Amor Perfeito XIV escrita por Lola


Capítulo 11
Controle de crise


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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"Você poderia ficar aqui comigo para sempre, sempre, sempre?"

Alice Narrando

Vi pelo vidro da janela da sala que Arthur estava chegando e sai correndo. Entrei rápido em seu carro e ele me olhou sem entender.

— Nem almocei ainda. Por que eu tinha que vim agora? Combinamos de... – suspirei e comecei a falar.

— Os meus pais não param de brigar. Parece que Murilo ligou para a minha mãe ontem e isso piorou tudo. – o olhei. – A gente pode só ficar longe dessa casa?

— Tudo bem. Vou procurar um lugar para almoçarmos.

— Estou sem fome. Mas vou com você. – ele pareceu preocupado.

— Você não vai ficar sem comer porque os seus pais estão brigando. Esquece. – fiquei olhando pra ele e dei um sorriso.

— Eu acho que te amo. – ele riu. – Não importa o que os médicos digam, eu te amo sim. – ele pegou minha mão e beijou enquanto dirigia.

— Isso tudo só porque cuido de você?

— Porque você me faz esquecer qualquer coisa ruim que eu esteja vivendo.

— Mas sempre foi assim. Lembra? – ele deu um sorriso lindo. – Exceto quando a coisa ruim que você estava vivendo era eu.

— Como a gente pôde fazer tanta besteira um com o outro?

— Não sei. Mas eu sei que agora vai ser diferente. Tenho certeza disso.

— Vamos brigar muito ainda, não se iluda.

— Brigar é uma coisa, terminamos e errarmos muito é outra. E a gente prometeu não fazer mais isso.

— Depende do grau do seu erro, mesmo que só um. – ele estacionou em frente a um restaurante.

— Não vou errar. E não pensa mais nisso. Vem. Você vai comer sim e não é qualquer comida.

Acabei almoçando, ele não me deixaria em paz. Depois que saímos de lá fomos a um parque florestal que a minha tataravó gostava muito de ir e acabou se transformando em um lugar romântico devido a história dela e do meu avô. Vários casais iam lá fazer piqueniques ou só para ficarem namorando, mas não enchia tanto porque era um parque muito florestal, só para quem gostava mesmo da natureza.

— Não tem quase ninguém aqui hoje. – comentei ao sentarmos.

— Todos estão colocando sua vida em ordem depois daquele pesadelo.

— Tá tudo pronto para você ir a aula segunda? – ele fez sinal positivo.

— Vamos nos ver bem pouco. De manhã você vai estar na escola, e eu vou estar trabalhando até a parte da tarde e a noite estudando.

— Você vai voltar a trabalhar com Ravi? – ele concordou gestualmente. – Ainda temos um almoço ou outro e também depois da sua aula para nos vermos.

— Acaba muito tarde. Seria um problema. E você dorme cedo.

— Vou ficar a semana toda sem nenhum contato físico com você? Se eu te ver vai ser apenas como meu primo.

— Não fica assim. Pelo menos eu estou aqui e ainda temos os finais de semana.

— Esqueceu que você ficou pelo seu irmão? Vai deixa-lo sozinho o fim de semana todo? – ele pareceu pensativo.

— Ele pode ficar com a gente. – o olhei incrédula. – É bom que seja uma garantia de que a gente nunca vá fazer nenhuma besteira. – dei uma risada. – Além disso, também não vamos poder nos isolar de todo mundo. Não só por namorarmos escondido, mas por não ser saudável.

— É verdade. Você está certo. Mas a verdade é que eu queria ficar sozinha com você e por um período de... Vinte e quatro horas por dia no mínimo.

— No mínimo? – ele perguntou e riu.

— Sim. – balancei a cabeça e depois o beijei. – Como sua mãe tá depois da briga com o meu pai? Eles são tão unidos.

— Tá doida. Fica andando pela casa igual zumbi. Eu não vou mima-la. Ela tá errada e tem que enxergar isso. Por mais que seu pai devesse contar o fato a sua mãe ninguém tinha o direito de fazer isso por ele.

— Não tinha pra onde correr. Mesmo se ele contasse depois acho que minha mãe iria surtar e expulsa-lo de casa.

— Tenho que te contar uma coisa. – o olhei. – Pedi ao Kevin para pensar em algo que possa ajudar os dois a reatarem. Desculpa se fiz mal.

— Se existe alguém que pode ajudar esse alguém é o Kevin. Mas não acho que isso vá acontecer.

— Por quê? Eles se amam.

