Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 24
Histórico Familiar


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Murilo Narrando

Depois de minha mãe ir até a escola que eu iria fazer o curso e se encantar com a qualidade e estrutura do local tudo ficou mais real.

— Eu quero estudar nesse campus! – ela falou animada ao sairmos. - Le Cordon Bleu significa fita azul, mas por quê? – a olhei indignado.

— Você não prestou atenção em uma palavra que a moça disse né?

— Ela disse tanta coisa, que é uma rede internacional de ensino de gestão de... Ah, alguma coisa e culinária. – continuei olhando pra ela. – Ela explicou o nome?

— Sim mãe, quando estávamos indo ver os canteiros das plantações dos vegetais.

— Entendi, é porque foi depois de sairmos da cozinha! – ela me olhou e sorriu. – Fiquei tão emocionada com a forma que os seus olhos brilharam e como você ficou alegre. Só prestei atenção nisso, porque só te vi assim uma única vez... – desviei o olhar sabendo qual era a ocasião. – Murilo você não quer conversar sobre isso?

— Já está na hora da minha terapia e inclusive é onde eu converso sobre isso e tantas outras coisas, não é mesmo? – respirei fundo.

— Mas saiba que pode conversar com a sua mãe também, viu? – ela fez carinho em meu rosto e deu aquele sorriso dela.

— Vou pedir um carro, você vai ficar no hotel?

— Não, vou fazer umas comprinhas. – ela juntou as mãos de forma animada.

— Meu pai vai se arrepender bastante de ter concordado com a ideia de você ficar aqui.

— Cala a boca. Semana que vem temos que fazer as compras de natal, Alice vai amar o perfume que vou levar pra ela que é lançamento aqui e ainda não... – a interrompi.

— Mãe o carro já está chegando. – olhei em meu celular. – Já que você vai ficar por aqui eu vou ir. Daqui uma hora eu volto e te encontro, presta atenção em seu telefone, eu te mandarei mensagem. – me despedi e sai correndo.

A terapia nunca se tornaria um lugar confortável. Nunca. Mas com o passar do tempo, após ver que era necessário mexer em minhas feridas para que eu me entendesse e conseguisse me controlar, ficou bem mais prazeroso, já que havia uma recompensa final.

— Você parece feliz Murilo. – ela disse assim que eu me sentei. – Estou julgando errado? – aquela risadinha chata se fez presente.

— Não. Eu estou. Vou mesmo ficar aqui.

— Isso me lembra da sessão passada. – ela mexeu em seus papéis. – Discutimos incansavelmente o motivo de você querer ficar. Não tem mesmo nada a ver com o seu ex namorado e sim com a sua paixão por culinária. – concordei. – Na sessão anterior também você aprendeu que deve se responsabilizar pelos seus atos, que o seu pai, apesar de ter errado muito no passado, não é único e exclusivo causador das suas dores, sua irmã tinha uma doença gravíssima e você devia um zelo maior a ela. Você deve perdoa-lo e não condena-lo o resto da vida. Ele deveria participar de sessões de terapia se não quiser virar uma marionete na sua mão, a culpa vai fazer isso com ele e o medo das suas crises também.

— Ele fazia, até nascermos eu acho. Ele tem um transtorno... – ela me interrompeu.

— Eu o conheço. O mundo conhece. – ela sorriu. – Ele achou na luta uma forma de controlar os efeitos desse transtorno. E eu aposto que você deve se perguntar em que você vai achar o seu controle.

— Não. Não há nada que possa controlar isso. Além dos remédios.

— Sua felicidade acabou. – ela sorriu. Odiava isso.

— Estamos falando do meu problema, você quer mesmo que eu fique feliz?

— Aceitar ajuda sabia? Sei que você não gosta de ser assim, ninguém gostar. Noventa por cento dos meus pacientes com o mesmo transtorno dariam tudo para ter outra vida... Mas, é essa a situação por enquanto. Porém ela é temporária. Você está aqui falando de coisas que não quer e que te machucam para que possa melhorar. Tem quanto tempo que você saiu do hospital?

— Uns quinze dias ou mais.

— Nenhuma crise. Acho que é o seu recorde, né?

— Verdade. – suspirei.

— E o que você tirou da sua vida totalmente nesse tempo? – a olhei. Fiquei em silêncio. Ela também. Era tão incômodo a ausência de barulho e por um período que parecia tão grande, que me dava vontade de sair correndo dali. – Não faço meu trabalho há apenas uma ou duas semanas Murilo. Tenho experiência. E você não está aqui porque achou meu consultório bonitinho, foi uma indicação. Eu sei o que estou fazendo. Ele e o pai não são a causa do seu problema, mas toda a psicopatia que os envolve fez a sua condição que era lá da infância voltar. Talvez você só tivesse um quadro desses na vida adulta aos cinquenta anos, ou talvez nunca mais. Vai saber. Não sei. Não posso afirmar. Mas agora está evidente através de fatos a minha teoria.

