Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 13
Quebrando barreiras


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"Eu preciso de você bem perto de mim."

Alice Narrando

Estranhei muito quando atendi Arthur em casa. Ele me abraçou e parecia estar muito mal. Tentei tira-lo dos meus braços, mas ele não deixou. Quando ele me olhou vi seus olhos vermelhos.

— Por que você chorou? – o puxei fechando a porta.

— Acho que perdi o Kevin. – ele deu um suspiro pesado. Sentei no sofá e o guiei para que se sentasse ao meu lado.

— Como assim Arthur? O que aconteceu?

— Ele tá daquele jeito. Só que... Dessa vez ele tá pior. Não é igual a quando ele estava fingindo. O olhar dele está ainda mais frio e ele está dizendo coisas que sabe que me machucam.

— Ai! – tentei pensar em algo. Era inútil. – A única coisa que podemos fazer é... Ligar para Murilo.

— Seu irmão está se apaixonando por alguém... – nos olhamos.

— QUE? E ele contou isso ao Kevin?

— Não sei. Ele não deve ter contado, mas Kevin decifra as coisas.

— Ele ligou para ter certeza do que estava sentindo.

— Também não sei. – ele passou a mão no rosto de forma impaciente. – Se eu ligar para o Murilo agora eu vou ficar mais nervoso ainda.

— Você está muito mais magoado que nervoso. E com os dois.

— Eles não percebem que se amam? – ele me olhou. Soltei uma risada anasalada. – O que foi?

— A gente também não percebeu. E eles têm Caleb. Mais ou menos como tivemos...

— Será que eu fico quantos anos preso se eu matar o meu pai? – dei uma risada.

— Você jamais faria isso. – beijei seu rosto. – Vamos ficar juntos até que você fique melhor e aí ligamos pra ele. – assim fizemos. Murilo ficou assustado com as coisas que Arthur contou e prometeu ligar para Kevin. Esperava muito que isso resolvesse as coisas. Odiava ver meu namorado sofrendo assim. Era horrível.

Murilo Narrando

Depois do sol quente da manhã, a tarde nos surpreendeu ficando chuvosa, mas isso não impediu que eu seguisse minha ideia e fosse até a casa de Eliot.

— Eu te acordei? – perguntei assim que ele atendeu o celular. Suspirei aliviado quando ele disse que não. – É... Então... Eu tô aqui embaixo.

— Que? Isso é sério?

— Sim. Se não quiser me receber tudo bem, eu volto para o hotel. Só achei que seria legal que... – eu, Murilo, estava me explicando e sendo algo que nunca fui. Fiquei totalmente desconcertado. – Não devia ter vindo sem avisar né? – o barulho da porta de vidro a minha frente se abrindo me assustou. Ele disse o número de seu apartamento e então eu subi, incrivelmente ainda mais nervoso.

— Se eu soubesse que você viria eu estaria mais bem vestido. – ele disse e sorriu.

— Gosto de camisas de super heróis. – sorri de volta.

— Vem cá. Estou cozinhando com a minha mãe. Aos finais de semana ela me espera acordar. – ele mudou seu olhar para bem sério. – Ah, eu não te disse... – ele respirou fundo. – Tá vendo que a minha porta é mais larga?

— Sim. – pensei em contar que eu já sabia, mas Gardan insistiu tanto que não tocasse no assunto, que acho que nem agora seria legal.

— Minha mãe sofreu um acidente uns anos atrás e... – antes que ele continuasse a falar uma voz alta nos interrompeu.

— LIO VOCÊ ESTÁ DEMORANDO! – tentei olhar através dele e então ele arredou e a mostrou, não precisando nem acabar de contar.

— Ei. – acenei e sorri.

— Entrem, vamos. A comida não acompanha a conversa. – ela disse e sorriu. Entramos e fomos direto para a cozinha, ele me fez sentar, mas eu logo me levantei, o cercando.

— Então você é o famoso Murilo. – ela disse e eu passei os olhos dele para ela. – Lio fala muito de você. Desde que se conheceram. Primeiro você era detestável e depois... – ela deu de ombros.

— Mãe! Ele já se acha o bastante, não precisa disso.

— Não seja desagradável meu filho. Ele me parece mesmo bem carismático, divertido e como mesmo que você me disse outro dia... – ela fingiu pensar.

— Ela tá mentindo. Não disse nada disso. – comecei a rir.

— Deixa eu te ajudar em alguma coisa. – pedi chegando mais perto dele.

— Já está tudo quase pronto. Você pode... – ele olhou em volta. – Fazer a salada.

— Não. – sentei a mesa de novo. – Não nasci para picar verduras. E fiquei meses fazendo isso em um abrigo.

— Abrigo? – a mãe dele questionou me olhando.