— Kevin não vai conseguir pensar em nada. Ele está sofrendo Arthur. Quando estamos tristes parece que todas nossas aspirações se vão.

— Eu liguei para o Murilo e ele disse que ainda o amava e estava sozinho. Espero que isso tenha sido o suficiente.

— Não é. Pode ser momentaneamente, mas ele vai topar com a realidade de que não estão juntos, é incerto e Murilo está bem longe. – suspirei.

— Bom... Se ele não conseguir pelo menos eu tentei.

— Claro que sim. Você é o Arthur, o nosso herói. Esqueceu? – ele riu e me agarrou. Após um tempo nos beijando ele se afastou. Odiava quando ele fazia isso. Fiquei olhando pra ele.

— O que foi? – seu sorriso me fez demorar demais pra responder.

— Quando eu vou deixar de ser a bonequinha intocável pra você?

— Nunca foi. E isso está bem claro desde os primeiros beijos. Mas... É que agora não estou mais me deixando levar pelas emoções, sabe?! Foi isso que fodeu com tudo antes.

— Entendi. – respondi e ele me puxou para mais perto dele e passou o braço direito por trás do meu pescoço pousando sua mão em meu ombro. Com a mão a esquerda ele fez carinho em mim, passando a mão em meu rosto desde a testa e pegando em minha orelha de uma forma doce, depois traçou do maxilar até o meu queixo com o polegar, o segurando com o indicador.

— Eu te amo demais. – sorri selando nossos lábios.

— Sei que te amo. – ele deu um sorriso grande e me beijou. Ficamos ali o resto da tarde. E se eu pudesse todas as minhas tardes seriam desse jeitinho.

Murilo Narrando

Acordei com o braço de Eliot em meu peito e nossas pernas entrelaçadas. Caralho. E nem bêbados estávamos ontem. Sai de perto do seu corpo vagarosamente e de forma delicada para não acorda-lo. Olhei em meu celular e era razoavelmente cedo. Ele parecia ter o sono pesado por não ter acordado ainda. Tomei um banho bem rápido e fui tomar café. Depois de comer resolvi ir ao meu terraço privativo. A vista era bem bonita e ventava muito. Ainda bem que eu estava de moletom. Coloquei meu gorro e senti alguém chegando.

— Bom dia. – virei apenas a cabeça e olhei para Eliot. Voltei a encarar a vista. Ele se posicionou ao meu lado. – Eu te procurei pelo hotel quase todo.

— Você tem sempre um uniforme aqui? – perguntei ao ver como ele estava vestido.

— Sim. – ele ficou um tempo olhando para o mesmo ponto que eu. – Você tomou café? Está na hora de tomar o seu remédio. – ele perguntou se virando pra mim.

— Tomei. Vou lá agora. – comecei a andar lentamente.

— É impressão minha ou você tá estranho comigo? – parei e fiquei um bom tempo pensando no que responder.

— Você sabe que eu tô numa pior, não sabe? – o olhei.

— Sei. E eu tento te ajudar desde que você se mostrou ser legal.

— Eu tô todo ferrado Eliot. E eu não quero a sua ajuda.

— Por quê?

— Eu quis ajudar alguém e acabei me apaixonando. Por mais que você diga ser impossível acontecer com você, não quero correr esse risco.

— O que eu devo fazer então? Evitar você? Fingir que você não existe? Pedir a Gardan para colocar outra pessoa em meu lugar?

— A minha cabeça não para, é cheia de pensamentos e não pausa nem por um segundo e quando uma fala vem cheia de questionamentos desse jeito eu sinto como se estivessem me pressionando e é como se ligasse uma bomba... – fui falando rápido demais e comecei a ficar eufórico. Ele me abraçou correndo o risco de que eu o jogasse longe.

— Calma, eu não vou te pressionar.  – ele falou em um tom de voz suave e baixo.

— Sai, eu estou com calor. – abri meu moletom para tira-lo e ele colocou a mão em meu peito.

— Seu coração está acelerado. Vem, você tem que tomar o seu remédio.

— Tira a mão de mim, já falei.

— Tá. Se eu for lá e buscar o seu remédio em um minuto você promete não fazer nenhuma besteira?

— Eu sou ansioso e não suicida.

— Todos esses problemas estão interligados. Vem aqui. – ele pegou minha mão e fomos até a porta e ele apertou um botão que eu não sabia o que era, o meu objetivo era só tentar não ficar mais nervoso do que eu já estava. Isso parecia completamente impossível. Tentava fazê-lo soltar a minha mão, mas ele era mais forte que eu. 

