A Rosa indomável escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 5
Traição




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Lily precisava escrever, precisava desesperadamente escrever. Seu peito estava rasgado, seus pensamentos em um só lugar. Não tinha conversado com Anne ainda, não sabia se os dois tinham se acertado, se tinham de fato se beijado, se estavam namorando, não sabia se sua melhor amiga iria querer continuar com aquela história de cartas escritas por ela. Mas ela precisava escrever.

Precisava traduzir em palavras camufladas o que sentia ao se lembrar do beijo dele, do seu cheiro, da sua mão se enroscando em seu cabelo, da correntinha que descobriu em seu peito.

Precisava escrever:

“Querido Dave...

Você está em mim, mesmo longe em meu quarto, você está aqui. Sinto seu cheiro, suas mãos em meu cabelo, sua doce boca grudada em mim.

Sinto seu abraço não me deixando cair, sinto sua respiração dividindo a minha.

Queria parar o tempo, naquele momento, tenho ainda tanto para descobrir, tanto que não aprendi.

Em minha mente tenho fragmentos de sua vida entrelaçando com a minha. Imaginando talvez, mas tão real para mim.

Espero que o tempo pare, mas que corra rápido, para que possa te sentir de novo, te descobrir de novo.

Sua...”

Não conseguiu colocar o nome de Anne, essa carta era dela. Somente dela. Queria que mesmo sem saber e perceber estivesse contando a ele como se sentia com o beijo errado.

xx

― Preciso conversar com você – Anne disse no outro dia no café da manhã para ela.

Lily se sentia melhor, escrever a fazia se sentir melhor, estava pronta para vestir sua máscara de melhor amiga.

― Eu já sei, vejo no seu olhar. Vocês se acertaram não é? – perguntou já sabendo a resposta.

― Aí Lily – ela suspirou com os olhos brilhantes – Não consigo te descrever. Ele é tão...

― Apaixonante. Perfeito em todos seus atos, olhares jeitos... – completou os pensamentos da amiga.

― Exatamente. O beijo dele é tão...

― Embriagante que faz você se perder em seu cheiro, suas mãos no seu cabelo e sua doce boca dançando tão perfeitamente com a sua...

― Como você sabe de tudo isso? – perguntou à amiga. Estava acostumada com a amiga sabendo seus sentimentos, mas não tão profundamente assim.

― Assisto filmes românticos demais – Lily se limitou a explicar – Escrevi uma carta para você mandar para ele.

Entregou a ela o pedaço de pergaminho.

Anne passou os olhos rapidamente para as palavras escritas e olhou para amiga com certo receio.

― Você não escreveu meu nome embaixo.

― É... – ela gaguejou – Você vai passar para a sua letra mesmo. Então me conte, estão namorando?

― Não sei – confessou a amiga guardando o papel em seu bolso da calça – A gente não conversa muito, se é que me entende. Tenho medo de falar alguma besteira para ele e Dave prefere me beijar.

Lily engoliu em seco, mas continuou a vestir sua máscara.

― Mas isso é ótimo não é?

― Sim – a amiga olhou sorrindo para ela – Ainda bem que temos as cartas - levantou-se da onde estava sentada e abraçou Lily – Obrigada por tudo sempre.

xx

As amigas infiltradas de Rose conseguiram entrar naquela noite na reunião do clube de Nancy, afinal a garota queria as duas com ela também. Entrando na sala de aula separada para a reunião as amigas fiéis de Rose perceberam que aquele clube era muito mais que uma discussão sobre direitos de mulheres ou dos menos valorizados.

Observaram que os garotos tinham voz naquele lugar, não só o namorado da líder participava, mas o monitor chefe da Lufa-Lufa, o atacante da Corvinal, o narrador do Grifinória e obviamente Alvo Potter da Sonserina, que só pelo seu sobrenome já chamava a atenção. E o incrível era que apesar de terem voz ativa em nenhum momento invadiam o espaço de luta das outras pessoas. Apesar de Rose muitas vezes exagerar elas sabiam que na verdade o homem hétero de fato tem tendências de querer se impor perante qualquer pessoa. Não é atoa que muitos países chegam ao auge de suas crises financeiras e políticas causadas por homens brancos héteros machistas e misóginos. Por sorte, aquela reunião mostrava que nem todos carregavam essa masculinidade tóxica e frágil. Perceber isso fez com que as meninas se olhassem cúmplices e contentes.