— Talvez os remédios tenham sido reajustados corretamente dessa vez.

— Demora pelo menos um mês para se notar diferença significativa.

— E se eu fizer um teste? Se eu de alguma forma coloca-lo em minha vida agora só pra ter certeza?

— Você vai parar no hospital de novo.

— Na verdade... Também estou convencido disso. – nos olhamos. Olhei para a janela e encarei a paisagem. – Só queria ter total certeza. Ele me fez tão bem... Como alguém pode fazer bem a alguém e depois fazer tão mal assim?

— Pesquise os índices de crimes passionais. O amor nem sempre tem um final bom Murilo. Principalmente quando envolve doenças psíquicas.

— Ele não é igual ao pai, já te disse sabe? É isso que me deixa mais intrigado.

— O que parece é que não tem como separar os dois em sua mente. Eles estão alinhados demais. E isso não sou eu que estou afirmando, é o seu comportamento que demonstra.

— Entendi.

— Quero deixar claro Murilo que eu nunca impus nada a você... Apenas dou a minha opinião profissional. Inclusive se quiser fazer esse teste, se sinta livre. Ficarei feliz se o resultado for diverso do esperado.

— Não me sinto preso a nada que você diz, você sabe disso, eu questiono e discordo. É que... – respirei fundo. – Conforme as coisas foram acontecendo, eu tive outra experiência e... A paz que me trouxe... Hoje eu não escutar ameaças do meu sogro... Nem... – ela me deu um lenço. – Nem ouvir as barbaridades que ele dizia. Talvez o amor tenha me deixado cego. Como ele conseguia? Não tem como viver com um ser desses e... Ninguém é cem por cento bom não, todo mundo tem maldades dentro de si. E todo mundo erra, mente e faz coisas condenáveis. Mas ser daquele jeito? E crescer tendo que ser daquele jeito. Sabia que os nossos amigos nunca gostaram dele? Sabe por que? Porque ele sempre fez piadas maldosas, horríveis e ele ria... Ele se sentia bem causando o constrangimento e a dor no outro.

— Ele nunca fez isso com você? – talvez ela quisesse que eu me apegasse a uma lembrança ruim. Não existia.

— Uma vez. Eu briguei com ele quando ele implicou com uma das meninas e ele perguntou se eu iria chamar o meu pai transtornado para bater nele e eu respondi que iria chamar o dele para comer a minha mãe, já que ele gostava de traição e até teve ele através de uma. – ela arregalou os olhos. – É o ponto fraco dele e eu sabia disso. Ele nunca mais mexeu comigo. O capeta sabe pra quem aparece. A partir desse dia toda vez que ele mexia com a minha irmã a chamando de doente ou retardada por causa do problema neurológico dela eu o mandava calar a boca e ele ficava quieto.

— Relação legal né? Respeitosa. 

— Você lembra da sua adolescência não lembra?

— Está me chamando de velha? – ela quase riu.

— Não. É que adultos esquecem tudo. Somos adolescentes, não sabemos bem o que estamos fazendo.

 - É, isso é bem verdade. Desculpa ter te interrompido antes, pode continuar a falar dele.

— Ah... Só não entendo como ele é isso que ele é pra mim... Talvez eu tenha me enganado. Quando a gente se apaixona a gente inventa a pessoa não é?

— Sim. A gente a idealiza.

— Quando eu esquecê-lo vou ver que não era nada disso, porque não pode ser.

— Mas você o ama. Não é uma paixão Murilo.

— Talvez não seja amor.

— Acho difícil. Você fala dele do mesmo jeito que falou desde o primeiro dia. Se fosse mesmo paixão já teria diminuído a magnitude.

— Extrapolamos o tempo hoje. – falei ao notar que a próxima pessoa já a esperava.

— Gosto quando é assim. – ela sorriu. – Eu te vejo semana que vem?

— Sim. Ah, eu iria passar apenas uma semana lá em casa no natal, mas como vou ficar aqui eu resolvi ficar o fim de dezembro e janeiro.

— Murilo... Você sabe que não está preparado pra isso né?

— Uma hora ou outra eu vou ter que vê-lo, ele faz parte da minha família.

