Sobre a Terra Firme (Série elementos 2) escrita por Spoiler Cia


Capítulo 4
Capítulo 5




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— Quando a gente foi nesse lugar? Isso tem alguma relação com o fato de eu estar assim.

— Murilo, acalme-se, não é o momento de você forçar sua memória – depois desse desenho eu tenho ainda mais certeza que as coisas vão voltar ao normal. Eu só preciso ter paciência. E essa não é uma das minhas qualidades – Conte como foi o seu sonho.

— Foi um sonho meio confuso, não sei até que ponto isso foi real. Acho que eu misturei um pouco as coisas.

— Conta mesmo assim.

— Certo... Eu estava com você em um carro, de repente a cena mudou e estávamos dentro dessa casa, uma mulher falava com alguém no telefone, ela estava feliz, mas eu senti um arrepio toda vez que ela dava alguma risada ao telefone, eu sabia que esse não era um sonho bom. Ela nos impediu de falar, eu tentava falar, mas nada saia, não sei como, ela não amarrou nossa boca nem nada, mesmo assim eu não conseguia conversar com você. Ela nos levou até a beira de um lago, foi quando ela eu parei de movimentar minhas mãos, ela as prendeu atrás das costas. Deve ter sido com uma corda ou algo assim, mas como estava em minhas costas eu não consegui ver. Mas eu estava com a impressão de que não tinha nada ao redor delas, igual em minha boca.

Ele parou por um minuto, e na expressão dele vejo que está começando a ter dor de cabeça.

— Não precisa continuar Murilo. Você está com dor, não é? Vamos parar um pouco.

— Eu quero respostas Sophia. Eu não ligo para a dor. Eu vou continuar. O sonho mudou novamente, ainda estávamos no lago, no chão. A Maria chegou com outro menino e uma senhora. Eu posso jurar que elas começaram a falar sobre energia, acho que áurea que elas falavam. Nada fazia sentido para mim, e então a mulher conseguiu jogar um tronco enorme em sua direção, não sei como. Eu consegui pular em sua frente, então eu acordei.

Eu não sei muito bem o que falar ou não falar para o Murilo. Ele já está com dor de cabeça só de pensar um pouco sobre isso. Não quero provocar mais dor a ele.

— Agora eu quero saber o que é verdade nesse sonho. Não quero mentiras.

Eu não vou mentir para ele. Eu só preciso omitir alguns fatos por enquanto, ele não precisa saber ainda sobre esses poderes que motivaram o nosso sequestro, ele quase não acreditou da primeira vez, não consigo crer que dessa vez vai ser diferente. Se eu falar sobre isso só vou estar o expondo a um sofrimento que provavelmente ele só vai acreditar quando tiver uma prova concreta sobre isso.

— A gente trabalhava de sábado na casa dessa mulher, a Joana.

— Por que eu precisava trabalhar para ela, eu meio que sou rico.

— Minha mãe estava praticamente sendo escravizada por essa família, não tinha nenhuma folga, nem de fim de semana, eu, você e a Maria nos oferecemos para trabalhar no lugar dela de sábado, para ela ter um tempo só para ela.

— Acho que eu entendo – esse não é o único motivo é claro, mas no momento ele não precisa saber sobre a investigação.

— Nós começamos a ir à casa grande uma vez por semana então.

— Casa grande?

— Sim, é como nós chamamos a csa dos Almeidas, da Joana.

— Esse sobrenome me parece familiar.

— Eles são a família mais rica da região. Seu pai tem diversos negócios com eles.

— Deve ser por isso então.

— Um dos sábados que a gente foi a Joana nos levou até essa casa, ela nos sequestrou na verdade. Ficamos algumas horas com ela antes da Maria chegar com o Miguel e a Dona Roberta para nos ajudar.

— Miguel? Namorado da Maria?

— Sim.

— E a senhora do meu sonho era essa tal Roberta?

— Sim. Ela era sogra da Joana, e ela que conseguiu nos achar.

— Mas por que ela quis nos sequestrar. Pelo que você falou ela é de uma família rica também. Não precisa do dinheiro de um sequestro.

— Ela não gostava do namoro da Maria com o Miguel, talvez isso tenha alguma relação. Além disso, ela acabou enlouquecendo.

— Sinto que você está me escondendo algo – não posso dizer nada mais do que já disse.

— Tudo que eu falei é verdade. Bem a Joana conseguiu de fato jogar um pedaço de madeira em minha direção, você me salvou. Eu devo minha vida a você.

— Então foi assim que eu vim parar aqui?

— Sim. Mas já falamos demais sobre isso, você não pode mentir, eu vejo que está com dor. Vou pedir para enfermeira trazer um remédio para sua cabeça, fique quietinho.

— Não precisa ir, logo melhora. Fica aqui.

— Eu já volto, não gosto de ver você sentindo dor.

Eu encontro a enfermeira na outra ponta do corredor, demoro menos que um minuto para voltar para o quarto, entretanto quando volto encontro o Murilo em um estado de transe.

O olhar dele está fixo em um ponto próximo a televisão, ele não responde quando eu o chamo. Cada vez eu começo a ficar com mais medo, eu sinto as lagrimas escorrendo pelo meu rosto.