No decorrer da reunião elas observaram que o grupo não apenas traçavam metas, mas que estavam conseguindo alcança-las. Haviam proposto no começo das aulas a diretora que o elfos tivessem folga aos fins de semana e que dessa forma os próprios alunos teriam que limpar suas bagunças ou arranjar alguma comida na cozinha. De uma forma organizada estavam fazendo a planilha que iam entregar a ela com os horários de entrada e saída dos alunos na cozinha, as punições para quem não cumprissem os combinados. Acreditavam que só colocando a mão na massa iam saber o quão difícil era a vida dos elfos. Inclusive os professores teriam que se enquadrar nas novas regras.

― De fato no Japão, na escola de magia de lá, os alunos já fazem isso há muito tempo. Tanto é que conhecemos os japoneses como os mais organizados, os que sabem enfrentar uma crise no mundo melhor do que ninguém – dizia Alvo para os alunos presentes.

Elas gostaram do que estavam vendo. Ali não existia uma imposição como Rose fazia, conversavam tranquilamente e viam que de certa forma estava dando certo porque McGonagall nunca aceitou nenhuma proposta de Rose, mas a de Nancy, que iria mudar muito a rotina do castelo, ela já havia aceitado sem ao menos ver a planilha organizada.

― Queremos vocês com a gente – Nancy no fim da reunião virou sua atenção para as afiliadas de Rose – Sei o quanto são boas com papéis, fazem pesquisas melhor do que ninguém. Nos ajudariam muito.

Chloe e Ellie se olharam pensando em tudo que tinham visto e ouvido.

― Aceitam fazer parte do nosso grupo?

Nancy perguntou, mas não conseguiram responder. Amaram tudo aquilo, mas se aceitassem estariam traindo Rose e levantando a fúria da amiga. Não sabiam o que fazer.

― Já pensaram em conversar com Rose? – Ellie finalmente expôs sua dúvida. – Sabem que a mãe dela foi uma das pioneiras a lutar pelos direitos dos Elfos?

― Ellie, está certa. Antes de qualquer um pensar em como o Elfos eram explorados Hermione Granger criou o F.A.L.E.

Depois de movimentações tensas e um silêncio profundo Nancy falou.

― Apesar do valor que os conhecimentos de Rose trariam para nós, infelizmente acreditamos que ela não aceitaria tão bem a participação de alguns membros e a maneiras como decidimos lutar. – Nancy respira fundo controlando a decepção ao falar. – Vocês podem pensar o quanto precisarem. Estão convidadas para próximas reuniões.

Não sabiam como reagir e provavelmente pensariam bem antes de decidir qualquer coisa.

xx

Rose sabia que Chloe e Ellie estavam na reunião de Nancy naquele momento, estava apreensiva, mas confiante que ia dar um passo a frente da ex amiga. Só que tinha que cumprir sua detenção com Malfoy e estava se sentindo cansada de todas as cantadas que ele insistia em lhe dar.

― Minha pétala delicada, vejo que já começou a arrumar os livros antes de mim – chegou atrasado como sempre, a irritando como sempre.

― Não me chame desse apelido ridículo, além disso não sou sua – respondeu ríspida. Continuando a organizar os livros na prateleira, talvez se terminasse aquilo logo se livraria do castigo mais rápido.

Scorpius se aproximou dela tentando ajudá-la na arrumação, mas o cabelo da garota estava tão perto dele que não resistiu. Já estava embriagado com aquele cheiro desde o beijo, ficou sonhando com o cheiro do cabelo dela o domingo inteiro, mesmo não admitindo para ninguém, e agora, tão perto dele...

― O que está fazendo?! – ela gritou saindo de perto dele assim que sentiu seu nariz enroscar-se em seu cabelo.

― Logo vi que o perfume de uma rosa delicada era embriagante. Precisava sentir de novo.

― Saia de perto de mim senão te denuncio por assédio – levantou a varinha em direção a ele.

― Assédio? – ele riu se aproximando dela – por fazer você sucumbir ao seu desejo de me beijar?

― Assédio sim! Por corromper uma garota inocente.

― Você pode ser tudo, menos inocente – ele virou de costas para ela, mexeu em seu casaco e tirou lá de dentro outra rosa, desta vez branca – E então, namora comigo?

Virou-se para ela sorrindo. Ela não podia deixar de notar que ele era um burro insistente.

― Se um dia eu cogitasse namorar com você, tornaria sua vida um inferno.

― Não, não... – negou chegando perto dela colocando a rosa por de trás da orelha da garota – Seria o céu.

Rose viu que ele estava se aproximando dela de novo. Ia lhe beijar, ia a deixar tonta de novo, sem palavras, enlouquecida de ódio. Olhou para o lado e pegou um grosso livro. Antes que Scorpius a beijasse jogou o objeto com tudo em sua cabeça.

