua vida por mim, eu sempre vou estar aqui pra você e por você.  

— Eu não sei se consigo voltar a fazer o que fazia ... 

— Gafanhotinho — pegou suas mãos — Você se lembra o porquê de escolher essa profissão? 

A morena refletiu um pouco, claro que ela se lembrava — Eu escolhi estar presente nos piores do momentos da vida das pessoas pois acho que essa é minha missão na vida, levar justiça a quem precisa, defender aquele que não pode se defender — tantos casos passaram por sua cabeça nesse momento, tantas famílias que ela ajudou a dar um fim digno a pessoa, que reconfortou no pior momento ... Claro que tinha um ou outro que ela não conseguiu, mas o número de fazer o bem era maior.  

— Como eu disse minha pequena, você já tem a respostas — limpou uma lágrima que escorria pelo seu rosto e ela nem a notou — Vá ser feliz ao lado de Grissom, você merece.  

Sara a abraçou, então era assim ter uma mãe? Era assim ter alguém para lhe aconselhar? Ela estava feliz por ter sua mãe de volta, sua vida estava voltando aos eixos. Sara aproveitou o último dia com a sua protetora, contou sobre o pedido de Grissom e em como estava animada com aquilo, sua mãe estava tão feliz por ver ela feliz.