Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 14
Postura devastadora


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥
* perdão de antemão se houver algum erro ortográfico ou na história! (:



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"Porque as pessoas não são perfeitas e por não ser perfeito às vezes você pode desapontar as pessoas."

Alice Narrando

Estava parecendo o primeiro dia de aula. A escola era chata, mas era bem melhor do que aquilo que eles faziam no abrigo.

— Não acredito! – falei olhando para Kevin quando chegou o intervalo. – A gente mal volta as aulas e você já tá chapado? – perguntei ao notar que ele ria muito. – Eu sei que você não é essa pessoa. Isso não tem absolutamente nada a ver com você.

— Tenho que concordar. – Yuri falou e o olhou.

— Você pode ser tudo menos sequelado. – Otávia deu a palavra final.

— E vocês podem ser tudo menos legais. – ele falou e riu.

— Um Kevin normal já é difícil aguentar, chapado então... – depois de Ryan dizer isso fiquei reparando nele e notei que ele não parava de olhar pra Otávia, mandei mensagem para ela avisando.

“Ele está mais apaixonado do que nunca.”— mandei de novo após ver que ela não responderia nada.

“O azar é todo dele.”

Revirei os olhos. Otávia era tão cansativa. Deixei isso pra lá e voltei pra sala. Quando cheguei a casa dos meus avós para almoçar vi Arthur bem rápido e fiquei triste por isso, mas pelo menos eu o vi. De tarde chamei todos para irmos para a casa do Kevin, era melhor ele não ficar sozinho já que Arthur me mandou uma mensagem contando que ele o pediu desculpas. Tínhamos que aproveitar o momento de consciência dele.

Terça feira. Dormi sem ver Arthur e sabia que isso aconteceria, mas não pude evitar ficar aborrecida.

— Se você prestasse mais atenção nas aulas saberia Sophia. – ouvi o professor dizer e me liguei no que estava acontecendo na sala.

— Se você percebesse que acabamos de sair de um abrigo compreenderia o fato dela não saber. – Yuri desafiou o professor fazendo todos o olharem. Se a Sophia fosse a Otávia já estaria em cima dele tentando mata-lo. Eu e Soph trocamos olhares, ela deu aquele sorrisinho todo bobo.

— Devo concluir que o ponto que eu tiraria dela devo tirar de você.

— Se te deixa satisfeito. – todos riram.

— Você nunca foi atrevido Yuri, não comece por uma garota.

— É por injustiça mesmo. A garota foi só coincidência.

— Vamos fingir que alguém acredita nisso. – eles trocaram olhares mortais e o sinal bateu.

O assunto no intervalo era Yuri, claro. E também... Rafael.

— As meninas não param de perguntar quem é o loiro lindo que está morando em minha casa. – Otávia falou indignada.

— Onde elas estavam que não o viram no abrigo?

— Sobrevivendo? Nem todos no abrigo estavam reparando nas pessoas. E muita gente também optou por ficar aqui fora.

— Que seja gente! O fato é que não se fala em outra coisa.

— É verdade. Até pra mim perguntaram. – Gi contou e riu.

— O que ele tem de tão chamativo?

— Você é cega? – olhei para Lari e depois para Alê. Eles brigariam mais tarde com certeza.

— Fisicamente o Rafael é perfeito. Isso não é algo que tenha como negar.

— Tá, mas aí é um metro de distância né? Por que você só ouve merda da boca dele e ele fica horroroso.

— Ah Alice, você tá acostumada com o jeito perfeitinho do Arthur. O Rafael só é largado. A maioria dos meninos é assim.

— Ele é imbecil. Gente... É sério mesmo que todos aqui em unanimidade acham o Rafael isso tudo?

— Homem e gay não deveriam votar.

— Homem e gay? Gay não é homem? – Kevin perguntou olhando Soph. – Depois é o Rafael que fala merda.

— Vamos voltar pra sala. – falei agradecendo pelo tempo ter acabado e nenhuma discussão mais séria acontecido.

Hoje minha mãe estava em casa então eu almoçaria por lá. Cheguei e ela estava acabando de fazer tudo, deixei minhas coisas no quarto e voltei para a copa.

— Resolvi fazer algo rápido. Aquela torta de forno que você gosta. – sorri. – Está assando. – ela se sentou na bancada de frente pra mim. – Larga esse celular.

— Só estou mandando uma mensagem para o Arthur. – acabei e o coloquei de lado. – Como você está?

— Bem. Liguei para o seu pai e conversei com ele sobre você voltar às suas atividades normais, como a academia e algum dos cursos que você fazia. Não temos o Murilo para te levar e buscar mais e como os horários do seu pai das aulas na academia são todos loucos e cheios, eu vou cancelar a minha agenda até o fim do ano.

— Não. Não precisa disso.

— Você vai sugerir ficar na casa da sua vó que tudo é mais perto. – ela me olhou séria. – Sei que você quer ir pra lá mesmo.

— Eu não ia sugerir nada. Só achei desnecessário isso tudo.

