A Rosa indomável escrita por WinnieCooper, Anny Andrade


Capítulo 3
Beijos errados




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Quando Malfoy entrou na aula de poções no dia seguinte foi extremamente difícil para Rose controlar a gargalhada. Ela usa uma tinta especial para que suas palavras nunca pudessem ser apagadas ou modificadas, tinha lido sobre vários revolucionários que eram culpados por atos que nunca cometeram, ninguém a pegaria desprevenida. Então quando os cabelos platinados e perfeitos surgiram cinzas e opacos, foi o melhor momento para a garota ruiva.

― Scorpius, está procurando um novo visual? – Questionou Lion o capitão do time da Grifinória

Todos acabaram caindo na gargalhada e Rose era a que mais ria. Ela não conseguia evitar, aquele garoto merecia todo o carma do mundo. E a garota estava apenas dando uma ajudinha.

O loiro, agora manchado, apenas fez algumas caretas e afirmou que continuava incrível não importava a cor de seus cabelos, algumas garotas que ainda caiam nesse clichê de garoto confiante deram leves suspiros. Rose anotou em sua mente que iria fazer um bom discurso para elas, quem sabe acordassem para a realidade.

Mas o estranho mesmo não eram os suspiros ou a confiança de Malfoy. Estranho era a maneira como ele estava a olhando e se aproximando de sua carteira. O olhar de peixe morto igual ao dia anterior.

― Não vou te dedurar linda pétala, mas você ficará me devendo. – Com uma piscadela ele sentou-se logo atrás da menina.

Rose estava pronta para virar-se para questionar o quanto dizer que ela deveria algo a ele era completamente inapropriado e que não ser um dedo duro é o que se espera de qualquer pessoa, mas o professor entrou e ela decidiu que não valeria a pena.

Jamais deveria algo àquele idiota de olhar esquisito.

― O que foi aquela piscada? – Ellie questionou.

― Não sei. Foi esquisito e nojento. – Chloe virou-se para Rose.

― Ele estava sendo apenas o verme desprezível de sempre. Deveria ter batido com o livro em sua cabeça, a tinta foi pouco. – Rose fez um ruído de raiva. – Terei que passar os próximos dias com ele e o pior nem poderei panfletar em Hogsmeade. Tudo por culpa no idiota.

O professor impediu que continuassem conversando, mas as meninas garantiam que panfletariam por Rose. Enquanto Scorpius continuava a olhando esquisito e algumas vezes se aproximando da garota para cheirar seu cabelo. Aquilo a estava assustando.

― Rose o que foi aquilo na aula de poções? – Ellie chegou perto de Rose curiosa, reparando que Scorpius passou do lado dela sorrindo.

― Mal posso esperar para cumprir a detenção com você – dizendo isso lhe mandou outra piscadela o que fez Chole e Ellie abrirem a boca de espanto.

― Saia da minha frente! – berrou arremessando uma folha amassada fazendo o garoto sair de perto delas.

― O que está acontecendo? – disseram as duas juntas.

― E eu sei? – ela respondeu carrancuda – Na certa recebeu um balaço na cabeça que o deixou retardado mais do que já era.

Chole olhou cúmplice para Ellie e deram um sorriso torto.

― Parem de me olhar com esses olhares, temos assuntos importantes para tratar – Rose cortou os pensamentos das duas e começaram a traçar metas para concretizarem o que pretendiam.

Foram almoçar e continuaram a conversar. Em certo momento Rose teve uma ideia que as duas não concordaram. Rose foi irredutível e não deixou que as duas prosseguissem com seus conceitos, mesmo que elas fossem maioria.

― A Rose poderia ser mais flexível às vezes, estamos querendo ajudá-la – Ellie comentou sussurrando para Chole assim que viu Rose sair de perto das duas para sua próxima aula.

― Oi meninas, posso falar com vocês?