― Ahhh! – ele abriu os olhos acariciando sua cabeça pela dor que estava sentindo e olhando Rose já longe de si dando risada – Isso foi golpe baixo.

― Golpe baixo é o seu que vive tentando me beijar!

― Pois ainda vai implorar por um beijo meu, e de joelhos!

― No dia de são nunca. O seu beijo me dá cócegas! – ela levantou a sobrancelha sorrindo pelo efeito que tinha causado nele.

― Eu não devia te dar uma rosa não. Devia te dar era urtiga!

― Isso! Fica irritado! Fica! Que isso é pretexto para ficar bem livre de você!

Ela falava com tanta braveza e ao mesmo tempo ria da cara do garoto que ele só reparava no jeito dela e não pode deixar de começar a dar risadas. Se ela queria briga, ele não ia colaborar para isso.

Rose olhou sua roupa, mexeu em seu cabelo tentando identificar o motivo das risadas dele.

― Posso saber do que está rindo? – perguntou calma.

―Vai saber – respondeu em meio aos risos – Um dia vai saber. Acho melhor ir embora antes que você me arrebente outro livro na cabeça.

Saiu de perto dela deixando-a intrigada.

― Vai me deixar cumprir a detenção sozinha?! – berrou nervosa – Não suporto que riem de mim.

Scorpius sorriu de costas para ela e parou de andar. Chegou perto da garota novamente e resolveu falar.

― Ri de você, porque quanto mais brava, mais linda você fica – deu mais alguns passos para perto dela – e quanto mais bonita você fica, mais eu tenho vontade de beijar a sua boca.

Ele quebrou a distância que ainda restava entre eles, segurou a bochecha dela com uma de suas mãos:

― Assim – lançou seu rosto para baixo e selou seus lábios brevemente.

Rose rugiu nervosa, levantou sua varinha e fez vários livros voarem em direção a ele a fim de lhe acertar. Mas o garoto era rápido e saiu da biblioteca ileso. Brava começou a jogar livros no chão pelo segundo beijo roubado.

Por fim soltou um suspiro retirando a rosa branca que ainda estava em sua orelha e passou os dedos em seus lábios.

A rosa poderia ser bonita, mas jamais seria levada a sério.  A garota apenas a deixou cair no chão passando por cima dela como se não se importasse com um gesto tão peculiar.

xx

― Deixe-me ler! – Hugo chegou perto de Dave que estava lendo a carta recém recebida de Anne.

― Nossa desta vez ela se superou – ele confessou ao colega lhe entregando para ler.

Hugo pegou o papel entusiasmado começou a passar o olho nas palavras de Lily, mas parou assim que viu o amigo em cima dele o observando.

― O que foi? – perguntou intrigado.

― Nunca quis ler tão rápido as cartas de Anne como agora, na verdade sempre relutava a responder para mim.

― Estou só curioso – ele deu de ombros – Afinal estão se conhecendo não estão?

Dave sorriu se lembrando da garota.

― O lance com ela é bem mais físico, se é que me entende. Não conversamos muito.

― Então é por isso que precisa conversar com ela por cartas – Hugo ergueu a carta no ar mostrando a ele – vou responder e te entrego amanhã cedo.

Dizendo isso saiu de perto do colega. Queria saber os sentimentos mais profundos de Lily sozinho, para se concentrar nela e nas lembranças que tinha com ela para lhe responder nas entrelinhas o que sentia.

Foi para sua sala comunal da Lufa Lufa, viu que estava sozinho e começou a ler os sentimentos mais profundos de Lily traduzidos em palavras.

Leu devagar absorvendo cada frase e palavra. Sabia que ela estava lembrando do beijo, o beijo errado trocado no pior momento possível.

“Querida Lil...

Hugo balançou sua cabeça, amassou a folha de papel e jogou para longe de si.

“Querida Anne...

Te sinto aqui agora, estou na verdade acariciando seu rosto, relando em seu nariz tão delicado, analisando suas sardas querendo decora-las. As sardas que só vi tão perto uma vez, a vez mais certa e errada que poderia...

Hugo parou de escrever de repente, Anne não tinha sardas, Lily tinha sardas.

Bufando e negando com a cabeça voltou a amassar o papel e jogar no lixo ao seu lado.

― Você está ficando louco Hugo – disse a si mesmo e voltou a escrever.

“Querida Anne...

Te sinto aqui agora, mesmo longe de mim. Na verdade estou acariciando seu rosto, decorando cada traço desenhado tão perfeitamente, relando meus lábios nos seus lábios vermelhos.

