Sobre a Terra Firme (Série elementos 2) escrita por Spoiler Cia


Capítulo 9
Capítulo 11




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No sábado acordando mais tarde do que estávamos esperando, por isso almoçamos e começamos novamente a ler os nossos livros. O tempo passou muito mais rápido por causa da nossa ocupação, eu consegui traduzir mais do meu livro.

— Amor, você quer parar um pouco para comer? A Sophia e o Miguel estão fazendo uns lanches.

— Vou parar sim, nem percebi que eles haviam saído daqui.

— Você estava mesmo muito concentrada na sua parte da tradução. Descobriu algo útil.

— Não sei direito, mas esse livro foca bastante no poder da Inaiê. A áurea dela é discreta, pouco perceptível. O livro explica algumas técnicas para encontra-la nas suas fontes de energia. Por exemplo, a meditação que a Ma faz sempre com a Roberta, isso ajuda a atrair ela para a descendente. E talvez a torne mais perceptível, o mais indicado depois de realizar esse ritual é entrar em verdadeiro contato com a terra, mexê-la, ficar com os pés diretos em contato com ela.

— Talvez o seu livro seja para ajudar a descendente da terra quando nós a encontrarmos.

Na cozinha os dois já estavam sentados na mesa comendo, nós nos unimos a eles. Eu conto para os dois também sobre o que descobri no livro.

— É bem diferente da áurea da água, eu sempre a vi, a energia verde vem ao meu encontro mesmo sem eu precisar chama-la. No inicio precisei treinar um pouco a invoca-la, mas hoje eu consigo sem nem perceber.

— Sim, a vó Roberta já tinha alertado a gente sobre isso.

— E vocês descobriram algo nos livros?

— Amor até agora só consegui terminar o livro do Jupi, e não tenho mais nada para ler.

— Que sorte que minha avó mandou eu trazer outro livro, não é Murilo?

— Obrigado cara, vou começar esse livro, deve ser importante já que a Roberta mandou.

— A respeito do meu livro foca apenas na linhagem da Araci mesmo. Eu estou já na terceira geração do fogo, é incrível o quanto as gerações continuam sendo leais a Deusa. A primeira geração como já sabemos só foram filhas, entretanto a filha da Araci teve um menino e uma menina, o menino morreu jovem sem deixar descendentes, portanto quem passou para frente a linhagem foi a menina. Até agora nenhuma relação com a Inaiê, sinto muito.

— Eu também não tenho grandes descobertas amiga, as únicas coisas são diversos rituais que aprendi com o livro. Não vejo a hora de conseguir estuda-los melhor, tentar fazer junto com a Roberta. Mas eu encontrei um que talvez seja útil agora, para a gente, é um ritual de conhecimento de aprendizagem, de descoberta.

— O que você precisa para fazê-lo, chatinha?

— Apenas água como sempre.

O Murilo abre a torneira da cozinha e ficamos observando a Ma que levanta, e aproxima-se da torneira, a cozinha fica em silencio por alguns minutos.

— Eu filha da água, filha da Deusa Yara

Que comanda os rios, oceanos

Que coordena a chuva que limpa tudo

Utilizo meu dom hoje para guiar nosso caminho

Nos ajude a buscar e alcançar o conhecimento

E a descobrir o que estamos buscando

Que assim seja.

— Que assim seja – nós repetimos, e voltamos a nos dedicar aos livros.

Dessa vez ficamos até bem depois da meia noite lendo. O meu livro segue abordando a magia da terra, é algo fascinante, nunca imaginei ler um livro inteiro tão rapidamente.

— Acho que encontrei algo.

— O que Murilo? No livro da minha avó?

— Sim, o livro que você trouxe é bem interessante. É basicamente uma arvore genealógica. Os primeiros capítulos falam da linhagem da Yara. Agora comecei a parte da Inaiê, o nome da sua filha era Moema, ela deu a luz a apenas um menino, e a partir disso todos os outros descendentes também foram homens. Não tinha muito sinal deles, e como os filhos não manifestam o poder da Deusa eles acabaram esquecendo o uso do dom. O último descendente que deixou registro sobre a sua história, sobre o seu dom era conhecido como Tibiriçá, que morreu jovem, deixou dois filhos homens com menos de 5 anos de idade, então a tradição acabou sendo perdida.

— Isso foi há muito tempo?

— Não tem escrito a época em que eles viveram, mas aparentemente já era bem próximo do período atual. Por que?

— Você não percebeu So? Seu sobrenome.