“Manda alguém aqui rápido, preciso ir pegar o remédio.”— ouvi-lo dizer depois de falar algumas coisas que eu não consegui prestar a mínima atenção. Um cara chegou em menos de um minuto e estava suando, parecia ter vindo pela escada.

— Fica com ele, se ele sair correndo você o segura. Com força. Você tem noção da responsabilidade né?

— Chamaram um segurança não foi atoa. Vai rápido.

O cara não tentou conversar comigo e eu agradeci por isso. Ele evitava até me olhar e eu imagino que eu o estava assustando. Eliot voltou muito rápido e eu tomei o remédio. Ficamos sozinhos e depois de uns vinte minutos eu comecei a sentir minha respiração se normalizando. Levantei para ir para o meu quarto, mas ele foi mais rápido e parou em minha frente.

— Preciso de uma resposta. Não estou te pressionando, só devo saber se tenho que conversar com Gardan hoje ainda.

— É tudo sobre o seu trabalho né? – o encarei com raiva. – É o que importa pra você.

— O seu medo só existe porque o que você teme já aconteceu com você. – ele pareceu surpreso com a própria afirmação.

— Eu amo o Kevin. – falei quase sem nem abrir a boca.

— Sim. E muito. Mas não é com ele que você quer estar agora. – seu sorriso era intrigante. – A gente se vê a noite. – ele começou a andar bem devagar de costas e olhando pra mim. – Se ainda não percebeu é recíproco. – ele se virou e se foi.

Fiquei mais um tempo ali, pensando em tudo aquilo. Mas eu não podia fazer isso. Senti pavor de ficar mal mais uma vez. Tentei dormir de novo e até consegui, mas acordei rapidamente. Alguns minutos depois meu celular começou a tocar, era Arthur. Para ele me ligar no meio da manhã não devia ser atoa, Kevin queria saber se eu estive com alguém e pediu que ele ligasse. Não sei até quando iriamos conversar através do irmão dele. Tentei dormir de novo e dessa vez consegui. Acordei na hora do almoço e depois de almoçar peguei a garota proibida sorrindo pra mim.

— Oi. – ela me olhou enquanto esperávamos o elevador. - Não gosta de usar o elevador privativo? - fiquei a olhando e não respondi. - Nem eu. - ela parecia meio tímida e sem jeito.

— Cadê a mulher que sempre anda com você? – notei que ela estava sozinha.

— Está de folga. Sábado. – assenti. Entramos e ela ficou me olhando. – Já te mandaram ficar longe de mim né?

— Sim, mas eu não obedeço ordens. Só... Não está sendo um dia legal.

— Ouvi sobre o que aconteceu com você hoje. O meu irmão também passa por isso. – a olhei. – Sei que está cuidando já, mas eu queria dizer que existem tratamentos paralelos eficazes. Ele faz um monte. E teve um resultado muito positivo. Claro que você não precisa testar tudo, mas se quiser indicação... – o elevador parou.

— Seu andar. – apontei com a cabeça.

— E... É isso. – ela ficou sem graça. – Tchau.

Era só o que me faltava, um hotel inteiro comentando sobre mim. Passei quase meia hora deitado na banheira e me lembrei que Phil, o amigo de Eliot, havia chamado a gente pra ir em um parque que eu me lembrava bem o nome e até sabia onde ficava, era perto de algum dos pontos turísticos que fui com Gardan. Phil sabia que o amigo dele não poderia ir e me falou para ir sozinho se eu quisesse. E eu iria.

— Olha quem apareceu. – ele ficou surpreso a me ver. Peguei seu skate e comecei a andar. Quanto mais eu fizesse isso menos eu pensaria.

— Cansei. – me sentei e ele riu.

— Seu preparo físico é uma merda. E aí... Pegou a Lolô? – fiz sinal negativo. Meu celular começou a tocar e ele começou a andar perto de mim. Tinha vontade de jogar meu telefone longe. Às vezes eu pensava que era melhor eu voltar pra Torres, por mais que saísse de lá, tudo me levava pra lá o tempo todo. Isso era um verdadeiro inferno.

"Você sabe que você está tentando ser o melhor que você pode ser, mas isso é tudo que você pode fazer."

 


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Notas finais do capítulo

Arthur e Alice tendo um relacionamento saudável é muito surpreendente, uma vez que temos que lembrar que ela ainda é tão nova. E ele tão ciumento e impulsivo. Mas, tudo é possível e eles estão mt lindos assim!
Ain... Murilo :(
Até amanhã ♥



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