— Eliot vai mesmo com você para o natal? – concordei gestualmente. – Se você fez o convite e é responsável por essa ideia, trate de mantê-lo seguro. Não digo nem pelo pai psicopata, esses costumam agir à surdina. Digo mais pelo seu ex namorado. Você sabe lidar com ele, mas existem pessoas que são mais sensíveis aos comentários de mau gosto. E você pode estar prejudicando o psicológico de uma pessoa que não tem nada a ver com tudo isso.

— Kevin irá passar o natal na casa da família da mãe. Espero que ele decida passar as férias por lá. Mas caso ele volte, eu vou tomar cuidado. – ela sorriu e nos despedimos.

— Mãe você enlouqueceu? – perguntei ao ver o tanto de sacola em sua volta e ela sentadinha no café lanchando como se aquilo não fosse nada.

— Não vamos voltar de carro? Não há problema. – suspirei.  – Tá leve. – revirei os olhos. – Tá com fome?

— Se estivesse teria perdido. Sabe que odeio consumismo.

— Você é chato igual ao seu pai, sabia? E você é consumista.

— Não a esse ponto.

— Por que voltou nervoso? Semana passada voltou mais tranquilo.

— Anda logo. Só quero ir embora descansar.

Assim que chegamos no hotel Eliot veio até a gente e pegou a maioria das sacolas. Quando entramos no elevador minha mãe começou a rir.

— Além de consumista é louca? – perguntei a olhando.

— A fofura do seu namorado é tão extrema que chega a dar vontade de aperta-lo.

— E qual é a graça? – continuei a encarando.

— É que é tão inacreditável... Ele lembra o meu jeitinho. – ela sorriu dando uma risadinha. – E o de Luna, da Isadora...

— Quem são essas? – ele perguntou nos olhando.

— Minha tia e minha vó. – respondi.

— Ah, me sinto lisonjeado. – ela sorriu pra ele.

— Tá vendo? Ele é até melhor.

— Ainda não entendi o motivo de rir.

— O seu pai me encontrou, o seu tio encontrou sua tia e seu avô encontrou sua vó. Parece que você já o encontrou.

— Tem que ser fofo? Não pode ser de outro jeito?

— Pode. Mas não é muito coincidência nossa família ter esse histórico e ele ser assim? – o elevador se abriu. – Vocês são muitos novos ainda, só estou brincando. – ela abriu a porta e o olhou enquanto ele posicionava as sacolas dele e as ajudava com as dela. Deixei as que eu segurava e fiquei olhando os dois. – Muito obrigada futuro marido do meu filho. – ela continuou com a brincadeira e me olhou, sabendo que estava me irritando. – Vou tomar um banho. – assim que ela entrou no banheiro Eliot chegou perto de mim.

— Como foi a terapia? – olhei em seus olhos.

— Difícil como sempre. Você acabou de chegar né? – olhei seu cabelo molhado e arrumadinho.

— Uhum. – ele sorriu e selou nossos lábios. – Amanhã é minha folga, tá lembrando que combinamos de sair?

— Claro. Já avisei a minha mãe que eu vou passar a noite fora.

— Você pretende passar a noite fora? – ele tentou não sorrir.

— A gente anda se vendo tão pouco... Tirando às vezes que vou pra sua casa de tarde ou que te vejo aqui no hotel... Além de um ou outro fim de semana... Você sabe...

— Você fica tão fofo quando fica com vergonha.

— Ah, o fofo aqui é você, escutou o que sua sogra disse? – ele se aproximou mais e me beijou.

— Tenho que ir. Eu te mando mensagem perguntando se tomou o remédio.

— Fizemos um mês de namoro e você ainda não cansou disso?

— Não mesmo. – nos beijamos novamente. – E daqui a pouco faremos dois meses. Quero que chegue logo pra bater o seu recorde.

— Vai logo, vai. Tchau. – ele sabia o quanto eu evitava tudo que tinha a ver com o assunto do meu primeiro namoro. Assim que ele saiu não demorou nem cinco minutos e minha mãe saiu do banho, tomei banho também e nós dois descemos e jantamos. Pelo menos depois que ela veio pra cá eu consegui regular meus horários, meu sono e algumas outras coisas... Acho que a presença de mãe fazia isso.

Alice Narrando

Era sexta feira e estávamos indo embora da escola, Kevin estava com a gente andando e isso não acontecia desde que o pai dele deu o carro a ele há uns bons meses atrás.

— Como tá sendo a experiência de caminhar novamente? – perguntei me posicionando ao seu lado.

— Revigorante, exceto pelas companhias. – revirei os olhos.

— Por que está voltando a ser desagradável?

— Estou? – ele usou a tática Kevin de ser.