Pode me sentir? Pois eu estou sentindo.

Sei que é loucura, estar tão perto de você e mesmo assim sentir sua falta.

Estou aí agora, quando você se olha no espelho, quando deita em seu travesseiro. Estou no cheiro guardado em sua memória, naquele doce preferido que tem tanto da nossa história.

Estou na sua roupa preferida, na sua risada transferida a mim, na sua timidez escondida.

Está vendo? Me transformou em um bobo.

Vivo aqui sonhando acordado, como um bobo apaixonado que sei que sou.

Seu Dave”

Na verdade Anne era uma pessoa incrível, mas cada vez que escrevia qualquer palavra pensava o quanto Lily merecia elas muito mais do que a morena. Era seu lado egoísta que ao mesmo tempo queria ver Lily feliz, mas não feliz com Dave. O amor às vezes pode ser ao mesmo tempo altruísta e egoísta. 

xx

Na manhã seguinte Rose queria encontrar suas amigas o mais rápido possível, mas assim que entrou no grande salão a primeira pessoa que viu, lógico que foi ele.

― Sonhou comigo? Porque sonhei com você – chegou perto da garota fazendo-a parar de andar.

― Saia da minha frente! – ela o empurrou voltando a andar rápido em direção as amigas.

Os amigos de Scorpius só riam da reação dela.

― Com certeza está fazendo progresso – comentou Otto em meio à risada.

― Ela já está caidinha por mim – respondeu sorrindo lembrando da noite anterior, dos lábios rosados, do cheiro do seu cabelo...

― Senhor Malfoy, precisamos conversar.

― Diretora? – ele respondeu assustado diante da figura parada a sua frente.

xx

― E aí? Quero saber tudo! Tudo! – disse Rose assim que as encontrou sentadas para tomar café da manhã.

Chloe e Ellie se entreolharam. Respiraram fundo e resolveram falar esperando a fúria de Rose.

― O clube é legal – começou Chloe – Tem garotos, mas eles são legais e...

 E... – ela não se aguentava de ansiedade.

― Falam de assuntos mais abrangentes – Ellie continuou pela amiga – Estão com um projeto dos elfos folgarem os finais de semana e a diretora já aceitou.

― Ela já aceitou?! Eu também luto pelos Elfos. – Rose não estava acreditando que a diretora aceitava propostas de outras pessoas e não as dela. Isso era extremamente injusto.

― Sim – continuou Chloe – Eles se programam mais, não fazem tanto alarde e sempre conseguem o que querem.

Rose bufou sentou-se do lado delas indignada.

― E o que mais?

― E... – Ellie olhou para Chole pedindo autorização da amiga para falar a parte mais difícil da conversa – Nancy nos chamou para participar do grupo dela oficialmente.

A ruiva olhou de uma para outro esperando o desfecho da fala de Ellie.

― E a gente...  nós resolvemos aceitar – terminou Chloe finalmente.

― Vocês o que?! – berrou levantando-se da onde estava sentada.

― Você precisa ser mais maleável Rose, menos incisiva e mais compreensiva – Chloe resolveu falar tudo que tinha em mente.

― Até você pode participar do grupo e ver que eles tem razão no que pensam.

Rose balançou negativamente a cabeça.

― Vocês só podem estar brincando!

― Podia, sei lá – continuou Ellie – pedir desculpas a Nancy e entrar no grupo. Vocês eram melhores amigas.

― Ela envenenou vocês contra mim! – gritou nervosa quase chorando de tanto ódio. Começou a atirar no chão a comida do café da manhã que as amigas estavam comendo. – Rose Weasley não pede desculpas quando não está errada! E raramente eu erro.

― Senhorita Weasley! Senhorita Weasley! – McGonagall chegou perto dela com Scorpius em seu encalço, observando a bagunça que ela tinha feito no salão – Para minha sala agora!

xx

Rose não conseguia segurar as lágrimas de ódio que começaram a cair de seus olhos, sentada na sala da diretora esperava a bronca que sabia que ia levar, mas só pensava nas amigas ingratas e traíras. Sentia Scorpius observa-la ao lado. Elas iriam perceber o quanto estavam erradas. E Scorpius pagaria por irrita-la tanto.

― O que foi aquela bagunça no café da manhã? – McGonagall perguntou diretamente para ela.

Rose olhou para a mulher a sua frente, estava com tanta raiva, com tanto ódio que não conseguia nem respeitar a autoridade dela.

― Não interessa!

― Interessa sim! Anda muito estressada esses dias não acha? – McGonagall cruzou os braços na frente do seu corpo – O que foi aquela bagunça na biblioteca ontem?