— Meu sobrenome?

— Até eu percebi sua lerdinha, você é Sophia Tibiriçá, o nome do último descendente conhecido.

— Mas o que isso tem?

— Pode ser que um dos filhos dele tenha herdado seu nome, como segundo nome, So.

— Vocês acham que eu possa ter relação com a Inaiê?

— Pode ser. Não custa nada pesquisar.

— Esse era o sobrenome do meu pai. Não tem muito como eu conversar com ele sobre nossos antepassados.

— Verdade, amor. Mas podemos conversar com sua mãe sobre isso. Além disso, precisamos ver se achamos algo nas coisas dele.

— Minha mãe já deu tudo embora, depois da sua morte ela não quis ficar com nada.

— Sophia, seu pai trabalhava para minha família na época em que os empregados não tinham folgas por causa da minha mãe. Como ele conseguiu viajar durante um fim de semana?

— Não sei muito bem. Minha mãe nunca conversou muito comigo sobre a sua morte, apenas que foi em um acidente quando ele estava voltando de uma viagem.

— Provavelmente não foi uma viagem a lazer. Porque minha mãe não teria o deixado folgar para descansar.

— Faz sentido isso que o Miguel está falando, amor, acho que o melhor ponto de partida para descobrir se isso é verdade, se você é uma das descendentes da Inaiê, é descobrindo sobre a morte de seu pai.

— Acho que vou fazer isso. Amanhã assim que chegar em casa converso com a minha mãe.

— Certo, So. Mas por hoje acho que já descobrimos bastante coisa. Vamos assistir alguma coisa e dormir?

No fim acabamos dormindo todos no meio do filme, a Maria e o Miguel em um sofá juntos, e eu e o Murilo nos nossos colchões unidos. Acordei no dia seguinte com ele me beijando, o melhor jeito de acordar. O casal subiu para o quarto dela de madrugada, sem nos acordar, por isso aproveitamos os primeiros raios da manhã para ficarmos juntos.

— Bom dia, amor.

— Bom dia, lindo. Dormiu bem?

— Melhor impossível. Que horas você vai para casa?

— Depois do almoço acho.

— Eu fiquei pensando ontem na hipótese de você ser a descendente, e faz muito sentido sabe?

— Por que você acha isso?

— Pensa bem, o livro que seu instinto te fez pegar foi sobre o dom da terra, sobre como utilizar a áurea.

— Pode ser, mas eu preciso conversar com minha mãe antes de qualquer conclusão.

Cheguei em casa já era mais de 14 horas, minha mãe estava no quarto deitada. Mas uma prova de que ela está estranha, eu raramente a vejo descansando durante o dia, ela costuma ficar sempre em movimento. Eu espero ela acordar para falar com ela, mas precisei segurar minha ansiedade e curiosidade.

— Sophia você já chegou? Lembrou do caminho de casa?

—Mãe eu sempre sei o meu caminho até você, eu só precisei passar um tempo com meus amigos.

— Sei bem o que você conhece.

— Mãe, não quero discutir com a senhora. Eu preciso conversar com você sobre meu pai.

— O que você precisa saber sobre o Jacir?

— A gente nunca falou muito sobre o dia da sua morte.

— O que tem para falar sobre isso? Seu pai foi viajar e o carro bateu quando ele estava voltando para casa.

— Para onde ele foi? Por que a gente não foi junto?

— Porque a estupida da Joana não permitiu – minha mãe está cada vez mais alterada – Seu pai não me contou muito sobre o motivo da viagem, só sei que o primo dele entrou em contato com ele dias antes, não sei o porquê?

— Que primo? Eu não sabia desses parentes.

— Ele nunca ligou muito para o seu pai, até porque ele é um primo bem distante do seu pai, nunca o conheci, nem no nosso casamento ele veio. E então de repente ele liga e exige a presença do seu pai. E depois seu pai morre.

— Mãe você te algum contato dele?

— Para que você precisa disso?

— Eu quero só saber mais sobre meu pai, sobre a minha família.

— Que idiotice menina. Eu não tenho nada, e mesmo se tivesse não te daria. Só o que me faltava ir atrás desse cara. Agora me deixa limpar essa cozinha.

Eu não respondi minha mãe, esse não é o momento de briga. Esperei ela dormir para ir até o armário da sala para procurar nos cadernos se havia alguma informação. Não foi muito difícil encontrar, no caderno que era do meu pai encontrei um número na última folha, sem nome. Amanhã vou ligar para ele.


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