— Vai negar então que está morrendo de vontade de ir pra lá?

— O seu problema não é comigo.

— A sua tia Luna vai vim aqui mais tarde. Com certeza deve ser para falar do seu namoro. Vou manda-la para o inferno, já estou passando como louca mesmo. – ouvimos o barulho de carro e olhei pela janela.

— É o papai. – falei e a olhei. Ela passou a mão no cabelo e se olhou no reflexo do microondas. – Que isso?

— Ele não precisa me ver descabelada.

— Ele já viu por alguns anos.

— Cala boca Alice.  

— Oi. – ele entrou e nos olhou. – Eu vim só pegar uma coisa, é um papel importante. Não vou demorar. – ele olhou minha mãe ao dizer a última frase e depois veio até mim me dando um beijo. Reparei que ele estava usando uma camiseta e os seus braços estavam a mostra, os olhos dela foram para o mesmo lugar que o meu.

— O que foi? – ela perguntou depois que ele havia ido procurar o que veio buscar.

— Não disse nada.

— Está me olhando com esse olhar de julgamento.

— Você está se sentindo julgada? Não sou eu. É culpa o nome.

— Quando você quer você extrapola.

— O Arthur nunca me fez nenhum gesto grande de amor.

— O QUE? Você está mesmo louca. Ele faz tudo por você, não precisa ter uma tatuagem para provar isso.

— E ele odeia tatuagens. – falei e ri pensando nisso.

— Pelo menos ele melhora seu humor.

— E você piora. – dei um sorriso cínico.

— Vamos virar algo parecido com inimigas porque você não concorda com o fato de eu me separar do seu pai? Ele tá bem contente com isso.

— Achei. – ele voltou lá de cima. – Estou indo. Você decidiu a respeito de levar Alice? Ela não pode ficar parada. Por falar nisso já marcou a consulta dela?

— AH! Agora vai me fazer cobranças! Era só o que faltava. Leva o meu filho pra puta que pariu e vem questionar o meu papel de mãe com a minha filha! – não era possível que isso ia acontecer.

— Sua filha? Você gerou como? Explica porque estou bem curioso.

— PAREM! – eles me olharam assustados. – Só parem.

— Vou ir. – ele se despediu e saiu de forma rápida.

— A torta queimou.  Claro, o seu pai só serve pra isso, atrapalhar.  Pra que ele tinha que vinha aqui, me diz? Você viu a forma como ele fala comigo? Os questionamentos. Isso é um absurdo. – ela não via que eu havia chegado ao meu limite com os dois e principalmente com ela. – Ele podia... – a interrompi de forma brusca.

— Você vai acabar sozinha e nem é de marido que eu estou falando. – ela ficou me olhando e pareceu se dar conta do que eu disse.

— VOCÊ ACHA QUE SABE O QUE DA VIDA GAROTA? QUASE DEZESSEIS ANOS SÃO MUITA COISA? VOCÊ ACHA MESMO? EXPERIMENTA VIVER. SAI DE CASA, MAS NÃO PRA IR PARA OS VOVÓZINHOS QUE TE MIMAM. VAI PRO MUNDO. Já que se acha sábia o suficiente.

— Para de gritar comigo!

— Eu apanhei do meu pai, eu apanhei do mundo, apanhei da vida, eu sai de casa e fui embora para conquistar uma carreira e fazer o que eu amo e sabe por que eu parei? Por causa daquele homem. Para ter vocês. – sem perceber eu estava chorando. – E agora? Qual a recompensa disso tudo? Nada. – sai correndo daquela casa antes que eu ouvisse mais barbaridades. Eu chorava desesperadamente. A minha casa era afastada do centro, mas não era completamente isolada, havia ruas e carros. Eu não vi nada, aconteceu muito rápido. E então um carro veio em minha direção. 

Murilo Narrando

Após desligar a chamada de vídeo com Kevin fui até Eliot na sacada e o abracei por trás, beijando suas costas.

— Desculpa por isso. – falei em um tom suave.

— Não tem problema, eu entendo. Juro. Já passei pelo mesmo, esqueceu? – ele me olhou e sorriu. – Só vim pra cá porque quis te dar espaço.

— Até quando você vai conseguir ser paciente assim?

— Até quando essa boca perfeita quiser me beijar. – ficamos nos olhando. – Vamos entrar, vão nos ver aqui. – entramos e nos beijamos. Profundamente. Havia uma mistura de intimidade com necessidade. Ele se separou antes que a coisa toda ficasse quente demais.

— Não posso reclamar. – falei vendo o olhar dele que meio que pedia desculpas. – Já é um grande avanço você deixar de lado a ideia de esquecermos o beijo. – ele apenas suspirou.

— O que a mãe de vocês dava para beberem quando eram nenéns? Você é alto, sua irmã também pelo que vi nas fotos...

— Nem sou tão alto assim. Mas é de família, puxei ao meu pai. E você precisa ver os meus primos... – me calei ao ver que ele ficou imediatamente estranho. – Não ia falar dele. O Arthur tem mais de um e noventa.