— Sim. Minha cidade foi invadida por um vírus desconhecido. Uma coisa muito louca... E infernal, acredite.

— Nossa! Estamos diante de um sobrevivente.

— MÃE! – ele a olhou com os olhos arregalados. – Vamos fundar o fã do clube do Murilo nessa casa? Não o transforme em um herói.

— Ah não, estou longe disso. Esse cargo é do meu primo, o Arthur. – olhei pra ela. – Você tinha que conhecê-lo. Nada é impossível pra ele. E também tudo quanto é problema é ele quem resolve.

— Parece ser um cara legal.

— Beira a perfeição. Mas como ela não existe. – dei de ombros. Voltei a olhar para Eliot. – Ande logo com isso, não deixe sua mãe com fome. – ela riu.

— Você sempre fica a vontade assim nas casas das pessoas que você está indo a primeira vez? – ele me perguntou tentando não rir.

— Não. Só quando me recebem como se já me conhecessem. Foi o que sua mãe fez. Gostei dela. Não posso dizer o mesmo de você.

— Você está vendo que eu estou com uma faca na mão? – ele fingiu me ameaçar.

— Espero mais de você que uma ameaçazinha barata. – a mãe dele riu alto.

— Alguém além do meu pai a faz rir. Parabéns. – coloquei a mão no peito e a olhei.

— Não quero ser grosso, mas não estou disponível e a senhora é casada. – falei em tom de brincadeira e ela riu. Eliot ficou me olhando abismado. – Passei dos limites? – o olhei com receio.

— Muito. Sabe quantos anos mais velha que você minha mãe é? Conhece a palavra respeito?

— Ele só está brincando Lio. Deixa de ser chato.

— Ele é tão... Reservado. Né? – falei com cuidado.

— Não fique igual a ele. – ela me pediu. – O seu jeito é radiante.

— Está me criticando agora? – ele a questionou parecendo se magoar.

— Não meu amor, claro que não. O seu jeitinho é especial. Murilo é mais livre enquanto você se prende demais a tudo. Devia aprender um pouco com ele invés de tentar só ensinar por ser mais velho e se achar mais experiente.

— Posso beijar as mãos da senhora? – perguntei me levantando e abaixando até a sua altura. Ela deu uma risada acolhedora.

— A comida está pronta. – ele ficou sério. Eu a olhei com receio.

— Não sabia que era ciumento. – comentei continuando de pé.

— Não sou. Mas vim aqui e conquistar a minha mãe é demais.

— Ela não me prefere Lilizinho. E olhe quantos elogios ela te fez. Se você passasse cinco minutos perto dos meus pais... – suspirei. – Bom... É legal ter alguém mais velho me elogiando só pra variar um pouquinho. – dei um sorriso triste.

— Pode vim aqui quantas vezes quiser para ter essa experiência inovadora. – ele disse e desfez a expressão séria. – Vai provar da minha comida?

— Não estou com fome.

— Só um pouquinho. – acabei aceitando e até que estava bem gostoso. Depois de ficarmos um tempo conversando ele foi tomar banho para se arrumar porque em pouco tempo iriamos para o hotel.

— Esse chá é muito bom. – falei me encostando confortavelmente ao sofá. – E eu nem gosto de chás. – ela riu.

— Flores. Não apenas ervas. É o segredo. – sorrimos juntos.

— Foi difícil adaptar a casa toda? – perguntei sem saber se estava sendo indiscreto.

— Um pouco. Mas bem necessário. Me deu uma liberdade imensa. – concordei. – O Eliot é muito sortudo sabia? – franzi a testa. – Por te encontrar. Desde então ele tem estado mais alegre, comunicativo, disposto... Você o mudou bastante.

— Acho que o mesmo aconteceu comigo. – falei depois de um tempo pensando. – Se não nem estaria aqui.

— No começo eu achei que era coisa da minha cabeça, o jeito que ele falava de você, o olhar, a forma que ficava... Mas hoje vi que não. É lindo essa coragem e isso de não deixarem nada atrapalhar. Ainda mais ele. Sou muito sua fã mesmo, de verdade. – sorri um pouco assustado.

— Você acabou de ter essa certeza e... Está tão contente. Como?

— Vejo o meu filho com o coração. – ela deu um sorriso amoroso. Baixei os olhos.

— Queria que minha mãe fosse assim. A reação dela não foi tão boa.

— Não fique triste. Quase morri, estou em uma cadeira de rodas, talvez isso tenha me deixado mais... Complacente.

— Não tem como não ficar triste. Eu... – tentei recuperar o fôlego. – Interrompi uma linda história por causa da não aceitação. Foi uma página rasgada e não virada. Sabe o quanto isso é difícil?

