Sobre a Terra Firme (Série elementos 2) escrita por Spoiler Cia


Capítulo 5
Capítulo 7




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Domingo eu consigo dormir até tarde depois de dias acordando cedo. Consigo colocar meu sono em dia ao acordar depois do meio dia.

Meu café da manhã foi na verdade um almoço já. Minha mãe não está mais em casa, deve ter ido até o centro da cidade comprar alguma coisa, ou visitar alguma amiga.

Preciso começar a pensar em algum jeito de descobrir sobre os descendentes da terra. Agora que soube da aparição da Inaiê para o Murilo não posso deixar de pensar que ele pode me ajudar a descobrir algo.

Além disso, no último mês ele andou estudando o dicionário da tribo indígena que vivia aqui mais do que qualquer matéria da escola. Provavelmente eu precise dele para me ajudar a procurar nos livros da Roberta. Decido ir até a casa grande conversar com ela, pedir alguns livros emprestados. Preciso começar de algum lugar.

— Olha quem veio me ver.

— Mimado eu nunca vou vir aqui para te ver. O dia que isso acontecer pode me mandar para um hospício.

— Nossa acordou afiada hoje.

— Que estranho você não estar grudado à Maria em um sábado.

— Ela está vindo para cá.

— Agora tudo fez sentido. E sua vó onde está?

— Ainda meditando. Por que?

— É sobre a minha promessa.

— A da Inaiê? Acha que minha vó vai conseguir te ajudar?

— Sim. Não tenho certeza se ela pode me ajudar ou não. Mas preciso começar de algum lugar, estou pensando em começar lendo alguns dos livros da Roberta.

— Acho que eu e a Maria podemos te ajudar com a leitura. Vamos apenas esperar ela chegar e dona Roberta acabar sua meditação, e então podemos começar a pesquisar.

— Obrigada Miguel.

Esperar a Maria chegar não demorou tanto assim, afinal ela veio de carona com o Antônio, estamos ficando cada vez mais folgadas, cada vez menos dependendo de ônibus. Não sei se isso faz bem para o nosso caráter, afinal o ônibus é uma coisa muito definidora de caráter.

— Oi queridos, estão esperando por mim?

— Boa tarde vó, estamos sim – ainda estranho ver minha amiga tentando se referir a Roberta como avó. E vejo que às vezes ela se força a falar, para poder agrada-la.

— O que vocês precisam de mim?

— Roberta – eu tomo a frente da situação, afinal essa é a minha função, meus amigos podem e vão me ajudar, mas a promessa ainda assim é minha – eu queria saber se a senhora pode me falar algo sobre a linhagem da Deusa Inaiê?

— Compreendo. É sobre a sua missão.

— Sim, eu não consigo pensar por onde mais começar, além de por você.

— Eu tenho certeza que a Maria contou para vocês sobre o início das descendências, quando as Deusas quiseram descer até a terra para conhecer um pouco de seus leais seguidores. A partir dai elas engravidaram e deram origem as suas linhagens. Eu falei que o fato da tribo estar sempre prestando homenagens a elas que a tornavam fortes, e mantinham a sua existência?

— Falou sim, Rob... Vó, eu contei isso para eles também.

— Então, quando elas tiveram suas filhas elas ensinaram seus dons, mas mais do que isso, suas filhas aprenderam a transmitir seu conhecimento a diante, afinal essa é a única maneira de manter as Deusas vivas. E o que gera nosso dom é a presença delas. As demais linhagens começaram a ser mescladas com homens que não podiam expressar o dom, mas mesmo assim aprendiam como isso funcionava para poder ensinar suas filhas.

— Então como foi que a terra acabou sendo esquecida? E como ela ainda não sumiu?

— Ela ainda está em Umarama por causa de descendentes de outras Deusas que ainda a homenageiam. Sempre que eu começo qualquer meditação eu tiro um minuto para lembrar e agradecer cada uma das Deusas. Mas ela está ficando mais fraca, ser lembrado por um descendente é muito mais intenso do que por qualquer outra pessoa. Agora a respeito da outra pergunta eu não sei muito bem como aconteceu o sumiço da dom da terra, o que eu posso dizer é que a áurea da terra é muito sutil, ela é marrom claro e está na terra, pode contagiar até mesmo algumas plantas, mas para a descendente enxergar ela precisa estar preparada para ver, ela precisa saber o que deve buscar.