― Nancy?! – as duas exclamaram juntas.

xx

Aquele fim de tarde estava sendo torturante, organizar os livros em ordem alfabética na sessão de História da Magia não era uma tarefa nada agradável, e além disso aquele Trasgo estava atrasado o que deixava Rose fazer o trabalho todo sozinha.

― Ah, mas eu sei o que está pretendendo, só porque sou mulher, quer que eu faça todo trabalho sozinha. Mas não vou mesmo! – pegou uma cadeira e sentou, esperando o rapaz aparecer.

O que aconteceu menos de um minuto depois.

― Me atrasei para nosso encontro, me desculpe minha pétala delicada.

― Não me chame de pétala delicada! – ela gritou e observou que ele ajoelhou-se a sua frente.

― Demorei porque estava atrás dessa flor – ele tirou uma rosa vermelha de trás de suas costas e entregou a ela.

Rose pegou a rosa da mão dele e amassou todas suas pétalas destruindo a flor.

― Odeio flores – disse raivosa.

Scorpius levantou do chão sabendo que tinha se enfiado na maior enrascada de sua vida.

― Desculpe estar tentando ser gentil – disse encaminhando para uma prateleira para começar a cumprir sua detenção.

Rose levantou da cadeira e se postou na frente do garoto.

― O que está pretendendo? – Scorpius estreitou os olhos receoso diante da pergunta da garota – Porque sei que quer alguma coisa.

― Estou apenas cansado de brigas – abaixou seu olhar evitando encara-la.

― Sou bonita não sou? – ela começou a andar em volta dele – É o que dizem por aí. E também sei que me chamam de Rosa espinhenta. Não sou idiota.

― Aonde quer chegar? – perguntou já imaginando a desculpa esfarrapada que diria a ela

― Por que está me dando essas cantadas baratas? Por acaso fez uma aposta idiota de me conquistar?

Scorpius engoliu em seco e negou com a cabeça.

― É só meu ego – disse rapidamente – todas as garotas caem aos meus pés, todas menos você.

Ela começou a rir sarcástica.

― Nunca aconteceria comigo, você é o mais patético dessa escola.

― Bom saber – ele deu um sorriso amarelo e começou a arrumar os livros.

Rose sentou-se novamente na cadeira pensativa.

― Você tem várias garotas a seus pés? – perguntou em voz alta a si mesma – E os garotos te tem como espelho...

Scorpius virou seu olhar para ela tentando imaginar onde ela queria chegar.

― O que está pensando? – não deixou de perguntar curioso.

― Nada – ela levantou e começou a espantar algo em volta de sua cabeça, como se algum mosquito tivesse te perturbando – É melhor arrumarmos esses livros logo.

xx

― E então, qual foi o truque que ela armou com você desta vez? Porque conseguir beija-la já sabemos que não conseguiu – perguntou Otto junto com Markus na sala comunal da Sonserina.

― Não me armou nenhum truque, apenas cumprimos a detenção – disse carrancudo aos colegas.

― Está percebendo que já perdeu a aposta – Markus começou a rir da cara do amigo.

― Não vou perder essa aposta, Rose só é um pouco difícil.

― Um pouco difícil? – Otto exclamou dando gargalhadas.

― Ela é espinhenta? É. Gosta de me provocar? O tempo todo. Tem ideais ridículas que quer realizar? Sempre, mas...

― Mas... – disseram os dois juntos.

            ― Mas ela não vai resistir ao meu beijo. Nenhuma resiste.

― Vai beija-la a força! – disseram os dois juntos.

― Vou! – disse decidido – Assim que ela provar meus lábios não vai mais resistir a mim.

― Só pra te lembrar – disse Markus – Ela tem que querer te beijar.

― Ela vai querer! Assim que provar meus lábios uma vez vai querer provar sempre!

Deu um sorriso confiante aos amigos que olharam um para o outro descrente do que tinham acabado de ouvir

― Quando vai acontecer? – Otto quis saber.

― Seremos só nós dois a maior parte do fim de semana. Será o momento perfeito. Ela estará longe de sua guarda real. – Malfoy tinha certeza que daria certo.

