Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 28
Verdades escondidas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
* foto do Murilo de cabelinho cortado, coisa mais linda.Tem mais foto dele que ainda vai ser postada, inclusive depois adulto.Foto do Kevin também. Pq eles são os donos de tudo, é isso e ponto.



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Alice Narrando

O abraço do meu irmão sempre foi a coisa mais forte pra mim, ele não era delicado como o Arthur, ele tinha um abraço de quebrar costela, um abração de urso que depositava todo o sentimento que ele tinha pela gente. E eu amava isso. Ainda não acreditava que ele estava aqui.

Quando chagamos em casa depois de ficarmos um bom tempo na casa da vovó com todo mundo, ele veio até o meu quarto.

— Eliot já se acomodou e está tomando banho. – ele se deitou em minha cama. Fiquei olhando pra ele sabendo que ele queria desabafar. – Eu não devia ter voltado pra casa.

— E eu posso saber por quê?

— Sabia que o risco era grande... Assim que vi Rafael... E eu ainda nem vi Caleb.

— Dá para dizer coisas mais claras? – ele ficou em silêncio. Suspirei e me deitei ao seu lado. – Você ainda gosta dele Murilo?

— Não sei. Evito pensar nisso. Eu acho que o problema com Rafael é ele mentir sabe? Ele finge que eles não têm nada quando na verdade os dois estão vivendo um romance.

— E daí Murilo? Por que você tá cobrando um posicionamento dele?

— Você não acha que eu tenho o direito de saber?

— Não. Você tem o seu namorado. Ele não está mais ligado a você.

— Não é pelo Kevin e sim pelo Rafael. Somos amigos.

— Entendi. – fiquei pensando naquilo.

— Não é que eu seja um imbecil que esteja com ciúme e queira controlar a vida do ex namorado. Só queria... Saber. Não sou burro Alice, sei que as pessoas começaram as esconder as coisas de mim depois do meu diagnóstico.

— Olha... Até onde eu sei, eles tem um caso. Se virou romance eu estou bastante desinformada. Mas já faz alguns dias que não converso com Kevin. – ele me olhou parecendo perceber minha mágoa.

— Você gosta muito dele né? – não aguentei e comecei a chorar. – Alice!

— As palavras dele voltam toda vez que eu vou dormir. “O seu namorado quase te traiu”. Como se ele tivesse prazer no meu sofrimento. E nós estávamos tão próximos, nunca imaginaria que ele faria isso comigo. O Kevin não tem exceção. Ele machuca qualquer pessoa.

— Independente disso ele não mentiu. O que você está pensando a respeito disso tudo?

— Acabou. Não quero ficar com um cara que... – ele me interrompeu.

— Um cara que te ama, te espera por três anos, faz tudo o que você quer, muda de cidade pra tentar te esquecer, que...

— Você mudou de País. – falei calmamente.

— Não fiz para esquecê-lo. Fiz porque sabia que se eu ficasse ele faria a missão de terminar o namoro impossível.

— Oi. – o namorado dele apareceu na porta. – Fiquei esperando um tempo, mas você não aparecia.

— Vem cá. – ele o chamou e ele se sentou na beirada da cama.

— Vocês são tão fofos. – falei ao ver meu cunhado fazendo massagem nos pés do meu irmão.

— É a terceira vez que ela diz isso. – ele disse e riu.

— Se bem a conheço ela vai dizer umas quinze. – meu irmão o falou e me olhou.

— Você que o convenceu a cortar o cabelo? Ele nunca corta tanto o cabelo assim. – perguntei realmente assustada.

— Não. – os dois se olharam.

— Deve ser algo intimo, eu não quero saber. – falei e ri.

— Larissa e Alexandre ainda não assumiram esse namoro? – Murilo perguntou franzindo a testa. Dei uma risada alta.

— Se depender de atitude dos dois não vai dar em nada.

— Vai passar o tempo e vai acabar, escuta o que eu estou dizendo.

— E o Ryan que agora admitiu publicamente que é apaixonado pela Otávia? – rimos juntos. – E ela parece não estar nem aí pra isso. O que é irônico, já que há um ano atrás ela gostava dele.

— Agitado os amigos de vocês. – o namorado dele falou e riu.

— E o Yuri? – Murilo perguntou me olhando.

— Saiu do abrigo ficando com Sophia, mas queriam coisas diferentes. Ela até ficou com o Ryan um tempinho atrás. – meu irmão riu.