— Murilo, me responde, por favor. Murilo.

O médico que a enfermeira havia chamado chegou no quarto e já começou a medicar meu amigo. Eles me colocaram para fora.

Eu não posso evitar sentir que é culpa minha. Da minha conversa com ele anteriormente. Tudo aconteceu muito rápido, se eu tivesse no quarto talvez eu pudesse fazer algo. Eu preciso da Maria.

— Amiga, o Murilo.

— Por que você está chorando So? O que está acontecendo com o Murilo?

— Eu não sei, ele não estava mais me respondendo, tem alguma coisa de muito errado.

— Eu estou indo ai, fica calma.

Ela desliga antes de eu falar qualquer coisa. Os pais do Murilo chegam em menos de cinco minutos, e ficam comigo esperando o médico vir dar alguma noticia. Ele finalmente sai do quarto depois de vários minutos de desespero.

— O Murilo está dormindo agora, eu precisei medica-lo.

— Mas o que aconteceu com nosso filho, doutor?

— Então Thiago, o seu filho estava no que nós chamamos de crise de ausência, o cérebro dele parou de responder a estímulos externos, é como se ele estivesse em outro local, mas quando ele acordar ele vai estar como antes, só vamos precisar mantê-lo mais algum tempo no hospital para monitorar, verificar se foi apenas uma crise isolada. Vocês já podem entrar para vê-lo, mas ele não vai acordar por algum tempo. Melhor o quarto não ficar lotado por enquanto, apenas duas pessoas por vez.

— Eu vou embora senhora Isabel, mas, por favor, me liga se algo mudar no estado dele. Amanhã eu volto, está bom?

— Sim, querida. Tenta descansar um pouco também.

Eu estava saindo do hospital em piloto automático. Já na frente do hospital um carro para ao meu lado.

— Sophia, onde você está indo?

— Maria, tinha até esquecido de você. Desculpa tirar você do seu treinamento.

— Você sabe que nada é mais importante para mim do que vocês. Entra no carro me conta o que aconteceu, o Antônio leva você até sua casa, enquanto isso você me conta tudo.

— Oi Miguel. Desculpe o incomodo.

— Oi Sophia. Você sabe que não está incomodando, e pare de pedir desculpas, não combina muito com você.

— Engraçadinho – mas mesmo essa tentativa de me fazer sorrir não dá certo no momento – O Murilo está começando a lembrar do nosso sequestro.

— Que ótimo, So.

— Eu também estava achando, eu conversei com ele, as recordações vieram em um sonho, então eu expliquei para ele mais ou menos o que aconteceu, sem contar sobre o seu dom – essa parte eu falo mais baixo para o Antônio não ouvir.

— Não precisa esconder do Antônio, recentemente eu descobri que ele sabe sobre o dom.

— É meio difícil não saber, sendo motorista da senhora Roberta há tanto tempo.

— Certo... Eu não contei para ele sobre o motivo de entrarmos na casa do Miguel, nem porque ela nos sequestrou. Mas mesmo omitindo alguns detalhes ele começou a ter dor de cabeça. Eu fui chamar uma enfermeira, quando eu voltei para o quarto ele não estava mais respondendo... – eu paro novamente sentindo que vou chorar, respiro fundo antes de continuar – o médico chamou de crise de ausência, e precisou dar um remédio para ele sair desse estado, ele ficou dormindo e seus pais ficaram com ele.

— Não é sua culpa Sophia. Eu acho que teria acontecido mesmo sem a conversa de vocês dois. Ele está começando a lembrar das coisas. Acho que é uma resposta do cérebro dele.

— Eu quero acreditar no que você diz Ma. Mas não sei.

— Eu acho que a chatinha está certa, Sophia, você não tem culpa de nada. Amanhã você vai voltar ao hospital?

— Claro.

— Então vai até em casa que o Antônio te da uma carona, tá bom?

— Sim. Obrigada.

— Amigos são para essas coisas – quem diria que eu me tornaria amiga desse mimadinho – Você até que é legal as vezes. Fico feliz da Maria ter começado a namorar você.

— Viu Maria, eu sou demais.

— Olha o que você fez So. Ele já é egocêntrico, mesmo sem alguém aumentar ainda mais sua autoestima.

— Desculpe amiga. Mas o namorado é seu.

— Ainda bem – eles se beijam novamente de um jeito muito fofo, até demais – Amanhã eu vou com você ao hospital, me mande uma mensagem ou me ligue a hora que estiver saindo de casa, Antônio você para me pegar em casa amanhã?

— Claro que sim, dona Maria.

— Que chique você dona Maria.

— Não me enche Sophia – o Antônio me deixa na porta da minha casa, minha mãe ainda não chegou, eu como alguma coisa e fico vendo tv, sem de fato prestar atenção. O meu celular toca.

— Alo.

— Oi Sophia, estou ligando só para dizer que o Murilo acordou, pediu para conversar com você. Mas agora ele voltou a dormir, ele está melhor, só um pouco confuso. Amanhã você conversa com ele, ok?

— Claro, eu vou assim que eu acordar amanhã.

— Beijos querida, qualquer coisa eu ligo.

— Obrigada, beijos.


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