Talvez até ficassem juntos mais vezes, a garota tinha um gênio difícil, mas era tão bonita.

xx

Os dias continuaram passando em meio a arrumações de livros e aprimoramento de estratégias. Rose achou suas companheiras de luta um pouco esquisitas. Não pareciam tão entusiasmadas quanto antes, ficavam quietas e pensativas enquanto Rose discursava animada. E apesar da ruiva adorar ser aquela que fala e expressa sua opinião com convicção também gostava de ver suas amigas se expressarem tão eufóricas quanto ela.

― O que está acontecendo com vocês? – A Weasley questionou preocupada. – Estão doentes?

            ― Nada disso... – Chloe respondeu. – É que a Nancy veio conversar com a gente...

― O que? – A voz de Rose foi quase como um grito. Ela não acreditava que seria traída novamente.

― Rose... – Ellie tentou explicar o que estavam pensando, mas Rose pode virar uma tempestade quando o assunto Nancy está no ar.

― Aquela traíra! Está tentando roubar minhas amigas, minhas apoiadores. Está sendo a mesma pessoa falsa de sempre. Eu que pensei que apesar de tudo ainda existia sororidade entre nós.  – Rose saiu bufando e resmungando. – Eu vou descobrir o que ela pretende e o que são essas reuniões todas.

Ellie e Chloe ficaram se olhando e pensando que talvez Nancy estivesse certa e Rose estivesse tomando um rumo radical que a prejudicaria muito.

A raiva da ruiva era tanta que parecia furacão andando pelos corredores de Hogwarts, empurrou alguns alunos assustados do primeiro ano. Ainda era jovens, mas também se tornariam os vermes que os do último são. Ela quase passou por cima de Malfoy e lhe deu um chute na canela, os amigos riram e avisando que era melhor ele tomar cuidado com o beijo senão ela arrancaria sua língua. Mas quando encontrou quem procurava o agarrou pela gola da camisa e o arrastou para a parede mais próxima.

― Agora vai me contar tudo sobre esse novo grupo e essas reuniões.

Rose estava com tanta raiva que seus cabelos já bagunçados pareciam ainda mais volumosos.

― Rose, o que está acontecendo? – Alvo Potter questionou.

― Primeiro você perdeu a oportunidade de me chamar de Rose, no máximo Weasley. Segundo, ninguém se importou com o que aconteceria quando tornou-se o inimigo enfeitiçando minha melhor amiga e fazendo ela se virar contra mim. – Rose deu um leve grunhido, leve porém assustador. – E eu confiei em você! Achei que era diferente desses idiotas, mas na primeira oportunidade acabou com tudo.

― Prima... – Alvo já tinha tido essa discussão tantas vezes. Tentou explicar para Rose que namorar com a amiga dela não era sinal de que precisavam se distanciar, mas que talvez a prima fosse um pouco extremista, algo que o movimento que ela defende é totalmente contra. Mas quando ele tentou clarear seus pensamentos Rose o repeliu como se ele fosse um inseto.

― Eu quero saber sobre as reuniões. – Ela disse mais uma vez. – E porque sua namorada quer roubar minhas amigas.

― Nancy não quer nada disso. – Potter respondeu.

― Eu não queria usar isso, mas eu sei que você namora há quase um ano. Sei que tio Harry e tia Gina não sabem ainda. E o mais importante eu sei que James não sabe.

― Você não faria isso... ― Alvo gaguejou. – Você odeia James, mais do que odeia o Malfoy.

― Situações extremas pede medidas desesperadas. – Rose deu de ombros.- Imagina o que James faria com essa informação. Sem ela ele já faz tantas coisas. Eu imagino um dia dos namorados com você recebendo berradores com frases de nível baixíssimo. Ou presentes que humilhariam não apenas você, mas sua querida namorada. Você conhece o tipo nojento do seu irmão.

― Não acredito que faria isso. – Ele não estava reconhecendo a prima.