— Na quarta você disse ao Alexandre que encontrou a mãe dele no veterinário, ele disse que não tinham animal de estimação e você ficou olhando pra ele insinuando que ela era o animal. Na quinta você disse que viu o Ryan com uma garota feia de rosto, só pra atrapalha-lo, porque ele não estava com ninguém e acrescentou que era feia sem nenhuma necessidade e hoje... – ele me interrompeu.

— Olha em minha defesa a Dani tá usando um corte de cabelo muito parecido com o de um cachorro e se o Ryan tivesse com alguém ela seria feia de rosto.

— Kevin para com isso, por favor.

— Alice as coisas são como são. Sou desse jeito tá? Esse sou eu.

— Você já afastou Arthur, Rafael... Vai acabar me afastando de você também sabia?

— Sim. Estou ciente e quero continuar. – ele saiu andando em minha frente. Suspirei. Não tinha mais jeito. O que Kevin passou com o fim do relacionamento e depois ver Murilo superar tão rápido, tudo isso trouxe a tona mesmo que aos poucos o antigo Kevin. Mesmo não querendo ver, mesmo não acreditando, essa regressão aconteceu debaixo dos meus olhos.

A noite eu estava na casa dos meus avós com Otávia conversando sobre como seria a festa de aniversário dela, que ela estava planejando super animada, seria um festão e amanhã ela já começaria a contratar os serviços.

— VEM AQUI AGORA! – Arthur entrou gritando no celular, olhei e vi que Rafael estava pálido.

— O que aconteceu? – perguntei olhando os dois. Ele passou direto e foi pra cozinha. O loiro parecia não estar bem.

— Kevin enlouqueceu de vez. – ele falou e chamaram na porta.

— O que você fez? – perguntei bem nervosa ao atendê-lo.

— Pedi a um amigo para dar o recado ao meu irmão que eu precisava falar com ele.

— Perseguindo a gente? – Rafael perguntou o encarando. – Nos fazendo achar que podia ser coisa do seu pai?

— Se o Arthur anda na velocidade máxima não é culpa minha. – ele entrou tranquilamente, como se não tivesse feito nada. – Cadê ele?

— Certamente tentando se acalmar.

— Alguém já disse que vocês são muito sensíveis?

— É melhor rezar pra ele conseguir se não ele vai te arrebentar inteiro. E dessa vez eu não vou te ajudar com o seu rosto. – os dois se olharam.

— Não vale a pena. – parei em frente ao Arthur.

— Aê, consegui afastar a terceira. Eu sou o máximo.

— Vocês vão se trancar na biblioteca de novo? Eu posso participar? – Otávia que permanecia calada, certamente entretida com os detalhes da sua festa, questionou.

— Gosto da ideia da participação da irmãzinha não mais virgem.

— Espero que seja mesmo sério e urgente. – Arthur saiu andando e a gente foi atrás.

— Otávia eu estava brincando... – ele disse ao ver a garota entrando. – Moralista já basta a lindinha aí que a presença é totalmente dispensável, mas o namoradinho obriga.

— Vai se foder. – ela disse e saiu antes que eu fechasse a porta.

— Consegui irritar mais alguém hoje. Que dia maravilhoso.

— Você sempre consegue o que quer, não importa quem machuque no final, né?

— Não os machuquei. O Arthur estava correndo e... - o cortei.

— Eles estavam apavorados! Kevin você tá totalmente fora de controle.

— Ah... Assim você magoa. – agora eu acho que eu entendia um pouco o Arthur. Joguei uma decoração qualquer no chão.

— Desculpa, ele me irrita. – falei assim que Arthur me abraçou.

— Eu sei. Ele irrita todo mundo.

— Saudades da Alice de antes... – Arthur foi até ele rapidamente. – Só ia dizer que pelo menos ela não ficava irritada.

— Você realmente perdeu qualquer coisa boa que podia existir dentro de você. Nem o pior dos monstros falaria assim em relação a um problema gravíssimo que impede uma pessoa de sentir as coisas, ter reflexos e se defender. Não consigo mais sentir raiva de você. Eu te desprezo. Ela sempre te defendeu Kevin, ela nunca quis desistir de você... E pode ter certeza que mesmo sendo tão covarde com ela, se você precisar ela ainda vai te ajudar. Mas eu não. Acabou. Voltei a ter apenas um irmão essa noite. E nossa comunicação é única e exclusiva por existir um psicopata entre a gente. E deve ser sobre ele que você quer falar, então fale logo. – Kevin tentou disfarçar, mas ele ficou abalado.

— Não é sobre o psicopata. Então devo ir embora?