— Ta aí um casal que eu nunca imaginei. – após sua fala Murilo passou a mão na orelha. Pensei que ele estava incomodado com Ryan e Soph, mas não era.

— Tira o alargador, vou colocar no seu quarto.

— Que fofo! – exclamei. – Ele percebeu que estava te incomodando.

— Ele repara em mim o tempo todo Alice. – ele reclamou o olhando.

— Se não fosse assim eu não te ajudaria em suas crises.

— Vai lá, vai. – ele o entregou o objeto. Assim que ele saiu olhei para meu irmão.

— Gostei do Eliot. – falei e sorri.

— Não tem como não gostar. Ele é isso aí... Atencioso, amoroso, não fere as pessoas, é altruísta, tem a alma boa... Ele é encantador Alice. Eu me apaixonei por ele logo no primeiro instante. Não precisei transar com ele várias vezes como uns e outros.

— Esquece os dois. Sério. Olha o cara incrível que tá do seu lado.

— Vou tomar banho para jantar e dormir. Estou morto.

Dei um beijo nele e deixei que ele fosse. Era lamentável perceber que o sentimento de Murilo por Kevin não mudou nada, pareceu apenas aumentar. Ele estava descontroladamente ciumento em relação ao ex e Rafael. A parte boa disso tudo era que a minha preocupação com ele tirava todo o foco da dor que eu estava sentindo pela falta que Arthur fazia. Só não sabia até quando isso seria o suficiente.

Murilo Narrando

Havia acabado de me arrumar para irmos a boate. Peguei a chave do carro do meu pai e sai com Alice e Eliot. Rafael não estava mais aqui então eu não teria que lidar com o fato de olhar pra ele e lembrar os dois. Pelo menos eu achava que não.

Entramos e vi que havia uma luz rosada bem forte, o que fez com que eu fechasse os meus olhos mais do que eles já eram fechados. Fomos para o segundo pavimento onde ficaríamos e eu segurei na grade observando lá embaixo.

— Senta comigo. – Eliot me chamou e eu me sentei no sofá acolchoado. – Por que eu acho que você não consegue relaxar? Tenho essa impressão desde ontem. – ele falou baixo em meu ouvido.

— Saber que no jantar de natal eu vou vê-lo... Faz isso. – falei me referindo a Caleb.

— Ele não vai te fazer nada. Você não está mais com o filho dele.

— Mas parece que ele me odeia. O ódio que ele tem por meu pai ele transferiu pra mim. E ainda ele é preconceituoso e vai ver nós dois juntos. Não quero que faça comentários homofóbicos e... – ele me cortou.

— Murilo. – ele olhou em meus olhos. – Calma. Ele é só um cara idiota. Não pode deixar ele te controlar desse jeito. – sua mão veio até o meu rosto e o seu carinho magicamente me acalmou um pouco.

— Desculpa. Não quero transforma essa viagem em algo pesado.

— Não está sendo. Só me preocupo com você, sabe disso.

— Casal. – Otávia nos chamou. – Vamos brindar? – pegamos os copos de shot e brindamos. A música que tocava era uma que eu gostava, mas nem isso me fazia relaxar.

— Vamos dançar. – Soph me chamou e eu fui, era melhor fingir até conseguir me animar completamente. Eliot preferiu ficar conversando com Larissa e Alexandre. Arthur olhava incansavelmente para Alice, Yuri já procurava alguma garota com Ryan e Giovana estava perto da gente, sem dançar muito. Otávia também. Depois que a música acabou começou uma que não tinha o ritmo tão bom. Ficamos mais perto do pessoal.

— Fabiana e Alícia chegam amanhã. – Arthur contou me olhando.

— Sério? – sorri. – Vai ser bom ver Fabiana, ela é demais.

— A alegria dela faz falta. – ele concordou.

— Eu sou a que sinto mais falta com certeza. – Alice disse um pouco triste.

Mais uma música se iniciava e essa já era melhor, mas continuamos ali. Bebi mais um pouco e confesso que nem isso estava adiantando. Olhei para Eliot e ele sorriu, o sorriso que eu conhecia. Eu me abaixei ficando com o rosto perto do dele.

— O que foi, tá preocupado com o que? - perguntei com a voz suave.

— Sabe que não pode beber muito né? - sorri com a sua pergunta.