― Sim. Eu faria. – Rose respirou fundo. – Comece a falar.

E Alvo falou. Explicou que o grupo era sim muito relacionado ao movimento feminista e a simpatizantes, mas que o grupo tinha vertentes que tratavam sobre racismo, preconceitos gerais. Que a maioria que participava concordava com as eleições para monitores, mas que não com o método usado por Rose. E que Chloe e Ellie eram muito boas com a papelada e Nancy queria ajuda para que seu grupo elaborasse alguns papéis de forma coerente.

O Potter do meio conseguiu sair ileso. E Rose apenas o ameaçou, jamais falaria com James nem que sua vida dependesse disso. Mas agora ela sabia o que estava acontecendo. Já era tarde e os dias seguintes seriam o momento de tramar seus próximos passos. Precisava pensar com clareza, tinha que colocar os pensamentos no lugar.

xx

Se existia algo que Lily odiava era ficar se olhando no espelho. Quando Anne trouxe roupas para elas escolherem e decidirem qual seria a ideal para o passeio em Hogsmeade ela sentiu o gatilho em sua mente. As palavras “ruiva sardenta" eram cantaroladas em sua cabeça com uma voz bem maldosa. Quisera ela ter puxado seu pai e seus cabelos castanhos, talvez dessa maneira Dave pudesse ter se apaixonado por ela e não por Anne.

A noite de Lily foi composta por pesadelos em que ela acordava com sardas que explodiam sempre que Dave se aproximava deixando ela ainda com mais sardas e ele ria dela, Anne ria dela e até Hugo ria dela. Quando amanheceu estava péssima precisaria de muitos doces para se sentir melhor. Dedos de Mel seria sua primeira loja.

― O dia está ótimo para um passeio não acham? – Anne tentava quebrar o clima pesado entre os quatro, já que estavam andando em direção ao vilarejo em completo silêncio fazia dez minutos.

Só que o dia não estava ótimo, estava muito nublado e parecia que cairia uma tempestade a qualquer momento, como se o tempo refletisse o que a ruiva estava vivendo dentro de si.

― Acho sim Anne – respondeu Hugo amigável tentando deixar o clima mais ameno – Onde querem passar primeiro?

― Preciso beber uma cerveja amanteigada – Anne disse sorridente.

― Eu também – disse Dave olhando para ela sorrindo, o que deixou o rosto da garota completamente vermelho.

― Preciso passar na “Dedos de mel” urgentemente – disse Lily tentando parecer animada.

― Aposto que para comprar aquele seu doce preferido Lily, de caramelo – comentou Dave displicentemente, não tendo a menor ideia do que fazia com o coração dela só de proferir aquelas palavras.

― Acho que está começando a chover – constatou Hugo e os quatro começaram a correr para o bar da madame Rosmerta.

Sentaram-se os quatro em uma mesa. Lily ao lado de Hugo, bem de frente ao Dave, não conseguiria nem disfarçar se olhasse diretamente para ele.

Tudo estava parecendo piorar. Pediram os quatro uma cerveja amanteiga. Hugo sempre tentando puxar assuntos diversos, na verdade ela nem escutava o que falavam, dava alguns risos de vez em quando e concordava com a cabeça quando lhe chamavam para a conversa. Entornou três copos enormes de cerveja amanteigada, já que preferia manter sua boca cheia ao invés de participar do bate papo.

Hugo a observava de esgueio e estava começando a ficar preocupado pelo tanto de bebida que ela estava ingerindo. Tudo bem que cerveja amanteigada não tinha álcool, mas...

― Lembra quando matamos a aula do professor Binns Hugo? Ficamos jogando videogame trouxa na escola escondidos, foi bem melhor que assistir a aula é aprendemos mais sobre guerra jogando RPG.

Dave dava gargalhadas enquanto conversavam, Lily reparou que ele levou sua mão próxima a de Anne e começou a acariciar com o polegar o dorso da mão dela.