Rose começou a dar risada, as lágrimas de ódio ainda caindo de seus olhos.

― Você já foi me dedurar? – perguntou a Scorpius – Frouxo!

― A bibliotecária me avisou não o senhor Malfoy, e me disse que pelo menos dez livros estão rasgados sem capa. Sabe o que sua mãe lhe falaria se contasse isso a ela? Sua mãe sempre tão zelosa com os livros – a diretora balançava a cabeça indignada com a atitude da garota.

― Mas esse trasgo te falou porque isso aconteceu? – ela apontou para o sonserino sem olha-lo.

― Diretora, estou com marcas no livro em minha cabeça – ele afastou seus cabelos mostrando a ela uma marca vermelha na testa.

― Só está machucado porque tentou me assediar – ela respondeu entredentes desta vez olhando diretamente para ele.

― Assediar? – perguntou McGonagall preocupada – O que tentou fazer?

Scorpius soltou um riso torto e negou com a cabeça.

― Só tentei beija-la – ele deu de ombros – aliás consegui.

― Está vendo diretora?! Ele me agarrou a força! Isso é assédio. Precisei me defender, joguei o que estava mais perto de mim, no caso os livros.

― Senhor Malfoy, realmente não se pode forçar alguém a te beijar.

Explicou como se fosse para uma criança.

― Mas diretora – ele fez uma cara inocente – O cabelo dela é tão cheiroso e ela fica tão linda brava que eu não resisti.

― Está vendo o que a senhora me faz passar cumprindo detenção com esse carrapato?! – disse enérgica olhando a autoridade à frente sem medo nenhum.

McGonagall fez menção que ia lhe dar outra bronca.

― Não vou! Não vou cumprir detenção nenhuma. Pode tirar pontos da minha casa, pode fazer o que a senhora quiser! – gritou se levantando da cadeira – Agora se me dá licença tenho assuntos mais importantes para resolver!

A garota saiu pela passagem do aposento batendo a porta com muita força.

Scorpius balançou a cabeça negativamente para a diretora segurando um riso.

Minerva pensou se já não seria o momento de se aposentar e aproveitar as manhãs tomando chá enquanto assistia os pássaros voarem. Já tinha passado por guerras, tinha aguentado gerações de adolescentes com os mesmo sobrenomes. E ainda tinha que lidar com crises adolescentes que envolviam beijos e livros.

― Não ria Dumbledore, sei que está rindo. – A diretora disse acompanhando o balançar negativo do jovem Malfoy.

xx

Ela ainda não conseguia acreditar que tinha sido traída daquela maneira. Quando Ellie tinha sido humilhada por Markus e todos aqueles babuínos bobocas que o seguem e o imitam, foi Rose quem deu uma lição neles. A garota distribuiu balas batizadas, enfeitiçava balaços para persegui-los durante jogos. Nem se importava a qual casa pertenciam. Rose Weasley pegou as dores da amiga para ela e fez tudo que podia para vinga-la e no momento em que precisava de mais apoio tinha sido descartada.

― E aquele trasgo insuportável não me deixa em paz. – Rose andava pelo corredores de Hogwarts pensando alto. E agora provavelmente a diretora também estava querendo cortar sua cabeça fora.

Agora estava sozinha. Lutando sozinha contra tudo e contra todos.

Precisava liberar sua raiva e aproveitou para entrar no banheiro feminino. Parou em frente ao espelho e gritou. Gritou tão alto quanto pode. Gritou até não aguentar a dor em sua garganta. Não derramaria mais lágrimas, não pediria perdão, ela não seria tão frágil quanto o nome que carregava. Estava muito mais para uma fogueira que destruiria tudo a sua frente.

― Você vai provar que todos estão errados. – Rose respirou fundo. – Se eles conseguem, você também consegue Rose Weasley.

Sua voz calma. Rouca pelos gritos. Quando saiu do banheiro andava de cabeça erguida, confiante, raivosa como sempre. Se a viam como aquela cheia de espinhos, deveriam tomar cuidado para não serem espetadas.

Traçaria o plano perfeito para derrubar um a um. Nancy e seu falso grupo, Ellie e Chloe e a amizade falsa delas, os machistas idiotas, as regras arcaicas. No final do ano Hogwarts não seria a mesma. Talvez Rose não soubesse que ela também não seria.


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Notas finais do capítulo

Anny e eu já terminamos a fanfic, tem no total 13 capítulos, com um pequeno epilogo de bônus. Só precisamos saber se querem a continuação ;)



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