— Até agora foram três doses. Quando eu tiver louco e nem souber o que estiver bebendo você pode me parar. – ele deu uma risada. Selei nossos lábios.

— Eu te amo. Muito. – fiquei olhando em seus olhos. – Vai dançar com a sua prima.

Já eram duas da manhã eu disse que iria ao banheiro e sai para tomar um ar. O segurança olhou a minha pulseira e o meu estado e autorizou a minha saída e disse para eu não demorar. Acho que ele também não estava muito bem humorado. A música alta era nitidamente ouvida daqui de fora. Respirei fundo e me encostei ao muro perto do estacionamento que era de frente para a rua. Maldita hora. Vi um carro passando. Igual ao dele. Não pensei duas vezes. Peguei o carro do meu pai e fui em alta velocidade atrás do carro. Alta velocidade mesmo. Quase causei um acidade. Mas o alcancei. Dei um cavalo de pau e parei em frente o fazendo frear bruscamente. Não era ele.

— Você é louco cara? – o homem saiu do carro. E era o dobro do meu tamanho.

— Ei, calma. – vi Arthur saindo do carro dele e vindo até a gente. O cara já não parecia tão valentão e nervoso assim mais. – Ele tem um problema mental sério. Desculpa. De verdade. Não é mentira. Aconteceu alguma coisa com o seu carro?

— Não. – ele respondeu com mau humor. – Vaza otário. – ele mandou olhando pra mim. – encostei meu carro no acostamento e ele foi embora.

— Você ficou doido? – meu primo perguntou me olhando. – Nem precisa me explicar o que aconteceu aqui porque eu já entendi. Ele trocou de carro Murilo.

— Por que você não me contou?

— Não imaginei que isso era importante. Você namora, não sabia que precisava cogitar a ideia de você seguir um carro igual ao dele e o pior, quase causar um acidente grave.

— O cara estava correndo.

— E você mais ainda! Que idiotice Murilo!

— Por que você estava atrás de mim?

— Eu te observei a noite inteira. Você não está bem. Quando vi você descendo imaginei que sairia e quis tentar conversar contigo.

— Essa ideia de você usar droga é ridícula. Esse é você, o que se preocupa com tudo e com todos.

— Aconteceu. – ele respirou fundo. – Murilo... – dei um grito que estava entalado em minha garganta. E quando percebi que aquilo ainda doía muito comecei a chorar.

— Achei que tinha esquecido. Todo maldito momento eu pensei que isso não era mais tão forte assim.

— Assim que coloquei os olhos em você vi que não havia esquecido. Mas você precisava descobrir isso sozinho.

— O que eu faço agora? – perguntei em um tom de súplica.

— Tá perguntando para o cara que perdeu a garota que ama.

— Vocês dois vão voltar. Agora eu e Kevin... Sabe que eu parti o coração dele né?

— É, você partiu mesmo. – nos olhamos. – Mas apenas você pode restaurar.

— Senti que ele e Rafael têm uma conexão. Eu nunca sabia onde o Kevin estava. Odiava isso. No abrigo ele sumia, sempre. Já com ele rola de dizer quando chegou e tipo... Parece que a relação dos dois é diferente. Sabe que eu sou esperto, não sabe?

— Se ver os dois juntos vai saber o que tá rolando. Ainda bem que isso não vai acontecer.

— Eles estão apaixonados. Não estão? – ele ficou me olhando.

— Sabe quando você não consegue controlar? E fica sorrindo e falando da pessoa o tempo todo, sentindo necessidade dela? É isso. Mas sabemos que isso acaba. E quando passar... Vai ser você. Sempre vai ser você. Acha que ele não está aqui por quê? Se ele te visse com alguém isso iria mata-lo. E o que você está sentindo agora é o que ele sentiu quando soube que você havia seguido em frente.

— Preciso que faça uma coisa por mim. – ele me olhou desconfiado. – Sou bloqueado por ele. Faça uma ligação pra ele pra mim. Preciso ouvir a voz dele.

— O seu namorado não vai gostar disso. – seu aviso veio em um tom de voz sério.

— Não importa. Eu preciso muito Arthur. Por favor.

— Tá bom. Mas não vai ser agora. Vou esperar até amanhã. Se você não mudar de ideia eu ligo. – aceitei, mesmo querendo que fosse naquele instante. – Até mesmo porque se eu acordar ele o risco de você não ouvir a voz dele é muito grande. Agora vamos voltar pra lá.