Lily sentiu uma vontade louca de vomitar.

― Preciso ir ao banheiro – anunciou levantando-se da onde estava sentada.

― Vou com você!

Lily olhou desesperada para Hugo que não sabia o que fazer, se vendo sem saída começou a andar com a melhor amiga para o banheiro feminino.

― Que bom que teve a ideia de vir ao banheiro. Preciso falar com você.

Lily sentia o suor sair do seu corpo estava um pouco tonta.

― Dave sussurrou agora pouco em meu ouvido que quer ir lá fora, para conversar – segredou a melhor amiga – Estou apavorada Lily.

― Por que estaria? É uma desculpa para te agarrar – falou o que seus pensamentos gritavam.

― Tenho medo dele descobrir que... Não sou o que pensa que sou – Anne segurou nas mãos de Lily – E se ele descobrir que não sou inteligente como nas cartas?

― Você é inteligente Anne.

― Não como você! Me ajude Lily – implorou a amiga – Me diga algumas frases que posso dizer a ele se... se ele... se declarar para mim.

Lily arregalou os olhos diante do que ela havia dito.

― Você quer que eu dite uma falas para você?

― Assim soa ruim – se defendeu Anne – Eu só vou ficar completamente muda e não vou saber o que fazer.

Lily suspirou e começou a sentir sua cabeça latejar de dor.

― Apenas o beije. Não precisará falar nada.

Saiu do banheiro deixando a amiga para trás. Não acreditava que Anne queria que Lily ditasse as falas, como se Anne fosse sua marionete, muito mais bonita e madura, mas que não sabia proferir seus sentimentos em palavras.

Viu um garçom passando ao seu lado e pegou o primeiro copo da bandeja o entornando inteiro.

― Ei garota você vai pagar por isso!

O líquido desceu rasgando sua garganta e a fez tossir assim que acabou de engolir.

Hugo observou a cena de longe e viu que a prima precisava dele.

― Vou deixar você sozinho com a Anne, boa sorte.

Ele fez menção de se levantar.

― Hugo espere, o que digo a ela? Alguma frase romântica para ela se apaixonar por mim? – implorou ao amigo.

Hugo olhou para frente e viu que Anne estava chegando perto.

― Apenas a beije!

Saiu de perto do amigo e foi procurar a prima. Havia parado de chover, mas as nuvens escuras no céu diziam que ia desabar uma tempestade em breve. A viu sentada num banco, chorando de soluçar, uma dor muito aguda que a feria gravemente.

― Não fique assim – pediu a prima se agachando de frente a ela.

― Eu achei que fosse mais forte me desculpe – disse em meio ao choro – Anne me pediu para dizer palavras românticas para dizer a ele agora, não consegui disfarçar. Tive que sair de perto dela.

Hugo não acreditou no que estava ouvindo, será que os dois não conseguiriam viver um romance sem suas ajudas?

― Não gosto de te ver chorar Lily – respondeu Hugo desesperado – Você queria um doce. Vou comprar a “Dedos de mel” inteira para você. Já volto.

O garoto saiu de perto dela procurando a loja de doces, com certeza um chocolate ajudaria a acalma-la.

Lily sentia cada vez mais sua cabeça latejar de dor e suas lágrimas não a deixavam enxergar direito, precisava se recompor, estava muito fraca, não podia deixar se abalar tanto assim. Fez menção de levantar do banco, mas teve uma tontura e caiu no chão. Sentiu grossas gotas de chuva caírem do céu, ficou sentada no chão sujo, esperando que a chuva limpasse sua dor.

― Lily você está bem?

Ouviu alguém a chamar, levantou seu rosto, mas a chuva e suas lágrimas a impediam de enxergar direito, a tontura parecia piorar, com certeza havia ingerido álcool no bar.

O sol entre nuvens iluminou um feixe de cabelo e ela viu que era ruivo.

― Dave me desculpe, eu... Eu... Tentei te... Precisa voltar para Anne.