— Você o ama. – ela deu uma pequena risada.

— Não estou iludindo Eliot. Ele sabe de tudo.

— Imaginei que sim. Não espero que essa história de você com Lio seja permanente. Você é um turista. – ela sorriu. – Irá partir o coração dele mais cedo ou mais tarde. Mas isso não importa. Vi o quanto está fazendo bem a ele e ele a você. Só vivam isso. Sem se importarem com o passado ou o presente.

— Você é tão sábia. Entendi o motivo de ele não querer sair do seu lado. – sorri.

— Na verdade é preocupação que eu caia mesmo. – ela riu.

— Estão rindo de que? – ele perguntou ao chegar.

— Odeio esse uniforme. – reclamei e ele riu.

— Vou trabalhar de bermuda e sem camisa porque você quer.

— Uma sunga estampada seria melhor, que tal?

— Vamos Murilo. Antes que saia mais merda da sua boca.

— Amei estar contigo. – falei olhando para a mãe dele. Eu me abaixei e beijei seu rosto.

— Olhe, tenho um cara em cima da minha esposa. – ouvi a voz do pai dele e olhei quando levantei dando de cara com ele. – Ah, não. É o adotado! Sem riscos. – ele afirmou e riu.

— Querido ele tem até apelido? – ela perguntou sorrindo.

— Vamos! Logo. Antes que os meus pais realmente te adotem. – Eliot me arrastou de lá. Dei uma risada enquanto o elevador descia.

— Sua mãe conversou comigo. – falei antes de subirmos na moto. – Ela sabe. – ele paralisou. – Calma. Ela te admira. Acha lindo que tenhamos coragem e... – tentei lembrar a conversa direito. – Disse que ela te vê com o coração. Ela não se importa se você beija garotas ou garotos Eliot. – ele ficou um bom tempo em silêncio. Resolvi não dizer mais nada. Era algo muito pessoal que ele precisava absorver.

— Obrigado. – estranhei. – Por quebrar essa barreira com os meus pais.

— Talvez seja essa a minha missão por ter vindo pra cá.

— Ah... – ele sorriu. Depois chegou mais perto. E então ele me beijou. – Acho que me fazer apaixonar estava no pacote.

— Em frente a sua casa? Jogada de risco. – falei após nos separarmos.

— Estou aprendendo a arriscar. Minha mãe disse que devo aprender com alguém que é muito livre... Você conhece? – dei uma risada. – Vamos. Vou me atrasar.

Ele quis que não chegássemos juntos, então me deixou na rua de trás, esperou que eu entrasse e entrou uns quinze minutos depois. Comecei a rir quando ele entrou no quarto.

— Seu cuidado é tão engraçado. – só que minha alegria não durou muito tempo. Olhei meu celular chamando e fiz uma expressão ruim. – Minha realidade. – sentei atendendo Arthur.

“Pela sua cara não tá querendo papo, mas eu preciso muito de você.”

— Você sempre precisa Arthur. Não era você que fazia tudo? Por que agora minha ajuda parece tão importante? Não dá pra se virar sozinho?

“Estou tentando Murilo.”— vi que ele estava mal. Suspirei.

— O que foi?

“Kevin está usando coisas... Bem pesadas. Isso pode parecer mentira, mas não é.”

— Ele nem bebe Arthur.

“Então. Estou com medo... Não é apenas isso... A mudança dele está assustadora. Já o vi sendo frio a vida toda e antes quando você foi embora e eu juro, nada pareceu com o que eu senti dessa vez.”

— O que ele fez para te magoar assim?

“Não sei dizer. O desprezo que ele me olhou. Mesmo depois de tudo que já fiz por ele e todo o carinho que eu demonstro...— os olhos dele se encheram de água. – Não quero perder o meu irmão Murilo.”

— Vou ligar pra ele.

“Desculpa por fazer isso com você. Sei que está seguindo sua vida, ele me contou. Mas você é a única pessoa que consegue trazer o melhor dele.”

— Vou fazer o possível. Imagino que ele vá ser agressivo então não prometo nada.

“Não tem como dar errado. Obrigado mesmo.”— nos despedimos.

Eu me deitei totalmente destruído e o dia agradável e alegre se evaporou de forma surpreendente. Eliot se deitou ao meu lado e fez carinho em mim.

— Vou acabar logo com isso. – suspirei pesadamente.

— Vou continuar aqui do seu lado. – ele pegou minha mão carinhosamente, o olhei e sorri. Selei nossos lábios. Uma pena que isso não me deixava mais tranquilo. Era o Kevin. O Kevin. Nunca termina bem.

"Abro meus olhos para um sentimento que não posso ignorar."


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Notas finais do capítulo

aiai.. essa ligação...
até amanhã ♥



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