— Ele vai falar. Eu ainda não sinto as minhas pernas, quase morri. Quero saber o que é. – Rafael falou olhando os dois.

— Então... – Kevin nos olhou. – Alice lembra que você me disse que alguma coisa no Danilo não te despertava coisas boas? – concordei. – Ele basicamente quase matou a namorada. – arregalei os olhos. – Ou ex namorada. O fato é que eles são ricos, os pais pagaram a pena e eles se mudaram pra longe para tirar toda essa história da vida deles.

— Mas você me disse que o namorado da Diana foi embora do País por causa dela.

— Parece que os irmãos são bem doidos quando se trata de amor. No caso dela eu vi que ele já tinha uma medida de restrição contra ela e ela chegou a quebrar essa medida. Depois eu fiz um perfil e me conectei com algumas pessoas do colégio antigo deles... A família dele toda preferiu ir embora, eles tinham parentes que moravam fora. Contaram várias coisas, resumidamente é bem coisa de filme. – ele se levantou. – E como sei que não vão acreditar. – ele mexeu em seu celular e o entregou a Arthur. – Cópia do processo que eu consegui acessar graças a ajuda de uma policial que vocês devem conhecer bem. – ele fez aquela cara de cínico. – Também tem tudo aí... As conversas, tudo.

— Aqui diz coisas horríveis Kevin. – Arthur falou depois de um tempo e passou o celular para Rafael. – Mas... Não é problema nosso. Só vamos nos afastar e avisar a todos para se afastarem.

— Seria uma solução perfeita se eu não recebesse umas nove mensagens por dia dessa garota e o irmão dela não tivesse louco por Alice.

— Como ela tem seu número? Ninguém passaria, o pessoal te conhece. E eu tenho a absoluta certeza de que se existe um grupo da sua sala ou o que seja você não está nele. – ele deu um sorriso grande.

— Ela disse que por coincidência ela estava na secretaria da escola e a minha ficha cadastral estava aberta no computador... Olha eu não sei como ela conseguiu, mas eu não estou afim de ficar parado e ver do que ela é capaz.

— O Danilo já te disse alguma coisa? – ele perguntou para Alice.

— Não, mas ele me olha de um jeito muito intimidador.  Ele me faz sentir medo.

— Disse tudo. Aquela garota também é assustadora. – Kevin disse mostrando total receio com a situação.

— O que vamos fazer? – Arthur perguntou o olhando.

— É sempre o mesmo dilema. Por que você pergunta pra mim?

— Você é experiente em psicopatia. – meu namorado o encarou com fúria.

— Vou me magoar de novo. – vi que Arthur perderia a paciência. – Já sei! Que tal mostrarmos a eles que somos mais doidos que eles, eu te mato, eles recuam e tudo resolvido. – segurei meu namorado com carinho.

— Kevin, por favor. – Rafael pediu e mais uma vez o tatuado não conseguiu disfarçar suas emoções.

— A melhor forma de agir com um psicopata é o deixando achar que tem controle da situação. Eles não podem desconfiar que nós sabemos de tudo. Não vamos nos afastar. Vamos ter que vigia-los e essa tarefa vai ser bem complicada, mas eu vou pensar nisso depois, minha cabeça tá doendo muito. Vou pra casa agora. – ele saiu bem rápido sem dizer mais nada.

— Ele estava fazendo piadinhas e do nada ficou mal. – Rafa comentou sem entender.

— Você mexeu com ele. –Arthur explicou. – Não usou grosseria, nem brigou, apenas pediu em um tom que com certeza deve tê-lo feito lembrar alguma conversa de vocês dois.

— Vou ir dormir. – ele disse e saiu também.

— Você acha que é possível os dois estarem apaixonados? – perguntei olhando para Arthur.

— Só o tempo vai dizer. Agora mais essa desses irmãos. Era tudo que a gente não precisava.

— Você não acha perigoso o Danilo tentar fazer algo contra você já que ele está afim de mim e você é meu namorado?

— Não, eu tô seguro. – ele fez carinho em meu rosto e me beijou. – Tenho o Kevin psicopata e esperto do meu lado. Ele não vai deixar nada acontecer.

— Conta como foi essa perseguição do amigo dele. – não aguentei e dei uma risada da forma como instantaneamente a expressão facial dele mudou. Ficamos pouco tempo conversando e meu pai apareceu para irmos pra casa porque mesmo que fosse sexta ele estava cansado do trabalho e Arthur estava cansado de tudo. Esse final de semana nós dois prometemos um ao outro que ficaríamos mais tempo juntos. Espero que essa promessa se cumpra.


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Notas finais do capítulo

Até amanhã ♥



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