— Totalmente diferente do dom da água, não é vó?

—Diferente de todos os outros dons. Você antes de descobrir tudo já conseguia ver a energia da água Maria. Mas provavelmente quem tem o dom da terra precisa de seus pais mais do que nunca para poder aprender a observa-la. Por outro lado essa é a energia mais fácil de conseguir acessar. A fase de concentração que você passou rapidamente minha neta, a maioria do outras filhas da terra demoram meses para passar como eu já havia te falado, no caso da terra a parte mais difícil é ver a áurea, a partir daí  usa-la é algo natural, principalmente porque o seu dom é para plantar, para usar suas plantas e produzir poções, elixires. Elas ainda conseguem fazer rituais que ajudem a dar vida, nunca a tirar, a nutrir. Os rituais do livro que minha mãe me deixou que você já leu Maria muitos eram para filhos da terra.  Nós conseguimos curar feridas superficiais, as da terra feridas mais profundas. O fato de o dom ser o mais difícil de enxergar pode estar relacionado com o desaparecimento da linhagem.

 – Mas como podemos começar a procurar esses descendentes?

— Eu não tenho uma resposta certa para isso. Mas acho que meus livros podem ajudar. Existem muitos livros que eu nunca li em meu quarto. Vocês podem começar pegando os dicionários que estão lá e procurando em livros. Um dos meus dicionários está com o Murilo, mas eu ainda tenho outros dois. Sigam suas intuições, entrem no quarto peguem os dicionários que ficam na ultima estante, e apenas peguem os livros que pareçam mais atraentes para vocês.

— Vamos então para o quarto da vó Roberta – nós duas começamos a ir atrás do Miguel até o quarto da Roberta. Eu só havia entrado nesse quarto duas vezes por isso ainda estranho o quanto de livros uma pessoa pode possuir.

— Aqui até que não é tão opressivo, mesmo com todos esses livros.

— Acho que o objetivo da minha vó ao colocar as paredes brancas foi tentar suavizar um pouco o ambiente – o Miguel me responde enquanto pega na última estante dois livros, os dicionários – Acho que o ideal é um ficar com você Sophia, e o outro eu divido com a minha chatinha.

— Melhor mesmo já que vocês vivem grudados.

— Então vamos pegar um livro cada um para começar?

Eu não estou acostumada a seguir minha intuição, mas pego um livro com aparência antiga que está na altura do meu rosto, não sei nada sobre ele afinal não consigo entender essa língua, mas eu moro perto qualquer coisa eu volto e troco o livro por outro.

— Acho que agora eu vou para casa, começar a descobrir sobre o que é esse livro.

— Certo, até amanhã So.

Ontem eu acabei não descobrindo muitas coisas, é muito difícil traduzir um livro sem o conhecimento básico da língua, por isso demorei muito tempo só estudando o dicionário, e ainda não consigo entender nem o básico, mas já vou começar a ler o livro quando estiver com tempo livre.

— Sophia hoje você vai ao hospital não é?

— Vou sim.

— Eu vou com você também.

Assim que acabou a aula fomos andando até o hospital, paramos apenas para comer na sorveteria, onde eu vi que a Ana está muito mais alegre do que o costume.

— Sua tia está diferente.

— Não me pergunte nada. Eu já tentei faze-la falar sobre isso, mas ela está cada vez mais fechada sobre qualquer assunto que envolva sua repentina felicidade ao extremo. Eu peguei até mesmo ela cantando antes do sol nascer. Como isso é possível?

— Ela não está normal.

Esquecemos o assunto assim que chegamos ao hospital, hoje os pais do Murilo já haviam ido embora a hora que chegamos, por isso não precisamos ficar esperando até entrar no quarto.

— Boa tarde Mu.

— Boa tarde Maria, boa tarde Sophia. Que bom ver vocês aqui. Como foi o domingo de vocês?

— Foi ótimo, tirando o fato de você estar ainda no hospital, por isso tive que aguentar o casal sozinha ontem.

— Deve ter sido difícil mesmo imagino. Mas vocês foram na casa Almeida?

— Sim.

— Você precisou ir treinar seu dom Maria?

— Dessa vez n... Espera ai. Você está lembrou – nós duas pulamos em cima do Murilo ao mesmo tempo, rindo sem parar, totalmente felizes.


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