Voltamos e Eliot estava apreensivo e um pouco chateado. Eu disse que fiquei lá fora conversando com Arthur e ele pareceu ficar de boa. Não demoramos muito a ir embora. No outro dia assim que acordei tomei café rápido e aproveitei que ele estava dormindo.

— Mãe vou rapidão na casa da vó pegar um negócio com Arthur e já volto. – avisei pegando a chave do carro do meu pai.

— Pode ir tranquilo. Seu pai organizou tudo para tirar férias até você voltar. Se ele precisar sair ele usa meu carro e se o Eliot acordar eu sirvo café pra ele. – ela beijou meu rosto.  

Sai rapidamente e cheguei lá vendo que ele tomava café bem sonolento. Ele ficou me olhando e parecia querer rir.

— Anda. – mandei após me sentar de frente pra ele.

— Bom dia também Murilo. – ele falou e pegou seu celular. – Vai querer falar com ele? – balancei a cabeça negativamente. Ele pareceu insatisfeito com a minha resposta.

“Olá Arthur. Já disse que não vou te ajudar.”— aquela voz. O jeito de falar. Fechei os olhos. Aquilo não foi uma boa ideia.

— Deveria. Perdi minha namorada por sua causa.

“Qual é Arthur, ela vai passar uns dias longe de você e daqui a pouco tudo volta ao normal.”

— Pois é Kevin, mas já são cinco dias. Daqui a pouco faz uma semana. Se ela não voltar pra mim eu juro que eu te mato.

“Vou ligar pra ela.”

— Ela não quer nem ouvir falar no seu nome. Está muito magoada com você e com raiva. Não vai te atender.

“Você também estava com essa mesma raiva e está me ligando.”

— Você já atendeu se achando o fodão me negando favor... Eu nem disse nada. Você nem sabe pra que estou ligando. – o olhei assustado.

“Pra que Arthur?”

— Quando você vem?

Sabe que eu odeio cidade pequena, sinto tédio. Não tem nada pra mim aí.”— Arthur riu após sua fala.

— Onde você mora imbecil?

“Não por minha vontade.”— meu primo ficou olhando pra tela do celular.

— O que foi Kevin?

“Acho que já entendi o motivo de ter me ligado.”— a voz dele mudou absurdamente. – “Fala de uma vez Arthur. Se é assim que você acha que vai descontar o que eu fiz, vá em frente.”

— Falar o que? Sobre ele?

“Que ele tá feliz com o namorado dele. Ou qualquer coisa que seja sobre ele, não quero saber. Não faz isso comigo. Você melhor que ninguém viu de perto o que eu passei. Sei que eu não mereço consideração, mas você fazer isso comigo não vai trazer a Alice de volta. Eu vou consertar isso com ela, juro. Só não diz nada. Eu não quero saber.”

— Kevin relaxa. Não ia dizer. – Arthur me olhou e eu continuei imóvel.

“Sai de Torres porque eu sabia que não ia aguentar vê-lo ao lado de alguém então é normal o meu desespero ao achar que você falaria sobre isso. O que você quer afinal Arthur?”— ele me olhou novamente.

— Já disse. Saber quando você vem. Mesmo te odiando eternamente aqui não é a mesma coisa sem você.

“Quando ele for embora. Só isso? Tenho que desligar. Meu vô ama aproveitar as manhãs para termos conversas profundas. Adeus irmãozinho.”— ele desligou sem esperar resposta.

— Ouviu a voz dele. – Arthur falou e me olhou. – Aconteceu o que você já imaginava?

— Ele nunca mais vai me querer. Agora é tarde. E tudo que eu fiz... – ele segurou as minhas mãos.

— Você está começando a me assustar.

— Não tomei meu remédio. Preciso ir pra casa. – me levantei rápido. – Ah, muito obrigado.

— Pode contar comigo. – sorri e sai correndo. Quando cheguei em casa Eliot já havia acordado, subi a escada de dois em dois degraus e trouxe o remédio.

— O que era tão importante que você saiu sem toma-lo? – ele perguntou me olhando.

— Nada. Só esqueci.

— Estava com Arthur né? – Alice perguntou e franziu a testa. Eu me sentei na bancada ao lado deles. E enquanto Eliot contava as coisas que minha mãe insistiu para que ele experimentasse no café da manhã de hoje a minha mente vagava pra longe dali.

"Só que não tem volta mesmo com tudo em volta me fazendo lembrar de nós."


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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