— Arthur não é o irmão dele? – ele perguntou e riu. Dei suspiro longo. – É bem difícil. Ele tá inserido em sua vida de uma forma que nenhum ex namorado estaria. Mas fica tranquilo, eu tenho que aprender a lidar com isso.

Sorri agradecendo a sua maturidade e compreensão e nos deitamos. Passamos o resto domingo vendo filme. No dia seguinte fui a aula cedo, tomei o meu remédio antes, logo após tomar o café da manhã e ele me olhou igualzinho um pai.

— Boa aula. – agradeci e fui para o carro de Gardan.

— Sua mãe está preocupada, você já ligou para ela? – fiz sinal positivo. – Murilo... É impressão minha ou... – ele estava relutante com o que diria. – Temo que seja coisa da minha cabeça. Você sabe que é expressamente proibido qualquer envolvimento entre funcionário e hóspede né? Se caso acontecesse entre você e Eliot, ainda mais com a sua idade... Ele poderia até ser preso. Isso seria um problema dos grandes pra mim. E ele realmente é um ótimo funcionário e excelente pessoa.

— Por que você tá pensando isso?

— Vocês dois dão sorrisos um para o outro de forma diferente. São aqueles sorrisinhos de paquera. Eu não sou burro. E vocês saíram outro dia... Então...

— Ele não é o melhor? – perguntei ao pararmos em frente a minha escola. – Confie nele. E você tá precisando relaxar. Que tal ligar para a amiga que te arrumou a vaga com minha terapeuta?

— Vai estudar, sai. Anda logo. – dei uma risada e sai do carro.

— Que porra é essa? – perguntei tirando o óculos de Adam. Coloquei de volta ao ver suas olheiras.

— Querido eu arrumei um cara esse fim de semana que é uma máquina. Maquina não, ele é um trator. Ele usou o meu corpo de todas as formas. E não me deixou dormir nada.

— Cristo. – coloquei a mão na boca.

— O que Murilo? Você está na melhor suíte do melhor hotel da cidade. No seu lugar eu levaria mil caras pra lá. Eu que moro em uma república apertada dou meu jeito. - ele deu ombros como se fosse normal.

— E aí gente? – Audrey chegou e nos cumprimentou. – Já sei, teve um fim de semana daqueles. – ela falou olhando para Adam.

— Ele pelo menos se previne? – perguntei olhando para ela.

— Não sei, mas eu o aconselho sempre que sim.

— Transa comigo pra você saber Murilinho gostosinho. – ele colocou a língua pra fora imitando uma cobra.

— Vamos para a sala antes que eu fique mais chocado.

Mais uma tarde de terapia e eu juro que hoje seria ainda mais difícil. Mesmo que eu diga isso todos os dias.

— Você se envolveu com o funcionário do hotel? – concordei. – O que você acha disso?

— Acho que temos que aproveitar o momento. Deixar fluir. Pra que pensar tanto?

— Murilo, vamos voltar um pouco. Lembra-se da sua crise há poucos dias?

— Lembro.

— Você se sentiu pressionado. Certo?

— Sim.

— Mas tudo começou por que você queria afastar o Eliot. Qual era o motivo? – ela percebeu que eu comecei a ficar muito nervoso. – Não precisa perder o controle. Estamos apenas conversando. – sua voz ficou ainda mais mansa.

— Eu não sei.

— Se apaixonar por Eliot e admitir isso te afasta de tudo que você mais preza na vida.

— O que?

— O amor que você sente por Kevin. – fiquei em silêncio. – São as suas melhores lembranças. Não são?

— Você sabe que sim.

— E daí você ligou para ele. Você quis que ele engessasse essa ideia de afastamento.

— Ele disse praticamente a mesma coisa. – ela sorriu e ficou me olhando.

— Você não quer o Eliot. Por que tá brincando com ele?

— Porque ele é gentil. Ele me faz rir. Ele me distrai. Gosto da família dele. A mãe dele é adorável e tudo o que ele me apresenta é incrível. Amo ficar horas ouvindo ele falando sobre qualquer coisa. E eu não estou brincando com ele, todos os dias ele acorda sabendo o quanto eu amo Kevin.

— Parece que você sente mesmo algo por ele. Agora eu te pergunto... Será que isso vai ser o suficiente para você conseguir ter vontade e forças para esquecer o Kevin? Porque o que eu vejo é que você está preso nessas lembranças e nesse amor de uma forma que... – ela fez gestos com as mãos. – Parece até as raízes de uma arvore.

— Deu nossa hora. – sorri cinicamente. Eu não o esqueceria. E ela sabia muito bem disso.

"Nunca pensei que iria me conectar com você. Não nessas circunstâncias."


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Notas finais do capítulo

Clima tenso. Alguém apresenta a terapeuta do Murilo pra Raíssa? Isadora não devia ter se aposentado, só acho.
Até amanhã ♥



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