Pediu desculpas ao garoto, lutando para não parecer debilitada perto dele.

― Vou te ajudar a levantar.

― Não... Você não pode... – A voz de Lily estava arrastada. – Anne... Eu... Nós... Dave eu....

Mas o garoto ignorou a menina e continuou a ajudando. Provavelmente Lily nunca mais beberia nada em Hogsmeade.

Ele segurou-a firmemente na cintura, ela podia sentir o perfume amadeirado de sua pele, seus rostos estavam a milímetros de distância e a garota lutava contra si mesma para não beija-lo. Foi quando ele a beijou.

Seu primeiro beijo com o garoto dos seus sonhos. Sua cabeça girando como uma roda gigante.

Sentiu o primeiro toque dos lábios nos seus e não podia acreditar no que estava acontecendo, não poderia ser certo, não com Anne ali em algum lugar, esperando por ele, esperando por seus beijos. Estava sendo uma péssima amiga, mas parecia tão certo para seu coração que ela puxou-o para si e o beijou como sempre havia imaginado em seus sonhos. Os lábios dele eram exatamente o que ela esperava que fossem. Doces. Como se ele tivesse comido a Dedos de Mel inteira. Os doces lábios de Dave.

Ele passou a mão pelos seus cabelos e a trouxe mais junto de si, ela relou em seu peito e percebeu que ele usava uma correntinha por debaixo da camiseta.

Não queria desfazer seu beijo, mas sentiu seu estômago embrulhar, será que era a bebida ou o remorso de estar beijando o namorado da amiga. Separou-se dele e vomitou na calçada. Pensou que talvez fosse o karma, sua prima Rose vivia falando sobre isso.

Sentiu o garoto sair de perto dela como se estivesse apavorado. Com certeza estava arrependido. Nunca mais conseguiria olhar para ele. E não saberia como olhar para Anne.

xx

Rose entrou na biblioteca e viu aquele Trasgo do Malfoy lhe esperando com um ramalhete de rosas.

― Minha doce Rose, minha pétala delicada – ele falou galanteador chegando perto dela com as flores.

― Poupe meus ouvidos, odeio quando começa com esses elogios açucarados – empurrou o ramalhete de flores para longe de si ― E não me chame de pétala delicada.

― Meu erro, pétala delicada, foi me encantar por você – ela riu sarcasticamente.

― Pare de mentir a si mesmo.

― Só estou tentando demonstrar minha admiração pela mulher que é.

― Não estou interessada em sua admiração!

― Não fale assim – ele ajoelhou-se de frente a ela e levantou o buquê – não vê que estou caído a seus pés.

― Levante-se! Vai ficar com calos nos joelhos – ela tirou as flores da mão do garoto e as arremessou para longe – Já disse que odeio flores.

Scorpius levantou do chão e bufou de raiva. Precisava se controlar para não começar uma brigar com ela.

― Vai me diga logo! – ela exigiu colocando-se de frente a ele – Por que está tentando me conquistar?

― Já lhe disse. Ego masculino, não suporto saber que você é a única que não cai de amores por mim – ele lhe deu uma piscadela o que fez a garota se afastar dele.

― Típico dos homens, não podem ver uma mulher independente, inteligente, bonita como eu que acham que a conquistando conseguirão se sobressair – ela balançou a cabeça negativamente para ele – Francamente você não passa de um frouxo.

Scorpius olhou com raiva para ela.

― Ei, ei ei! Não admito que fale assim comigo.

― A boca é minha! Uso ela como bem entender! – gritou nervosa começando a andar para longe.

― Acontece que o melhor uso da boca é quando ela fica calada.

Scorpius segurou no braço da garota impedindo que ela continuasse a andar e a puxou para perto de si. Segurou sua cintura e a beijou na boca.


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Notas finais do capítulo

Dois beijos em um só capítulo! Merecemos comentários, não acham. Obrigada as leitoras que apareceram por aqui. O capítulo do desfecho do beijo somente sábado que vem.



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